quinta-feira, 30 de setembro de 2010

"Professor" FMI considera urgente reforma fiscal e fundo soberano

"O Conselho de Administração do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou a segunda e a terceira avaliações do desempenho de Angola no âmbito do programa económico apoiado pelo Acordo Stand-by (SBA).
Com a aprovação, em 24 de Setembro de 2010, será liberado o montante de DSE 229,04 milhões (cerca de USD 353,1 milhões), perfazendo um total de DSE 572,6 milhões (cerca de USD 882,9 milhões) em desembolsos no âmbito do referidoprograma. O Conselho de Administração também concedeu ao país dispensas pelo não cumprimento dos critérios de desempenho quantitativos relacionados à acumulação de novos atrasados de pagamentos internos e externos. O acordo Stand-by com Angola, no montante de DSE 858,9 milhões (cerca de USD 1,32 mil milhões) e com duração de 27 meses, foi aprovado pelo Conselho em 23 de Novembro de 2009 (Comunicado de Imprensa n.º 09/425) para ajudar o país a fazer face aos efeitos da crise económica mundial. O Director-Geral Adjunto e Presidente em Exercício do Conselho de Administração, Sr. Murilo Portugal, fez o seguinte pronunciamento ao concluírem-se as discussões sobre Angola: “As autoridades angolanas estão a realizar progressos na implementação do seu programa de estabilização e reformas. A conjuntura macroeconómica continua a apresentar melhoras e as reformas já estão a produzir resultados, mas ainda há muito a avançar na agenda de reformas para superar as restantes dificuldades macroeconómicas, fortalecer a capacidade de gestão macroeconómica e limitar a vulnerabilidade de Angola às oscilações dos preços do petróleo. “É de louvar a intenção das autoridades de continuar a reduzir o défice primário não petrolífero em 2011, trazendo-o para níveis mais sustentáveis, sem comprometer os investimentos prioritários e os gastos sociais. O importante objectivo de aumentar as receitas não petrolíferas no médio prazo justifica a celeridade na definição de um roteiro para a implementação das reformas fiscais. “A acumulação de atrasados de pagamentos internos criou constrangimentos tanto para a economia real quanto para o sistema financeiro. As autoridades terão de executar o seu programa de regularização de atrasados com todo o rigor, de modo a eliminar a maior parte desses atrasados até ao final do ano. Igualmente importante é o fortalecimento dos controlos sobre as despesas e o financiamento do orçamento. “De destacar os planos para a criação de um fundo soberano, dada a necessidade de equalizar o uso das receitas petrolíferas ao longo do tempo. A criação do fundo proposto exige o estabelecimento de um quadro institucional sólido, com linhas de responsabilidade claras, vínculos bem especificados com a política fiscal e uma estratégia conservadora de gestão de activos. “As recentes reformas técnicas no sistema de compra e venda de divisas em leilão são positivas. É importante que o Banco Nacional de Angola utilize com moderação o direito de excluir propostas que considere “outliers”, de modo a permitir que a taxa de câmbio se aproxime do seu nível de equilíbrio do mercado. O reforço da coordenação das políticas fiscal e monetária e o aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão monetária ajudarão a aumentar a eficácia da política monetária. “Incentivamos as autoridades a concluir as medidas de reforma planeadas, nomeadamente no que respeita à publicação regular dos relatórios de execução orçamental e dos relatórios sobre o desempenho financeiro das empresas públicas, bem como às medidas de reforma viradas para o reforço da governação interna e das práticas institucionais do Banco Nacional de Angola”, concluiu o Sr. Portugal.”

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Crónica dos últimos dias agitados

Dois acontecimentos (do foro judicial) marcaram nos últimos dias com algum destaque a crónica angolana. O Tribunal Constitucional anulou, por violação de direitos fundamentais dos réus, a decisão de primeira instância proferida pelo Juíz Januário no processo SME que condenou Quina e "sus muchachos" a alguns anos de prisão, por peculato. Esta decisão do TC pode vir a alimentar uma guerra de palavras e de nervos ao nível das instâncias judiciais do país, pois já ouvimos, ainda em surdina, vozes a defenderem que o Tribunal presidido por Rui Ferreira não tem competências suficientes para mandar soltar alguém já condenado. Depois, foi a vez do mais alto Magistrado da nação fazer justiça com as suas próprias mãos, ao anunciar que ia mandar para casa o seu ministro do interior, Roberto Leal Monteiro (Ngongo). O ministro terá cometido um erro grave assumido pelo próprio (segundo uma nota de imprensa oficial) no caso da prisão (extradição) de um cidadão português que se encontrava a residir em São Tomé e que tinha contas a acertar com os tribunais angolanos, depois de ter sido acusado de fraude milionária por Mello Xavier para quem trabalhava, na sequência de um alegado assalto a uma das contas da sua empresa domiciliada no Banco de Poupança e Crédito (BPC). Neste caso já circula pelo menos uma versão diferente, segundo a qual a iniciativa até partiu do BPC e que tudo terá sido processado pela via da Interpol, tendo sido as autoridades sãotomenses a fazer a entrega no aeroporo do referido cidadão aos policias angolanos que o foram busar. Já em Luanda, ainda segundo a mesma versão, o dito cidadão foi de imediato apresentado ao representante do Ministério Público junto da DNIC, que legalizou a sua detenção. Para já de concreto e como reacção ao "despacho" presidencial só existe mesmo o silêncio do principal atingido pela violenta chicotada em praça pública desferida do Chefe do Executivo, um ano depois dos factos terem ocorrido, o que torna ainda mais estranho este desfecho. Mas como quem cala consente, vamos ter de aguardar por outros desenvolvimentos, sem muitas expectativas de virmos a ter uma reacção pública da parte do General Ngongo, que segundo a versão aqui referida pode ter sido a "solução" encontrada no quadro do bode expiatório. A estes dois temas poderíamos acrescentar um terceiro que foi provocado pela muito sensacionalisa manchete deste fim-de-semana do "Folhinha"(história de capa), a colocar sérios problemas ao nível da ética jornalística, relacionado com o surgimento de uma suposta nova filha (mais velha) do cidadão José Eduardo dos Santos, o que obrigou o Chefe de Estado a vir a terreiro para falar aos microfones da TPA da sua vida mais intima, incluindo a sexual, num desenvolvimento a todos os títulos inédito na história do pos-independência. De forma bastante calma e exemplarmente urbana, Dos Santos desmentiu liminarmente a suposta paternidade de mais um rebento o que a confirmar-se, aproximaria dos 10, o número de membros da sua prole mais directa. A este terceiro acontecimento gostaríamos de acrescentar um quarto que é o inicio do desmantelamento do todo poderoso Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN), que acaba de ser "decretado" pelo seu próprio criador, ao transferir parte das suas responsabilidades para a SONANGOL-Imobiliária, a nova coqueluche da petrolífera angolana que, qual polvo insaciável, adquire deste modo mais um tentáculo, no âmbito da chamada "sonangolização" do país. O engenheiro Manuel Vicente (MV), que já é membro do BP, acaba de dar assim mais um salto de cavalo na sua ascenção política pelos corredores do poder, numa altura em que certos analistas já lhe começam a atribuir algumas ambições de vulto a nível nacional que ultrapassam a sua actual condição de empresário "number one". MV é actualmente o mais poderoso homem de negócios que Angola possui no ranking da especialidade, embora se diga que já haverá alguém da sua familia política com muito mais protagonismo e poder real. Importa referir aqui que esta transferência de competências ocorre pouco tempo depois do mais influente membro da entouráge presidencial, Helder Vieira Dias (Kopelipa), ter sido "afastado" do GRN, após a sua promoção à categoria de Ministro de Estado, com a pasta de Chefe da Casa Militar da Presidência da República. Está-se assim e à falta de uma melhor explicação, diante de mais uma situação típica de esvaziamento institucional de funções (uma "ferramenta de gestão" muito usada por JES), que acabará por ditar, mais tarde ou mais cedo, o enterro do GRN, que passará a história como mais um produto descartável elaborado ao sabor da conjuntura. PS-Ainda se lembram como é que a BRICOMIL foi parar ao caixote do lixo?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Macrodrenagem ou Macromalandragem?

