terça-feira, 29 de novembro de 2011

Os incidentes do Kikuxi e o "modelo" de distribuição das terras

O extracto que poderão ler a seguir, foi retirado, com a devida vênia, de uma entrevista concedida este fim-de-semana ao NJ por Salomão Cahumba, o responsável pelo Gabinete do Perimetro de Kikuxi, localizado às portas de Luanda. 
Para além de outras razões que possam estar na origem dos violentos incidentes que se estão a  registar na região em causa, uma delas, apontada pelo entrevistado nestas linhas, é aquela que quanto a nós deve merecer uma maior e especial atenção da parte de quem tem responsabilidades políticas neste país.
A generosa distribuição politico-administrativa das terras, da forma como tem sido feita até agora pelo Estado/Governo-MPLA, com base no latifundio, pode já estar a alimentar um pouco por todo o país reacções do tipo que foram identificadas no Kikuxi. É altura de se começar a pensar seriamente nas consequências sociais e políticas deste "modelo". Pensar para repensar...  
"(...)
NJ- O que alguns populares alegam é que, uma vezque muitos terrenos estão abandonados, é justoque possam beneficiar dos mesmos...
SC- Temos levado a cabo um programa de reordenamentode parcelas, em que, primeiro, convocamos os concessionários que não fazem uso dos terrenos para fins agrícolas. Nos casos em que já tenham o terreno por mais de um ano, damos trinta dias para que retome a sua actividade. Caso contrário, o terreno reverte para o Estado, que faz uma nova concessão. Nestes casos, muitas vezes somos incompreendidos, porque pensam que o Estado está a vender terrenos, mas o Estado não vende terrenos, faz concessão de terras.
Realmente, temos terrenos que estão abandonados, o que nos provoca sérios constrangimentos. O gabinete não existe para tomar conta de terreno de concessionários.
Quem não tem capacidade de trabalhar a terra deve devolver o terreno ao Estado, para que seja cedido a outra pessoa, que pode fazer. Temos camponeses, que têm poucos recursos, e que estão a produzir, mas temos concessionários que têm capacidade financeira mas não trabalham a terra".

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Benguela quer avançar com abaixo-assinado...

Em Benguela o pároco da Nossa Senhora do Pópulo defende a ideia de se organizar um abaixo-assinado para pressionar o governo a permitir que a Emissora Católica de Angola seja ouvida noutras partes do país.
O Bispo de Benguela, D. Eugénio Dal Corso, já concordou com a ideia. Resta agora saber como é que a CEAST vai reagir a esta iniciativa.
http://soundcloud.com/regisilva/r-dio-eccl-sia-diocese-de
http://soundcloud.com/regisilva/bispo-de-benguela-apoia-abaixo

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Limitações, Sorry...

Pela primeira vez neste blog, após cerca de 4 anos de existência do mesmo, sou forçado a accionar a moderação de comentários, em virtude de estar a ser alvo de ataques sistemáticos por parte da predadora Paula Santana, cujo estado "terminal" é cada mais preocupante para os conceitos que defendo e respeito em matéria de higiene e salubridade no ciberespaço.
Desejo que esta situação seja ultrapassada o mais rapidamente possível, ao mesmo tempo que a lamento profundamente, pois nada me dá mais prazer do que gerir esta interacção sem qualquer tipo de barreiras/filtros.
Peço a compreensão dos habituais e dos novos frequentadores deste morro e desde já agradeço que continuem a publicar (postar) aqui os seus comentários que serão tornados públicos tão logo verifique que não se trata da pessoa (?) em causa.
Dentro em breve criarei um email especifico para tratar da correspondência deste blog. Até lá as pessoas que conhecem os meus emails pessoais podem utilizá-los para o efeito, sempre que tiverem alguma dificuldade em gerir os filtros aqui colocados.
RS/WD

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Crime sem castigo, quatro anos depois...

