segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Bilos, mamas e truculências… - Morro da Maianga


"(...)Os meus bilos bilaterais nem sempre são conclusivos como lamentavelmente aconteceu esta semana por inesperada desistência do conhecido oponente que, curiosamente, tinha começado a confusão, com um impressionante e inexplicável ataque de artilharia pesada.
Os meus bilos normalmente resultam de ataques gratuitos que me são dirigidos e em relação aos quais, por razões de força maior, sou obrigado a defender-me, contra-atacando por vezes com alguma virulência, sem nunca perder a compostura.
Não confundir, contudo, virulência com violência, que tem em mim, confesso pacifista que nunca deu um tiro na sua vida, um destacado e permanente opositor." 

Bilos, mamas e truculências… - Morro da Maianga

Eduardo dos Santos vai tomar posse pela primeira vez - Morro da Maianga

"(...)O mês de Setembro vai ficar assim duplamente inscrito na trajectória de um jovem que assumiu o poder aos 37 anos, sendo hoje um septuagenário que ainda não sabe se este será ou não o seu último mandato.
E se sabe é quase a mesma coisa, pois o país que é o principal interessado em conhecer o seu futuro, continua sem ter uma ideia exacta dos seus planos, embora ainda se especule em relação a possibilidade dele nem sequer vir a terminar o novo mandato.
(...)
Como já referimos, esta ausência da Oposição, caso ela se venha a concretizar, acabará por ser uma das notas mais salientes do acto, a manter na agenda mediática mas não só, a qualidade do processo eleitoral, com todas as dúvidas e suspeições que se continuam a alimentar em relação à sua transparência.
Para JES e depois de tantos anos a espera deste momento, é caso para dizer que não há bela sem senão, pois uma vez mais o país perderá uma soberana oportunidade de poder reencontrar-se em torno da mesma bandeira, apesar de todas as suas divergências políticas, que ficaram agora bem patentes nestes resultado eleitorais.
Um reencontro que seria feito agora com toda a legitimidade e pela primeira vez em torno da sua pessoa sem mais as contestações e as fortes razões do passado."
Eduardo dos Santos vai tomar posse pela primeira vez - Morro da Maianga

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A última etapa da batalha eleitoral e o “amigo americano” - Morro da Maianga


"(...)A ter em conta estas últimas movimentações, a Oposição vai tentar ao máximo retirar o brilho aos 71% da vitória de JES/MPLA, mesmo que saiba que terá muito poucas possibilidades de fazer passar os seus argumentos junto da CNE e posteriormente no Tribunal Constitucional, antes de mais como resultado da correlação de forças prevalecente nas duas instituições.
Efectivamente e por mais que queiramos acreditar na bondade e na justeza dos comissários e dos juízes que integram as duas mencionadas instâncias, sabemos que em Angola a lógica politico-partidária continua a ser a mais forte alavanca da vida nacional a condicionar o desempenho de todas as instituições." 

A última etapa da batalha eleitoral e o “amigo americano” - Morro da Maianga

A entrada em cena da versão mwangolê dos “spin doctors” - Morro da Maianga

"(...)Entre comunicólogos e politólogos o desfile dos novos fazedores de opinião pela TPA, mas não só, chamou a atenção de todos, incluindo os mais distraídos, prateleira onde às vezes nos encontramos a fazer algumas elucubrações, que nem sempre agradam a todos e pelos vistos também não agradaram alguns dos “painelistas" que comentaram para a média pública estas eleições".
A entrada em cena da versão mwangolê dos “spin doctors” - Morro da Maianga

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O estranho rumo dado a uma opinião...


Em Julho último fui contactado por alguém da Revista Rumo solicitando-me que escrevesse um texto pequeno sobre as minhas expectativas em relação ao que seria desejável em matéria de resultados eleitorais.
Acedi ao pedido, depois de ter manifestado alguma relutância pois sei que estes novos projectos têm bastantes dificuldades em gerir a sua própria liberdade editorial, com os receios políticos do costume.
Estes receios são em parte explicados pelas relações dos seus proprietários (investidores) com o poder político local.
Efectivamente são projectos que às vezes me parecem ser mais de natureza promocional do que propriamente jornalísticos.
O interesse da pessoa que me contactou, por sinal um jovem jornalista com quem simpatizo, era tão grande que até mandou um fotógrafo à minha casa para me tirar uma pic com a qualidade necessária para ilustrar a minha opinião.
Tudo até agora correu muito bem, menos uma coisa, pois o tal texto que eu escrevi acabou por não ser publicado e o jornalista que me andou a chatear este tempo todo não sabe o que me dizer.
Para que o texto não fique apenas no caixote de lixo do censor da Revista Rumo, decidi publicá-lo aqui, apesar de já ter perdido em grande parte a sua oportunidade.
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"Sou das pessoas que acreditam que Angola precisa de um xadrez politico-partidário mais equilibrado do ponto de vista da sua geografia eleitoral como condição imprescindível para o país resolver melhor, isto é, de forma mais sustentável os seus grandes desafios políticos e sócio-económicos.
Tal como 1992 e 2008, a minha expectativa mantém-se a mesma, pois até agora as duas maiorias absolutas alcançadas não foram as melhores conselheiras em termos de desenvolvimento.
Do ponto de vista político acho que o país continua a ter um défice democrático muito considerável que só uma distribuição mais equilibrada dos votos entre vencidos e vencedores poderá ajudar a cobrir com evidentes benefícios para o interesse nacional.
Acredito que o país saberá distribuir muito melhor o seu crescimento, graças ao “Santo Ouro Negro”, se quem for escolhido para nos governar a 31 de Agosto, seja quem for, tiver que negociar, for obrigado a fazer compromissos, o que até agora não tem acontecido."

