quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Qual será a próxima paragem de Aguinaldo Jaime?

Aguinaldo Jaime (AJ) caiu e ao que tudo parece indicar com algum estrondo e bastante surpresa para muito boa gente.
Em abono da verdade, ele nunca chegou a subir, tendo andado todos estes anos apenas como coordenador da Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP).
Para o lugar de PCA da ANIP acaba de ser nomeada Maria Luísa Abrantes (Milucha) que em tempos já mandou na área do investimento estrangeiro, tendo estado nos últimos anos a viver em Washington, onde representou a agência.
A queda de Aguinaldo Jaime pode estar relacionada com o facto de a sua imagem ter saído muito tremida numa investigação conduzida pelo Senado dos EUA sobre a existência de corrupção estrangeira em território norte-americano.
AJ foi (mal) citado nesta investigação em conexão com uma estranha movimentação de 50 milhões de dólares do banco central, numa altura em que o jurista era governador do BNA. Estávamos em 2002 salvo erro.
Depois deste relatório ter sido publicado e apesar de todos os desmentidos e esclarecimentos prestados por AJ, ficou claro que muito dificilmente ele poderia viajar para os EUA sem ser incomodado pelas autoridades norte-americanas.
Para aonde vai agora AJ é a questão que se segue, na sequência da  atribulada trajectória que este jurista de formação tem conhecido desde que saiu das cadeias da DISA, para onde foi atirado como um dos milhares de inquilinos forçados, na sequência da sangrenta caça às bruxas que se seguiu ao 27 de Maio de 1977.
AJ é um dos sobreviventes da histórica chacina.
Elogiado pela sua "retórica/oratória", isto é, pela fluência com que  fala e se explica em português e inglês, Aguinaldo Jaime não tem tido uma relação estável com JES de quem até é muito próximo do ponto de vista familiar, o que não tem sido fácil de compreender tendo em conta a lógica "proteccionista/nepotista" do consulado de JES.
Fruto desta instabilidade, AJ já percorreu praticamente todos os cargos governamentais no topo da pirâmide, estando agora claramente em queda (que ainda está longe de ser livre), depois de ter sido criado para a sua pessoa o cargo especial de Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro, no tempo em que Fernando da Piedade Dias dos Santos ocupou a primatura.
Quando tudo levava a crer que a sua nomeação para PCA da ANIP seria apenas uma questão de mais mês, menos mês, ocorre mais este "incidente de percurso" na sua carreira que o retira da liderança de uma das mais apetecíveis agências governamentais.
Pelas informações disponíveis a que tivemos acesso, a próxima paragem de AJ poderá ser o Instituto de Supervisão de Seguros, que desde a sua criação tem estado a ser dirigido por M.Aguiar.
Aguinaldo Jaime enquanto jurista é detentor de um sólido mestrado em seguros que fez na Inglaterra, depois de ter trabalhado vários anos durante a década de 80 na monopolista Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA), que foi o seu primeiro emprego depois de ter saído da cadeia.
Foi na ENSA que AJ deu os primeiros passos da sua reabilitação política, ficando por saber se ele já adquiruiu o cartão de militante do partido MPLA, condição que até há uns anos ainda não tinha preenchido.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

JES,32 anos depois...

