segunda-feira, 22 de novembro de 2010
A especulação jornalística e o capital de prestígio
Depois de este fim-de-semana ter voltado a ser "nomeado" pelo Semanário Angolense (SA), Júlio Bessa (JB) vai, finalmente, poder descansar das atenções da média, numa altura em que acaba de fazer a sua entrada no respeitável clube dos cinquentões.
Parabéns e muito bem-vindo!
Com efeito, JB foi um dos nomes, no âmbito da especulação (um novo género do nosso jornalismo), que mais esteve na berra nos últimos tempos, tendo, de algum modo, o SA liderado esta "campanha" em relação ao seu futuro, como se o nóvel parlamentar fosse mais um angustiado desempregado deste país ou estivesse a movimentar-se freneticamente nos bastidores da famosa lista de espera dos "tachos" e "tachinhos", onde agora estão incluídos os cargos de administradores não-executivos das empresas públicas.
De facto para quem esta nesta "guerrilha", as "encomendas" na imprensa costumam ter alguma utilidade.
Definitivamente este não é o caso de JB.
Os pormenores da matéria que o SA publicou este sábado, dando como mais do que certa a sua ida para o GPL, são, no mínimo, preocupantes para quem ainda acha que o jornalismo, por princípio, não tem nada a ver a especulação e muito menos com a ficção, embora os dois elementos sejam seus companheiros de jornada, numa luta permanente entre rivais para ver quem é que domina melhor e lidera o espaço mediático.
Quem pensa o contrário, certamente se terá deliciado com o "artigo" do semanário, onde até funcionários do GPL foram auscultados pelo SA em relação ao seu futuro novo patrão.
Como sempre e para não variar, todas as fontes citadas na peça são anónimas, o que é uma das características mais sólidas do género especulativo que povoa o nosso jornalismo com uma tendência claramente expansionista, a traduzir outros bloqueios, sobretudo a nível institucional, que de forma alguma o podem justificar e muito menos legitimar.
Em muitas das intervenções do género especulativo na imprensa angolana, sente-se que na sua origem está mais a lei do menor esforço e alguma dose (qb) de irresponsabilidade editorial, do que propriamente as dificuldades de acesso às fontes que de facto existem, são mais do que muitas e têm provocado bastantes estragos.
O caso de JB é paradigmático desta realidade.
Sendo uma pessoa fácilmente contactável, em nenhum momento ele foi tido ou achado.
Em praticamente todas as histórias publicadas sobre a sua eventual nomeação para este ou aquele cargo, ele acabou por ser o grande ausente.
Seja como for e já como nota positiva, com todas estas atenções, o antigo ministro das finanças acabou por testar a sua popularidade, pelo menos ao nível da imprensa, onde o seu capital de prestígio e de simpatia continua a estar bastante alto, o que é muito bom para o seu presente e futuro, passados que são já alguns anos desde que foi surpreendentemente afastado da Mutamba no início de uma promissora caminhada reformadora, que acabou por ser percorrida pelo seu sucessor.
Coisas da banda e das intrigas palacianas...