Qual é realmente nesta altura o ponto da situação da macrodrenagem de Luanda?
E da microdrenagem?
É urgente que quem de direito forneça urgentemente estas e outras respostas aos luandenses, sem rodeios, frontalmente, olhos nos olhos. De preferência com os valores que já foram gastos, incluindo os das chorudas comissões que os governantes metem ao bolso e com os outros que são necessários para prosseguir esta interminável saga.
Todos sabemos que existem problemas com a macrodrenagem de Luanda, mas a maior dos habitantes da capital não sabe qual é a sua dimensão e complexidade e sobretudo não sabe até que ponto eles estão a condicionar a conclusão das obras ao nível das vias estruturantes (ou desgastantes?).
Já se passaram alguns anos desde que a Governadora Francisca do Espirito Santo esteve no parlamento a falar dos problemas estruturantes da capital e dos obstáculos que têm vindo a condicionar o andamento das obras.
É preciso pois actualizar a base de dados deste dossier.
A nova época das chuvas vai voltar a destapar todas as carecas de uma capital que, pelos vistos, vive com perucas, com discursos e com campanhas pontuais.
Na época que já começou vamos voltar a ver o MPLA a fazer mais uns sábados vermelhos no Cazenga, sem outras consequências para além da ocupaçao dos espaços mediáticos com megafones e carros do fumo.
Este ano e o próximo vamos ter as mesmas doses dos mesmos problemas com as mesmas justificações.
Vamos voltar a ter mais do mesmo, numa cidade onde nada está tão mal que não possa ficar ainda pior.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O pesadelo das chuvas está de volta

comentários: Nock Nehone disse... Meu caro RS, Acho importante lembrar aos leitores deste magnífico espaço que o início da chuva em si não é um pesadelo e nem sequer não constitui alguma novidade. Pesadelo os luandenses dormirem e acordarem sem saber se os seus cubículos ou cubatas, como denominam os governantes, resistirão as enxurradas. O Administrador do Rangel, Maciel Neto Makavulo, adiantou-se ontem, em entrevista a Rádio Luanda, a desculpar-se pelas mortes que poderão ocorrer na sua zona de jurisdição. Alertando que a culpa não é do seu elenco, mas sim dos órgãos superiores. 22 de Setembro de 2010 14:33

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Os nossos mutantes e os objectivos do milénio

