segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O país em paz que "foge" da reconciliação nacional


Os comentários que poderão escutar visitando o link que se segue http://www.radioecclesia.org/index.php?option=com_rokdownloads&view=file&task=play&Itemid=469&id=19430:resenha-politica-da-semana-comentarios-reginaldo-silva, foram feitos sexta-feira última e reportam-se aos acontecimentos que tiveram lugar até quinta-feira, no âmbito da avaliação regular que temos vindo a fazer na Emissora Católica de Angola (ECA) sobre o andamento da campanha eleitoral.
Gostaria de destacar aqui uma questão que consta destes comentários.
Estou convencido, e ainda bem para todos nós, que contrariamente ao que defendem certas vozes, a paz já não constitui uma incógnita e muito menos um desafio para o país sendo uma realidade palpável construída ao longo dos últimos dez anos, depois de Jonas Savimbi ter desaparecido de cena e o Governo e a UNITA terem assinado o Memorando do Lwena, fechado em Luanda com o abraço/cadeado entre os generais Cruz Neto e Kamorteiro.
Não faz por isso, para mim, muito sentido este recurso permanente ao "fantasma da paz", como se alguém estivesse a preparar o regresso à guerra.
Entendo-o com algumas dificuldades que o mesmo seja apenas uma arma de arremesso política no âmbito da Campanha Eleitoral, usado sobretudo pelo MPLA contra a UNITA, mas já não consigo perceber que a própria CNE ande a reboque desta "estratégia".
Até percebo, mas enfim...
Para mim o desafio que existe é o da reconciliação nacional.
Este desafio tarda em ser vencido, porque é contrário à lógica mais selvagem/irracional da confrontação politico-partidária, que mantém o país na "idade média da democracia".
É esta a narrativa que prevalece transformando os cidadãos em reféns das camisolas partidárias de modos a evitar que eles percebam que mil vezes mais importante que o partido/líder que trazem no coração ou noutro local qualquer do seu corpo, é o país que é de todos e em relação ao qual todos, sem excepção, têm o dever de opinar e de fazer qualquer coisa para que os angolanos passem a viver bem melhor, de acordo com os recursos disponíveis, mas sem mais as injustiças e as discriminações do passado e do presente, que continuam a fazer de Angola um país ainda impróprio para o consumo da maior parte dos seus habitantes.

Um "serviço público" muito especial

O Director do JA, José Ribeiro (JR),acaba de fazer um balanço preliminar, obviamente positivo para não variar, do desempenho do único diário nacional na cobertura da Campanha Eleitoral.
Este diário tem uma particularidade.                        

É um jornal que vive do dinheiro que é de todos nós, por isso enquadra-se na chamada comunicação social pública. 
O JA tem assim responsabilidades acrescidas no tratamento da vida nacional em obediência à própria Constituição que no seu artigo 17 diz expressamente que os partidos políticos têm direito "a um tratamento imparcial da imprensa pública".
"Serviço público cumprido" foi o pomposo título que JR deu à "Palavra do Director" publicada na edição deste domingo do "nosso Pravda", como muito carinhosamente gostamos de nos referir a este jornal, de onde fomos forçados a sair a 28 de Maio de 1977 rumo a uma cadeia da DISA, por delito de opinião.
Não podia estar mais em desacordo com este "cumprimento", a não ser que JR confunda "serviço público" com uma outra empreitada ou campanha qualquer.
Para não maçar muito quem me dá alguma atenção lendo o que vou escrevendo por estas e outras bandas, não vou aqui fazer qualquer tipo de contabilidade para tirar conclusões que me parecem demasiado evidentes, para quem tem dois dedos de testa, sem ter necessidade de ser um grande especialista nestas águas turvas da desinformação e da manipulação.
É inacreditável ter de ler coisas como "este jornal está a fazer uma cobertura da campanha eleitoral que deve merecer o respeito de todos os actores do processo eleitoral".
Utilizando a filosofia da "cenoura e do bastão", o JA cumpriu até ao momento de forma milimétrica e até à exaustão uma estratégia de destruição sistemática da mensagem da Oposição, através dos seus grandes e pequenos editoriais (textos de opinião), mas não só.
Para além das sucessivas manchetes dedicadas ao candidato JES/MPLA,até na escolha dos títulos para as notícias relacionadas com a actividade da Oposição sentiu-se a mão desta demolidora estratégia, que só pode estar a favorecer a campanha do maioritário.
No texto que assinou JR falou apenas da "cenoura", com um exagero a todos os títulos preocupante e visível (mas já recorrente) nas referências à publicação de "milhares de notícias e reportagens" e dos "dias em que tivemos 100 jornalistas no terreno".
Do "bastão" que assumiu por inteiro pouco ou quase nada disse, tendo-se limitado a questionar a "imparcialidade e o rigor", com uma estranha alusão ao facto dos dois princípios não serem "valores que matem a personalidade dos profissionais do jornalismo" (sic).
De facto até agora temos de concluir que tivémos muito pouca "cenoura" para tanto "bastão", para tanta manipulação, para tanta agressividade contra algumas campanhas eleitorais da Oposição.
Uma "cenoura" que, note-se, apresentou-se várias vezes imprópria para consumo, tendo como referência o conteúdo de algumas das notícias que o JA fez sobre a Oposição, onde a desinformação era tão evidente que até as pessoas mais distraídas deram conta.