Os 32 anos de poder de José Eduardo dos Santos (JES) estiveram este domingo em discussão na TPA, mais exactamente no Semana em Actualidade.
Sou das pessoas que também acho que 32 anos é muito tempo na vida de uma pessoa, sobretudo quando este cidadão tem a função de Presidente da República com praticamente todo o poder (e mais algum) concentrado nos seus ombros, como tem sido o consulado de JES.
Compreendo perfeitamente o contexto histórico que "explica" esta eternização de JES no poder e também não tenho dificuldades nenhumas em admitir que se os resultados das eleições de 1992 tivessem sido aceites por Jonas Savimbi, hoje estaríamos certamente com um país bem diferente daquele que temos com uma paisagem política que já não contaria com a presença activa de José Eduardo dos Santos.
Dito isto, não quero concordar de forma alguma com aqueles que recorrendo a artifícios/malabarismos constitucionais nos queiram apresentar um JES novinho em folha, como se  nada tivesse acontecido neste país e pronto para ficar mais não sei quantos anos na liderança do Estado angolano.
Não é por aí que eu vou, pois o meu caminho é o do país real e dos homens verdadeiros.
JES governou de facto e de jure Angola por mais de trinta anos e já é neste momento candidato a decano dos Presidentes africanos, tendo à sua frente, provavelmente, apenas mais dois homólogos.
JES cumpriu efectivamente um mandato de 32 anos que só o pode ter deixado exausto.
É muito. É esgotante.
Como não acredito nem em super-homens, nem em milagres de renovação eterna em política, pois os homens têm uma capacidade limitada em se superarem, depois de um certo periodo da sua vida em que fazem sempre a mesma coisa, estou plenamente convencido que o país precisa de iniciar um novo ciclo político. 
É chegada a altura do MPLA e de JES pensarem efectivamente no pós-eduardismo, com a definição de uma estratégia de transição que tenha, obviamente, em conta o país real e a sua estabilidade, mas que não ignore outros valores e expectativas, num contexto internacional em que esta tudo em mudança.
Não é com marchas municipais que se resolvem estes problemas e muito menos com as ameaças dos dirigentes do Comité Provincial do MPLA de Luanda.
Como sustentei no debate deste domingo, no mínimo e de imediato, o MPLA terá que apresentar ao país este ano o seu número dois para todos os efeitos e em definitivo, sem mais jogos de poder e intrigas palacianas.
Acho que é isto que vai acontecer, pois desta vez por força da Constituição que o MPLA impôs democraticamente ao país, já não há possibilidades de se contornar por mais tempo este "tabú".
Pelo nome mais badalado e tendo em conta o seu perfil, caso ele venha a ser confirmado, estou certo que vamos estar diante de um problema ainda mais cabeludo do que aquele que tem sido a saída ou não de JES, que pelos vistos já pertence ao passado.
A República é de todos e pelo que julgo saber não é só nas urnas que os cidadãos se pronunciam ou se devem pronunciar, como nos querem convencer com as tais marchas.
O debate político em qualquer república (que não seja das bananas) é permanente e abrangente, tendo em vista o esclarecimento prévio dos cidadãos, competindo à comunicação social e aos jornalistas assumirem neste âmbito as suas responsabilidades.

Com a verdade também se engana...

A única passagem que a TPA "deixou" passar da intervenção feita sábado por Isaías Samakuva no comício realizado pela UNITA na cidade do Huambo foi o seu apelo para as pessoas participarem do actual processo de actualização do registo eleitoral. Nem mais uma palavra. A isto chama-se "rigôr jornalistico".
[NA- A RNA deu o mesmo tratamento "rigoroso", embora na edição de sábado e durante o comentário que fiz em directo para aquela emissora sobre a suspensão de alguns dos membros da UNITA, eu tenha feito referência ao comício e à passeata que o Galo Negro promoveu na cidade do Huambo.]
O "rigôr" da TPA foi igualmente sentido no tratamento (edição), através de planos muito fechados de todas as imagens que recolheu das actividades da UNITA, com destaque para o comício. As imagens não editadas colocadas por alguém no Youtoube falam por si e dão-nos uma dimensão exacta da manifestação realizada na cidade do Huambo.
A intenção deste tratamento cirurgíco, a contrastar com a generosidade dos planos abertos dispensados às manifestações de Luanda, não podia ser mais transparente, pois destinou-se a reduzir ao máximo o número de pessoas que se associaram as actividades realizadas na cidade do Huambo.
A televisão mostrou ser assim o média onde se aplica de forma mais eficaz e convincente o principio segundo o qual, com a verdade também se engana e muito bem.
Com tanta adesão ao partido que tem no coração, pergunto-me, qual é a necessidade que a TPA tem de manipular as imagens relacionadas com as actividades da UNITA?
De facto só mesmo a "guerra psicológica" pode explicar todo este anti-jornalismo militante...