Estão a nascer nas ruas e nos bairros de Luanda verdadeiras feras humanas.
É mais um resultado do crescimento económico e da distribuição do rendimento nacional que a uns (muito poucos), atribui milhões e aos outros(mais do que muitos), chega a negar tostões.
A extrema violência que caracteriza o seu comportamento quando se envolvem em algum conflito e que é visível, nomeadamente, na utilização de armas brancas com destaque para as garrafas, já não pode deixar ninguém indiferente.
A mim pelo menos não deixa.
Há claramente uma mutação no comportamento destes jovens, destes adultos, destas mulheres e destes velhos, que vai ser transmitida às gerações vindouras pela via da hereditariedade social.
Com a miséria vem tudo o resto, numa altura em que decorre na sede das Nações Unidas mais uma cimeira mundial consagrada aos famosos oito objectivos de desenvolvimento do milénio (ODM), estratégia que tem no ano de 2015, a sua data limite de implementação.
O fracasso está à vista.
A notada de ausência de JES foi coberta pelo seu Secretario de Estado para as Relações Exteriores, George Chicoti.
[Entre os factos apurados incluem-se os seguintes: apenas metade da população do mundo em desenvolvimento tem acesso a estruturas de saneamento melhores, tais como instalações sanitárias e latrinas; as raparigas do quintil de agregados familiares mais pobres têm 3,5 vezes mais probabilidade de não estar a frequentar a escola do que as das famílias mais ricas e quatro vezes mais do que os rapazes deste grupo; e menos de metade das mulheres de algumas regiões em desenvolvimento beneficia de assistência ao parto por pessoal de saúde qualificado.
(...)
O Relatório sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio 2010 também diz que a luta contra a fome foi mais gravemente afectada pela turbulência económica. A capacidade dos pobres no que se refere a alimentarem as suas famílias diminuiu, devido à subida em flecha dos preços alimentares, em 2008, e à quebra dos rendimentos, em 2009, enquanto o número de pessoas que sofrem de malnutrição, que já estava a aumentar desde o princípio da década, poderá ter começado a aumentar mais rapidamente, a partir de 2008.
(...)
Inicialmente acordados na Cimeira do Milénio da ONU, em Setembro de 2000, os oito ODM fixaram metas mundiais para a redução da pobreza extrema e da fome, a melhoria da saúde e da educação, o empoderamento das mulheres e a sustentabilidade ambiental, metas essas que deverão ser atingidas até 2015.
O Relatório sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, uma avaliação anual do avanço regional em direcção aos Objectivos, reflecte os dados mais completos e mais actualizados compilados por mais de 25 organismos das Nações Unidas e organizações internacionais.
Produzido pelo Departamento de Assuntos Económicos e Sociais da ONU, o relatório constitui um contributo oficial para a cimeira sobre os ODM, por designação da Assembleia Geral. No sítio Web http://mdgs.un.org/ está disponível um conjunto completo dos dados utilizados para preparar o relatório.
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1 comentários: Baia Azul disse... Eu pessoalmente nao concordo com este ODM das nacoes unidas na medida em que o desenvolvimento das nacoes deve-se mais aos seus projectos e processos de gestao do que a mera ajuda dos mais desenvolvidos aos menos desenvolvidos. Muitos dos paises, como Angola, que sofrem do conceito da "doenca de dutch" nao precisam realmente desta ajuda.Sempre defendi que Angola precisa de medidas audaciosas relacionadas com o fortalecimento da classe media atraves de politicas mais agressivas da nossa "main street" do que da "wall street". Sao os pequenos e medios negocios que dao emprego, que aumentam a competitividade, que contribuem para o OGE. Um estado que nao permite o florescimento de pequenos empresarios so pode ser um estado de caracter centralista e controlador. A vibracao de qualquer economia, e falo do ponto de vista da gestao, esta justamente na pujanca e na capacidade de regeneracao de ideias dos empresas de pequeno e medio porte. Estou de acordo com a zambiana Dambisa Moyo (economista) que diz que muitos paises africanos nao precisam desta ajuda. E nos angolanos nao precisamos. Nao devemos ser apenas orgulhosos e vaidosos com carros e fatos de marca. Devemos se-lo tambem com as questoes sociais e termos confianca na nossa capacidade de criar equilibrios sociais, politicas igualitarias e um estado social africano. 21 de Setembro de 2010 19:36

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Porquê que os nossos bancos funcionam tão mal?

[Ponto prévio: A avaliação que se segue tem por base um conjunto opiniões que fomos recolhendo junto de alguns entendidos na matéria. Tudo prata da casa.] A dificuldade é manter o “uptime” em limites aceitáveis. Há dois factores exógenos que dificultam muito a “vida electrónica” dos bancos: as comunicações e a energia. Sobretudo para os bancos com redes mais extensas. Mas há um factor mais grave que é de gestão e manutenção. Alguns bancos cresceram muito e a respectiva estrutura que se ocupa de gerir e manter os sistemas informáticos não cresceu da mesma maneira. Por um lado a rede cresceu e os sistemas centrais não cresceram de maneira a acompanhar isso (temos um banco assim). Veja-se o que é um banco com quase trezentas agencias on-line na hora de ponta – se não estiver tudo afinado e com backups é difícil dar um bom serviço. Há uma certa falta de capacidade de antecipação. A crise é, antes de mais, de crescimento – em alguns bancos os ossos não cresceram o suficiente para aguentar com o corpo. Depois há também um problema de gestão. Como dizia a IBM há uns anos: quando um problema é técnico, pode-se superar com medidas de gestão; mas quando um problema é de gestão, não há tecnologia que o resolva. Em muitas das nossas organizações pensa-se que comprando equipamento e software se resolve tudo. E isso não é assim. [Para além do software é necessário o brainware] Há também uma falta de intervenção do regulador do sistema na vertente da regulação comportamental. O BNA não faz regulação comportamental, no sentido de obrigar os bancos a garantirem níveis de serviço mínimos, que quando não são cumpridos dão lugar a fortes multas. Um banco com o sistema em baixo umas horas, no Brasil, paga uma multa muito pesada. Por exemplo, aqui na vizinha Namíbia, os bancos são obrigados a abrir um certo número de agências ao sábado de manhã (precisamente para dar cobertura de serviço público). Aqui em Angola o BNA ocupa-se muito da supervisão prudencial, mas faz pouco em relação à protecção do consumidor bancário (regulação comportamental). ************************************************************************************* Comentários... ************************************************************************************* Anónimo disse... Há muitos "particulares" que interessam nesta matéria. De verdade, verdadinha, o BNA (quem manda, quem regula) é o principal responsável. Mas os gestores de primeira linha de toda a banca, começando na estatal e acabando na "privada" e na privada também têm responsabilidades repartidas pois participaram e participam em boa parte das decisões. Estas decisões incluem as comunicações e decisões tão importantes para a sua gestão: na escolha do software, incluindo a estrutura das bases de dados. Vou dar um exemplo: por que não distribuírem as bases de dados, controlando-as local e centralmente e utilizando um BI (business intelligence) que forneça na hora as informações necessárias à gestão, para controlo? Depois, torna-se necessário que haja gestores para ler, interpretar e "gerir efectivamente" os organismos colocados à sua guarda. Mas, com especial "fervor financeiro", nenhum dos gestores dos bancos se esquece de cobrar taxas de serviços que não prestam ou que prestam mal. E não passam de "guardadores" de dinheiro. Maus cofres... Não existe nem brainware nem peopleware

sábado, 18 de setembro de 2010

NJ enganou-se redondamente!

