terça-feira, 30 de novembro de 2010

Na hora do adeus (2)[actualizado]

Um dos temas abordados este domingo no Semana em Actualidade da TPA, que marcou o regresso do Ismael Mateus após um mês de ausência, foi a remodelação governamental.
Após cerca de 3 anos à frente do Governo Provincial de Luanda, Francisca do Espirito Santo (FES) foi "retirada da circulação" abrindo caminho para o regresso à capital de José Maria dos Santos que estava a fazer um "estágio" no KK como Vice-governador, com resultados pouco animadores.
De uma forma geral, os nossos comentários foram muito pouco simpáticos em relação ao consulado de FES. Estávamos, contudo, longe de imaginar que afinal, o que dissémos, acabou por se revelar um "elogio" ao lado das duras palavras proferidas esta segunda-feira pelo Presidente José Eduardo dos Santos na tomada de posse dos novos governantes.
Sem se tratar já de uma grande novidade, esta "mania" de JES "fritar" os seus colaboradores, distanciando-se da governação como se nada tivesse a ver com a ela, sentiu-se que o "óleo" usado desta vez para o efeito estava demasiado quente, a traduzir, possivelmente, mais um ponto de viragem.
Exactamente para aonde, é o que resta saber, sem alimentarmos qualquer tipo de expectativa, pois já faz parte do discurso político, nesta e noutras paragens, prometer dias melhores, quando já não há mais nada de substancial para dizer.
JES que "disparou" indiscriminadamente sobre todos os exonerados, não tendo sequer poupado Assunção dos Anjos que deixou o governo a seu pedido por razões "atendíveis", justificou a remodelação parcial com a necessidade de superar dificuldades e constrangimentos.
Depois atacou alguns chefes que nos diferentes níveis continuam a trabalhar com métodos desenquadrados das normas e com dificuldades de adaptação à nova era.
“Nos processos de transformação social há sempre elementos que oferecem resistência à mudança. O nosso caso não é diferente. Assumimos há dois anos o compromisso de realizar mudanças nos nossos métodos de gestão e de trabalho"
Mais uma nova era de gestão responsável e transparente da coisa pública, foi anunciada por JES a fazer lembrar-nos o seu já esquecido futuro que devia começar ontem."O futuro começa agora"- lembram-se?
A promoção e a assunção de uma atitude mais firme de combate à indisciplina e à desorganização e uma melhor defesa dos interesses nacionais, foram os reforços de verba propostos pelo "OGE" presidencial.
Esta da "defesa dos interesses nacionais" foi verdadeiramente a cereja em cima do bolo das nossas desgraças. Uma cereja que o novo Governador de Luanda não perdeu a oportunidade de "saborear", como veremos mais adiante.
Qualquer leitura que se faça das palavras de JES, ela só pode apontar numa direcção que é convergente.
Os exonerados foram literalmente trucidados pelo "Pai Grande" na praça pública.
Nunca como desta vez, em situações do género (remodelações), JES foi tão explícito na forma como chamou os antigos "bois" pelo seu nome.
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Uma Governadora que não deixa saudades
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No caso concreto da ex-Governadora de Luanda tais palavras encaixam-se bem na anterior apreciação preliminar que já aqui fizémos sobre o seu desempenho, descontando todas as sobreposições, usurpações e bloqueios institucionais e orçamentais que sabemos serem mais do que muitos e que acabam por transformar a gestão da capital numa missão impossível.
Ajusta-se assim na perfeição a bombástica apreciação feita por Bento Bento, segundo a qual o GPL é "um cemitério de quadros".
Mas mesmo com este e outros descontos, as coisas não mudam muito de figura a favor da gestão de FES, pois o que está em causa nesta altura é a transparência, a moralização e a equidade, como sendo os pressupostos da boa governação/administração da coisa pública.
Nos dias que correm o grande objectivo/desafio é o combate à corrupção institucionalizada e generalizada que é materializada no dia-a-dia através da famigerada e devastadora "lei da gasosa/cabritismo", que acaba por ser a grande responsável pelo insucesso das políticas sociais do Estado angolano, por mais que nos "vendam" algumas estatísticas optimistas, como o aumento da esperança média de vida dos angolanos.
A realidade está aí e não engana ninguém. As estatísticas enganam e de que maneira.
Já começo mesmo a preferir a "lei da bala". Enquanto uma pessoa armada pode matar vários dos seus semelhantes numa hora, mas depois termina os seus dias na cadeia ou enforcado, um gestor corrupto na maior das calmas e sem nunca ser acusado de nada, pode asfixiar lentamente milhares de pessoas carentes na sequência da manipulação de preciosas verbas públicas destinadas a concretização de projectos sociais.
No caso do GPL e em nosso entender, não se trata tanto do assalto directo ao tesouro público (cabritismo). Aqui o ataque é sobretudo dirigido aos cidadãos e aos empresários/investidores (gasosa).
A área do licenciamento das obras, numa cidade que voltou a crescer de forma extraordinária, tem sido a grande mina de enriquecimento ilícito de um conjunto de funcionários da base ao topo. É um ver se te avias. É até fartar, vilanagem...
Sintomático desta realidade foi o apelo que o novo Governador lançou aos seus circunspectos e apreensivos colaboradores no sentido de colocarem sempre a salvaguarda do interesse público em primeiro lugar em detrimento de todas as motivações particulares que, em abono da verdade, são aquelas que mais ordenam e que acabam por condicionar toda a manobra da governação/administração.
Nas poucas palavras que proferiu na tomada de posse foi notória a sua insistência na tecla do interesse público versus interesse particular, como se estivesse já a radiografar a situação herdada.
De uma forma geral o cidadão sente no seu quotidiano que há claramente uma "privatização" do Estado angolano, sendo os governos provinciais e as administrações municipais "bons exemplos" desta dura e traiçoeira realidade.
Contariando todas as nossas expectativas iniciais no que toca a moralização da administração, sentimos que durante o consulado de FES estes e outros ataques aos bolsos dos munícipes, conheceram um incremento considerável, tanto em quantidade, como em qualidade (valor monetário).
A corrupção atingiu efectivamente patamares nunca antes vistos, tendo em conta os elevadíssimos montantes envolvidos nas diferentes "transacções" ocorridas na área do licenciamento das obras. Destes montantes nem um chavo foi parar às contas do Estado.
PS1-Com a nova lei sobre a governação local e tal como chamou a atenção Bornito de Sousa, já há possibilidades dos executivos provinciais passarem a contar com mais recursos fiscais para resolverem os problemas das suas jurisdições. A ver vamos, como é que esta descentralização fiscal vai funcionar de agora em diante.
De nada adianta, contudo, descentralizar se o "apetite" dos funcionários que arrecadam os recursos se mantiver o mesmo e sem qualquer controlo.
Não nos esqueçamos do que disse o PM caboverdeano, José Maria das Neves.
"O petróleo de Cabo-Verde é a boa governação". Até parecia uma piada para os governantes angolanos.
Definitivamente, Francisca do Espírito Santo não vai deixar muitas saudades.
Ela corre o sério risco de ficar na história apenas como tendo sido a primeira mulher que governou o "planeta" Luanda.
E pouco mais, se quisermos ser simpáticos...

