quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Imaginem o que será de nós quando chegarem os profissionais...

"Por aquilo que temos visto, nós estamos ainda a lidar com criminosos que eu chamo de amadores. São pessoas que se refugiaram na delinquência para poderem ter uma subsistência de vida. Para procurarem encontrar solução de alguns problemas sociais. Penso que não temos pessoas viradas ou que têm como ofício o crime. Não podemos afirmar taxativamente que exista isso.
(...) Estamos a lidar com grupos que eu chamo amadores. Não é o termo, mas chamo isso de amadores, e se não tivermos cuidado podem evoluir para a profissionalização."
Comissário Paulo de Almeida, Comandante Geral da Polícia Nacional em exercício a "O País".
NA- É pena que o Comissário só se tenha referido a um certo tipo de criminalidade, que é aquela que actua nas ruas e que provoca o nosso desassosego.
A outra, a bem mais perigosa, por que mais "estruturante", embora não pareça, continua a passar ao lado das preocupações das autoridades e dos "médias".
Estamos a falar do crime do colarinho branco, que entre nós assume uma dimensão impressionante, verdadeiramente espectacular, "através" dos predadores de recursos públicos, implantados aos vários níveis da hierarquia governamental, do topo à base.
É, efectivamente, com este permanente assalto aos recursos consignados no Orçamento Geral do Estado (OGE), que se tem vindo a consumar neste país um dos crimes mais violentos contra Angola e, sobretudo, contra as camadas mais desfavorecidas da sua população.
Sempre que um kwanza ou um dólar é desviado/locupletado do erário público para as contas particulares de algum gestor público, está-se de facto a contribuir para o aumento da criminalidade mais "barata".
Em Angola este tipo de desvio há muito que já se conta na casa dos milhões, de kwanzas e de dólares. É este tipo de desvio que explica, em grande parte, a péssima distribuição do rendimento nacional entre nós, que coloca Angola no ranking dos países mais injustos do mundo, com base no Índice de Gini.
Onde há tanta injustiça social, como resultado da movimentação frenética do altamente profissionalizado "crime do colarinho branco" o seu irmão mais pobre, o "crime barato" ou dos "amadores" de acordo com a terminologia do Comissário Almeida, só pode prosperar a olhos vistos.
É o que está a acontecer no país real.
3 comentários: Assídua disse... Acho que angolano nenhum no seu perfeito uso das suas faculdades mentais quer esperar pelos profissionais para ver o cenário...No entanto gostaria de saber do Comissário Almeida como classificaria então a sua polícia que mesmo lidando com os "amadores", deixam-os levar-lhes a melhor!!!! 19 de Agosto de 2009 5:42 Afonso Loureiro disse... Há realmente dias em que ficamos indecisos se estamos mais seguros com os "amadores" ou com os que os deviam prender...Os que ficam na sombra, desviando e repartindo os recursos do país, continuarão descansados porque, em caso de aperto, têm recursos suficientes (roubados, claro) para se pôr ao fresco. 19 de Agosto de 2009 9:50 Anónimo disse... Nao li a entrevista. Durante a mesma, o jornalista nao perguntou pelos crimes de colarinho branco? Se nao perguntou eh pena... Entretanto, a proposito por que saiu o Amadeu Mauricio? E a tal de Marinela jah informou em que fundo do Maddoff colocou 50 (cinquenta) milhoes de dolares? E que eh feito de uns 20 (vinte) milhoes - em forma de titulos de divida publica, bem falsos - que estavam quase, quase para ser "babulados"?Moleka 19 de Agosto de 2009 11:43