António Jaime que hoje teria 43 anos de idade foi brutalmente assassinado por um esquadrão da morte a 24 de Novembro de 2007 em Luanda, minutos depois de ter deixado em minha companhia a discoteca Mayombe, antes de nos separarmos definitivamente rumo às nossas viaturas, com as quais seguimos por caminhos diametralmente opostos.
Aconteceu numa madrugada de sábado à vista de várias pessoas que àquela hora já estavam despertas nas imediações da cadeia de São Paulo.
Os assassinos não tiveram problema nenhum em fazer o “trabalho” sem qualquer tipo de disfarce.
António Jaime era meu amigo de verdade e com ele partilhei os últimos momentos da sua vida, antes do esquadrão da morte o ter executado, a mando de alguém, pois não acredito que os executantes tivessem qualquer tipo de relação mais pessoal com o malogrado.
Angola também já é um país conhecido por crimes que, inexplicavelmente, ficam sem esclarecimento.
Mais grave do que isso Angola é um país onde por vezes quem mais se deveria esforçar para o esclarecimento desses crimes, são exactamente as pessoas que mais desencorajam os familiares e os amigos a procurarem justiça, algumas vezes com ameaças veladas, do tipo, “tem cuidado que esses gajos são maus e ainda podem vir atrás de ti se continuas a falar do Jaime”.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Só os mortos estão "proibidos" de votar em 2012

Uma das questões que coloquei ao Ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa (BS), durante o encontro realizado esta terça-feira no CEFOJOR teve a ver com a produção dos novos cadernos eleitorais, tarefa com que deverá culminar o actual processo de actualização do registo.

Com efeito e de acordo com o que reza a lei, no final de cada operação anual de actualização do registo eleitoral a entidade registadora tem a obrigação de fazer publicar os cadernos igualmente actualizados para efeitos de consulta e reclamação.
Efectivamente esta tarefa, a da publicação dos cadernos eleitorais em tempo oportuno, é aquela que confirma a transparência de todo o processo de actualização do registo, sem a qual não é possível aos cidadãos e aos partidos terem uma ideia exacta do país que vai a votos.
Lamentavelmente resposta dada por BS não foi definitiva, pois segundo adiantou ainda não se sabe quem (se o CIPE-Governo, se a Comissão Nacional Eleitoral-CNE) terá a responsabilidade desta vez de elaborar e fazer publicar os cadernos eleitorais.
Isto, numa altura em que prosseguem no parlamento as consultas entre o MPLA e a Oposição em torno do pacote legislativo eleitoral, após ter havido uma ruptura do processo formal conducente a aprovação da legislação em causa pela Assembleia Nacional.
Há pois, segundo BS, que aguardar pela definição desta questão, tendo a propósito o MAT adiantado que, da sua parte, não vê qualquer inconveniente que seja uma ou outra entidade a ficar responsabilizada pela elaboração e publicação dos cadernos eleitorais.
Temos dito (e aqui reiteramos) que as eleições de 2008 em matéria de transparência ficaram irremediavelmente manchadas devido a ausência deste mecanismo fundamental de controlo de todo o processo, que são os cadernos eleitorais.
Repetir a dose em 2012 não nos parece que seja muito aconselhável, se quisermos que os futuros resultados não sejam contestados como foram (e continuam a ser) os de 2008.
Em resposta a uma outra questão por nós colocada, BS disse que nunca ninguém com responsabilidades ao nível do MAT disse que as pessoas detentoras de um cartão de eleitor válido, que, eventualmente e por qualquer motivo não fizerem a sua actualização do registo, perdem a sua capacidade eleitoral.
O que irá acontecer com estas pessoas é que, o próprio sistema se encarregará de as arrumar no que toca a assembleia onde irão exercer o seu direito, de acordo com a informação disponível em relação ao local onde elas votaram em 2008.
Não há, portanto, eliminação do registo da base de dados de nenhum eleitor que não fizer a sua actualização, com a excepção dos mortos.
Pelo que BS deixou entender os mortos são de facto a grande preocupação de todo este processo de actualização, pois o nosso país ainda não tem o sistema de registos centrais devidamente organizado para dar conta (descarregar) de todos os cidadãos, que, por via do falecimento, perderem a sua capacidade eleitoral activa.

Nosso Super vai continuar a ser "deles"...

O empresário Carlos Cunha, via LAC, insurgiu-se de forma particularmente vigorosa contra a decisão tomada pelo Governo de "privatizar" a rede "Nosso Super" a favor da ODEBRECHT, que até então teve a seu cargo a gestão de mais esta "fábrica de torrar dinheiro público".
A Ministra do Comércio Idalina Valente(IV) "esclareceu" que o Estado vai manter a propriedade sobre a referida rede. Pouco mais se sabe do "contrato de cessão" que vai ser assinado com a ODEBRECHT, que segundo IV, beneficiou do direito de preferência.
Estranho beneficio, para quem obteve os desastrosos resultados que se conhecem (falência). É uma espécie de prémio de incentivo a má gestão.
A propósito, a ODEBRECHT já é uma empresa de direito angolano?
Se não é, acho que já abriu o seu capital a investidores angolanos, que só podem ser os mesmos de sempre, para não variar...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Paz e Terra!

