quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Os médicos e a cobertura nacional - Morro da Maianga

"(...)Dizer que o país está novamente a importar médicos estrangeiros e em força para colmatar este défice e passar ao lado das razões que levam os médicos angolanos a recusarem ir trabalhar para o interior, preferindo ficar desempregados em Luanda, também não ajuda a perceber melhor o que se está a passar com o estado de saúde do país.
O estado de saúde do país passa por muito mais questões que têm de ser vistas ao microscópio de uma avaliação mais isenta e mais participada por todos os actores que intervêm neste domínio.
De outra forma vamos continuar a ouvir falar de dois países, embora desta vez o Vice-Presidente da República tenha tido o mérito de assumir uma parte importante do país real, que é aquela que não conhece a presença de um médico, sabe-se lá há quanto tempo".
 Os médicos e a cobertura nacional - Morro da Maianga

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Na hora do adeus ao Nelo do Paralelo - Morro da Maianga


"(...)Morto o homem e já sem nada de concreto se poder fazer diante da irreversibilidade desta súbita e aparatosa derrapagem, sobra-nos a lembrança de um kamba que vai ficar para nós na galeria das pessoas boas que conhecemos nesta vida e nesta cidade.
Nas conversas que partilhamos vai ficar, certamente, registada a grande admiração que ele fazia questão de me manifestar em relação ao jornalismo independente e a alguns jornalistas que, para ele, faziam a diferença pela positiva na nossa confusa e por vezes absurda paisagem mediática.
Sobra-nos por outro lado a imagem da figura pública que uma parte de Luanda bem conheceu a partir de meados dos anos 80, quando ele deu início num quintal da Vila-Alice a uma aventura nocturna chamada Paralelo 2000 e que se viria a prolongar mais ou menos até à viragem do século, num percurso de mais de 15 anos, salvo erro". 

Na hora do adeus ao Nelo do Paralelo - Morro da Maianga

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Os meus heróis da Dipanda - Morro da Maianga

"(...) Conheci pessoalmente alguns destes angolanos todos eles na casa dos mais ou menos 20 anos e que de facto estavam profundamente envolvidos na luta pela independência de Angola.
Alguns deles já morreram ou, paradoxalmente, foram mortos pelos ideais da própria independência poucos anos depois, mas há ainda outros tantos que andam por aí já bem kotas, mas ainda bem rijos e sempre com um sorriso nos lábios, apesar dos pesares.
São estes jovens daquele passado que remonta aos anos 60, que todos os anos recordo por ocasião do 11 de Novembro, porque eles são efectivamente os meus heróis da Dipanda.
Não tenho outros.
Estes meus heróis têm uma particularidade que para mim faz toda a diferença. Eles também me conhecem e lembram-se perfeitamente bem de mim. Chamam-me pelo meu nome de miúdo que conservo até aos dias de hoje.
É bom conservar na memória heróis assim tão próximos de nós, tão conhecidos, tão amigos, depois de todos estes anos (...)".
Os meus heróis da Dipanda - Morro da Maianga

domingo, 18 de novembro de 2012

À beira de um ataque de nervos - Morro da Maianga

"(...)Relacionar de imediato qualquer acção/intervenção do poder judicial sempre que ela não nos agrade ou ponha em causa os nossos interesses particulares ou de grupo, com a existência de uma conspiração política já faz parte da cartilha de algumas sensibilidades políticas/mediáticas angolanas.

E percebo que assim seja, tendo em conta a própria história do aparelho judicial angolano, que só na última década começou a emitir alguns tímidos sinais que apontam para a sua efectiva existência enquanto poder independente e consequentemente como um dos três pilares fundamentais do Estado Democrático de Direito.

Este Estado só existe como tal quando de facto a separação dos três poderes é uma realidade em que todos acreditam sem grandes dificuldades, o que ainda não é o caso de Angola, onde o omnipresente e omnipotente poder político continua a ser é que mais ordena e tudo controla.

Para as tais sensibilidades não é muito fácil admitir que o poder judicial tenha uma lógica e uma agenda próprias que é muitas vezes conflituante com os interesses do poder político, que efectivamente nas democracias mais consolidadas já não pode meter a foice em seara alheia".
À beira de um ataque de nervos - Morro da Maianga

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Eu tive um sonho com Barack Obama - Morro da Maianga