Esta semana o Novo Jornal enganou-se redondamente ao considerar que os primeiros jornalistas angolanos no pós-independência foram formados em 1979 na ex-Jugoslávia. Na verdade a primeira acção de formação neste dominio teve lugar entre Agosto e Dezembro de 1976, em Berlin na Escola de Solidariedade afecta a União dos Jornalistas da já extinta RDA, conforme documenta a foto que fomos buscar aos nossos arquivos. Para além dos profissionais idos de Angola, tomaram parte nesse curso intensivo colegas provenientes da Guiné-Bissau (Quintino1/Fernando Pereira/Quintino2), Cabo-Verde (Arnaldo Andrade-actual embaixador do seu país em Portugal, António Palma e Aristides Lima- actual Presidente do parlamento caboverdeano), São Tomé e Principe (Ovídeo Pequeno- já foi chefe da diplomacia do seu país, sendo actualmente o embaixador de STP em Washington DC, e Juvenal-Jujú).
De Angola, continuo a citar de memória, participaram pela Rádio Nacional- Ilda Carreira(Baiana), Humberto Jorge e Lucrécio Cruz, pelo Jornal de Angola- Paulo Pinha e Dino, pelo extinto Diário de Luanda-Reginaldo Silva e Álvaro Faria, pela TPA-Rocha e Carmelindo e pela Angolp- Juca (já falecido), Nazaré Vanduném e Frederico.
Estou certo que antes da formação realizada na ex-Jugoslávia e depois de Berlin, a primeira, terá havido pelo menos mais uma que decorreu na Argélia.
Entre todas estas acções formativas dos primeiros anos do pós-independência, admito que o curso da Jugoslávia terá sido o mais o sólido (ou o menos intensivo?), tendo em conta a sua duração que se prolongou por um periodo de cerca de um ano. O de Berlin não ultrapassou os 4 meses.
De recordar que parte da carga horária do curso da ex-Jugoslávia foi preenchida com matérias de formação ideológica (lavagem cerebral) relacionadas com a divulgação do "titismo" que era uma variante do comunismo não-alinhado da época (anti-soviética) praticada na dissidente Jugoslávia, então dirigida pelo lendário Marechal Joseph Broz Tito.
Para que conste na história da formação dos jornalistas angolanos, aqui fica lavrada a minha contribuição e o meu protesto com um cartão laranja endereçado ao NJ pelo mau serviço prestado ao jornalismo, embora admita que tenha sido involuntário.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

4º Congresso do SJA:Prioridade para a carteira profissional

Resolução do 4º Congresso do SJA sobre o Estatuto do Jornalista e a Comissão da Carteira e Ética Reunidos entre os dias 13 e 14 de Setembro em Luanda (Cefojor) no âmbito do 4º Congresso do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), os delegados ao conclave depois de em plenária terem analisado e debatido todas as envolventes relacionadas com a aprovação do novo Estatuto do Jornalista e a urgente necessidade de se criar a Comissão da Carteira e Ética, decidiram o seguinte: 1. Recomendar que a nova direcção do SJA priorize a questão da aprovação do Estatuto do Jornalista e a constituição da Comissão da Carteira e Ética e faça dela o seu grande cavalo de batalha no relacionamento com o poder político, devendo para o efeito liderar a iniciativa deste processo em concertação com as restantes organizações da classe. 2. Considerar profundamente lamentável a situação da classe, por após 35 anos de independência não possuir um título profissional, legalmente reconhecido, que habilite os jornalistas angolanos a desempenharem a suas actividades, de acordo com os direitos, deveres e outras exigências já previstos no ordenamento jurídico nacional, desde 1997. 3. Reconhecer que a actual situação confusa, sobretudo no plano das incompatibilidades e da separação das águas com outras intervenções mediáticas ao nível do entretenimento e do marketing, é o resultado conjugado de uma actuação deliberada, por um lado, pela via da omissão, do poder político e por outro, da falta de acutilância e demissão de todas as organizações da classe em defesa da integridade do jornalismo e dos jornalistas. 4. A ausência da Comissão da Carteira e Ética tem permitido o caos que se regista, com destaque para as rádios e as televisões, onde todos podem ser jornalistas, até da noite para o dia, competindo as administrações decidirem quem é quem, o que configura uma clara situação de usurpação de poderes. 5. Tendo por referência o conteúdo do ante-projecto do Estatuto de Jornalista que chegou ao conhecimento deste Congresso, os delegados recomendam que seja revisto o capítulo relacionado com a definição das categorias profissionais, tendo como fonte de inspiração realidades internacionais já consolidadas neste domínio. 6. Por considerar que foi pouco visível e actuante, durante o mandato cessante, o Congresso recomenda que o novo Conselho de Ética e Deontologia do SJA venha a pautar a sua intervenção por outros critérios, mais de acordo com as necessidades do espírito da auto-regulação, melhorando-se deste modo a imagem do Sindicato quer junto da classe quer da própria sociedade.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O Kota e o Kanuko

O lendário Sam Nujoma, que agora aos 81 anos de idade (nasceu em 1929) é apenas mais um cidadão namibiano à frente de uma universidade do seu país, esteve esta semana em Luanda onde voltou a abraçar o "puto" José Eduardo dos Santos, que acaba de completar 68. Apesar de ter optado pela via armada com o apoio de Angola, Nujoma chegou ao poder de forma democrática (eleito) em 1990, onde JES já se encontrava desde 1979, por força de uma substitução impossível, mas necessária, de acordo com as suas próprias palavras, quatro anos depois da independência de Angola ter sido proclamada a ferro e fogo.
JES é o segundo Presidente de Angola função que mantém até aos dias de hoje, sem nunca ter sido eleito, mais de 31 anos depois de ter sido nomeado pelo BP do MPLA para substituir Agostinho Neto, que foi o primeiro Chefe de Estado.
Nujoma foi o primeiro Presidente da Namibia, cargo que ocupou de 1990 até 2005, tendo ficado assim 15 anos consecutivos no poder, na sequência de três eleições democráticas que a SWAPO venceu folgadamente. A SWAPO, que ele fundou em 1960 e dirigiu até 2007, perfazendo um total de 47 anos na sua liderança.
A vizinha Nambia, o único país do mundo onde os angolanos não precisam de visto para entrar, é hoje um dos destinos mais procurados pelo nosso pessoal para negócios, turismo, saúde e educação.
A inversa não é verdadeira, a traduzir bem a existência de duas realidades nacionais distintas do ponto de vista do desenvolvimento, com a desértica Namibia a dar-nos um valente "bigode", apesar de não posssuir nem um décimo das nossas potencialidades. Nujoma é hoje mais um cidadão namibiano. É o Reitor da Universidade da Namibia (pública) e tem o título de Mestre em Geologia.
JES ainda não disse o que quer ser no futuro, se algum dia deixar de ser Presidente de Angola, embora tenha dito em 2001 que ele não seria mais o candidato do MPLA às eleições presidenciais.
Constou-nos que ele terá endereçado muito recentemente uma muito sensível missiva aos seus pares do BP, abordando a problemática da sua sucessão, que agora em termos mais concretos só voltará a colocar-se em 2012, por ocasião das próximas eleições gerais.
Como é evidente, uma sucessão deste tipo, nas condições concretas de Angola, caso venha a verificar-se, não pode ser decidida em cima do joelho.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Angola voltou a subir!