A Lei de Terras (9/04) que assinala neste mês da dipanda, o 7º aniversário da sua promulgação, foi o tema de uma Conferência Inter-Provincial que reuniu recentemente na cidade do Huambo autoridades e representantes da sociedade civil para uma reflexão sobre a sua implementação, numa iniciativa do Projecto Terra da FAO*.
Desde os tempos remotos da violenta ocupação colonial do território, que a gestão/propriedade da terra em Angola nunca foi um tema pacífico, tendo sido, aliás, esta relação de usurpação/esbulho que esteve na origem da luta armada de libertação nacional.
Ultrapassada a grande e grave injustiça do passado, com a proclamação da independência nacional, a terra foi consagrada como sendo propriedade originária do Estado.
Em nosso modesto entender é mister considerar-se, antes de mais, que esta entidade política, o Estado, é integrada pelo conjunto dos cidadãos que habitam o território, isto é, pelos seus nacionais.
A ideia de Estado entre nós é normalmente reduzida ao poder da grande instituição chamada governo, esquecendo-se que o principal poder de qualquer estado democrático reside na soberania do seu povo/cidadãos.
Isto para dizer, que a terra é de facto e de jure propriedade dos angolanos, enquanto fonte de legitimação dos restantes poderes/instituições, mas também enquanto indivíduos com direitos particulares, que devem ser tidos e achados nas decisões que se tomam sobre um património que é colectivo.
Achamos ser importante esta incursão pela terra arável do direito, porque a gestão deste património/activo continua a ser feita apenas com base nos interesses (públicos/privados) de uma parte do Estado, assumida pelo Governo e os seus dignitários/associados, esquecendo-se deliberadamente que o destacamento mais importante desse mesmo Estado, somos todos nós, os cidadãos.
NA-O conteúdo deste post é uma versão aligeirada do texto de opinião publicado na última edição do Semanário Angolense (SA).

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Aldeia Nova: O Fernando Pacheco estava coberto de razão...

No Waco Kungo, o  projecto Aldeia Nova já era. Envelheceu antes do tempo e morreu de morte prematura, embora anunciada por muito boa gente que, desde logo, viu naquele empreendimento o nascimento de mais uma "fábrica" para "torrar" dinheiro público. 
Um dos telespectadores que participou este domingo no Espaço Público da TPA colocou por email, ao Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Pedro Canga, a seguinte questão: 
"O executivo investiu na aldeia nova cerca de 70 milhões de dólares, já produziu cerca de 4,5 toneladas de hectares, mais de 40 litros de leite por animal. está falido. cerca de 800 familias estão sem receber rendimentos a cerca de 4 meses. trabalhadores ha mais de 5 meses sem salário. sr ministro a aldeia nova faliu depois do despacho presidencial datado de 1 de abril de 2010, a orientar a passagem dom projecto da ministério da construção, para o ministério da agricultura, até agora nada feito. qual a estratégia para salvar o projecto e voltar a produzir?"
[A resposta do Ministro pode ser conferida neste link:
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/economia/2011/10/46/Executivo-transforma-Projecto-Aldeia-Nova-numa-Sociedade-Comercial,9edab2c5-ff5e-41fb-ad95-0f9c4a7d44e1.html]
O projecto Aldeia Nova é mais um clamoroso fracasso da forma (estratégia) como por vezes (muitas) se (des) governa este país ao sabor dos interesses particulares dos titulares dos diferentes pelouros. 
O Eng. Fernando Pacheco sempre alertou para os graves "defeitos de fabrico" do projecto. Foi crucificado pelo Jornal de Angola (mas não só).
O "nosso Pravda" até criou (mais) um patrulheiro no Waco Kungo chamado "Adelino Evale" para atacar o FP de forma vergonhosa e cobarde. 
"O tempo dirá quem tem razão"- premonitório, assim respondeu calmamente FP ao patrulheiro que o atacou no JA em Fevereiro último, disfaraçado de Adelino Evale, mas a tresandar a "querosene" quanto baste.
[Na mesma ocasião o dito patrulheiro (auto)elogiou a decisão do JA de instalar no município da Cela um centro gráfico para editar o "Jornal de Angola Rural". Quero ver agora em que é que vai ficar o dito projecto que tanto o encheu de alegria. A última aventura deste género, com o JA-Portugal dos tempos do LF, ainda está por contabilizar em termos de prejuízos para o erário público e de lucros para os bolsos dos seus promotores.]
Este domingo no Espaço Público/TPA o Ministro Pedro Canga confirmou o fracasso do projecto que há muito FP estava a anunciar com argumentos sólidos de um profundo conhecedor do sector agrário da nossa economia. 
Foram assim "torrados" mais de 70 milhões de dólares do erário público.
O que é curioso nesta derrocada é que, segundo consta, um número ainda não determinado de conhecidos e bem posicionados "camponeses/agricultores" que vivem confortavelmente em Luanda, já adquiriu parcelas de terra que se encontram localizadas dentro do perimetro do projecto. 
PS-Aconselhamos vivamente a leitura da análise sobre este tema produzida por Sérgio Calundungo que pode ser encontrada nos comentários a este post.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A minha homenagem a Siona Casimiro (1)

