quinta-feira, 11 de março de 2010

Estranho jornalismo...

"O Vice-presidente da República, Fernando da Piedade Dias dos Santos, regressa na próxima semana ao país, proveniente de Londres, onde esteve em visita privada. Em entrevista exclusiva concedida à Televisão Pública de Angola, Fernando da Piedade disse, reagindo a publicação em Diário da República da delegação de competências para coordenar a área social, disse que qualquer área sob sua coordenação é importante. "Na minha opinião toda área é importante, mas temos de destacar as áreas da Educação e da Saúde, se quisermos desenvolver o país, pelo seu envolvimento directo na formação do homem e na manutenção da saúde dos cidadãos", afirmou na breve entrevista. Neste sentido, declarou-se "muito bem disposto" para o exercício da sua missão, depois da visita privada efectuada à Grã-Bretanha, e que se prepara para cumprir as responsabilidades inerentes ao cargo. Segundo afirmou, aproveitou a visita privada à Grã-bretanha para fazer exames médicos de rotina e "descansar para cumprir com êxito as novas funções para as quais foi empossado no passado dia 5 de Fevereiro". (ANGOP) PS- A "entrevista" da TPA foi feita por telefone a partir de Luanda pelo "presidencialista" Gonçalves Inhanjica, na sequência das notícias postas a circular sobre o crítico estado de saúde do Vice-Presidente. A pergunta que se coloca é qual é a necessidade de se esconder que o Vice-Presidente viajou para Londres por razões de saúde, como facilmente se pode comprovar e o próprio acabou por admitir na tal "entrevista", ao referir a realização na capital londrina do seu check-up anual. Não teria sido mais natural e normal que o seus serviços de apoio fizessem sair na altura uma nota de imprensa, por mais lacónica que fosse, comunicando a sua ausência do país por razões de saúde? Ou será que o Vice-Presidente não pode ser acometido por alguma doença que o force a ter de ir procurar tratamento além-mar? Pelo que se sabe, não foi a primeira vez e pelos vistos, não será a última. No meio de mais esta trapalhada, para não variar, a única coisa que se lamenta é que alguns jornalistas angolanos (ou trabalhadores da informação?*) e os seus respectivos "MDMs"* estejam permanentemente disponíveis para fazerem o papel de porta-vozes do Governo. E assim caminha o nosso estranho jornalismo... * Durante o tempo do partido único a profissão de jornalista não era reconhecida como tal, embora já houvesse uma União dos Jornalistas Angolanos (UJA), sendo mais usual a utilização, sobretudo por parte do discurso oficial, da referência "trabalhadores da informação", o que não era por acaso. * Meios de Difusão Massiva (MDM)- Designação muito utilizada no tempo do mono (PT) para fazer alusão ao que hoje se designam por Órgãos de Comunicação Social.