No âmbito da política do "estamos sempre a subir, para baixo", Angola voltou nos últimos dias a frequentar os dossiers dos pesquisadores nacionais e internacionais preocupados com o estado da liberdade de imprensa e de pensamento no nosso país.
Neste momento foi já lançado um alerta global sobre a degradação da situação, particularmente depois de ter sido assassinado há uma semana o jornalista da Rádio Despertar, Alberto Tchakussanga, em condições muito estranhas.
Nesta sequência e depois de alguns comunicados já divulgados por algumas organizações internacionais que fazem advocacia a favor das liberdades fundamentais, tudo leva a crer que a posição de Angola no ranking da "nossa FIFA/Press" venha a conhecer próximamente um drástico afundamento, embora no nosso caso já não seja possível descer muito mais.
De recordar que esta nova onda "que estamos com ela", começou com as "OPAs hostis" que foram lançadas este ano contra o "Semanário Angolense" e a "Capital", que mudaram assim de donos, tendo passado para as mãos de sociedades sem rosto, o que desde logo levantou fortes suspeitas de que se estaria diante de uma nova ofensiva do poder político, visando silenciar os sectores mais críticos da sociedade angolana.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

"Economia & Mercado" de Setembro já está nas bancas

Na última edição da revista "Economia & Mercado" referente ao mês de Setembro, escrevi sobre as avaliações a que a economia angolana foi sujeita pelo FMI e pela Assembleia Nacional.
A nível nacional e internacional, o desempenho da economia angolana foi submetido no mês de Agosto a duas importantes avaliações, com consequências positivas para o seu comportamento futuro, que continua a ter pela frente complexos desafios no âmbito da estabilização, crescimento e desenvolvimento sustentável. A primeira foi feita pelo FMI em sede do Acordo de Stand By (SBA), tendo em vista o desbloqueamento de mais duas tranches do financiamento aprovado em Novembro do ano passado e a segunda decorreu no âmbito do debate parlamentar que aprovou, com uma substancial alteração, o OGE revisto para 2010. Nas duas avaliações a gestão do Executivo do Presidente José Eduardo dos Santos passou com uma nota relativamente positiva, sem descurarmos o impacto das substanciais reticências manifestadas pela equipa do FMI em relação ao volume do trabalho de casa que ainda está por concluir e o voto contrário do maior partido da oposição, a UNITA, que, uma vez mais, criticou as prioridades “luandocêntricas” da governação angolana na alocação dos recursos públicos à escala nacional. A este voto acresce-se o “chumbo” que a própria Assembleia Nacional aplicou aos montantes iniciais da proposta orçamental, que, caso fosse aprovada, teria como consequência um significativo aumento do défice fiscal. O Governo foi assim obrigado a corrigir as verbas definidas na óptica do compromisso, tendo o OGE revisto para 2010, sido aprovado já em situação de equilíbrio mais favorável às contas públicas, tendo em conta o funcionamento ideal do binómio receitas-despesas, evitando-se assim o recurso a mais endividamento para financiar o défice inicial projectado.
O resto pode ler se comprar a "E&M", o que desde já lhe agradecemos em nome da consolidação da imprensa como um poder realmente independente, ao serviço de toda a sociedade e não apenas de estratégias de grupos.
Não é só por estar lá, mas a "E&M", acreditem, está cada vez mais "bala".

sábado, 11 de setembro de 2010

Novo título a caminho dos escaparates

Uma vez mais o jornalismo e a política

Depois da "tempestade", o Jornal de Angola regressou de mansinho ao jornalismo tendo publicado ontem esta notícia escorreita sobre a conferência de imprensa de IS. Por não termos visto nem ouvido, ficamos sem saber qual foi o tratamento dado pela TPA e a RNA ao mesmo assunto. A única falha deste regresso do JA prende-se com o facto da conferência de imprensa de Samakuva não ter merecido qualquer chamada de capa, conforme aconteceu com o bombardeamento dos dias anteriores a que foi sujeito pelo MPLA e pelo Governo. O mencionado regresso é sol de pouca dura. Gostaríamos de estar redondamente enganados. Uma vez mais temos de lamentar aqui o desempenho do "jornalismo" que se pratica nos "MDMs". Não é aceitável que, à mínima crise política neste país, o jornalismo nos "MDMs" desapareça da circulação para reaparecer logo de seguida completamente fardado, armado e entrincheirado. Não é aceitável que após cerca de vinte anos de liberdade de imprensa, os "MDMs" não consigam gerir da melhor forma situações conflituosas, que são próprias de qualquer país democrático, sem terem de recorrer à propaganda, à manipulação e à desinformação. A melhor forma é salvaguardar os principios da independência editorial e do contraditório. É tão simples quanto isso...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Prémio Maboque: Finalmente o regresso às origens