Do muito que há para dizer, é para já o que nos ocorre avançar em relação ao desempenho do JA que devia estar apenas ao serviço do jornalismo, mas não está, nem tem estado, como o próprio JR reconheceu, ao proclamar do alto da sua militância que "não há jornalismo neutro" ou que "o papel dos jornalistas não é passivo e muito menos neutro" ou ainda "que cada jornalista é uma mulher ou um homem com escolhas e sentimentos".
Sinceramente e diante deste atentado à nossa inteligência, apetece-me perguntar ao JR o que é que uma coisa tem a ver com a outra.
JR "esqueceu-se" uma vez mais que a lei em Angola diz-nos que em tempo de campanha eleitoral "é proibido a qualquer órgão de comunicação social posicionar-se a favor de qualquer partido político, coligação de partidos ou candidatos concorrentes nas matérias que publicar".
O JA violou de forma sistemática o Código de Conduta Eleitoral, tendo neste âmbito sido particularmente visível a forma como mobilizou o eleitorado contra a Oposição, através da divulgação de um número incontável de mensagens incitando ao ódio contra todos aqueles que não estão com o MPLA/JES.
O Jornal de Angola assumiu todo o protagonismo que deveria competir a um partido, tendo efectivamente vestido por inteiro o papel de patrocinador oficial da campanha MPLA/JES .

Rachas com autocarros, a responsabilidade civil e a nova literatura - Morro da Maianga


"(...)Os relatos dos sobreviventes transmitidos já pela rádio e a televisão são de factos dignos de um filme de terror, que bem se poderia chamar “A racha sangrenta”, a confirmar a minha teoria sobre a existência em Angola de uma realidade que ultrapassa e desafia permanentemente a imaginação de qualquer escritor de romances mais inspirado.
Angola de acordo com a minha nova “teoria literária” já pode dispensar a ficção, por razões objectivas, pois diante de tanta e tão explosiva “matéria-prima” não há mesmo necessidade dos escritores estarem a inventar rigorosamente mais nada. Está tudo aí. É puro desperdício de tempo e de energias…"

Rachas com autocarros, a responsabilidade civil e a nova literatura - Morro da Maianga

Campanha eleitoral “substituída” por manifestações e contramanifestações - Morro da Maianga


"(...)O cenário mais complicado da actual conjuntura é termos a UNITA, como resultado do actual braço de ferro com a CNE, a abandonar a última da hora as eleições, possibilidade que já foi admitida publicamente pelo segundo maior partido angolano.
A UNITA tem emitido até agora suficientes sinais que caso não tenha as necessárias garantias, prefere saltar do barco do que voltar a ser massacrada como aconteceu com o humilhante resultado alcançado nas últimas eleições." 

Campanha eleitoral “substituída” por manifestações e contramanifestações - Morro da Maianga

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Os casamentos de ontem e hoje - Morro da Maianga