domingo, 28 de novembro de 2010

Uma espessa cortina de fumo

Este sábado um pequeno grupo de amigos do António Jaime (AJ), assassinado há três anos, reuniu-se para almoçar, recordar a sua pessoa, homenagear a sua memória e celebrar a amizade, como sendo o valor mais importante que o falecido nos legou.
O nosso propósito foi o de rentabilizar ao máximo esta herança, fazendo a melhor aplicação de um capital que é aparentemente invisível e pouco atraente para quem só pensa "naquilo".
É uma herança que é muito nossa e que jamais ninguém nos irá retirar.
Não foi preciso sequer qualquer habilitação de herdeiros para ficarmos com toda ela.
Nos tempos que correm a amizade verdadeira também corre o sério risco de se transformar numa espécie em vias de extinção.
Com o António Jaime aprendemos que a amizade é um valor absoluto que não deve estar sujeito a qualquer lei do mercado, nem condicionado por qualquer tipo de conjuntura.
Ele soube como poucos separar o valor chamado amizade de todos os outros interesses que levam as pessoas a aproximarem-se umas das outras.
António Jaime soube sempre preservar a amizade. Os seus amigos eram os mesmos de sempre.
O António Jaime foi morto aos 39 anos de idade por desconhecidos na madrugada no dia 24 de Novembro de 2007 , poucos minutos depois de ter deixado a discoteca Mayombe. Era um sábado.
Fui último dos seus amigos com quem ele falou, pois estávamos juntos naquela madrugada até os nossos destinos se terem separado de forma tão brutal e definitiva, quando apenas pretendíamos chegar ao Alcobaça por caminhos e viaturas diferentes para tomar um caldo, antes de irmos repousar. Só fiquei a saber da sua morte horas depois, cerca do meio dia.
Acredito que AJ antes de sucumbir crivado pelas várias balas dos seus algozes, incluindo o chamado tiro de misericórdia (que designação mais sinistra), ainda terá falado com um deles, mas isto só o saberemos no dia em que o crime for esclarecido, se algum dia
tal vier a acontecer, que é o que todos desejamos em nome da justiça que lhe é devida, que é devida aos seus familiares, que é devida a todos nós.
De toda a conversa que foi "produzida" nas várias horas que estivémos juntos este sábado, mesmo depois da EDEL/ENE nos ter retirado o direito à luz eléctrica (apesar de termos as contas em dia, sem qualquer dívida) destacamos aqui o facto preocupante de praticamente todas as fontes policiais com quem cada um de nós, ao longo destes três anos, foi contactando procurando saber de novidades, terem sido convergentes no desencorajamento do prosseguimento da investigação rumo ao esclarecimento do crime.
Ou seja, a ideia com que ficamos é que, para além de não haver qualquer interesse no esclarecimento, há mesmo uma cortina de fumo que foi lançada e uma postura de quase hostilidade/intimidação em relação a todos quantos querem saber do andamento do processo.
De facto é muito estranho que estes sinais tão perturbadores nos cheguem do sector que mais interesse deveria exibir no prosseguimento da investigação, com a agravante das fontes produtoras de tais sinais serem pessoas colocadas em níveis bastante elevados da hierarquia policial.
Uma destas fontes chegou mesmo a ameaçar-nos de forma velada, com um "conselho de amigo", alertando-nos para o risco de morte que estaríamos a correr em caso de insistência na necessidade de se esclarecer o homicídio do nosso kamba.
Não sendo tal comportamento uma novidade entre nós, tendo em conta outras atitudes do género, a sua banalização (subestimação) não é, certamente, a melhor forma de lidar com os referidos sinais.
Os resultados destas e de outras "omissões" estão à vista de todos, com os últimos acontecimentos da crónica policial.
Definitivamente, não se trata de criminalidade "normal".
Foi preciso, contudo, dois oficiais da própria corporação serem abatidos a sangue frio, uma verdadeira carnificina, a fazer lembrar-nos o "modus operandi" do ataque que vitimou o AJ, para o alarme soar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

SOS CENSURA! SOS CENSURA! SOS CENSURA!

Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "(Flashback/Novembro 2000) O Inquérito de Proust":
Caro Reginaldo, preste atenção ao seguinte e veja o que pode fazer para denunciar no seu blog ou noutra esfera qualquer: o ambiente nos jornais recém comprados por mão do Estado é de cortar à faca.
A censura faz morada.
Uma vez o jornal pronto, tem de ser submetido aos accionistas que, por sua vez, levam o material para um laboratório para decidirem sobre o que deve ou não deve ser publicado, e como deve ser também. Críticas ao Chefe de Estado são proibidas, até cartoons têm sido censurados. Veja que um certo jornal, no caso A Capital, teve de travar a edição por causa de uma capa que denunciava o assassinato de um angolano perpetrado por chineses. Tiveram de fazer, para lá do dead-line, uma outra capa. O ambiente, na redacção, é crítico, com os jornalistas descontentes a ameaçar, vejam só, abandonar o jornal em bloco.
Preste atenção: querem sair em bloco. E é o que acontecerá se esses atentados à liberdade de imprensa e de expressão subsistirem.

(Flashback/Novembro 2000) O Inquérito de Proust

Em Novembro de 2000, o falecido Manuel Dionisio mandou-me o bilhete que se segue:
"Meu caro: Marcel Proust ("A La Recherche du Temps Perdu" - obra monumental que se pode encontrar em português, sendo que a edição mais pequena é de sete volumes, pelo menos - perdoa o rappel - mas ainda de "O amor de Swan", etc.) elaborou um famoso inquérito que tem o seu nome e que ele submeteu à intelectualidade do seu tempo. Bom, não me preciso de me alongar mais: Eis o inquérito que a secção GENTE do Jornal de Angola te submete para responderes. Um abraço, MD
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P-Qual a tua virtude favorita? Acho que todas já são muito poucas para me dar ao luxo de estar a escolher apenas uma delas. Vivemos num mundo demasiado defeituoso. P-Principais qualidades de um homem. Ser suficientemente amigo do seu vizinho para não permitir que ele ande na rua a pedir esmolas ou a comer nos contentores. Esta qualidade é particularmente admirada por mim nos homens que têm responsabilidades ao nível dos poderes públicos. P-Principais qualidades de uma mulher. Se for a nossa só depois dela se ir embora é que a gente passa a ter uma ideia do que é que perdeu. De resto, são todas muito fixes, enquanto não começam as makas. P- Qual a ocupação preferida? Jornalismo e banhos de mar. P-Qual a tua principal característica? Com o passar dos anos, as características também se alteram. P- O que é para ti a felicidade? É não ter receio de enfrentar o amanhã, coisa difícil de acontecer em Angola. Até ver. P-O que é a miséria? É o fim da picada. P- Qual a tua cor e flor preferidas? Já foi o azul. Hoje é o verde. Quanto a flores não tenho nenhuma preferência especial. A minha ignorância nesta área é tão grande que acho que para além das rosas, não sei distinguir mais nenhuma. Gosto de rosas brancas. P- Se não fosses tu mesmo quem gostarias de ser? A mesma pessoa sem alguns defeitos de fabrico que possuo. P- Onde gostarias de viver? Em Nova-Yorque, depois de Luanda. P- Quais os teus autores de prosa preferidos? Para além de jornais e revistas, cada vez leio menos. Fico-me com o Gabriel Garcia Marquez. P- Quais os teus poetas preferidos? Não tenho nenhum. Acho que nunca acabei de ler um livro de poesia. P- Quais os pintores e compositores? Nada a assinalar de particular em relação à pintura. Quanto à música estou numa fase em que o Djavan resolve a maior parte dos meus problemas. Nunca confessei isto a ninguém, mas o melhor trabalho musical feito cá na banda para mim foi o “Coisas da Vida” do André Mingas. P- Teus heróis preferidos na vida real? Aquele parente, cujo nome desconheço, que enfrentou na Praça Tianamem o tanque de guerra do exército chinês. Na Birmania também vive uma senhora, que eu muito admiro muito pela coragem com que tem enfrentado a ditadura local. P- Teus heróis preferidos na ficção? Quando era puto gostava muito do Fantasma e do Robin dos Bosques. P- Tuas heroínas preferidas na ficção? Nada a assinalar. P- Qual a tua comida e bebida preferidas? Calulu de bacalhau com choco. Vinho tinto, scotch e água. P- Quais os teus nomes preferidos? Nomes simples do tipo Ana. P- O que não toleras? A perseguição política e o culto da personalidade. Mas tem mais. P- Quais os personagens históricos que detestas? O Torquemada e o Hitler à cabeça de uma interminável lista de canalhas. (cont)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Utilidade Pública: Serviço Meteorológico do Engarrafamento (SME), precisa-se!