Ponto Prévio: O texto que se segue e que decidi dividir em duas partes para efeitos de arrumação neste blog foi elaborado e apresentado por mim no passado dia 9 de Novembro na cerimónia de lançamento do livro "Maquis e Arredores- Memórias do jornalismo que acompanhou a luta de libertação nacional", da autoria do jornalista Siona Casimiro.
Pediu-me o Siona Casimiro para estar presente nesta cerimónia para falar não do seu livro, que ainda não li, para além de alguns extractos que ele fez questão de me enviar por email, mas da sua pessoa, sobretudo como jornalista que ele teimosamente continua a ser.
Se há algo que eu não podia recusar ao Siona era este pedido, pelo que aceitei de imediato o convite, com a convicção de que, mais do que elaborar uma nota biográfica ou juntar palavras elogiosas de circunstância, viria aqui prestar-lhe uma homenagem merecida numa altura em que a curva da idade já começa a pesar sobre alguns de nós, particularmente de todos aqueles que já dobraram o cabo do meio século de vida na frente dos quais se encontra a figura central deste encontro.
É de facto a altura de juntar papéis e olhar (reflectindo) para o tempo já percorrido num continente onde a média de vida (pouco mais de 40 anos) faz de nós actores e testemunhas privilegiados de uma época que se reparte por dois séculos e várias, muitas makas, dentro e fora do nosso rectângulo nacional.
Falar do Siona Casimiro nesta ocasião muito especial da sua já longa trajectória pelos caminhos da vida e do jornalismo, entre três países vizinhos de África, o seu triângulo de sangue, sentimentos, afectos e experiências, é efectivamente homenagear o decano (le doyen) do jornalismo angolano, o que faço com muito gosto.
Pelo que é do meu conhecimento não conheço em Angola no activo (realmente no activo, sublinho) alguém que nesta altura tenha mais anos de de picada e de estrada que o Kota Siona. Mais de picada, certamente que de estrada, de uma estrada que desejamos aberta pelos caminhos da liberdade de imprensa e do jornalismo independente sem mais os avanços, os recuos e as hesitações do presente que nos fazem às vezes olhar mais com receios para o passado do que para o futuro com confiança.
Daí que, caso esteja certo nesta minha contagem do tempo que já lá vai e que ainda está para vir, é ele que temos de colocar neste pedestal do decanato que acaba por ser um púlpito e uma tribuna, onde ele se encontra do alto das suas mais de seis décadas de vida.
É lá onde SC continua a exibir todo o vigor e lucidez de alguém que soube superar-se e renovar-se com o passar dos anos no calor de um permanente e nada pacífico debate contraditório de ideias e soluções sobre os melhores caminhos para o jornalismo angolano e para o seu relacionamento com o poder político, que continua a ser a questão mais importante quando se trata de discutir com a profundidade necessária este dossier.
Um pouco mais adiantado no calendário do tempo, como é evidente não tive a oportunidade de conhecer a primeira etapa da sua trajectória passada entre as duas margens do majestoso rio Congos/Zaire.
É desta navegação já longínqua que ele faz questão agora de nos dar notícias atrasadas neste seu “Maquis e arredores- Memórias do jornalismo que acompanhou a libertação nacional”.
Aqui sim, acho que faz todo o sentido, o mais vale tarde do que nunca, daí a novidade para muitos de nós, que desconhecemos quase por completo o jornalismo que se fazia na época.
Afinal de contas sempre pode haver um grande interesse por notícias velhas/atrasadas, que esperamos, este seu livro venha a satisfazer por inteiro, num abraço extensivo a todas as gerações.
O primeiro contacto profissional com Siona Casimiro que a minha débil memória conserva até aos dias de hoje, com um registo quase intacto, aconteceu bem no inicio de 1976 em Brazaville, na RPC de Marien Ngoubai na cobertura da primeira visita que Agostinho Neto realizou ao exterior do país, após se ter transformado no primeiro Presidente da RPA.
Foi igualmente nesta visita que Neto se avistou pela primeira vez com Mobutu Sesse Seko e onde ao que consta foi decidida a sorte de Holden Roberto e da FNLA, tendo como moeda de troca o acantonamento dos Catangueses do General Bumba.
Foi para mim, na altura um imberbe repórter da RNA, com pouco mais de 20 anos, o primeiro banho de jornalismo a sério que partilhei com o Pedro de Almeida, hoje um insigne ginecologista da nossa praça, realizado em condições particularmente difíceis para as facilidades de comunicações que hoje existem sobretudo depois da entrada em cena da extraordinária Internet.
Lembro-me do Siona e do Lólo Kiambata, então DG da Angop e chefe da comitiva imprensa angolana, com quem, aliás, tive um bate-boca pouco simpático depois de me ter recusado a acatar uma ordem sua para abandonarmos o local da recepção na Cité dês Seize, onde pela primeira vez, entusiasmado, tomava contacto visual com a beleza e a elegância das nossas irmãs congolesas. De facto estávamos no melhor da festa quando LK deu ordem de retirada a todos os jornalistas angolanos. Já não me lembro muito bem como é que a “maka terminou”.

