segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O benefício da dúvida...

A pedido deste “especialista” que, aparentemente, também não tem “comité”, embora não esconda as suas simpatias pelo 10 que, segundo ele, já vêm da infância, vou tentar dar o benefício da dúvida que ele nos pede para os seus “colegas jornalistas que são do comité de especialidade de jornalistas do MPLA”. Mais do que isto, este “especialista” pede-nos para acreditarmos nos membros do tal “comité”. Sintomática esta solicitação… “Porque não acreditar que aqueles profissionais, pelo facto de serem do MPLA, não se tornaram inferiores aos outros ou menos profissionais?”- interrogou-se, num tom desafiador o “especialista” que estamos a citar. Ok. Tudo bem. Vamos então dar este benefício, mas sem muitas dúvidas, porque já não acreditamos em milagres. Antes de mais convém que fiquemos claros e entendidos em relação ao conceito fundamental que é a liberdade de imprensa sem a qual, muito dificilmente, o jornalismo poderá ser exercido na sua plenitude. De acordo com a nossa própria lei, “a liberdade de imprensa traduz-se no direito de informar, de se informar e ser informado através do livre exercício da actividade de imprensa e de empresa, sem impedimentos nem discriminações”. A nossa lei estipula igualmente que “a liberdade de imprensa não deve estar sujeita a qualquer censura prévia, nomeadamente de natureza política, ideológica ou artística”. Posto isto e tendo em conta o “estado calamitoso” em que se encontra a comunicação social pública, nada melhor do que desafiarmos os militantes do referido comité a serem de facto profissionais e a influenciarem de forma decisiva e positiva os órgãos onde trabalham, quer com o seu desempenho pessoal, quer com peso político da estrutura que integram. Influenciarem no sentido da comunicação social pública ter um outro desempenho, mais abrangente, mais equilibrado e mais de acordo com os padrões do jornalismo de referência, sobretudo no que toca à utilização do princípio do contraditório. Numa altura em que a grande crítica que se faz aos “MDMs” continua a ter a ver com a sua excessiva governamentalização/partidarização, o desafio que aqui deixamos ao dito “comité” e aos seus defensores, passa pelo arejamento dos seus órgãos. Se dentro de seis meses, sentirmos que a actual e descarada colagem política deixou de existir ou que, pelo menos, houve uma redução acentuada nas reclamações dos excluídos do sistema, voltaremos, certamente, a conversar sobre o papel esdrúxulo deste “comité”. Até lá, o que continua a ser fantástico em Angola é termos de facto jornalistas transformados em militantes, mais preocupados em servirem o partido de que são membros (manipulando, desinformado, censurando e auto-censurando-se), do que a sociedade no seu conjunto em defesa do interesse público e da salvaguarda das liberdades fundamentais.
PS-Não estou (nem poderia estar) contra o direito de alguém militar onde bem entender, só não acredito é na bondade de certas estruturas e no "profissionalismo" dos seus membros.
Até prova em contrário.
Comentários
Anónimo disse... Com os devidos agradecimentos pelos esclarecimentos sobre a nossa Lei de imprensa, publiquei no meu blog (http://dittocarima.blogs.sapo.pt) um texto com o título "Do alto do morro da Maianga" com o propósito de esclarecer ao autor de "O benefício da dúvida" algumas dúvidas que me parecem legítimas e pertinentes.Cordialmente,Alfredo Carima 5 de Novembro de 2009 21:34 Wilson Dadá disse... Para além de algumas provocações pessoais sem qualquer sentido, nem fundamento, esta confusa rsp é uma verdadeira decepção. Em nome do saudavel debate contraditório de ideias, esperava um pouco mais do "dittocarima".Até a citação que é feita das minhas palavras está errada. Deliberadamente?Da próxima vez que me citar, não se esqueça que em jornalismo os factos são sagrados, os comentários são livres.