quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Informação Plural: A grande ausente
"INFORMAÇÃO PLURAL-GESTÃO RIGOROSA
AO SERVIÇO DA CIDADANIA"
Começo por elogiar vivamente o lema deste 6º Conselho Consultivo do Ministério da Comunicação Social. Penso que é o primeiro da era Cerqueira. De facto a escolha não podia ser mais acertada, tendo em conta os desafios do momento. Gostaria, contudo, que a opção reflectida no lema fosse de facto estratégica e não fizesse apenas parte da retórica a que já estamos habituados. Receio, porém, que este conflito entre a estratégia e a retórica venha, uma vez mais, a ser ganho pela segunda, para não variar.
Com efeito, tenho muitas dúvidas em relação à consistência do entendimento que o encontro venha a fazer do conceito pluralismo aplicado à comunicação social e muito em particular à sua produção mais jornalística.
Uma "Informação Plural" feita com várias vozes, de preferência dissonantes, é exactamente aquilo que os orgãos governamentais da comunicação social não têm como estratégia editorial, por isso é que tardam em assumir integralmente as suas responsabilidades públicas.
Grosso modo limitam as suas abordagens diárias (nos principais noticiários) à divulgação dos pontos de vista oficiais sobre as grandes questões nacionais, sejam elas políticas, sócio-económicas ou culturais. A excepção aqui vai para o desporto.
O debate contraditório quando surge está reservado a espaços próprios, como acontece na RNA com o seu ressuscitado "Tendência e Debates", tendo praticamente desaparecido da TPA, com a pálida excepção do "Semana em Actualidade".
Do ponto de vista do pluralismo, as colunas de opinião do Jornal de Angola ainda são mais decepcionantes, sendo últimamente preenchidas sobretudo com o recurso a artigos de autores estrangeiros, para além dos seus directores.
A "Informação Plural" tem que acontecer normalmente ao ritmo da própria actualidade, com o envolvimento de todos os protagonistas e não apenas de alguns, que por sinal, no nosso caso, são sempre os mesmos.
Qualquer democracia tem poder, tem oposição, tem sociedade civil e tem muito mais, tem cidadãos que pensam pela sua própria cabeça e que têm direito a manifestar a sua opinião na imprensa.
A nossa democracia, pelo menos aquela que passa na comunicação parece que só tem governo e mais governo. Agora mudou um bocado. Agora tem Executivo e mais Executivo, com todo o destaque para o titular único do Poder Executivo.
Espero pois que do Huambo os novos/velhos gestores da comunicação social estatal regressem a Luanda mais arejados e munidos com um conceito prático de "Informação Plural" que tenha a ver com tudo aquilo que aqui dissemos e tudo mais que já está escrito em milhares de ensaios sobre esta matéria.
O debate está aberto, se tiverem uma outra ideia deste conceito.