A minha homenagem a Siona Casimiro (2)

Do militante partidário activo e engajado já na República Popular dos anos 70/80, Siona Casimiro soube perceber anos mais tarde que as fidelidades partidárias atrapalhavam profundamente o desempenho independente do jornalista e resolveu pôr de lado a apertada camisola politico-ideológica do passado para envergar apenas a batina solta da profissão, de um métier que ele já dominava muito antes e melhor que todos nós, cujo tirocínio tem inicio na década de 60, conforme atesta o conteúdo do seu livro que hoje nos trouxe até aqui para o seu lançamento.

A mudança de rumo e de opção valeu-lhe o saneamento político na instituição chamada Angop, que ele havia ajudado desde o princípio a criar e o desemprego como prémio de consolação, como aconteceu com outros de nós que bem no inicio da abertura optaram, com a proclamação do libertário e independente SJA, por fazer ouvir bem alto o seu grito do Ipiranga, quando, aparentemente ele já não se devia justificar.
Afinal de contas o pior estava apenas a começar, como se viu nos anos subsequentes com as ameaças, perseguições, ostracismos, intrigas e calúnias.
Só quem como o Siona e o autor destas linhas viveu a época (inicio dos anos 90) pode compreender as “originalidades” do processo político angolano, no arranque de uma transição democrática que até hoje está por concluir, mais de 20 anos depois, do Governo e da UNITA terem dado em Évora sob mediação de Durão Barroso o ponta-pé de saída na procura da paz e da democracia que deveria ter culminado em Bicesse, mas não terminou, como se sabe, pois Bicesse foi apenas uma trégua.
Os caminhos atrás referidos embora já definidos nos manuais da especialidade e aceites por alguma universalidade quanto baste para a nossa satisfação de estarmos em maioria neste debate, continuam a ser recusados por muitos de nós, mais por força de um omnipotente contexto politico-institucional do que propriamente pela convicção dos colegas que não gostam muito de ouvir os sermões do Papá Siona sobre o jornalismo como um sacerdócio, um dos temas mais recorrentes da sua pedagogia que ele faz questão de partilhar com todos nós, sempre que a oportunidade surja.
SC tem se destacado ao longo de todos estes anos que já leva o nosso processo de democratização como uma das vozes críticas mais construtivas do jornalismo que se faz entre nós, numa cruzada permanente a favor dos valores profissionais que estruturam a actividade jornalística.
Como activista da liberdade de imprensa SC tem sabido dar o seu contributo a nível nacional e internacional na denúncia das violações recorrentes deste direito fundamental que lamentavelmente continuamos a assistir em Angola.
Nem sempre estivemos de acordo com as visões jornalísticas do Siona, nem sempre o nosso relacionamento foi feito de sorrisos e cumplicidades, o que é bom e saudável, pois do lado de quem acha que a liberdade de imprensa é muito mais do que uma intenção e um discurso, não pode haver sectarismo, nem dogmas. A nossa lógica, definitivamente, não é a do quartel militar. A nossa hierarquia é a dos valores. O nosso modus operandi é o debate e sempre que possível a tentativa de conseguirmos o consenso.
Com Siona Casimiro aprendemos todos a não desistir do jornalismo, como uma aposta definitiva sendo ele de facto já uma referência de permanência na profissão, tendo em conta a sua longevidade, o que salta à vista se contabilizarmos conta os inúmeros casos de ex-colegas que por aqui já passaram em direcção sobretudo ao mundo da política e dos negócios.
SC é um decano que hoje se apresenta aqui sem condecorações, sem galardões, sem menções honrosas , enfim, sem um único prémio, dos muitos que já foram distribuídos por aí, acompanhados dos respectivos e estimulantes envelopes, pelos quais também tem passado uma parte da sinuosa distribuição do rendimento nacional.
O decano apresenta-se hoje aqui apenas com um livro para partilhar memória, conhecimentos e experiências para não permitir que o esquecimento tome conta de uma parte importante da luta de libertação nacional contra o colonialismo português.
A história de Angola, com as minhas atenções concentradas exactamente no período que o book do Siona cobre, continua por escrever e o que vamos tendo são apenas versões dessa história.
Sendo ou não discutível que são os jornalistas que escrevem a história em capítulos diários, esta história seria muito mais difícil de redigir um dia se os jornalistas não estivessem lá onde a história tem acontecido.
