quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O estranho rumo dado a uma opinião...


Em Julho último fui contactado por alguém da Revista Rumo solicitando-me que escrevesse um texto pequeno sobre as minhas expectativas em relação ao que seria desejável em matéria de resultados eleitorais.
Acedi ao pedido, depois de ter manifestado alguma relutância pois sei que estes novos projectos têm bastantes dificuldades em gerir a sua própria liberdade editorial, com os receios políticos do costume.
Estes receios são em parte explicados pelas relações dos seus proprietários (investidores) com o poder político local.
Efectivamente são projectos que às vezes me parecem ser mais de natureza promocional do que propriamente jornalísticos.
O interesse da pessoa que me contactou, por sinal um jovem jornalista com quem simpatizo, era tão grande que até mandou um fotógrafo à minha casa para me tirar uma pic com a qualidade necessária para ilustrar a minha opinião.
Tudo até agora correu muito bem, menos uma coisa, pois o tal texto que eu escrevi acabou por não ser publicado e o jornalista que me andou a chatear este tempo todo não sabe o que me dizer.
Para que o texto não fique apenas no caixote de lixo do censor da Revista Rumo, decidi publicá-lo aqui, apesar de já ter perdido em grande parte a sua oportunidade.
=====================
"Sou das pessoas que acreditam que Angola precisa de um xadrez politico-partidário mais equilibrado do ponto de vista da sua geografia eleitoral como condição imprescindível para o país resolver melhor, isto é, de forma mais sustentável os seus grandes desafios políticos e sócio-económicos.
Tal como 1992 e 2008, a minha expectativa mantém-se a mesma, pois até agora as duas maiorias absolutas alcançadas não foram as melhores conselheiras em termos de desenvolvimento.
Do ponto de vista político acho que o país continua a ter um défice democrático muito considerável que só uma distribuição mais equilibrada dos votos entre vencidos e vencedores poderá ajudar a cobrir com evidentes benefícios para o interesse nacional.
Acredito que o país saberá distribuir muito melhor o seu crescimento, graças ao “Santo Ouro Negro”, se quem for escolhido para nos governar a 31 de Agosto, seja quem for, tiver que negociar, for obrigado a fazer compromissos, o que até agora não tem acontecido."

Julho 2012
Texto solicitado (mas não publicado) pela Revista Rumo
=================