quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Presidente Dos Santos confirma preferência pelas "indirectas"

Estão, finalmente, explicadas as razões que estiveram na origem da inclusão do nome de José Eduardo dos Santos (JES) como cabeça da lista com que o MPLA concorreu e venceu folgadamente as eleições legislativas de Setembro do ano passado.
Foi o próprio JES quem, esta quinta-feira em Luanda, se encarregou de desfazer o "mistério" que ele próprio tem vindo a alimentar, com recurso aos mais diferentes expedientes, tendo inclusivamente já utilizado a proposta constitucional de um partido obscuro, a ND, que de forma absolutamente surpreendente conseguiu fazer eleger dois deputados no último escrutínio.
JES que falava para a imprensa, no âmbito da visita que efectua a Luanda o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, defendeu para Angola uma legitimação do Chefe de Estado semelhante a que é praticada na África do Sul.
Claramente, JES sustentou que o Presidente da República deve ser o cabeça da lista do partido vencedor das eleições legislativas.
É assim que acontece no sistema sul-africano, sendo a etapa seguinte a sua eleição formal no parlamento pelo conjunto dos deputados eleitos.
O problema agora é saber como é que JES vai contrariar o bloqueio existente na constituição angolana ao nível do seu artigo 159, relativamente à eleição dos titulares dos órgãos de soberania.
Depois das declarações desta quinta-feira, em principio está claro que não haverá mais eleições presidenciais directas em Angola, pois JES considera que já foi eleito directamente pelos angolanos, enquanto cabeça de lista do MPLA.
Importa recordar que, aquando da sua deslocação a Lisboa este ano, JES disse aos jornalistas que já tinha resolvido o problema da sua legitimidade, na sequência da realização das eleições legislativas de Setembro de 2008.
Está pois introduzido mais um elemento de peso na actualidade angolana que vai certamente fazer subir de tom o debate político no quadro da discussão do que será a nova constituição do país.