No que toca à existência de problemas, em Luanda nada está tão mal, que não possa piorar ainda mais. Não é a primeira vez que enuncio este principio. Não será, certamente, a última, lamentavelmente para todos nós.
As soluções definitivas pura e simplesmente não existem, havendo apenas disponíveis as chamadas abordagens paliativas ou mitigadoras, que valem, o que valem.
O engarrafamento já é de alguns anos a esta parte a maior dor de cabeça dos luandenses e vai continuar a sê-lo com uma tendência preocupante para quem sofre de enxaquecas.
A existência de uma espécie de boletim meteorológico do engarrafmento seria uma dessas soluções, pois sempre era possível fazer algumas previsões em matéria de agravamento, sobretudo quando os mais altos diginitários deste país decidem sair a rua, interrompendo pura e simplesmente a circulação em alguns eixos e por períodos que às vezes chegam a ultrapassar uma hora. É por estas e por outras, que o principio enunciado no inicio desta crónica faz todo o sentido em Angola para o nosso completo desespero, pois não há para já outra solução, enquanto se aguarda pelas próximas eleições.
O engarrafamento, pelos vistos, veio mesmo para ficar e para provocar o máximo de sofrimento possível aos habitantes da "acolhedora" capital angolana, que todos os dias engorda mais uns bons kilos, quer com as viaturas que são importadas e vendidas, quer com os novos luandenses, por sinal todos bem magros, que aqui se instalam provenientes do interior e do exterior.
Os do exterior não se sabe muito bem o que é que vêm aqui fazer (desconfia-se apenas), mas percebe-se perfeitamente que os do interior, os nossos desesperados migrantes*, estão a ser atraídos pelo canteiro de obras com a construção das novas centralidades que tardam em chegar às suas terras de origem, com algumas tímidas excepções que normalmente não ultrapassam o território de algumas (poucas) capitais provinciais.
É a maka das tão faladas assimetrias, que têm naturalmente consequências, sendo ponto assente que os problemas sócio-económicos de Luanda se vão continuar a agravar, enquanto o investimento público não criar as condições mínimas para o desenvolvimento do resto do país.
Até lá, Luanda vai continuar a ser a "festa" a que já nos habituamos.
Todos a ralharem com todos, mas sem razão nenhuma.
[Um novo relatório das Nações Unidas alerta que a população africana nos centros urbanos deve triplicar nos próximos 40 anos, exercendo maior pressão sobre os governos e infrasestruturas em todo o continente. "O Estado das Cidades Africanas 2010 : Governança, Desigualdades e Mercado de Terras Urbanas," foi divulgado esta terça-feira pelo programa da Nações Unidas para Habitação, ONU-Habitat, e faz um alerta ao planeamento urbano cuidadoso dos governos, para que estes possam suprir as necessidades dos pobres.
*Para quem não sabe, a zunga e o robotismo são as actividades profissionais mais procuradas pelos novos conterrâneos dos calús puros (uma raça em vias de extinção), em virtude das mesmas não carecerem da emissão do atestado de residência, dispensando igualmente a apresentação do BI.Tudo isto devido à grande mobilidade das mencionadas ocupações que proliferam pelas ruas de Luanda.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Na hora do adeus!

Há dois anos, em 2008, quando a Governadora Francisa do Espirito Santo foi nomeada para o GPL escrevi-lhe uma carta-aberta, no mês de Abril.
Não obtive qualquer resposta.
Antes de mais e enquanto penso na melhor forma de me despedir dela (estou a pensar em dedicar-lhe uma oração na hora do adeus) gostaria aqui de recordar uma parte dessa missiva, que pode igualmente ser lida (caso seja do seu interesse) pelo seu sucessor que é proveniente das chamadas terras do fim do mundo.
(...)
A nova governadora pode e vai certamente emprestar esta sua condição feminina, naturalmente com o propósito de contribuir com uma outra dinâmica para a resolução dos graves problemas sociais que infernizam a vida dos luandenses. Desde logo esta contribuição pode ser visível na humanização da governação e na relação das autoridades com as populações que tem estado a conhecer contornos muito violentos, o que não tem nada a ver com o combate à criminalidade. Poderá ser igualmente visível na moralização e na transparência da gestão, numa altura em que o crédito dos funcionários provinciais e municipais (da base ao topo) não tem parado de descer na escala da nossa consideração e respeito. Ao mesmo tempo, têm aumentado os valores monetários que os cidadãos gastam para resolver qualquer problema, por mais insignificante que seja, junto das repartições do GPL, por força da “lei da gasosa”. Esta tendência poderia ser invertida rapidamente com a varinha mágica dos salários, mais de acordo com o actual custo de vida, que não tem parado de subir por mais controlada que a inflação possa estar nas estatísticas oficiais. A sua contribuição como mulher poderá ainda sentir-se na gestão dos espaços públicos e comunitários impedindo que a ofensiva do especulativo sector imobiliário ocupe com a sua selva de betão todos os terrenos localizados no casco urbano e suburbano que ainda estão disponíveis. Os espaços onde sempre funcionaram jardins públicos e zonas verdes não podem ser transformados em salões de festa privados. É inaceitável e ilegal esta apropriação. A cidade tem de respirar.
Os seus habitantes têm de usufruir do espaço público. Com todas as limitações e pressões que sabemos existirem, a Governadora pode resistir um pouco mais do que os seus predecessores. É um dos seus grandes desafios.
(...)
Depois do que se passou nestes últimos dois anos, sobretudo ao nível da DESENFREADA CORRUPÇÃO que grassa pelo GPL e as suas administrações municipais e comunais, e de ter voltado a passar os olhos por esta singela passagem, uma verdadeira súplica, compreendo que a Governadora nunca poderia ter respondido a minha carta-aberta, porque de facto não a leu mesmo.
Está "desculpada".

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O OGE-2011 e o carácter pantagruélico do estado angolano

