quarta-feira, 17 de novembro de 2010
A superioridade do CNCS, os foguetes do JA e o exemplo do Sr. Fufuta
Finalmente o Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS) conseguiu arrancar do Director do Jornal de Angola, José Ribeiro (JR), uma referência menos negativa. A grande responsável por esta proeza foi a passagem da mais recente deliberação genérica do CNCS, onde o oficioso matutino é saudado pelo "pluralismo e presença mais constante da informação regional actualizada".
Com esta saudação e depois de toda a guerrilha que foi movida nas colunas de opinião do JA contra a instituição, o CNCS demonstrou toda a sua superioridade, deixando claro que não confunde a postura menos adequada/correcta do seu Director com o projecto JA.
De imediato JR sacou do seu computador e dedicou ao CNCS as seguintes palavras, entre as muitas que preencheram o texto intitulado "Um país gigante e um povo feliz" (sic), dado à estampa no último fim-de-semana na sua coluna:
"O Conselho Nacional da Comunicação Social reconheceu que a nossa informação é pluralista e dedicamos amplos espaços à informação regional. É tudo verdade e ficamos satisfeitos que essa verdade tenha sido reconhecida publicamente."
Pessoalmente não subscreveria nunca uma tal apreciação, pois acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Misturar pluralismo com aumento dos espaços dedicados à informação regional é no mínimo um grande equívoco do ponto de vista da análise de conteúdos.
O JA até se poderia transformar num jornal das regiões, mantendo uma postura editorial monolítica e exclusivista, que é de facto o que se passa com o seu desempenho de uma forma geral.
Os poucos "progressos" que em matéria de abertura, diversificação e abrangência (pluralismo) o JA por vezes exibe, são sempre o resultado de pressões externas num dado momento, sendo por conseguinte considerados pelos analistas como "manobras tácticas" e pouco mais, enquanto não se volta à primeira forma.
Coincidentemente, na mesma sessão o CNCS aprovou uma outra deliberação resultante de uma queixa apresentada pelo Presidente da Associação de Desenvolvimento da Baixa do Cassanje (ADBC), Lando Fufuta, contra o Jornal de Angola, a Rádio Nacional e a Televisão Pública, por estes três órgãos se terem recusado a dar qualquer tipo de cobertura a uma iniciativa de inegável interesse público da referida agremiação.
Embora, como já tinha acontecido em Maio do ano passado diante de uma idêntica queixa da ADBC, o Conselho não tenha considerado procedente a petição subscrita por Lando Fufuta, a oportunidade foi aproveitada para uma vez mais se chamar a atenção do JA e dos seus pares para o carácter contumaz da sua acção.
"O Conselho Nacional de Comunicação Social delibera não pronunciar-se sobre a queixa por não caber nas suas atribuições e competências legais, embora considere que, sendo de inquestionável interesse público e social, as actividades programadas pela ADBC, mereciam, pelo menos, a divulgação de breves notas informativas." (www.cncs-angola.blogspot.com)
De recordar que na deliberação do ano passado o CNCS recomendou "aos órgãos de comunicação social que tenham em devida conta, à luz das obrigações legais, o dever de ouvir todas as sensibilidades e sectores da nossa sociedade sempre que em causa estiver a salvaguarda do interesse público.”
O grande problema é que a ADBC do sr. Lando Fufuta não faz parte da sociedade civil controlada políticamente pelo sistema. Por isso é que ela é sistematicamente boicotada pelo "pluralista" Jornal de Angola.
Como é evidente esta reflexão não coube na última "Palavra do Director" dedicada a "Um país gigante e um povo feliz". Que país será este?
Pudera, não dava para estragar tanta felicidade...
Uma vez mais gostaríamos de elogiar aqui o notável exemplo de persitência do Sr. Lando Fufuta, recordando para o efeito o que a seu respeito escrevémos o ano passado.
Aparentemente derrotado, apenas por razões técnicas, o Sr. Fufuta acaba por ser um exemplo que importa seguir e destacar.
Com o Sr. Fufuta aprendemos uma vez mais que neste país, calados, para além de não mamarmos, também não vamos a sítio nenhum e muito menos contribuímos para que os poderes públicos se democratizem.
A democratização da média estatal continua a ser um grande objectivo em Angola que ainda está muito longe de ter sido alcançado e que às vezes, até parece que se está a distanciar a grande velocidade, quanto mais nos aproximamos dele.
Dá para entender?
Em Angola dá!