"Na entrevista uma das perguntas que coloquei ao meu interlocutor teve por objectivo saber a sua opinião sobre o nosso país e o relacionamento bilateral, depois de todos os “abanões” que o “semi-eixo” Luanda/Washington tem conhecido nos últimos tempos.
Perguntei-lhe igualmente se neste segundo mandato vai prestar mais atenção ao continente e se vai visitar a sua avó naquela aldeia do Quénia, onde ele tirou a fotografia que anda por aí a circular na Net.
Perguntei-lhe a concluir o que é que ele vai fazer depois de terminar o novo mandato e o que é que ele aconselha aos seus homólogos africanos que não sabem o que fazer quando deixarem o poder, por isso preferem permanecer eternamente no cadeirão presidencial. Como não quero especular com as respostas de Barack Obama, prefiro esperar para ouvir do próprio o que ele tem para nos dizer, enquanto com mais tempo vou trabalhar numa entrevista fictícia que penso apresentá-la aqui ou num outro espaço similar em homenagem ao Aguiar dos Santos, que foi um dos grandes cultores deste “género desinformativo” na imprensa angolana."
Eu tive um sonho com Barack Obama - Morro da Maianga

sábado, 3 de novembro de 2012

Fundo Soberano de Angola entre a continuidade e a ruptura… - Morro da Maianga

"(...)Sou das pessoas que normalmente franze o sobrolho quando ouve falar da criação de mais um fundo que vai trabalhar com dinheiros públicos, pois a sua história não tem sido a mais edificante no que toca a melhor utilização dos montantes postos à disposição dos seus gestores, tendo em vista a concretização dos objectivos superiormente definidos.
Em termos mais concretos e depois da sua criação, os vários fundos públicos de apoio ao desenvolvimento nacional que já foram operacionalizados, depois de alguma actividade, têm desaparecido de forma quase misteriosa.
Deixamos de ouvir falar deles e fica-se sem saber se ainda existem ou se já foram extintos.
Mais grave do que isso e como a prestação de contas ainda não deixou o discurso das boas intenções, fica-se igualmente sem saber quais foram os benefícios que resultaram para o desenvolvimento do país, se é que resultaram mesmo alguns, para além daqueles que normalmente são visíveis no “visual” dos seus gestores.
Como o forte do jornalismo angolano não é certamente a sua vertente mais investigativa, a opinião pública raramente é confrontada com histórias sobre estes “desaparecimentos”.
Fundo Soberano de Angola entre a continuidade e a ruptura… - Morro da Maianga

Um conto bem real num país que está a ser reinventado/requalificado - Morro da Maianga

   "(...) que é facto é que o jardim público desapareceu misteriosamente do largo, como acontece nos contos, tendo em seu lugar sido construído um complexo de festas/farras/almoçaradas para todas as idades, gostos e feitios, que está disponível para aluguer a partir de quinta-feira, sem hora limite.
Dito isto, está explicada a fonte da brutal poluição sonora com que os vizinhos do precioso complexo têm sido “parabenizados” todas as semanas com intensidades que variam, mas que normalmente não lhes permitem pregar o olho como recomendam as leis da natureza.
Como devem estar a imaginar os vizinhos do Largo, passando por um abaixo-assinado elaborado em Fevereiro deste ano, já fizeram tudo o que lhes era possível fazer junto de quem de direito (?!?) para conseguirem dormir em paz".
Um conto bem real num país que está a ser reinventado/requalificado - Morro da Maianga

Liberdade de expressão a conta-gotas… - Morro da Maianga

"(...)Samakuva defendeu segunda-feira (22/10/12) a necessidade de se “manter as contas nacionais transparentes, tapar os buracos no OGE, acabar com os sacos azuis e os privilégios no sistema de contratação pública e aperfeiçoar o controlo da gestão das finanças públicas, incluindo as linhas de crédito”.
Para o líder da UNITA “não se pode distribuir melhor sem transparência nos instrumentos e mecanismos de utilização dos fundos públicos. Há muito dinheiro que se desvia dos circuitos oficiais. Há muitos bens comprados pelo Estado que não são utilizados pelo Estado”.
Para se distribuir melhor, rematou, “é necessário que o Presidente da República esteja disponível para combater a corrupção com a sua já adormecida tolerância zero!
Leia o texto na integra em : Liberdade de expressão a conta-gotas… - Morro da Maianga

O “estado da nação” dos nossos comboios - Morro da Maianga

"(...) Sou das pessoas que desde o princípio sempre questionei, primeiro apenas com os meus botões, a alta prioridade dada pelo Executivo à reabilitação de toda a infraestrutura ferroviária existente à data da independência.
Continuo a não ver razões suficientes que justificassem uma tal opção estratégica e agora com a agravante de se ter gasto a pipa de massa alocada ao projecto, com todas as falhas que já se começaram a registar.
Definitivamente, a nova história que está a ser escrita sobre os caminhos de ferro angolanos ainda está longe de ser sobre o seu sucesso.
O meu grande receio é que está história não venha a ter um fim feliz para os interesses do desenvolvimento nacional".
Leia todo o texto em: O “estado da nação” dos nossos comboios - Morro da Maianga