[Este domingo o Semana em Actualidade da TPA voltou a ser "silenciado", depois da interrupção do programa aos 17 minutos verficada a semana passada. O "vírus" responsável pelo novo ataque foi a "afonia". Felizmente desta vez foi encontrada uma solução a contento, que permitiu resolver a situação em tempo oportuno. O programa acabou por ser transmitido num outro horário, isto é, depois do Telejornal. Com efeito, as primeiras imagens do programa tinham tudo, menos o necessário som da voz dos seus participantes. O programa estava de facto "afónico", o que obrigou a sua retirada do ar, depois das duas primeiras tentativas tendo em vista a sua transmissão. Ainda não sabemos bem o que esteve na origem desta súbita "afonia", pois a gravação feita sábado não apresentava qualquer falha. Mais importante, entretanto, do que a nova barraca, foi a solução encontrada que em nosso entender pode iluminar novos caminhos, visando uma melhor colocação do SA na programação dominical da TPA, mais de acordo com as características do espaço e com a disponibilidade dos telespectadores. À semelhança do que acontece com outras televisões, sempre achei que o Semana em Actualidade deveria ser transmitido depois das notícias, pelo que esta primeira experiência veio completamente ao meu encontro e de outras pessoas que partilham esta opção. Foi de facto um mal que veio por bem. A ver vamos, como é que ele vai iluminar os caminhos da nova administração, que já mostrou interesse em introduzir algumas alterações na programação.] Na abordagem do OGE-2011, o tema dominante deste debate que partilhei com o economista Jaime Fortuna, destaquei o carácter pantagruélico do Estado angolano (come demasiado) e a necessidade de se encontrarem as melhores e mais eficazes soluções para se transferirem recursos em direcção aos sectores mais vulneráveis da nossa sociedade, melhorando-se deste modo os termos da actual e cada vez mais injusta distribuição do rendimento nacional, responsável pelo agravamento das assimetrias sociais e regionais. O meu "muso" nesta temerária incursão contra a seara da retórica e da propaganda é o professor Paul Colliers da Universidade de Oxford e as suas pertinentes reflexões e conselhos constantes do texto "Angola-Opções para a Prosperidade, Maio 2006". São da sua autoria as considerações que se seguem, numa altura em que o nosso per capita já ronda os 4 mil dólares: "Angola está numa transição extraordinária, de uma economia de um per capita de USD 800 de cerca de dois atrás, para uma economia de um per capita de USD 2,400 num espaço de cerca de dois. É inconcebível que o melhor uso deste gigantesco aumento seja gastar tudo isso através do governo. Mesmo se as despesas públicas forem brilhantes, o resultado seria um absurdo desequilíbrio entre o consumo público e o privado. Nenhuma sociedade no planeta tem um consumo público maior que o privado. Assim, o Governo de Angola necessita de canalizar o dinheiro do petróleo directamente para as famílias, para que estas possam gastá-lo no consumo privado. Qualquer arranjo desse tem de ser administrativamente muito simples para se evitar - a corrupção. Provavelmente, o arranjo mais fácil consiste em oferecer pagamentos mensais a todas as crianças enquanto estiverem a estudar. Isto seria um maravilhoso incentivo para fazer progredir a educação primária universal. Enquanto for amplamente publicitada, será auto-aplicativo: os encarregados de educação exigirão que as escolas recebam dinheiro. O nível real do pagamento poderia iniciar modestamente, como por exemplo USD 2 por criança/por mês, e gerar um crescimento de rendimento permitido." In:http://www.joaonunes.com/wp-content/uploads/2006/PaulCollierPresentation_Angola-PORT.pdf ***************************************************** Comentários ***************************************************** JCRC disse... Os Governos, no geral, consomem mais do que necessitam e gerem de forma medíocre os fundos públicos, tanto nos países dedenvolvidos como nos menos avançados. É lógico que nos mais avançados a coisa é melhorzinha, como dizia o Milton Friedman (economista conservador) "se pôr-mos o governo no deserto do Saara, em cinco anos haverá falta de areia". Os britânicos usam muitas vezes a expressão "fat cats" para descrever os políticos, como sabemos os "gatos gordos" comem muito e fazem pouco. Esta expressão trás-me a mente o caso dos BMW dos nossos deputados. Num país pobre, onde existem escolas degradadas, os deputados receberão carros que valem várias salas de aulas. O chocante é, não ouvir os deputados da oposição "oporem-se" a tão grave indecência. Existe uma corrente que nasceu há umas décadas nos Estado Unidos conhecida como "starve the beast" que em tradução livre seria "matar a besta de fome". Aqui, o que se defende é reduzir os gastos públicos de forma significativa para provocar o ajustamento em vez de "poupar ajustando" o que se procura é a reacção à acção. O PR teve a oportunidade de reduzir o Governo e não o fez. O governo tem bons activos públicos para vender de forma vantajosa para as contas públicas e não o faz. Fala-se em diversificação e nada se vê. 22 de Novembro de 2010 09:39

A especulação jornalística e o capital de prestígio

Depois de este fim-de-semana ter voltado a ser "nomeado" pelo Semanário Angolense (SA), Júlio Bessa (JB) vai, finalmente, poder descansar das atenções da média, numa altura em que acaba de fazer a sua entrada no respeitável clube dos cinquentões. Parabéns e muito bem-vindo! Com efeito, JB foi um dos nomes, no âmbito da especulação (um novo género do nosso jornalismo), que mais esteve na berra nos últimos tempos, tendo, de algum modo, o SA liderado esta "campanha" em relação ao seu futuro, como se o nóvel parlamentar fosse mais um angustiado desempregado deste país ou estivesse a movimentar-se freneticamente nos bastidores da famosa lista de espera dos "tachos" e "tachinhos", onde agora estão incluídos os cargos de administradores não-executivos das empresas públicas. De facto para quem esta nesta "guerrilha", as "encomendas" na imprensa costumam ter alguma utilidade. Definitivamente este não é o caso de JB. Os pormenores da matéria que o SA publicou este sábado, dando como mais do que certa a sua ida para o GPL, são, no mínimo, preocupantes para quem ainda acha que o jornalismo, por princípio, não tem nada a ver a especulação e muito menos com a ficção, embora os dois elementos sejam seus companheiros de jornada, numa luta permanente entre rivais para ver quem é que domina melhor e lidera o espaço mediático. Quem pensa o contrário, certamente se terá deliciado com o "artigo" do semanário, onde até funcionários do GPL foram auscultados pelo SA em relação ao seu futuro novo patrão. Como sempre e para não variar, todas as fontes citadas na peça são anónimas, o que é uma das características mais sólidas do género especulativo que povoa o nosso jornalismo com uma tendência claramente expansionista, a traduzir outros bloqueios, sobretudo a nível institucional, que de forma alguma o podem justificar e muito menos legitimar. Em muitas das intervenções do género especulativo na imprensa angolana, sente-se que na sua origem está mais a lei do menor esforço e alguma dose (qb) de irresponsabilidade editorial, do que propriamente as dificuldades de acesso às fontes que de facto existem, são mais do que muitas e têm provocado bastantes estragos. O caso de JB é paradigmático desta realidade. Sendo uma pessoa fácilmente contactável, em nenhum momento ele foi tido ou achado. Em praticamente todas as histórias publicadas sobre a sua eventual nomeação para este ou aquele cargo, ele acabou por ser o grande ausente. Seja como for e já como nota positiva, com todas estas atenções, o antigo ministro das finanças acabou por testar a sua popularidade, pelo menos ao nível da imprensa, onde o seu capital de prestígio e de simpatia continua a estar bastante alto, o que é muito bom para o seu presente e futuro, passados que são já alguns anos desde que foi surpreendentemente afastado da Mutamba no início de uma promissora caminhada reformadora, que acabou por ser percorrida pelo seu sucessor. Coisas da banda e das intrigas palacianas...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A seriedade do OGE e o teste da merenda escolar