Siona Casimiro esteve lá e por isso hoje está aqui.
Bem hajas Siona!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Paula Santana- Um caso de estudo

Conheço muito mal esta senhora que atende pelo nome de Ana Paula Santana (PS), pessoa que não vejo há já muitos anos (mais de 20), tendo o último contacto visual com ela acontecido em Luanda algures no Kinaxixi, se bem me lembro.
Nesta altura não sei, nem me interessa saber por onde PS andará em termos de residência mais fixa, se é que terá alguma, depois de ter ido à procura no exterior do país de ventos mais moderados/temperados que, pelos vistos, não lhe andam a fazer nada bem.
Sei, contudo, que está bem localizada na Internet onde possui alguns endereços, sendo o mais conhecido o seu blog: http://koluki.blogspot.com, cujo conteúdo esta na origem deste texto, com o qual pretendo reagir a uma série de ataques pessoais que a mesma tem vindo a desferir contra a minha pessoa.
Acontece de tempos em tempos, sempre que os seus azeites a aconselhem a produzir mais umas patetices absurdas, “género literário”, que ela faz questão de cultivar de forma compulsiva, quase até à exaustão.
Fui aconselhado a não reagir com o argumento de que era exactamente isto que PS mais desejava no âmbito do que parece ser uma estratégia barata de promoção pessoal através da provocação selvagem e gratuita apenas para criar “factos” e com isto manter-se, à distância, no centro das atenções do circo mediático local. A cómoda distância que também a protege do ponto de vista da responsabilização, pois não creio que a sua postura fosse a mesma, se estivesse entre nós, pelo que haverá também aí o elemento cobardia a estruturar a sua estratégia.
Nunca fui frequentador assíduo do seu blog, como não sou de nenhum outro, para além do meu, por razões demasiado óbvias. As poucas referências feitas inicialmente a PS aqui no “morrodamaianga” até foram simpáticas, tendo trocado com ela alguns emails a propósito de algumas questões mais pontuais. Lembro-me de lhe ter perguntado sobre as razões de um brutal ataque desferido por ela contra o Gustavo Costa.
Do “koluki” ultimamente vou tendo notícias a espaços através de terceiros que fazem questão de me enviar os links, onde às vezes sou tido e achado pela dita senhora em situações que não me agradam muito, apenas pelo simples facto de não corresponderem à verdade do que se passa e muito menos do que se passou.
No meu caso particular e para além de todas as ofensas/insultos que me tem dirigido, não tenho qualquer dúvidas em afirmar, alto e em bom som, que PS é efectivamente uma grande mentirosa. Não vou discutir aqui o pormenor de acusações tão absurdas e tão sem nexo.
Como “consolo” resta-me saber que a estranha fixação de PS na minha pessoa não é exclusiva, pois ela reparte as suas "sangrentas" atenções por outras pessoas que conheço bastante bem e que naturalmente se queixam dos recorrentes “mimos” que têm sido alvo por parte da "poetisa" (ou pitonisa?) e antiga jornalista da Angop.
Aparentemente há nestes sistemáticos ataques pessoais um misto de narcisismo e de esquizofrenia, para além da cobardia já referida, a qual se poderá acrescentar a ma fé, pois PS tem o seu blog bloqueado, não permitindo que as pessoas por ela atacadas, com direito à fotografia e tudo, exerçam em tempo oportuno o direito de resposta.
Não há pois qualquer interesse da sua parte em discutir seja o que for no âmbito da liberdade de expressão e do debate contraditório de ideias de que somos incondicionais adeptos e promotores.
Haverá, provavelmente, muito mais a explicar esta deriva de PS, que já se arrasta há vários anos, sendo, contudo, convergentes algumas opiniões que chegaram ao meu conhecimento, segundo as quais, a “jovem” não se encontra nada bem do ponto de vista da sua saúde mental, o que a confirmar-se só nos pode deixar bastante tristes, pois sabemos que tais patologias são muito difíceis de tratar e de gerir.
Não tendo, contudo, qualquer possibilidade de confirmar tais avaliações, diante dos factos, aqui fica lavrado o meu protesto e o meu repúdio, pois não posso admitir que PS trate a minha pessoa da forma como tem feito.
De pessoal nunca tive nada contra PS, nem publicamente manifestei qualquer opinião mais desfavorável a seu respeito, pelo que mais perplexo ainda fico diante de tanta e tão incontida fúria verbal, que terá sempre da minha parte o devido tratamento, pois não sou pessoa de levar desaforo para casa, não tendo por isso acatado os conselhos que me deram para ignorar a predadora.
Para já fico por aqui.

