terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Luanda: Vinte mil árvores terão sido "limpas"

Para não falharmos a promessa de falar dos crimes ambientais que têm vindo a ser cometidos em Luanda, à margem das obras públicas e privadas que "sacodem" a capital angolana, fiquem para já com este número estarrecedor no que toca à desarborização.
De facto e de acordo com uma estimativa muito credível a que o morro teve acesso, vinte mil árvores espalhadas por várias artérias da nossa "nguimbi" podem efectivamente ter adquirido "asas" e desparecido definitivamente da nossa paisagem urbana, sem qualquer perspectiva de substituição a curto prazo.
As "asas" em causa estão a ser distribuídas pelo chamado "canteiro de obras" que ninguém controla do ponto de vista do seu impacto ambiental, apesar de já haver suficiente legislação para o efeito e uma entidade pública com capacidade para garantir a sua implementação.
Todas estas garantias, pelos vistos, fazem apenas parte do discurso e da propaganda, pois a protecção do ambiente transforma-se numa miragem quando em causa estão outros interesses políticos mais imediatos, como o de cortar mais uma fita ou de inaugurar mais alguns quilómetros de péssimo asfalto.
É efectivamente um balanço muito trágico para o equilibrio ambiental que todos(?!) defendemos, demasiado penoso para quem sabe o que custa plantar e fazer crescer uma árvore nas condições nada amistosas para com a natureza, que actualmente se vivem numa cidade que está a rebentar pelas costuras.
As ornamentais e exóticas "Palmeiras da Tia Chica" que vamos vendo agora a ser (im)plantadas, umas quase em cima das outras, em alguns troços da cidade, para além de não cumprirem a função ambiental da arborização, podem colocar a prazo, de acordo com os especialistas, sérios problemas ao próprio desenvolvimento da flora local.
A prazo, ainda de acordo com os mesmos especialistas, não há mesmo garantias que estas espécies importadas venham a sobreviver nas nossas condições.
A (im)plantação destas palmeiras que terão sido importadas inicialmente para o projecto Baía, é apenas mais um negócio que envolve alguns milhões a serem partilhados pelos habituais beneficiários das também já habituais "parcerias público-privadas".
O novo Governador de Luanda tem sido muito enfático na abordagem/valorização do que deve ser o prioritário interesse público em detrimento de todos os outros interesses que hoje fazem morada ao nível da governação central e local, subvertendo e pondo em causa toda a lógica da própria política, enquanto serviço público.
A mensagem do Governador de Luanda está a ser dirigida em primeiro lugar aos seus mais directos colaboradores de uma administração que já é conhecida como sendo um dos sectores públicos onde o tráfico de influências e a corrupção mais se entranharam no sistema.
Percebe-se que o GPL ocupe este lugar cimeiro no nosso ranking nacional, devido à grande procura dos seus serviços, numa cidade que não tem parado de "engordar".
PS-Perceber, obviamente, não quer dizer aceitar este calamitoso estado de coisas que se tem estado a agravar a cada dia que passa, embora agora com a entrada em funções do novo Governador esta tendência possa vir a conhecer uma substancial alteração.
É a habitual esperança em dias melhores que renasce sempre com as "chicotadas psicológicas".
É, contudo, ainda muito cedo para se confirmarem eventuais alterações na postura da administração do GPL e dos seus municipios.
A ver vamos...