O Governo acaba de fazer a apresentação do OGE para 2011 com a conversa fiada de sempre em relação a priorização das verbas para o sector social.
Voltaremos a conversar quando, finalmente, o Governo conseguir apresentar ao Tribunal de Contas (TC) a Conta Geral do Estado para ser devidamente auditada.
Sem este instrumento, todos os balanços de execução orçamental sabem e cheiram a falso. Mais importante do que saber dos números trilionários do orçamento, parece-nos ser a informação sobre o que realmente o país arrecadou e como gastou durante o exercício fiscal. Esta informação quando é fornecida tem de facto pouca consistência porque falta-lhe qualquer coisa.
Como acontece com as empresas, as contas do Governo também têm de ser auditadas por quem percebe do assunto, por isso a Constituição atribuiu ao Tribunal de Contas a competência de fiscalizar a legalidade das contas públicas.
Mas como fazer esta fiscalização, se o Governo se recusa a elaborar a Conta Geral do Estado, sem a qual o TC nada pode fazer, estando assim comprometida a sua principal função?
Trinta e cinco anos depois, o "país gigante" continua sem ter disponível esta continha, enquanto o "povo feliz" bate palmas e enche os bebícios.
Estranho, muito estranho, mesmo.
Cansado que já estou da ladainha sobre o sector social, num país onde o pantagruélico aparelho público com todas as suas envolentes institucionais e pessoais deve estar a consumir muito mais de metade das receitas, gostaria aqui, deste meu pacífico cantinho, de desafiar o Governo a garantir no ano lectivo de 2011 a merenda escolar para todas as crianças necessitadas deste país que frequentem as primeiras 4 classes do ensino de base.
É só isso.
É o teste da merenda escolar!
É um teste muito sério, porque vai permitir avaliar de forma muito concreta a canalização efectiva das verbas previstas para o sector social.
Se um país com os recursos de Angola e com as condições de extrema pobreza/miséria que ainda caracterizam o seu tecido humano, não consegue garantir uma merenda escolar, sinceramente não estou a ver o que é que está a ser feito na frente social.
Perdoem-me a "miopia".
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"Para que se consiga obter um processo educacional favorável, é preciso que se implante um programa em âmbito nacional de alimentação escolar, que não seja somente um instrumento de redução do abandono escolar, mas, sobretudo, de formação de hábitos alimentares saudáveis, que garantam a saúde e a integridade mental do aluno, como se propõe neste documento que seja o Programa Nacional de Merenda Escolar de Angola".
Esta passagem faz parte de um documento denominado "RELATÓRIO DE DIAGNOSE DO PROGRAMA DE MERENDA ESCOLAR DE ANGOLA" elaborado em 2007 por especialistas brasileiros.
Vale a pena lê-lo.

Informação Plural: A grande ausente

"INFORMAÇÃO PLURAL-GESTÃO RIGOROSA AO SERVIÇO DA CIDADANIA" Começo por elogiar vivamente o lema deste 6º Conselho Consultivo do Ministério da Comunicação Social. Penso que é o primeiro da era Cerqueira. De facto a escolha não podia ser mais acertada, tendo em conta os desafios do momento. Gostaria, contudo, que a opção reflectida no lema fosse de facto estratégica e não fizesse apenas parte da retórica a que já estamos habituados. Receio, porém, que este conflito entre a estratégia e a retórica venha, uma vez mais, a ser ganho pela segunda, para não variar. Com efeito, tenho muitas dúvidas em relação à consistência do entendimento que o encontro venha a fazer do conceito pluralismo aplicado à comunicação social e muito em particular à sua produção mais jornalística. Uma "Informação Plural" feita com várias vozes, de preferência dissonantes, é exactamente aquilo que os orgãos governamentais da comunicação social não têm como estratégia editorial, por isso é que tardam em assumir integralmente as suas responsabilidades públicas. Grosso modo limitam as suas abordagens diárias (nos principais noticiários) à divulgação dos pontos de vista oficiais sobre as grandes questões nacionais, sejam elas políticas, sócio-económicas ou culturais. A excepção aqui vai para o desporto. O debate contraditório quando surge está reservado a espaços próprios, como acontece na RNA com o seu ressuscitado "Tendência e Debates", tendo praticamente desaparecido da TPA, com a pálida excepção do "Semana em Actualidade". Do ponto de vista do pluralismo, as colunas de opinião do Jornal de Angola ainda são mais decepcionantes, sendo últimamente preenchidas sobretudo com o recurso a artigos de autores estrangeiros, para além dos seus directores. A "Informação Plural" tem que acontecer normalmente ao ritmo da própria actualidade, com o envolvimento de todos os protagonistas e não apenas de alguns, que por sinal, no nosso caso, são sempre os mesmos. Qualquer democracia tem poder, tem oposição, tem sociedade civil e tem muito mais, tem cidadãos que pensam pela sua própria cabeça e que têm direito a manifestar a sua opinião na imprensa. A nossa democracia, pelo menos aquela que passa na comunicação parece que só tem governo e mais governo. Agora mudou um bocado. Agora tem Executivo e mais Executivo, com todo o destaque para o titular único do Poder Executivo. Espero pois que do Huambo os novos/velhos gestores da comunicação social estatal regressem a Luanda mais arejados e munidos com um conceito prático de "Informação Plural" que tenha a ver com tudo aquilo que aqui dissemos e tudo mais que já está escrito em milhares de ensaios sobre esta matéria. O debate está aberto, se tiverem uma outra ideia deste conceito.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Um destino comum: A cadeia

Durante a guerra angolana o russo Viktor Bout e o franco-brasileiro Pierre Falcone estiveram em barricadas opostas, mas sempre tiveram o mesmo propósito. Sendo mercadores de armas assumidos, o seu grande objectivo foi o de lucrar o máximo com o nosso fratrícidio enquanto ele durasse. Conseguiram deste modo amealhar mais uns largos milhões de dólares. Agora os dois estão presos. Foram apanhados pelas malhas do seu próprio negócio. Um (PF) em França já condenado apesar de todos os esforços do amigo angolano; o outro nos Estados Unidos para onde VB acaba de ser extraditado ido da Tailândia e se prepara para ser julgado. Pode-se dizer que eles são as últimas duas "vítimas" do conflito angolano, depois de terem "ajudado" a fazer milhares de vítimas sem aspas, com as armas que venderam aos dois "irmãos desavindos". Arrivederci Viktor e Pierre! Agora vão ter tempo de sobra para contar todas espingardas. As que venderam e todas as outras que se preparavam para traficar.

A superioridade do CNCS, os foguetes do JA e o exemplo do Sr. Fufuta

Finalmente o Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS) conseguiu arrancar do Director do Jornal de Angola, José Ribeiro (JR), uma referência menos negativa. A grande responsável por esta proeza foi a passagem da mais recente deliberação genérica do CNCS, onde o oficioso matutino é saudado pelo "pluralismo e presença mais constante da informação regional actualizada". Com esta saudação e depois de toda a guerrilha que foi movida nas colunas de opinião do JA contra a instituição, o CNCS demonstrou toda a sua superioridade, deixando claro que não confunde a postura menos adequada/correcta do seu Director com o projecto JA. De imediato JR sacou do seu computador e dedicou ao CNCS as seguintes palavras, entre as muitas que preencheram o texto intitulado "Um país gigante e um povo feliz" (sic), dado à estampa no último fim-de-semana na sua coluna: "O Conselho Nacional da Comunicação Social reconheceu que a nossa informação é pluralista e dedicamos amplos espaços à informação regional. É tudo verdade e ficamos satisfeitos que essa verdade tenha sido reconhecida publicamente." Pessoalmente não subscreveria nunca uma tal apreciação, pois acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Misturar pluralismo com aumento dos espaços dedicados à informação regional é no mínimo um grande equívoco do ponto de vista da análise de conteúdos. O JA até se poderia transformar num jornal das regiões, mantendo uma postura editorial monolítica e exclusivista, que é de facto o que se passa com o seu desempenho de uma forma geral. Os poucos "progressos" que em matéria de abertura, diversificação e abrangência (pluralismo) o JA por vezes exibe, são sempre o resultado de pressões externas num dado momento, sendo por conseguinte considerados pelos analistas como "manobras tácticas" e pouco mais, enquanto não se volta à primeira forma. Coincidentemente, na mesma sessão o CNCS aprovou uma outra deliberação resultante de uma queixa apresentada pelo Presidente da Associação de Desenvolvimento da Baixa do Cassanje (ADBC), Lando Fufuta, contra o Jornal de Angola, a Rádio Nacional e a Televisão Pública, por estes três órgãos se terem recusado a dar qualquer tipo de cobertura a uma iniciativa de inegável interesse público da referida agremiação. Embora, como já tinha acontecido em Maio do ano passado diante de uma idêntica queixa da ADBC, o Conselho não tenha considerado procedente a petição subscrita por Lando Fufuta, a oportunidade foi aproveitada para uma vez mais se chamar a atenção do JA e dos seus pares para o carácter contumaz da sua acção. "O Conselho Nacional de Comunicação Social delibera não pronunciar-se sobre a queixa por não caber nas suas atribuições e competências legais, embora considere que, sendo de inquestionável interesse público e social, as actividades programadas pela ADBC, mereciam, pelo menos, a divulgação de breves notas informativas." (www.cncs-angola.blogspot.com) De recordar que na deliberação do ano passado o CNCS recomendou "aos órgãos de comunicação social que tenham em devida conta, à luz das obrigações legais, o dever de ouvir todas as sensibilidades e sectores da nossa sociedade sempre que em causa estiver a salvaguarda do interesse público.” O grande problema é que a ADBC do sr. Lando Fufuta não faz parte da sociedade civil controlada políticamente pelo sistema. Por isso é que ela é sistematicamente boicotada pelo "pluralista" Jornal de Angola. Como é evidente esta reflexão não coube na última "Palavra do Director" dedicada a "Um país gigante e um povo feliz". Que país será este? Pudera, não dava para estragar tanta felicidade... Uma vez mais gostaríamos de elogiar aqui o notável exemplo de persitência do Sr. Lando Fufuta, recordando para o efeito o que a seu respeito escrevémos o ano passado. Aparentemente derrotado, apenas por razões técnicas, o Sr. Fufuta acaba por ser um exemplo que importa seguir e destacar. Com o Sr. Fufuta aprendemos uma vez mais que neste país, calados, para além de não mamarmos, também não vamos a sítio nenhum e muito menos contribuímos para que os poderes públicos se democratizem. A democratização da média estatal continua a ser um grande objectivo em Angola que ainda está muito longe de ter sido alcançado e que às vezes, até parece que se está a distanciar a grande velocidade, quanto mais nos aproximamos dele. Dá para entender? Em Angola dá!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Esquadrão da Morte entre nós