domingo, 13 de novembro de 2011

A situação de Paula Santana pode ter-se agravado...

Depois de termos tido contacto com o seu último post, tudo leva a crer que o descontrolo emocional de Paula Santana se tenha agravado.
No balão desta pic está a mensagem que ele gostaria de ter enviado, mas ainda não enviou por razões que percebemos perfeitamente devido ao seu estado confuso. 
Apesar de tudo, aqui estamos a prestar-lhe a nossa solidariedade.
Take care Palocas!

sábado, 12 de novembro de 2011

Brevemente neste blog: Paula Santana, uma predadora à solta no ciberespaço...

Sinceramente, devo confessar, nunca me deparei na Net com um "caso de estudo (psiquiátrico)" tão complicado, como é este que Ana Paula Santana e o seu blog koluki encarna.
Fica claro, desde logo, que PS tem uma "relação amorosa solitária" com a sua escrita, por isso, pensando que é o centro do mundo, quanto mais escreve, mais "satisfeita" se sente, por isso escreve muito, escreve sobre tudo e muito particularmente sobre o nada/vazio que é a sua mania da perseguição, escreve em português, copia em inglês, passa a vida a juntar palavras insultuosas e a garimpar os conteúdos dos outros em verdadeiras acções de rapina.
Na sua "arte" de falar/escrever mal (quase) de toda a gente, ela, vivendo algures não sei onde (só sei que não é na banda), é verdadeiramente imbatível e incansável, só que se "esqueceu" que as outras pessoas, all this years, também se cansaram dela e das suas patetices.
Foi o meu caso, definitivamente...
*Koluki- Segundo a sua autora, a predadora PS, é um "um blog em que se cometem ‘delitos de opinião’ contra todos os 'p(h)oderes'…”(sic)
Koluki é um blog que funciona em regime de apertada censura. PS não permite o direito de resposta, nem o debate das questões que ela própria "levanta". A predadora só publica as opiniões que lhe agradam.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sorry Moçambique!

Terei sido o primeiro angolano a apresentar publicamente desculpas aos moçambicanos, na sequência do brutal tratamento dispensado aos jornalistas moçambicanos pelos "briosos" funcionários do SME em nome da bendita segurança nacional.
Fi-lo em tempo oportuno, através do Facebook, no dia 16 de Agosto (http://www.facebook.com/note.php?note_id=10150257635030940) .
"Em nome dos angolanos gostaria de pedir desculpas aos moçambicanos, por um gesto tão inamistoso/agressivo.