"Em poucas linhas e espero não chocar ninguém, sobretudo os adversários mais católicos do divórcio, diria que o casamento monogâmico/família é mais uma forma de organização social do que um modelo ideal para dois seres completamente diferentes (quantas vezes contraditórios) conseguirem coabitar sem problemas, preservando a necessária chama/afectividade, que os mais românticos designam por amor." 
Os casamentos de ontem e hoje - Morro da Maianga

domingo, 19 de agosto de 2012

A Oposição que temos, ou que nos deixam ter…* - Morro da Maianga

A Oposição que temos, ou que nos deixam ter…* - Morro da Maianga
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Debate
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  • Aristófanes Tavares ·  · Londres
    Quando alguém escreve o que lhe vem na alma,e com liberdade sem nenhum constrangimento,esta Pessoa sente-se um homem livre.Reginaldo obrigado por esta analise,que serviu para ilucidar todos aqueles que nao sabem ser democráticos,você é um dos poucos jornalistas que o povo pode angolano pode contar para uma informação livre e justa
    • Aristófanes Tavares ·  · Londres
      Quando alguém escreve o que lhe vem na alguma,e com liberdade
      • António Francisco Venâncio ·  ·  Comentador principal · Kharkov State Technical University of Construction and Architecture
        Depois das minhas estafantes horas de trabalho adoro dar uma olhada pelos melhores artigos e comentarios de opinião aqui no FB. Hoje cabe-me elogiar o Reginaldo não pelo conteúdo do artigo mas pela nobreza da intenção pedagógica jornalística, que a todos nos deve servir. Gostei. Nota 10!
        Os 3 períodos eleitorais que até agora vivi já me criaram um vício: querer ler tudo, ouvir tudo, ver tudo. Gosto saber e ver quem acerta mais! 31 de agosto, voltarei a dar notas se Deus quiser.
        • Andreia Kiloki ·  ·  Comentador principal · Benfica, Luanda, Angola
          Esta analise é muito realistica. de facto muitos se perguntam. onde anda esta oposiçao? o que anda a fazer? nós nao vemos nada! De facto como vamos fazer o que fazem se sao simplesmente denegridos pela comunicaçao social? e o pior agora a radio ecclesia tabem alinhou.
          A expressao esta bem empregue: temos a posoçao que nos deixam ter! Pelos vistos a intençao é acabadr com os Partidos tradicionais da oposiçao. A FNLA com Ngonda ja era e a UNITA sem Abel ja esta sendo paulatinamente eliminado. Estas eleiçoes se forem iguais as de 08, UNITA nem 16 deputados terá. terá muito menos.
          • Mabiala Kienda ·  Comentador principal · Luanda
            Para mim oposição para as eleições só existem 3, com maior ênfase UNITA e CASA, se enfraquecerem todos perderemos porque não haverá oposição, porque só a oposição quando nao há disparidade de poder. Ideias da oposição enfraquecer o adversário para ganhar ou chegar proximo para que tenhamos oposição. Ideias do regime enfraquecer a oposição para que nao tenhamos que nos defenda ou possivelmente quem nos defenda. Se nao haver oposição cada um a sua sorte como sempre foi, se haver oposição, a oposição defendera os seus interesses a favor do povo. Ideias do regime incentivar a desunião, criar instabilidade entre as pessoas criando a ideia de que quem entrar roubara mais. Se quisermos derrubar o regime simplesmente nos unamos.
        • willywalker441 (com sessão iniciada através de yahoo)
          A verdade é que o MPLA näo quer a paz em Angola. Pronto !
          • Pedro Mó Pidy Zyphen · Universidade Mandume Ya Ndemufayo
            Subscrevo, de alguma forma, que é dificil ser opositor politico de um governo como nosso neste pais de contrastes que se chama Angola, porque nao se construiu uma base sustentavel, em termos de valores, para implantação de um sistema democratico, propriamente dito. Social, economica e culturalmente, o nosso pais evolui rastejando-se porque maior parte de nós, sobretudo politicos no poder, vê a diferença de opinioes como uma ameaça e não como uma mais valia como defendia Nelson Mandela que, vai mais longe quando afirma: Só um lider fraco se rodeia de bajuladores porque teme o pensamento divergente. Por isso, respeito todo politico angolano da oposição que apesar das dificuldades nao se vergou a maquina demolidora do partido no poder como: Chivukuvuku, William Tonet, Makuta Nkondo e tantos outros que nao seguiram os exemplos de Zau puna, Jorge Valentim e do ex governador do KK que são como moscas que so seguem o cheiro da carne podre, mesmo com comida suculenta e saudavel ao lado.
            • Renato De Assunção Assunção ·  Comentador principal · NENHUMA NO MOMENTO