Este ano o Prémio Maboque de Jornalismo (PMJ) premiou com o seu maboquinho mais saboroso no valor de cem mil dólares, o jornalista José Rodrigues da LAC pelo seu desempenho à frente do programa de entrevistas com personalidades da nossa vida nacional (mas não só), o Café da Manhã.
Trata-se de um projecto politicamente plural e socialmente abrangente que o Zé criou e tem vindo a manter há já vários, muitos, não sei bem quantos anos.
Foi uma premiação a todos títulos justa, antes de mais porque resgata o verdadeiro espirito do prémio, que tem a ver com o incentivo à regularidade e à permanência ao serviço do jornalismo, tendo a qualidade profissional como pano de fundo bem presente e como segundo critério de distinção entre todos quantos cumpram o quesito fundamental.
De facto o PMJ não tem por base a realização de um concurso específico como acontece com outros galardões, o que o distingue dos demais e torma mais complexa e subjectiva a sua atribuição.
Algumas das últimas atribuições do PMJ ignoraram quase por completo o critério da permanência e da regularidade, privilegiando o desempenho pontual, com base em algum trabalho de maior vulto produzido pelo candidato.
Uma destas atribuições chegou mesmo a violar de forma grosseira o regulamento do Prémio no que toca à condição profissional do galardoado.
O Juri do Prémio deveria este ano merecer também os nossos parabéns, o que só não acontece devido à clamorosa falha que foi a não atribuição do segundo maboquinho mais valioso, a Menção Honrosa (MH), no valor de cinquenta mil dólares, por alegada falta de qualidade.
A MH é uma distinção atribuída ao jornalista angolano que, não sendo vencedor de qualquer prémio, tenha merecido o reconhecimento do Júri pelo seu desempenho profissional.
Efectivamente e se não houver outra explicação mais complicada do ponto de vista da transparência para esta subtracção, só mesmo problemas graves do foro oftalmológico, como a miopia, podem justificar a não atribuição da MH.
Uma decisão que chega a ser ofensiva para a própria classe.
PS-A escolha do Américo Gonçalves para o Prémio Homenagem também merece os nossos mais vivos encómios, enquadrando-se a mesma perfeitamente no espirito original do PMJ
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comentários: Gil Gonçalves disse... Há qualquer coisa aqui que não bate certo.Por exemplo discordo do texto sobre o José Rodrigues porque quando se trata de criticas à governação ele corta-as de imediato. E a LAC não é um tentáculo do nosso Pravda e do nosso Politburo? 9 de Setembro de 2010 21:21 Gil Gonçalves disse... Porque o prémio seria bem entregue a Rafael Marques 9 de Setembro de 2010 21:42 Anónimo disse... Muxima: Rafael Marques fez ou seja tocou na colmia do jornalismo investigativo que este país bem precisa, Reginaldo. E o mais ousado seria mesmo pelo menos entregar a menção honrosa ao Rafael e a Menção Honrosa a Rádio despertar. Claro que fazendo isso, no dia seguinte o César e a Maboque desapareceriam num apce. Temos medo de dizer isso. Mas a verdade é que a Maboke com esse gesto seria reconhecida internacionalmente. Nem o Juri nem a Maboke tiveram coragem para tal. resta-me dizer, que o teu Mabokinho ó Reginaldo foi justo a MPLA e ainda menos a Angola. Como o dinheiro deve ser cavado daquele lado, temos de aceitar, porque quem conhece o journalismo Angolano a Lac e Rodrigues não são carne nem peixe. E por isso nem aquecem nem arrefecem. Quem é justo e atento me dará razão. Se não o fazem agora, deixe que o tempo o fará. Sim o sabor é mesmo a mabokinho, pois ainda estamos longe do Maboke das nossas matas do norte de Angola. 10 de Setembro de 2010 01:39

O MPLA, a Oposição, os confrontos de Maputo e a destruição do Roque Santeiro

Como há algum tempo já não se via, o MPLA e o seu Governo estão actualmente em plena sintonia nesta ofensiva política contra a UNITA e outros sectores mais críticos da sociedade civil. Para além de Samakuva e a R. Despertar, a estrela da companhia é nesta altura o activista e jornalista Rafael Marques, com a sua produtiva cruzada investigativa sobre a corrupção endémica e a falta de transparência institucionais em Angola, o que já lhe valeu uma "menção honrosa" do BP na passada sexta-feira. Esta sintonia que é claramente estratégica, não constitui por si só uma grande novidade, embora tenha como explicação mais próxima um facto que nos parece encerrar algum renovado interesse analitico. De facto, quando no inicio de Agosto se ouviu o porta-voz do partido governante, Rui Falcão Pinto de Andrade (RF), dizer que o MPLA não tinha que se pronunciar sobre os resultados das investigações jornalísticas que estão a ser conduzidas pelo "inspector" Rafael Marques, ficou-se com a impressão que estava a registar-se uma inédita ruptura na cadeia de solidariedade política do regime angolano. “Angola é um Estado de Direito e tem órgãos competentes para se debruçarem sobre este tipo de acusações. O MPLA não tem de se pronunciar sobre um assunto que deve ser analisado nos órgãos competentes. O que o MPLA gostaria era de ver esses órgãos competentes a pronunciarem-se sobre essas acusações”, disse Rui Falcão. Este pronunciamento em nosso entender não terá sido nada bem digerido pelo topo da pirâmide, o que colocou RF numa situação parecida com aquela viveu Kwata-Kanawa àquando do debate da nova constituição. É caso para concluir que RF coleccionou assim o seu primeiro cartão amarelo, percebendo-se melhor agora a radicalização do seu discurso contra a oposição, que sendo próprio da sua natureza politica mais agressiva, pode de facto ser também o reflexo de algum "puxão de orelhas" interno. Como justificação desta subida de tom e da tensão política parece estar uma jogada clássica de antecipação, tendo como conselheiro os sangrentos acontecimentos de Maputo, na sequência da vitoriosa revolta popular que acabou por forçar a Frelimo e o seu Governo a recuarem em toda a linha, num desenvolvimento que nos parece inédito na história daquele país. Com esta jogada de antecipação, o MPLA está claramente a responsabilizar a UNITA por futuras situações de instabilidade e de insegurança que venham a ocorrer em Luanda (mas não só). A destruição do Roque Santeiro terá certamente consequências inevitáveis no equilibrio precário da caótica capital angolana. O disparo da criminalidade será uma delas, mas pode haver outras mais profundas. Ignorar este facto e tentar transferir de imediato responsabilidades para terceiros, pensando apenas na estratégia da sobrevivência política, não nos parece que seja a melhor solução para atacar os problemas recorrentes de Luanda, que só podem ser agravados com acções como foi a transferência do Roque Santeiro para uma "miragem" chamada Panguila. ************************************************************************************** comentários: Niura disse... Temos aqui um paradigma de falta de habituação democrática do M e apontar o dedo acusador pra terceiros não resolve o problema a começar pelo facto de com o dedo indicador em riste, 3 ficam voltados pra si próprio (M), sendo um sinal de elevada responsabilidade sobre a caótica situação social que o país vive. Acompanhei o discurso de RF e chamou-me a atenção por vê-lo sozinho (a teoria do puxão de orelhas colhe), a falar pra jornalistas que não fazem perguntas (só podiam ser todos da imprensa pública, suspeito isso) a que pretenderam chamar de conferência de imprensa (em jornalismo podia ser um comunicado oficial e jamais conferência de imprensa).Escamoteiar o problema apresentando como argumento a economia crescente e a diminuição da inflação de 3.000 para 13% é enganador a começar pelo facto de ser o M o único responsável pela gestão económica do país, depois a economia cresce, mas o bem-estar custa a chegar (desenvolvimento económico-social é + importante que crescimento económico), e pra terminar a inflação baixou pra 13%, o salário sobe apenas 5.4% (incapaz de aumentar o poder de compra), o preço da gasolina sobe 50% (de Kz 40 para Kz 60), a taxa de juros pra crédito bancário ao consumo é 26%. Diante de tudo isso acho que RF deve ser + comedido e evoluir no discurso sobre gestão da coisa pública, porque de economia quase todos nós começamos a ter opinião porque de "tanto apanharmos nos habituamos"! 9 de Setembro de 2010 14:17