A primeira versão do Esquadrão da Morte surgiu bem no inicio da década de 60 no Brasil (Rio de Janeiro). Era uma organização secreta integrada por policias, entre oficiais e sub-alternos, que tinham decidido fazer justiça com as suas próprias mãos, com as suas atenções letais dirigidas para supostos bandidos altamente perigosos. O Esquadrão da Morte evoluiu, cresceu, espalhou-se por todo o país, tendo sido posteriormente adoptado por outras corporações policiais fora do Brasil, como um modelo mais expedito de combater a criminalidade à margem da lei. Como é evidente, o Esquadrão da Morte rapidamente se transformou numa associação de malfeitores e passou a ser utilizado por este mundo fora pelos poderosos (políticos mas não só) para todos os efeitos e contra todos os seus adversários no âmbito das suas estratégias de poder. Definitivamente Angola não escapou ao "charme" do Esquadrão da Morte, que começou a sua actuação entre nós fortemente motivado pelos ventos stalinistas que sopravam neste país há 35 anos. Nesta vertente o stalinismo tinha sobretudo a ver com a "eliminação física de todos os adversários, incluíndo os camaradas". A nossa história está recheada de um infindável número de execuções extra-judiciais, com o pós 27 de Maio de 1977 a liderar o periodo mais sinistro da intervenção dos esquadrões da morte no nosso país. Embora depois do monumental banho de sangue que se seguiu ao 27, as coisas tenham sossegado em matéria de execuções extra-judiciais, o que é facto é que o Esquadrão da Morte como "solução", nunca desapareceu do nosso mapa institucional, tendo passado a ser gerido com uma maior "parcimónia". O alcance da paz em 2002 teve como consequência mais dramática o disparar da criminalidade violenta, o que determinou uma reorganização/relançamento do modelo Esquadrão da Morte, como um instrumento draconiano de contenção do avanço dos nossos cada vez mais ferozes e eficazes "bad guys". Esta era, contudo, a parte mais visível e denunciada pela imprensa da actuação do Esquadrão da Morte nestes últimos anos, sempre desmentida pelas autoridades, para não variar, até que as mesmas foram confrontadas com o "Massacre da Frescura". Já não havia como negar o que era tão evidente, o que levou o Comissário Quim Ribeiro (agora caído em desgraça) a reconhecer que o caso tinha sido um mau momento para a polícia. Muito mau mesmo. Se este caso foi encerrado, há, contudo, muitos outros homícidios que estão por esclarecer que têm claramente a mão de uma criminalidade (modus operandi) dificil de enquadrar na actuação "normal" da nossa delinquência, por mais violenta que ela se apresente. Em relação à outra parte mais selectiva/secreta deste agressivo desdobramento muito poucos saberão dos seus verdadeiros contornos e motivações, onde as políticas não deixam de estar presentes ao lado das mais económicas e que têm a ver com uma intensa febre que anda por aí chamada enriquecimento ilícito. Com o inquérito instaurado a Quim Ribeiro surge agora uma tímida possibilidade de se fazer alguma luz sobre os bastidores deste tipo de crime altamente organizado e protegido que ameaça destruir os pilares frágeis do incipiente edifício democrático que estamos a erguer.

domingo, 14 de novembro de 2010

Celebrações, exclusões e cortes

[ Ponto prévio:Após quatro semanas de ausência regressei este domingo ao Semana em Actualidade tendo do outro lado da "barricada" o Norberto Garcia (NG), um cidadão que muito aprecio e que se tem destacado entre os "fazedores de opinião" deste país que têm acesso regular aos médias. NG é dos poucos representantes da sua sensibilidade político-partidária que melhor tem correspondido ao espírito do debate público, o que só o enobrece e fala bem da sua condição de cidadão. Não foi certamente o melhor regresso, pois uma arreliadora falha impediu que o programa chegasse ao seu fim, tendo o brutal corte ocorrido mais ou menos a meio da emissão, sem que fosse dada qualquer explicação aos telespectadores. Já recebi, entretanto, de um fonte afecta ao novo Conselho de Administração da TPA, garantias de que serão apuradas as causas do incidente com o compromisso de se tornar pública uma nota de esclarecimento. A mesma fonte garantiu-nos igualmente que não houve qualquer interferência extra TPA na origem do sucedido.] Em relação ao tema que aqueceu o debate deste domingo no SA, as celebrações dos 35 anos da nossa Dipanda, fiz questão de manifestar o meu desapontamento pela sua partidarização, tendo deste modo o país político desperdiçado em Luanda uma soberana oportunidade de exibir uma outra imagem mais próxima da sua diversificada realidade histórica e política. Depois de se ter desencadeado o processo (via MAT/Bornito de Sousa) que deveria culminar com a entrega da medalha dos 35 anos a todos quantos deram o seu contributo, independentemente da camisola que envergaram durante a luta contra a colonização, na cerimónia da outorga JES apenas distribuiu os distintivos aos seus camaradas, "esquecendo-se" de todos os outros. Para além de terem sido pedidos os CVs aos antigos combatentes da FNLA e da UNITA e dos mesmos terem sido entregues, pouco mais sabemos sobre o que se passou até ao dia da cerimónia, com o resultado que já se conhece e que foi objecto da nossa crítica no Semana em Actualidade com as atenções voltadas para o MPLA e para a sua permanente "recusa estratégica" em ultrapassar a retórica do seu discurso bem intencionado. De facto sente-se que a prática institucional tem-se estado a afastar cada vez mais do discurso politicamente correcto, o que é visível a vários níveis do relacionamento do poder com a sociedade política e com a sociedade civil, sem falarmos já do comportamento musculado das autoridades policiais sempre que são confrontadas com alguma manifestação não controlada pelo MPLA. Claramente, a exclusão registada não foi em nosso entender a melhor solução, por mais que nos tentem convencer do contrário, como foi o que o NG tentou fazer no decorrer do interrompido debate. O maior ganho destes 35 anos da Dipanda, reforçados com os 8 sem tiros, deveria ser um país mais reconciliado (embora nunca tenha havido conciliação, como diria o falecido Holden Roberto), com os angolanos mais próximos uns dos outros, mais tolerantes, mais solidários, menos egoístas, menos gananciosos, menos trungungueiros, mais nós mesmos, dispostos a levantar a mesma bandeira e a cantar o mesmo hino, mantendo e reforçando mesmo, todas as salutares divergências políticas próprias da competitiva democracia multipartidária que estamos a (tentar) edificar. É possível e desejável esta coabitação, esta coexistência, sem a qual tudo não passará de um simulacro. Lamentavelmente a festa dos 35 anos da Dipanda não exibiu este país, pelo menos na capital.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Parapoetizando Manguxi

