Pela primeira vez o mais alto magistrado do país vai ao parlamento falar da Nação com a obrigação ética, política e jurídica de informar o país sobre o seu Estado real.
É de facto um momento de grande introspecção, frontalidade e abrangência, que deveria dispensar a propaganda, o subterfúgio e as habituais tervergisações do discurso político de ocasião.
Desta vez era bom que não nos preocupassemos muito com a imagem, com o verniz, com o batôn e com o rimel.
Era bom que, olhos nos olhos, falassemos apenas de um país real chamado Angola e não de outro qualquer parecido com este.
Será assim a partir de agora, todos os anos, na abertura do ano parlamentar, pelo que o 15 de Outubro já é mais uma data que terá necessariamente de figurar no calendário das grandes obrigações da classe política em relação a todos nós.
A maior obrigação é, sem dúvidas, dizer a verdade, custe o que custar, sabendo nós que a verdade e a política nem sempre andam de mãos dadas, sendo já o desmentido um dos maiores recursos estratégicos de quem está na política.
O "Estado da Nação" traçado pelos políticos que estão no poder é antes de mais dirigido a todos nós, nós que os elegemos e os transformamos em nossos representantes com um mandato muito específico no espaço e no tempo, que é o de, em cinco anos, tentarem resolver parte dos nossos problemas com o dinheiro que é de todos nós, mas nem sempre parece que assim é, tendo em conta a sua actual distribuição do rendimento nacional.
Depois seremos novamente nós, os eleitores, a fazermos nas urnas o outro "Estado da Nação" com o nosso voto favoravel ou desfavoravel à sua continuação.
Para mim o discurso sobre o Estado da Nação deveria, à semelhança do que se passa com as testemunhas nos tribunais, ser precedido de um juramento sobre o compromisso com a verdade e só com ela.
Do género: "Juro-vos neste Estado da Nação dizer-vos a verdade e só a verdade!"