Como não tenho mandato para tal, peço apenas em meu nome.
Afinal de contas, queiramos, quer não, é este o governo/autoridades que temos e que nos representam, mas o Estado angolano é muito mais do que isso. O Estado angolano é antes de mais integrado e representado pelos seus cidadãos, porque é neles que reside a fonte principal e permanente da soberania/legitimação do governo, que tem sempre um mandato limitado. O actual termina já no próximo ano.
As minhas desculpas dirigidas aos moçambicanos são, pois, em nome do Estado angolano que eu também represento, que a partir de 1992 ganhei o direito de representar com o meu voto e a minha participação activa na vida nacional.
Sorry Moçambique e um grande Kanimambo pela vossa amizade que é maning nice..."
PS- O incidente com os jornalistas moçambicanos trouxe à superficie (mais uma vez) a forma como as instituições oficiais manipulam a realidade dos factos, sempre que são apanhadas em contra-mão.
Ficou assim provado que em Angola os porta-vozes oficiais mentem com todos os dentes que têm na boca, sempre que a ocasião assim o "aconselhe".
Mas o que é mais grave é que não lhes acontece nada.
Tudo numa boa!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Big Brother na área?

Recebi de alguns/algumas visitantes habituais reclamações sobre o "desaparecimento" de comentários seus aqui postados.
Como devem imaginar não tenho nada a ver com estes "desaparecimentos", que só me podem deixar profundamento preocupado (mas não surpreendido), enquanto autor/gestor deste "molog".
Para prevenir futuros "desaparecimentos" agradecia que as pessoas fizessem um back-up dos seus comentários e os enviassem em simultâneo para o meu email e a minha página no facebook, através do recurso chat (mensagens directas).
regisil27@hotmail.com
http://www.facebook.com/#!/profile.php?id=1670467054
Eu sei que o Big  Brother (na eventualidade de ser ele o responsável pelos supostos desaparecimentos) pode ir atrás deles, mas mesmo assim sempre valerá a pena dar-lhe um pouco mais de trabalho.
Keep in touch!

domingo, 6 de novembro de 2011

Entre o que se diz e o que(não) se faz...

Pela quarta semana consecutiva o programa Semana em Actualidade (SA) da TPA não esteve no ar. Na programação de domingo da TPA disponível no seu site, o horário das 18.30 está agora destinado ao programa Bastidores. Oficialmente o silêncio foi a única resposta que conseguimos obter em relação ao futuro do SA, depois de nos ter sido garantido que o programa seria mantido na nova grelha.
PS- Uma vez mais gostaria que ficasse bem claro que o programa SA é da TPA, ou melhor (parece) era. Eu e o Ismael Mateus (colaboradores) com a condução do Antunes Guange (TPA) estivémos na origem do seu relançamento há uns anos atrás, pouco mais de cinco.

O SA nunca nos teve como convidados exclusivos, tendo sido sempre aberto a quem a TPA bem entendesse convidar. 
Com o provável desaparecimento do SA, a TPA deixa de ter na sua grelha um espaço consagrado ao debate político contraditório, pois não vejo na nova grelha nenhum programa com tais características.
Agora, também acho que os telejornais e particularmente o de Domingo poderiam ser abertos ao debate, à semelhança do formato que a TVZimbo tinha adoptado aos sábados, uma solução que, lamentavelmente, também foi retirada da circulação.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A hora e a vez do nosso Big Brother!

estamos em (pré) campanha eleitoral.
Na NET os ataques virais vão intensificar-se e vão ser cada vez mais arrasadores. Preparem-se para o pior!
A batalha entre a opinião livre/ jornalismo independente/ informação objectiva e a propaganda/manipulação/desinformação vai ser particularmente dura.
Do alto deste morro, onde se encontra localizado o observatório independente da Maianga, o meu boletim meteorológico especial vai produzir nos próximos dias informação pontual sobre as ocorrências concretas desta subida brutal de temperatura na Internet, mas não só.
A qualidade/velocidade da nossa "banda larga" vai piorar todos os dias. Os cortes no serviço vão ser constantes e irritantes.
Vamos ter saudades da rapidez dos tempos do tãn-tãn.
Vamos finalmente conhecer a verdadeira dimensão do nosso BIG-BROTHER...