segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Porquê que os nossos bancos funcionam tão mal?

[Ponto prévio: A avaliação que se segue tem por base um conjunto opiniões que fomos recolhendo junto de alguns entendidos na matéria. Tudo prata da casa.] A dificuldade é manter o “uptime” em limites aceitáveis. Há dois factores exógenos que dificultam muito a “vida electrónica” dos bancos: as comunicações e a energia. Sobretudo para os bancos com redes mais extensas. Mas há um factor mais grave que é de gestão e manutenção. Alguns bancos cresceram muito e a respectiva estrutura que se ocupa de gerir e manter os sistemas informáticos não cresceu da mesma maneira. Por um lado a rede cresceu e os sistemas centrais não cresceram de maneira a acompanhar isso (temos um banco assim). Veja-se o que é um banco com quase trezentas agencias on-line na hora de ponta – se não estiver tudo afinado e com backups é difícil dar um bom serviço. Há uma certa falta de capacidade de antecipação. A crise é, antes de mais, de crescimento – em alguns bancos os ossos não cresceram o suficiente para aguentar com o corpo. Depois há também um problema de gestão. Como dizia a IBM há uns anos: quando um problema é técnico, pode-se superar com medidas de gestão; mas quando um problema é de gestão, não há tecnologia que o resolva. Em muitas das nossas organizações pensa-se que comprando equipamento e software se resolve tudo. E isso não é assim. [Para além do software é necessário o brainware] Há também uma falta de intervenção do regulador do sistema na vertente da regulação comportamental. O BNA não faz regulação comportamental, no sentido de obrigar os bancos a garantirem níveis de serviço mínimos, que quando não são cumpridos dão lugar a fortes multas. Um banco com o sistema em baixo umas horas, no Brasil, paga uma multa muito pesada. Por exemplo, aqui na vizinha Namíbia, os bancos são obrigados a abrir um certo número de agências ao sábado de manhã (precisamente para dar cobertura de serviço público). Aqui em Angola o BNA ocupa-se muito da supervisão prudencial, mas faz pouco em relação à protecção do consumidor bancário (regulação comportamental). ************************************************************************************* Comentários... ************************************************************************************* Anónimo disse... Há muitos "particulares" que interessam nesta matéria. De verdade, verdadinha, o BNA (quem manda, quem regula) é o principal responsável. Mas os gestores de primeira linha de toda a banca, começando na estatal e acabando na "privada" e na privada também têm responsabilidades repartidas pois participaram e participam em boa parte das decisões. Estas decisões incluem as comunicações e decisões tão importantes para a sua gestão: na escolha do software, incluindo a estrutura das bases de dados. Vou dar um exemplo: por que não distribuírem as bases de dados, controlando-as local e centralmente e utilizando um BI (business intelligence) que forneça na hora as informações necessárias à gestão, para controlo? Depois, torna-se necessário que haja gestores para ler, interpretar e "gerir efectivamente" os organismos colocados à sua guarda. Mas, com especial "fervor financeiro", nenhum dos gestores dos bancos se esquece de cobrar taxas de serviços que não prestam ou que prestam mal. E não passam de "guardadores" de dinheiro. Maus cofres... Não existe nem brainware nem peopleware