Julho 2012
Texto solicitado (mas não publicado) pela Revista Rumo
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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Uma vitória partilhada

“(...)Pensava que a vitória do MPLA tinha sido assombrosa, mas pelos vistos a abstenção é que é assombrosa”- escreveu-me um amigo de longa data num e-mail que me fez chegar ao principio desta semana com as estimativas relativas aos angolanos que em todo o país, província por província, não quiseram ou não puderam votar.

A competência, nomeadamente, da CNE está a ser beliscada porque parte da informação que circula, relaciona em grande medida este nível de abstenção com as inúmeras dificuldades que muitos eleitores, por falta de informação, mas não só, um pouco por todo o país, encontraram para descobrir as suas respectivas Assembleias de Voto.
Haverá muito mais para dizer e para especular em torno do “pacote abstencionista”, pelo que os próximos dias vão trazer-nos outras novidades em torno deste dossier.

Uma vitória partilhada - Morro da Maianga

Mensagem do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) por ocasião da morte do seu fundador, o jornalista Aguiar dos Santos


"Nesta hora definitiva para a vida de todos nós em que a tristeza é, certamente, um dos sentimentos mais profundos a unir-nos neste adeus final ao Jornalista Aguiar dos Santos, em nome de todos os membros da classe que o SJA representa e de todos os confrades que connosco se identificam, associamo-nos a esta cerimónia para a derradeira homenagem de alguém que soube merecer e honrar a profissão que abraçou.
Juntamo-nos a este acto para homenagear um dos fundadores do nosso Sindicato constituído em Luanda há mais de 20 anos num gesto histórico, libertador e democrático, porque o SJA foi de facto a primeira organização do género a romper com a prática do sindicalismo politicamente controlado, herdado do regime monopartidário, que ensaiava na época os primeiros e titubeantes passos da abertura ao multipartidarismo.
Aguiar dos Santos foi, sem dúvida, o mais activo animador do projecto sindical, tendo estado desde o início dos trabalhos preparatórios, na Liga Nacional Africana, ligado ao grupo restrito de jornalistas que se contava pelos dedos das nossas duas mãos e que soube desafiar com coragem e determinação todas as ameaçadoras leis da gravidade política que ainda pesavam na época.
Esta sua entrega ao projecto iniciada na obscuridade de uma das salas da Liga, prolongou-se até à organização da Assembleia que no anfiteatro da Faculdade de Arquitectura a 28 de Março de 1992 viria a proclamar o SJA e a eleger os seus primeiros corpos gerentes, tendo AS ocupado a pasta da organização.
AS foi particularmente activo na organização desta Assembleia, onde se incluem as questões logísticas e a procura de patrocínios, tendo saído do seu punho o “draft” que viria a ser aprovado como Declaração de Constituição do SJA.
Para além de outras razões, Aguiar dos Santos ganhou assim o direito de permanecer na história do nosso jornalismo e da galeria dos notáveis do SJA, também como um activo defensor dos direitos laborais dos trabalhadores.
Foi nessa mesma altura que Aguiar dos Santos acompanhado pelo Mário Paiva participou na capital nambiana num outro encontro histórico, que foi o seminário organizado pela UNESCO tendo em vista a promoção de uma imprensa africana independente e pluralista e do qual viria a resultar a criação do MISA e a adopção do 3 de Maio como sendo actualmente a jornada mundial consagrada pelas Nações Unidas à liberdade de imprensa.
Em abono da verdade e como jornalistas a nossa tristeza pode ser hoje e aqui bem maior, porque aos 57 anos de idade e mais de trinta pelas estradas sempre esburacadas e desafiantes da comunicação social angolana, Aguiar dos Santos deixa-nos um espaço vazio que ele ainda não tinha acabado de preencher.
De facto estamos diante de uma partida a todos os títulos prematura ditada pelas curvas apertadas dos últimos anos da sua vida em que a saúde não foi certamente a sua mais fiel e solidária companheira, numa progressiva e inexorável separação que se veio a revelar fatal para o homem e para o Agora, que mais do que um jornal foi de facto a sua grande e última paixão profissional, a culminar uma riquíssima trajectória pelos caminhos do labor jornalístico, iniciada na revista Novembro e com passagens pela ANGOP, Jornal de Angola, Correio da Semana e Imparcial Fax do saudoso Ricardo de Mello, para citarmos apenas algumas das suas etapas.
O AGORA foi uma paixão que ele soube defender e manter viva até aos últimos momentos da sua vida, numa maré de grandes e pequenas dificuldades em que a sobrevivência do projecto passou a ser uma questão de resistência contra o tempo e de todas as horas, para fazer face as despesas imprescindíveis, num mercado em que a publicidade vital passou a ser uma moeda de troca negociada em conhecidos e poderosos bastidores da nossa sociedade onde agora tudo se decide.
AS parte numa altura em que o seu exemplo inspirador e o seu desempenho frontal nunca foram tão necessários como referência estimulante tanto para os mais novos como para os mais velhos, diante dos desafios que se mantêm, sendo, certamente, o mais sensível aquele que tem a ver com sobrevivência do jornalismo independente e com uma agenda própria ao serviço exclusivo do interesse público, que ele soube como poucos não confundir nunca com outros interesses que cada vez são mais poderosos, expansivos e asfixiantes no relacionamento que mantêm com o espaço mediático.
O SJA está convencido que a maior homenagem que podemos prestar ao AS é tudo fazermos para não deixarmos o Agora morrer, como um projecto realmente independente e ao serviço exclusivo da democratização e do desenvolvimento de Angola.