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

8 de Setembro, Dia Mundial da Alfabetização

MENSAGEM DO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU- 8 DE SETEMBRO 2010-DIA MUNDIAL DA ALFABETIZAÇÃO "Este ano, o Dia Mundial da Alfabetização pretende realçar o papel importante que a alfabetização desempenha no empoderamento das mulheres. A alfabetização muda a vida das mulheres, das suas famílias e das sociedades.
As mulheres alfabetizadas terão mais probabilidades de enviar os seus filhos para a escola, especialmente as raparigas.
Ao aprender a ler e a escrever, reforçam a sua autonomia económica, participando activamente na vida social, política e cultural dos seus países. Investir na alfabetização das mulheres gera dividendos importantes em matéria de desenvolvimento. A alfabetização das mulheres tornou-se uma das grandes prioridades políticas nos últimos 10 anos, desde o Fórum Mundial da Educação, que teve lugar em Dacar, e durante o qual os governos fixaram como objectivo, reduzir para metade o número de adultos analfabetos até 2015.
A Década das Nações Unidas para Alfabetização, que decorre desde 2003 até 2012, permitiu dar um novo impulso a favor da redução do analfabetismo. As taxas de analfabetismo têm vindo a baixar e, no entanto, ainda hoje, um em cada seis adultos não sabe ler, nem escrever, enquanto que dois em cada três analfabetos são mulheres. É necessário que de dediquem mais fundos e se intensifiquem as acções de sensibilização a favor de programas de alfabetização de qualidade que reforcem o empoderamento das mulheres e, ao mesmo, assegurem que as raparigas e rapazes que frequentam o ensino primário e secundário, não sejam uma nova geração de analfabetos.
Hoje, a UNESCO atribui Prémios Internacionais de Alfabetização a programas de excelência e de inovação levados a cabo na Alemanha, Cabo Verde, Egipto e no Nepal. Cada um dele constitui uma prova tangível da influência positiva e profunda da alfabetização de mulheres que vivem em meios muito diversos – desde ambiente rurais a comunidades urbanas de emigrantes. Programas como estes, deveriam ser reproduzidos e alargados em todo o mundo. Cada mulher alfabetizada representa uma vitória sobre a pobreza.
Neste Dia Mundial da Alfabetização, exorto todos os governos, doadores, organizações não-governamentais e a todos os parceiros do desenvolvimento, a permitirem as mulheres, onde quer que estejam, tenham acesso à alfabetização, um dos pilares do desenvolvimento e da prosperidade.
Empoderar uma mulher através da alfabetização significa empoderar-nos a todos nós."

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Fim-de-semana em Benguela e a questão dos valores

Estive este fim-de-sema em Benguela. Fui ao casamento do Marcos, um jovem jornalista que conheci como correspondente do Angolense (original), projecto a que estive ligado até 2009, tendo o "adiós" acontecido mais ou menos por esta altura do ano.
Com um intervalo pelo meio, estive ligado ao Angolense como colaborador regular desde a sua 3ª refundação em 1997, tendo o Américo Gonçalves como Director. Depois da "crise dos farináceos", o AG continuou à frente do projecto (4ª refundação), mas já sem a presença dos seus antigos companheiros , até que também se afastou do mesmo, o que foi acontecendo de forma paulatina, que quase ninguém deu conta.
O Marcos que se casou sábado com a Vanda na Igreja da Nossa Senhora do Pópulo, tem-se destacado pela qualidade dos seus trabalhos sobre a realidade daquela provincia. Apesar da sua juventude, é já uma referência muito positiva do jornalismo que se faz naquela provincia.
Foi pois com muito gosto que acedi ao seu convite, tendo viajado de carro para Benguela sábado de manhã, o que não me permitiu gravar com o Ismael Mateus o Semana em Actualidade da TPA, que é conduzido habitualmente pelo Antunes Nguange.
Na altura em que escrevo este apontamento ainda não sei quais foram os temas que animaram o debate de domingo, estando a minha curiosidade concentrada na destruição do Roque Santeiro e na guerra de Maputo, que foram, quanto a mim, as duas referências mais marcantes em termos de actualidade da semana transacta e que têm a particularidade de se relacionarem mesmo na distância.
A minha breve breve estada em terras de Ombaka por cerca de 48 horas, permitiu-me, uma vez mais, perceber que a sociedade benguelense, é do ponto de vista da preservação dos valores, como a amizade, a consideração e a solidariedade entre as pessoas, independentemente de tudo o resto que possa separar os seus autóctones, muito mais saudável que a sua congénere luandense.
Tive a oportunidade de constatar esta realidade domingo de manhã duarante uma valente sopa que me foi servida no terraço de um negócio familiar de restauração, nas imediaçoes do novo Hotel Praia Morena, onde estavam presentes algumas conhecidas figuras da cidade de Benguela, unidas apenas pela boa disposição e pela necessidade de partilharem alguns momentos na galhofa e na estiga.
Em Luanda já é dificil os nossos actuais e petulantes novos ricos juntarem-se aos seus amigos, velhos pobres do passado, do bairro (antigamente não havia condomínios, lembram-se?), apenas para conversarem num sábado ou num domingo de manhã ao sabor de uma sopa ou de um caldo, sem outras preocupações.
Em Luanda os novos ricos bafejados pela sorte madrasta do OGE e dos seus chorudos sacos azuis, para além de recearem o contacto com os seus amigos cada vez mais empobrecidos do passado, até já contam anedotas sobre o tempo em que também eles eram pobres.
Desse tempo longínquo, dizem-nos sorridentes, já nem sequer têm saudades.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Zimbo transmitiu as primeiras imagens de Maputo