Quando voltei a Luanda a minha eterna e pacata Vila-Alice tinha quase desaparecido engolida por um monumental engarrafamento, que nem sequer me deixava tirar o carro da garagem
Regressei no momento exacto para avisar a amiga Chiquinha (do GPL) que isto está muito mau, com a agravante de poder ficar ainda pior ao abrigo das leis de Murphi
(aliás pensei que já nem a ia encontrar no doce cargo, tendo a propósito recordado o que em tempos disse o seu "hómologo" BB ainda no tempo do Job: Luanda é um cemitério de quadros)
Não percebi bem se o riso das crianças tinha desaparecido, mas desconfio que elas acham cada vez menos graça a esta cidade madrasta (sobretudo os betinhos quando passam horas e horas nos autocarros escolares)
Quando eu voltei a semana passada
qualquer coisa de muito estranho me dizia que a circulação rodoviária em Luanda (mesmo com a proibição das ditas sucatas) começa a não ter solução, podendo a qualquer momento paralizar a cidade por completo
Quando eu voltei
Tudo e todos (como sempre) discutiam em voz bem alta estes e outros problemas, sem que niguém me convecesse da justeza das suas soluções
PS- Esta "parapoetização" foi inspirada no "Içar da Bandeira", um poema que AN dedicou aos "Hérois do povo angolano".
Os novos hérois somos agora todos nós pela nossa extraodinária capacidade de enfrentarmos todos os dias com a maior das coragens o engarrafamento que já é nesta altura o maior inimigo de Luanda e dos seus milhões de habitantes.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Curto-circuito no relacionamento entre Luanda e Washington

Pelos vistos, não está nada fácil a resolução da maka dos 50 milhões de dólares do BNA, que é o montante de uma milionária transferência para os EUA que desde 2002 tem vindo a ser sucessivamente bloqueada pelas autoridades norte-americanas.
A última tentativa de fazer chegar o referido montante aos EUA passou pela conta da embaixada angolana em Washington, o que também parece não ter resultado diante do novo bloqueio imposto pelo Departamento de Tesouro.
As informações mais recentes sobre o dossier dão-nos conta de uma aparente subida de tom no relacionamento diplomático entre as duas capitais, com o Ministro das Relações Exteriores a convocar o encarregado de negócios norte-americano em Luanda a fim de lhe pedir explicações oficiais sobre o que se está a passar em terras do Tio Sam com os 50 milhões de dólares.
Para já pouco mais se sabe, uma vez que o encarregado convocado não estava em condições de esclarecer as autoridades angolanas sobre o ponto da situação do milionário dossier.
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1 comentários: Baia-Azul disse... Há uma questão que é fundamental dominar nesta área dos mercados financeiros e das transferências financeiras oficiais; a questão não está no volume de dinheiro a transferir, mas no destino que é dado a este dinheiro. Estou ligado ao mercado financeiro e todos os dias existem estas chamadas "wire transference" ou "cable transference" e enganam-se os que pensam que uma vez transferido, o dinheiro pode ser usado como a gente quer. Não é bem assim. Por isso é que é fundamental usar o dinheiro electrônico, os pagamentos feitos em "money orders", cheques e outros instrumentos que permitem identificar os beneficiários e o tipo de pagamentos contra os serviços que são prestados. Quando isso acontece até se podem efectuar outras tantas transferências de 50 milhões de dólares. Mas este dinheiro é usado, por exemplo, para alimentar vaidades, pagamentos duvidosos e a entidades obscuras que não o justificam então nem que a transferência fôr de 300 mil dólares é imediatamente bloqueada. Para perceber como funcionam estas instituições onde existe uma sensibilidade aos factores de corrupção precisamos perceber as suas leis e as ligações com o mercado. Só o facto de sermos um estado soberano e independente não nos dá o direito de fazermos transferências ausentes da essência de "good faith" para outro país. 10 de Novembro de 2010 01:38

Os novos conselhos de administração

A pedido de várias famílias aqui vão as primeiras notas (breves) sobre a nomeação dos primeiros conselhos de administração dos órgãos governamentais da comunicação social com a esperança de que eles se transformem rapidamente em órgãos públicos, o que muito dificilmente acontecerá neste país, pelo menos de acordo com a concepção que temos deste tipo de perfil editorial.
Mas como a esperança é a última a morrer...
De uma forma geral a composição dos novos CAs não alimenta grandes expectativas em relação à mudança desejada por todos aqueles que não comungam das ideias do partido que está no poder e que se têm reflectido profundamente na forma muito pouco isenta e imparcial como a média governamental tem conduzido a sua intervenção, sobretudo quando a temperatura política aumenta.
Acreditamos piamente que também serão muitas as pessoas afectas à sensibilidade do maioritário que não acharam muita piada a algumas das escolhas, sobretudo ao nível dos "reconduzidos". Estamos a falar daqueles que tiveram responsabilidades de topo na gestão anterior, que como sabemos foi bastante desastrosa do ponto de vista administrativo. O destaque vai para a Rádio e a Televisão.
Constata-se que houve assim apostas em determinadas cartas que, por razões óbvias (por estarem demasiado viciadas), já não deveriam figurar neste "novo" baralho, mesmo com todas as limitações que qualquer exercício de renovação implica nas condições concretas de Angola. Houve de facto muito pouca ambição nesta movimentação, depois de tantas e tão prolongadas consultas de bastidores.
O único "paraquedista" que acabou por fazer a sua entrada no sector, foi o PCA da TPA, um jovem com quem temos um relacionamento pessoal bastante cordial, o que não é, entretanto, suficiente para dizer muito mais em relação ao que será o seu desempenho, no âmbito das expectativas relacionadas com uma maior abertura política e social da televisão estatal.
Só nos resta dar-lhe o benefício da dúvida e o habitual período de graça, antes de nos voltarmos a pronunciar sobre o seu desempenho.
Sinceramente gostamos de ver o Ernesto Bartolomeu fazer parte deste primeiro CA da TPA, um verdadeiro balde de água fria e quente para muita gente daquela estação, mas não só. O Ernesto tem potencial para, nos limites sempre apertados da navegação que é permitida pelo Big Brother, introduzir algum ar fresco na programação do canal estatal.
A referência que já é de algum modo polémica nesta movimentação foi a nomeação de Victor Aleixo (TPA), Victor Silva (JA) e José Patrício (RNA) para os novos CAs, como administradores não executivos.
Chamou particularmente a nossa atenção o caso de Victor Silva pois ele está ligado e dirige projecto Novo Jornal afecto a New Média SA (que agora mudou de patrão) desde a sua fundação há cerca de três anos. O Victor Aleixo está na mesma situação pois lideram igualmente um projecto editorial privado.
É pois com alguma expectativa que vamos acompanhar estes dois "dossiers", pois ainda não se sabe se eles vão acumular ou se irão optar, considerando a existência de um potencial conflito de interesses entre o público e o privado.
Curiosamente o Novo Jornal manifestou-se bastante crítico em relação à composição dos novos CAs, "esquecendo-se", entretanto, que o seu Director era uma das "gorduras" verberadas na nota negativa que o semanário dedicou ao assunto.
[A recente nomeação dos conselhos de administração para os media públicos mostrou que isto de cortar na despesa para equilibrar as contas do Estado não faz parte das preocupações do EXECUTIVO. Se existiu o mérito de boa parte dos nomeados serem quadros com longa carreira no sector e nas respectivas empresas, já o número de administradores executivos (sete) na TPA, RNA, ANGOP e Edições Novembro, esta detentora do Jornal de Angola, é um exagero. Para além da subida nos custos em salários e regalias, há ainda que nomear novos directores para cobrir as vagas deixadas por alguns dos promovidos. Tudo isto deixa no ar que o mais importante é acomodar pessoas- In Novo Jornal (5/Nov/2o10)]
Lamentavelmente continuamos sem saber qual será o novo modelo de gestão editorial da média estatal que é a nossa grande preocupação, tendo em conta o compromisso constitucional que o Estado assumiu ao assegurar "a existência e o funcionamento independente e qualitativamente competitivo de um serviço público de rádio e televisão".
Não há informação disponível pois continuam ser ser publicados os novos estatutos dos órgãos.
Voltaremos ao assunto.
(cont)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Limpeza étnica" no Interior?

