terça-feira, 23 de novembro de 2010

Na hora do adeus!

Há dois anos, em 2008, quando a Governadora Francisa do Espirito Santo foi nomeada para o GPL escrevi-lhe uma carta-aberta, no mês de Abril.
Não obtive qualquer resposta.
Antes de mais e enquanto penso na melhor forma de me despedir dela (estou a pensar em dedicar-lhe uma oração na hora do adeus) gostaria aqui de recordar uma parte dessa missiva, que pode igualmente ser lida (caso seja do seu interesse) pelo seu sucessor que é proveniente das chamadas terras do fim do mundo.
(...)
A nova governadora pode e vai certamente emprestar esta sua condição feminina, naturalmente com o propósito de contribuir com uma outra dinâmica para a resolução dos graves problemas sociais que infernizam a vida dos luandenses. Desde logo esta contribuição pode ser visível na humanização da governação e na relação das autoridades com as populações que tem estado a conhecer contornos muito violentos, o que não tem nada a ver com o combate à criminalidade. Poderá ser igualmente visível na moralização e na transparência da gestão, numa altura em que o crédito dos funcionários provinciais e municipais (da base ao topo) não tem parado de descer na escala da nossa consideração e respeito. Ao mesmo tempo, têm aumentado os valores monetários que os cidadãos gastam para resolver qualquer problema, por mais insignificante que seja, junto das repartições do GPL, por força da “lei da gasosa”. Esta tendência poderia ser invertida rapidamente com a varinha mágica dos salários, mais de acordo com o actual custo de vida, que não tem parado de subir por mais controlada que a inflação possa estar nas estatísticas oficiais. A sua contribuição como mulher poderá ainda sentir-se na gestão dos espaços públicos e comunitários impedindo que a ofensiva do especulativo sector imobiliário ocupe com a sua selva de betão todos os terrenos localizados no casco urbano e suburbano que ainda estão disponíveis. Os espaços onde sempre funcionaram jardins públicos e zonas verdes não podem ser transformados em salões de festa privados. É inaceitável e ilegal esta apropriação. A cidade tem de respirar.
Os seus habitantes têm de usufruir do espaço público. Com todas as limitações e pressões que sabemos existirem, a Governadora pode resistir um pouco mais do que os seus predecessores. É um dos seus grandes desafios.
(...)
Depois do que se passou nestes últimos dois anos, sobretudo ao nível da DESENFREADA CORRUPÇÃO que grassa pelo GPL e as suas administrações municipais e comunais, e de ter voltado a passar os olhos por esta singela passagem, uma verdadeira súplica, compreendo que a Governadora nunca poderia ter respondido a minha carta-aberta, porque de facto não a leu mesmo.
Está "desculpada".