A Zimbo recusa ter participado em qualquer black-out deliberado sobre os violentos acontecimentos que estão a ter lugar na capital moçambicana, Maputo, conforme fizémos referência na nossa abordagem anterior. Mais de 24 horas depois da crise ter tido inicio, a TV/Zimbo transmitiu pela primeira vez no seu telejornal de quinta-feira à noite as primeiras imagens da "guerra" de Maputo. Contrariamente ao que tem sido habitual, quando se trata de grandes acontecimentos da actualidade nacional e internacional, a Zimbo não convidou ninguém para comentar o assunto. Em termos de análise, as atenções da Zimbo ontem estiveram voltadas para as conversações israelo-palestinas que decorrem em Washington.
Da nossa parte, reconhecemos ter havido alguma precipitação ao colocarmos a TV/Zimbo no mesmo pacote do "estratégico black-out" promovido pelos órgãos públicos em relação aos acontecimentos de Maputo. Não deixa contudo de ser estranho que a Zimbo tenha evitado tratar o assunto com o destaque que ele merecia e continua a merecer tendo apenas como justificação o facto de não ter conseguido arranjar num primeiro momento as imagens para ilustrar a notícia.
Esta quinta-feira já com as imagens, também não houve nem comentário e muito menos debate. Em nosso entender e dada a grande proximidade sócio-política das duas realidades, a "guerra de Maputo", suas causas e consequências, devia ser um assunto da maior relevância para quem faz apenas jornalismo em Angola, sem outras preocupações.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Televisões angolanas ignoram confrontos de Maputo

As televisões angolanas, a TPA e a Zimbo, ignoraram olimpicamente os confrontos registados na "vizinha" cidade do Maputo, numa atitude que é jornalísticamente indefensável e reprovável, mas que se entende perfeitamente do ponto de vista dos interesses estratégicos dos proprietários "siameses" dos dois canais. Deste modo e com um tal black-out, as tutelas fizeram de forma ostensiva prevalecer os critérios políticos em detrimento dos editoriais, em mais uma tentativa (atabalhoada) visando tapar o sol com a peneira. Sintomático. No dia em que estoirou a pendenga popular em Maputo contra a carestia de vida e as injustiças sociais em Moçambique, em Luanda (Angola) entrava em vigôr um aumento muito significativo do preço dos combustíveis e dava-se inicio ao processo de transferência forçada para o longínquo Panguila do Roque Santeiro, considerado o maior mercado a céu de aberto de África. Este black-out das televisões angolanas faz-nos regressar ao passado recente da nossa falta de liberdade, que afinal de contas não é tão passado como parece. A Zimbo que se assume como alternativa à TPA, no âmbito do pluralismo informativo, acabou por ser o protagonista deste desenvolvimento a sair mais tremido na fotografia das nossas desilusões, a dar razão a todos quantos encaram o projecto da Medianova com muita desconfiança em relação aos seus reais propósitos.

"A capital moçambicana acordou quarta-feira sob uma grande azáfama, correria, gritos, tiros, pneus queimados, a revolta popular, perante a mais recente medida do governo: os preços vão aumentar, nomeadamente a luz, a água e o pão. Pelo menos seis pessoas morreram e 42 ficaram feridas, quatro das quais em estado grave, nos confrontos entre populares, que iniciaram hoje de manhã um protesto pelos aumentos dos preços dos bens essenciais, e a polícia. Os protestos começaram nos arredores de Maputo, mas estenderam-se ao centro da capital.Populares criam 'novo hino'O recurso às mensagens escritas via celular continua a ser a forma de mobilização da população. Já corre um novo 'hino nacional':"Moçambique nossa terra destruída- Pedra pedra destruímos muitos carros, milhões de braços uma só força- A greve armada vamos vencer- Na Matola, Malhazine, Magoanine pelo chapa pelo arroz e pelo pão- Nós morremos por ti Moçambique, nem o Guebuza nos irá escravizar"Reacções às declarações da Frelimo.Via mensagem telefónica, está a circular também a reacção às declarações que a Frelimo fez há minutos: ' Camaradas para o nosso bem vamos continuar a greve até dia 3, sexta-feira, porque pelos vistos o governos não quer dar-nos resposta. Até nos chamam confusos, vamos paralisar tudo, ninguém vai trabalhar, se Cahora Bassa é nosso porque aumenta o preço da energia?'Desconhece-se, no entanto, a origem desta mensagem". In http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1089338.html

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pela 1ª vez Fidel Castro reconhece ter sido um ditador

Custou, mas foi. Passaram-se, entretanto, mais de 50 anos. Pela primeira vez e de forma inequívoca, desde que em 1959 se tornou líder da revolução cubana, Fidel Castro reconheceu o caracter ditatorial do estado que ele mais os seus barbudos da Sierra Maestra implantaram na grande ilha caribenha. O mea-culpa foi feito numa entrevista que concedeu esta semana a um jornal mexicano a propósito do tratamento brutal dispensado aos homossexuais na "sua" Cuba revolucionária. Espera-se agora que Fidel tenha a mesma honestidade quando se referir ao tratamento dispensado pela "revolucion" aos negros cubanos, pois também são muitas as acusações de racismo e discriminação que pesam sobre a sua cabeça. Com a idade e a decadência física a aumentarem em paralelo com o peso da sua consciência pelos excessos do "socialismo moreno", Fidel Castro pode ter dado inicio com esta confissão a um processo de catarse de consequências imprevísiveis para a imagem da revolução sem mácula. O receio é que os outros barbudos o mandem calar, por temerem que a sua incontinência verbal possa ir longe de mais. [A perseguição de que os homossexuais foram alvo em Cuba, há quase 50 anos, foi recordada por Fidel Castro, esta terça-feira. O primeiro-secretário do Partido Comunista cubano admitiu ter sido o «responsável último», apesar de dizer que não é homofóbico.«Se alguém é responsável, esse sou eu. Está certo que, naquele momento, não tinha como me ocupar do assunto», disse, em entrevista ao jornal mexicano La Jornada. Fidel Castro qualificou a perseguição como uma «grande injustiça».O dirigente cubano lamentou ainda não ter prestado «atenção suficiente» ao problema – os homossexuais foram acusados de serem «contra-revolucionários» e obrigados a trabalhos forçados – e não ter corrigido a situação. Recorde-se que a homossexualidade em Cuba foi despenalizada nos anos 1990. Desde 2008, o sistema nacional de saúde cubano permite a realização gratuita de operações para mudar de sexo. In http://www.bola.pt/ 08:13 - 01-09-2010]