Carlos Burity (ex-Director do Gabinete de Estudos e Análise do Min.Int) Eugénio Laborinho (ex-Comandante Geral dos Bombeiros)
Quim Ribeiro (quase ex-Comandante Provincial de Luanda)
Eduardo Cerqueira (ex-DG da DNIC)
Dinho Martins (ex-Vice do Interior/SME)
Ngongo (ex-Ministro do Interior) *******************************************************
Eu sou muito céptico.
Não acredito na maior parte das coisas que não têm os pés bem assentes nesta terra que nos há-de engolir um dia destes.
Sou, nomeadamente, das pessoas que não acreditam em bruxas, "pero que las hay, las hay".
Humor à parte, achei interessante destacar esta "colagem", sem outras deduções, nem conclusões, o que seria excessivo, apenas diante de algumas "evidências".
Com todo o humor que também faço questão de introduzir nas minhas "alfinetadas", sempre que possível, lembrei-me dos bons tempos de um conhecido semanário luandense quando afirmou, a propósito já não me recordo bem de quê, que o poder em Angola estava a escurecer.
Se o autor da referida conclusão ainda estiver no activo, talvez escreva agora que houve um verdadeiro eclipse do sol ali pelas bandas da marginal, bem perto da Igreja da Nazaré.
PS-"Ao usar uma dada palavra numa frase ou num discurso mais ou menos elaborado, nem sempre o contexto em que a palavra surge nos permite saber qual dos sentidos deve ser activado, ou seja, considerado certo para que a mensagem seja eficaz. É neste contexto que surgem as aspas, que dizem ao leitor para não fazer uma leitura neutra do texto que tem à frente. Muitas vezes, mesmo em discursos orais, fazemos o gesto das aspas, tentando com esse gesto dizer aos nossos interlocutores que na palavra em colocamos as tais aspas “há gato”, ou seja, não deve ser lida de forma neutra.Esse recurso às aspas não conduz, necessariamente, a uma interpretação negativa, mas é, com certeza, indicador de um sentido figurado, não literal, nem neutro. Edite Prada :: 12/10/2010"
In Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Com a mesma mania de sempre

O morrodamaianga volta a funcionar a partir de hoje com a normalidade que o tem caracterizado, após algumas semanas de "intermitência", como resultado da ausência do seu gestor do país, na sequência da "extradição" que foi objecto a seu pedido, depois de ter praticado alguns "crimes de lesa-pátria", como o de pensar pela sua própria cabeça e de habitualmente dizer e escrever o que realmente pensa, o que também não tem contribuído muito para a melhoria da sua posição em alguns conhecidos rankings domésticos.
É a tal "mania" de ser apenas angolano (sem outros títulos) e de se pensar que já vivemos num país livre e democrático.
É com esta mesma "mania" que o morro volta ao vosso convívio, agradecendo uma vez mais todas as críticas mais ou menos elogiosas, mais ou menos furibundas, que nos foram endereçadas, por termos gozado umas férias longe da banda, o que raramente acontece.
Como já se previa, neste regresso não haverá outras consequências políticas mais drásticas, do tipo daquelas que estão a ter lugar no Ministério do Interior, onde o regresso de "D.Sebastião" já produziu uma verdadeira "limpeza étnica" nos quadros superiores do sector mais vigilante do país, embora os resultados de tal vigia continuem a deixar muito a desejar, com a criminalidade violenta sempre a subir e a do colarinho branco a rir-se na nossa cara, apesar de alguns pequenos dissabores que tem estado a conhecer nos últimos tempos, depois de uma tal de "tolerância zero" ter sido decretada pelo Presidente que acabou por se esquecer dela no Estado da Nação, que teve de facto algumas clamorosas omissões díficeis de deixar passar em branco.
A do colarinho branco que aqui se persegue é aquela que tem a ver, sobretudo, com o "garimpo" dos recursos públicos praticada aos mais diversos níveis (do topo a base) e com os mais distintos esquema pelos gestores políticos e administrativos do OGE, calculando-se que, como resultado de tal "drenagem", mais de metade dos recursos financeiros disponíveis acabe por ficar no bolsos de "muito boa gente".
Fazer face e combater este "garimpo", é um dos desafios mais complicados que o país continua a ter pela frente, pela simples razão que o mesmo acaba por ter uma cobertura muito complexa que tem a ver com a essência e não apenas com a ponta vísivel do enorme iceberg chamado Angola.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Obrigado a todos pela atenção que dedicam ao morro

7 comentários: Gil Gonçalves disse... Restaurante Morro da Maianga com nova ementa e novo chefe? Recordo-me que o jornalista Orlando de Castro diz sempre: só se é jornalista 24 sobre 24 horas. 29 de Outubro de 2010 19:17 Assídua disse... O WD quer que o morro vire planice por acaso????Hihihihhhihihi..."Não deixe o morro morrer, não deixe o morro acabar, o morro foi feito de"...não sei. Ok até sei de "post's", mesmo meio "post's" não está mal. Boas férias. 30 de Outubro de 2010 22:10 Mó Sanda disse... Gosto muito do seu blog kota, sou mobilia da casa,ehehee. 31 de Outubro de 2010 17:23 Anónimo disse... Nem mesmo as nomeações dos Conselhos de Administração das EP de comunicação social o fazem tecer algumas linhas neste espaço!!! Isto é que são umas férias... O pior é que existem poucas alternativas, i.e., poucos blogues em angola e feito por angolanos, onde podemos comentar os nossos assuntos correntes. Esse dia 5 ta demorado, ya!!! Ufff 1 de Novembro de 2010 00:18 Anónimo disse... Para a próxima peça autorização para entrar de férias. Você é património nacional. Já deixou de ser património pessoal. Então... E ficamos esse tempo todo a aturar o silêncio. Sinceramente!... É como diria o outro, o tal das facadas: "É mbandalho". Estou contigo volta já a escrever yá? Faz favor... 1 de Novembro de 2010 10:12 candido disse... Passo por aqui com regularidade e, independente da linha iditorial, o nivel da comunicação e a apresentação, estão fora da regra dos blogs de Angola. Força 1 de Novembro de 2010 22:28 Gil Gonçalves disse... Está na lua de mel, está bem melado, bem envolvido, bem paramentado, afastado, cansado deste mundo ao qual deu tudo e nada recebe em troca. Ele sabe que é o melhor jornalista angolano e então utiliza isso como força de expressão. ACABA JÁ COM as férias e regressa em força ao trabalho, porque a Pátria necessita de ti!!! 2 de Novembro de 2010 16:00