terça-feira, 21 de setembro de 2010

Os nossos mutantes e os objectivos do milénio

Estão a nascer nas ruas e nos bairros de Luanda verdadeiras feras humanas.
É mais um resultado do crescimento económico e da distribuição do rendimento nacional que a uns (muito poucos), atribui milhões e aos outros(mais do que muitos), chega a negar tostões.
A extrema violência que caracteriza o seu comportamento quando se envolvem em algum conflito e que é visível, nomeadamente, na utilização de armas brancas com destaque para as garrafas, já não pode deixar ninguém indiferente.
A mim pelo menos não deixa.
Há claramente uma mutação no comportamento destes jovens, destes adultos, destas mulheres e destes velhos, que vai ser transmitida às gerações vindouras pela via da hereditariedade social.
Com a miséria vem tudo o resto, numa altura em que decorre na sede das Nações Unidas mais uma cimeira mundial consagrada aos famosos oito objectivos de desenvolvimento do milénio (ODM), estratégia que tem no ano de 2015, a sua data limite de implementação.
O fracasso está à vista.
A notada de ausência de JES foi coberta pelo seu Secretario de Estado para as Relações Exteriores, George Chicoti.
[Entre os factos apurados incluem-se os seguintes: apenas metade da população do mundo em desenvolvimento tem acesso a estruturas de saneamento melhores, tais como instalações sanitárias e latrinas; as raparigas do quintil de agregados familiares mais pobres têm 3,5 vezes mais probabilidade de não estar a frequentar a escola do que as das famílias mais ricas e quatro vezes mais do que os rapazes deste grupo; e menos de metade das mulheres de algumas regiões em desenvolvimento beneficia de assistência ao parto por pessoal de saúde qualificado.
(...)
O Relatório sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 2010 também diz que a luta contra a fome foi mais gravemente afectada pela turbulência económica. A capacidade dos pobres no que se refere a alimentarem as suas famílias diminuiu, devido à subida em flecha dos preços alimentares, em 2008, e à quebra dos rendimentos, em 2009, enquanto o número de pessoas que sofrem de malnutrição, que já estava a aumentar desde o princípio da década, poderá ter começado a aumentar mais rapidamente, a partir de 2008.
(...)
Inicialmente acordados na Cimeira do Milénio da ONU, em Setembro de 2000, os oito ODM fixaram metas mundiais para a redução da pobreza extrema e da fome, a melhoria da saúde e da educação, o empoderamento das mulheres e a sustentabilidade ambiental, metas essas que deverão ser atingidas até 2015.
O Relatório sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, uma avaliação anual do avanço regional em direcção aos Objectivos, reflecte os dados mais completos e mais actualizados compilados por mais de 25 organismos das Nações Unidas e organizações internacionais.
Produzido pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais da ONU, o relatório constitui um contributo oficial para a cimeira sobre os ODM, por designação da Assembleia Geral. No sítio Web http://mdgs.un.org/ está disponível um conjunto completo dos dados utilizados para preparar o relatório.
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1 comentários: Baia Azul disse... Eu pessoalmente nao concordo com este ODM das nacoes unidas na medida em que o desenvolvimento das nacoes deve-se mais aos seus projectos e processos de gestao do que a mera ajuda dos mais desenvolvidos aos menos desenvolvidos. Muitos dos paises, como Angola, que sofrem do conceito da "doenca de dutch" nao precisam realmente desta ajuda.Sempre defendi que Angola precisa de medidas audaciosas relacionadas com o fortalecimento da classe media atraves de politicas mais agressivas da nossa "main street" do que da "wall street". Sao os pequenos e medios negocios que dao emprego, que aumentam a competitividade, que contribuem para o OGE. Um estado que nao permite o florescimento de pequenos empresarios so pode ser um estado de caracter centralista e controlador. A vibracao de qualquer economia, e falo do ponto de vista da gestao, esta justamente na pujanca e na capacidade de regeneracao de ideias dos empresas de pequeno e medio porte. Estou de acordo com a zambiana Dambisa Moyo (economista) que diz que muitos paises africanos nao precisam desta ajuda. E nos angolanos nao precisamos. Nao devemos ser apenas orgulhosos e vaidosos com carros e fatos de marca. Devemos se-lo tambem com as questoes sociais e termos confianca na nossa capacidade de criar equilibrios sociais, politicas igualitarias e um estado social africano. 21 de Setembro de 2010 19:36