Aguiar dos Santos vamos continuar juntos!

Sindicato dos Jornalistas Angolanos em Luanda aos 10 de Setembro de 2012"

sábado, 8 de setembro de 2012

A vitória de uma volumosa e expressiva derrota - Morro da Maianga



"(...)Ser da Oposição já deixou de ser apenas do “Contra”, como os odiados opositores eram vistos no tempo das outras duas senhoras do nosso passado, entenda-se, regime colonial (Salazar/Caetano) e do partido único (PT), que em substância acabaram por ter poucas diferenças em matéria de filosofia política, sobretudo na vertente da intolerância e da repressão. 
Em democracia o compromisso de todos, estando na situação ou na oposição, tem de ser sempre a favor do país e de todos os seus habitantes, como aliás está bem definido na Constituição".

A vitória de uma volumosa e expressiva derrota - Morro da Maianga

domingo, 2 de setembro de 2012

Ainda não somos uma República de Eleitores - Morro da Maianga

"(...)Como nota de roda-pé diria que o que menos gostei nestas eleições (e foram vários os motivos que alimentaram os meus desgostos para não variar), foi a CNE ter escolhido o ameaçador lema “Vota pela Paz!”, num alinhamento total com a estratégia política de um dos concorrentes.
Com a paz fechada a cadeado no abraço trocado entre os generais Cruz Neto e Kamorteiro, para mim o desafio que ainda existe é o da reconciliação nacional.
Este desafio tarda em ser vencido, porque é contrário à uma certa lógica da confrontação politico-partidária, que mantém o país na “idade média da democracia”.
É esta a narrativa que prevalece transformando os cidadãos em reféns das camisolas partidárias e impedindo que Angola evolua rapidamente para uma República de Eleitores, de acordo com o que reza o artigo 3º da sua LCA. A República dos Partidos vem a seguir".Ainda não somos uma República de Eleitores* - Morro da Maianga

Angolanos tentam acertar hoje as suas diferenças - Morro da Maianga


"(...)Uma vez mais e enquanto o país e o mundo aguardam pela conclusão deste processo eleitoral, volto a colocar-me do lado de todos quantos acham que Angola precisa de um novo folego político-partidário para resolver de forma mais rápida, harmoniosa e sustentável os seus gravíssimos problemas sociais que permanecem, apesar do crescimento do PIB.
Depois do próprio MPLA ter prometido que neste novo mandato, caso venha a ganhar a disputa, vai prestar uma melhor atenção à distribuição mais equilibrada do rendimento nacional, sou dos angolanos que não acredita que tal democratização seja possível mantendo-se o actual e asfixiante xadrez politico-partidário.
Já o dissemos noutras ocasiões que nas condições concretas de Angola, governar é uma coisa, democratizar é outra, pelo que as duas tarefas terão de marchar em paralelo e em sintonia, tendo em conta o passado do país."
Angolanos tentam acertar hoje as suas diferenças* - Morro da Maianga