              Esta é a dura pura e cruel realidade, que infelizmente muita gente teima em não aceitar, para mim já é altura de propormos um referendo se de facto desejamos ser um pais democrático, digo isso a julgar pela forma que eu vejo não só os menos esclarecidos, mais sim a elite intelectual deste pais como subverte os conceitos fundamentais da democracia em defesa de não sei o que, é bastante preocupante. Muito obrigado mais uma vez, Reginaldo pela frontalidade realismo sobre tudo coragem na forma como argumentaste esta abordagem.
              • Pedro Costa ·  Comentador principal · Mechanic na empresa Pride International
                O sr.reginaldo,e um jornalista com competência,tenho uma admiração pelo mesmo,dos tempos idos da RNA,no programa azimute,que retratava assuntos económicos,e mais bem recentemente em programa retirado na TPA,resenha das notícias em destaques ou a semana em sete dias,se a memória nao me atraicoua,um jornalista digno de realce despido de bajulações
                • Jesus Kassanga · Lubango
                  É como tenho dito, e volto a dizê-lo que o Reginaldo Silva e João Paulo Ganga, são dos raros analistas políticos angolanos.( Não conheço outros, porque só tenho visto comentaristas políticos(Amadores parciais cujas abordagens são pré-concebidas). Coragem Reginaldo, investiguei um pouco sobre a tua carreira jornalística e informei-me sobre o modo como tens ultrapassado as imensas dificuldades na afirmação do jornalismo isento, num país aonde a liberdade no sentido lato continua a ser controlada.
                  • Mario Capessa Ekundi ·  Comentador principal · Faculdade Medina Veterinaria
                    respeito a analise muito suscinta do Reginaldo, que tanto admiro,pois, ele mostra que nao é arvor que obedece a todo vento. os seus comentarios sao de um angolano comprometido com angola e com os angolanos, e, ao faze-los, os faz na imparcialidade sem medo de levar um puxao de orelha. pois que vejo nestes dias eleitorais alguns analistas que dizem politicos a crucificarem seus compatriotas como, se do outro lado do oceano viessem....
                    • Oswaldo Cassanga · Independente
                      Até que enfim. Uma opinião, de um analista, diferente. É preciso ser homem, pra emitir uma opinião contrária, cá no território. Os Analistas falam aquilo que, de antemão eles próprios, sabem não ser o correcto. Mas a febre do medo e da bajulação, os leva a emitirem opinião que, eles mesmos, sabem ser incorrecta, demonstrando assim, a intolerância da convivência no e com o diferente. Kota, Valeu a coragem!
                      • Leoraffa Depaula ·  Comentador principal · Universidade Lusíada de Lisboa
                        Gostei do Artigo de opinião, Reginaldo silva sempre ao seu estilo sem ferir sensibilidades trás algo de novo, só para acrescentar a nossa realidade politica é uma luta entre David e Golias, o MPLA/JES com tudo e mas alguma coisa e os partidos da posição quase sem nada simplesmente só com a esperança que aconteça a queda do gigante EME/JES.
                        • Osvaldo Mukenguexe ·  Comentador principal · Universidade Jean piaget Angola
                          A historia de Angola terá mas duas datas histórica 15 e 31 de Agosto de 2012, este será o ano de mudança ou de desgraça, UNITA-CASA-CE e MPLA respectivamente.
                          • JRock Feller ·  Comentador principal
                            Assino em baixo...
                            • Bartolomeu Milton ·  · Universidade Lusíada de Angola
                              Não será do amanhecer ao anoitecer que teremos o país (Angola) à moda das Democracias ocidentais... A democracia é em si mesma um processo complexo e quem está na mó de cima quer lá sempre estar... Não se dá nada de bandeja à quem quer que seja... Os opositores se quiserem amealhar um pedaço do poder terão de despir-se do formalismo, abandonar os gabinetes requintados, juntarem-se ao povo, terão de abdicar a ostentação e sentirem o escárnio que cada angolano "esquecido" sente quando procura ascender na vida... a dificuldade que a oposição tem em se afirmar como tal é da sua inteira responsabilidade, se quiserem ser ouvidos e tidos, terão de esbater-se até à última gota e sem violência de qualquer tipo...
                              • Ernesto Rosa ·  Comentador principal
                                Bem entao ja esta na altura de se fazer passar a lei que, durante o periodo de campanha eleitoral proiba o governo de fazer inauguracoes e que proiba tambem a passagem nos media publicos/estatais qualquer spot publicitario ou programa que fale dos projectos que o governo tem realizado....pensem nisso!