Elas estavam praticamente à superfície.
Os mineiros chilenos foram salvos após terem permanecido cerca 70 dias a uma profundidade de 700 metros.
A mina que os aprisionou e que por pouco não os matou tinha graves problemas de segurança.
As mulheres angolanas (mais um bébé) que se encontravam detidas nas caves/calabouços da DNIC morreram, após alguns dias, terrivelmente esmagadas pelos destroços de um edificio que tinha anunciado várias vezes que queria "bazar", que estava cansado de suportar um peso (que todos os dias aumentava de intensidade) incompatível com a capacidade da sua estrutura.
Sinceramente, sempre tive muitas dúvidas em relação à forma como foi conduzida a tentativa de salvamento daquelas heroínas já esquecidas e que nunca irão ser homenageadas neste país, pelo menos enquanto o MPLA for governo.
E as indemnizações, será que foram pagas?
Será que o referido processo obedeceu ao que, do ponto de vista mais técnico, é recomendável pelos especialistas diante deste tipo de catástrofe?
Esta dúvida voltou a visitar-me esta quinta-feira depois da notícia sobre a conclusão com êxito do resgate dos 33 mineiros chilenos em condições tão complexas e tão dramáticas.
Nem sequer conheço os nomes das mulheres angolanas trucidadas pelos escombros do prédio da DNIC e muito menos os seus rostos.
A única homenagem que elas acabaram por ser objecto veio do teatro, com uma peça encenada pela companhia do Walter Cristovão(WC) e que eu gostaria de ter visto.
Curiosamente, esta peça, que esteve muito pouco tempo em cena, teve, segundo me disseram, dois tipos diferentes de epílogo, nas duas temporadas em que foi exibida.
Disseram-me que na segunda versão, ouvem-se as vozes das mulheres trucidadas, a falarem já do além, agradecendo ao "Camarada Presidente" pelos esforços feitos em prol da sua salvação.
Sinceramente, não acreditei na minha fonte.
É verdade WC?