Honestamente acredito que o futuro político de Angola, tendo em vista a salvaguarda de todos os interesses que coabitam no nosso extenso e diversificado quadrado geográfico, estará melhor servido por um cenário de equilíbrio partidário, mesmo que ele repouse numa Assembleia Legislativa claramente bipolarizada.
Nos seus mais de trinta anos de independência Angola viveu sempre em regime político controlado por apenas uma força política, mesmo com todas as nuances cosméticas que se conhecem da Segunda República com o seu patético GURN.
Penso que é altura dos angolanos experimentarem um regime mais aberto do ponto de vista do compromisso efectivo e do diálogo político consistente entre os seus protagonistas que não permita que nenhum dos partidos possa sozinho tomar as grandes decisões nacionais.
Esta necessidade faz todo o sentido num país que em abono da verdade ainda não se democratizou de um ponto de vista mais estrutural e mesmo psicológico o que é extensivo tanto às instituições como às pessoas.
Entre nós sei que os adeptos do regime de maioria absoluta são mais do que muitos, a maior parte dos quais, será mais por opção epidérmica (emocional) do que racional, se me permitirem meter esta foice em seara alheia.
Alguns destes defensores acham que só é possível governar com eficácia, sem ter que depender do consenso com as restantes forças políticas.Acredito que é muito mais fácil governar assim. Mas é também mais fácil desgovernar e cometer toda a sorte de atropelos a lei e de abusos do poder, “produtos” que são bem conhecidos dos angolanos