Os livros em causa, que têm uma autoria colectiva,
na pessoa dos investigadores do Centro de Estudos e Investigação Científica
(CEIC) da Universidade Católica de Angola, são o "Relatório Económico de
Angola 2012" e o "Relatório Social de Angola 2012".
Há de facto nestes dois relatórios muito saber/informação
concentrado e actualizado todos os anos, numa aposta teimosa dos nossos
"brains" que já se renova há vários anos e que já são muitos para a
nossa realidade.
Com todas as limitações que os dois relatórios
possam ter, é nossa convicção, tendo em conta a independência da instituição
que os produz e o perfil dos seus autores, que os mesmos nos aproximam muito
mais do país real, se comparados com outras abordagens mais oficiais a que
vamos tendo acesso sobre as mesmas temáticas.
Uma vez mais aqui estamos a elogiar o trabalho do
CEIC por ocasião de mais um lançamento dos seus dois principais produtos
anuais, o que fazemos com todo o gosto, como se de um ritual se tratasse.
Estamos de facto diante de uma Angola no seu melhor, que é esta oportunidade de
saber como somos, como estamos e para onde vamos. É de facto uma oportunidade
soberana para termos um outro conhecimento da nossa realidade sem máscaras, sem
jogos de espelhos nem manipulações dos
factos/estatísticas com o propósito de se conseguirem mais alguns dividendos políticos
ou se evitarem algumas amolgadelas na imagem que estamos a tentar vender para o
interior e para o exterior.
E a que preço por vezes, a ter conta os milhões e
milhões que se gastam com o marketing institucional dentro e fora do país e que
bem podiam ser empregues num outro de investimento mais duradouro com a satisfação
de necessidades mais estruturantes e urgentes, como é nomeadamente a produção
do saber.
Estes dois relatórios ainda são uma gota de
água no oceano de um país onde as universidades estão mais preocupadas em
vender diplomas e os alunos mais interessados em melhorar rapidamente e a
qualquer preço o seu CV a pensar no mercado de trabalho.
Quem leva o saber mais a sério e não se contenta
com pouco ou com o que lhe dão e quando lhe dão, tem de concluir que a oferta
das universidades no domínio da investigação científica é manifestamente insuficiente
e não corresponde minimamente ao número de estabelecimentos do ensino superior
que já temos a funcionar no país para além dos públicos.
Alguém disse e muito bem, acho que foi um
brasileiro, que um país faz-se com homens e com livros, mas eu desconfio que a
maior parte dos homens lê cada vez menos.
Daí o mau estado de saúde em que se encontram os
países, com o agravamento das crises periódicas e permanentes e com as
manifestações de protesto cada vez mais violentas a tomarem conta das praças
das grandes e pequenas cidades.
Assim sendo e ao que parece, os livros estão cada
vez mais ausentes da vida dos homens e dos países.
Mas o problema não é bem dos livros porque eles
continuam a ser editados, sendo prova disso a oferta que todos encontramos nas
livrarias sempre abarrotadas.
O problema é que poucos compram e quando os adquirem também não os consomem como deve ser.
O problema é que poucos compram e quando os adquirem também não os consomem como deve ser.
A famosa frase do brasileiro devia pois ser
reformulada urgentemente
A partir de agora os países já não se fazem mais
com homens e com livros.
Os países vão passar a fazer-se com homens que leem
os livros todos, do principio ao fim.
Muito dificilmente os dois livros que inspiraram
esta crónica sobre o saber, atingirão algum dia a prateleira dos "best
sellers", sobretudo em Angola, onde praticamente já ninguém lê mais do que
cinco páginas seguidas sem fotografias, com todas as honrosas excepções que cada um de nós conhecerá à sua volta.
Em termos de eficácia, alguém descobriu que para
se ser lido efectivamente, agora é melhor escrever no facebook pequenos textos
do que estar preocupado em produzir grandes books seja sobre o que for.
A ser comprovadamente verdadeira e suficientemente
abrangente esta conclusão, o caminho a seguir está à vista, sendo a sua
execução bastante simples.
Seria uma forma de introduzirmos mais os livros na
vida dos homens e dos países.