===================================
1 comentários:

Anónimo disse...

1. RS, a cobertura das "marchas grandiosas" mereceu vários directos e planos abertos como fizeste notar e depois a oposição tem esse tratamento... o mesmo irá ocorrer por ocasião das eleições e depois virão elementos do aparelho gabar-se de eleições "livres e justas"... enquanto os meios de comunicação pública forem instrumentalizados a esse nível, nunca teremos eleiçoes justas, até podem ser livres, mas justas não serão.
2. Assisti ontem, parcialmente, ao "Semana em Actualidade" e gostei do que vi, com excepção, do lay-out que há muito faz confusão na minha cabeça! Sr. Reginaldo, a TPA não tem uma mesa e um estúdio maiorzinho para tão respeitáveis senhores apresentarem aquele programa? Uma coisa mais à "Quadratura do Círculo" da SIC Notícias custa muito?
Será que três senhores encostados à um canto a falarem de coisas tão importantes não merecem o tratamento dos jurados do "Angola Encanta" ou daquele programa desportivo da TPA 2?
Abraço,
JCRC
26 de Setembro de 2011 11:35

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MPLA decidiu acatar o 1º Decreto da (nova) Democratura

Este decreto é a nova "pérola" do nosso ordenamento administrativo que deveria ser objecto de um parecer constitucional, porque de facto está em rota de colisão com um direito fundamental.
O dito cujo regulamenta o acantonamento forçado do direito de manfestação e foi exarado no passado dia 15 de Setembro pelo Governador interino de Luanda que dá pelo nome de Graciano António.
No limite até poderia entender que, por razões de qualquer coisa (sempre se arranja mais uma), o GPL limitasse o direito de manifestação em determinados locais, que é o que já existe em relação às instituições de soberania.
Agora estipular os locais onde obrigatóriamente as pessoas se podem manifestar é que já ultrapassa todos os limites, pelo que só mesmo em "democratura" é possível este exercício.
Assim sendo a "manifestação dos milhões" prevista para este sábado na praça da Independência foi desdobrada em 8 "mini" marchas/manifestações que terão lugar em distintos locais da cidade, tendo como referência os antigos municipios da capital, restando saber se as escolhas de BB estão efectivamente de acordo com o que está definido no mencionado decreto. 
"Democratura" é um neologismo saído da minha lavra, pelo que só com a minha autorização o mesmo pderá ser utilizado, embora ainda não o tenha registado em nenhuma instituição protectora da propriedade intelectual.
Como conceito, a “democratura” é uma versão actualizada da antiga “república das bananas”, surgida na América Latina nos anos 50, onde a lei dependia exclusivamente do “governador”.
Na “democratura”, a democracia formal existe e está contemplada plenamente na constituição que é parcialmente respeitada, sobretudo com a realização periódica de eleições, que são sempre ganhas pelo mesmo partido, que é aquele que está no poder.
Vide caso mexicano, antes do PRI ter perdido em 2000 as eleições ao fim de mais de 70 anos no poder. O México já foi considerado pelos estudiosos como sendo a “ditadura perfeita”. Agora corre o risco de vir a ser governado por um cartel de droga da Tijuana.
Neste sistema da “democratura” para além da propaganda, a nota mais visível aos olhos da população é a utilização recorrente da força administrativa/policial, como sendo um dos métodos mais convincentes/eficazes para manter a “ordem pública” e a "paz social".

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

1982: O ano da afirmação do "eduardismo"

Este texto, com um outro título, conheceu pela primeira vez a luz do dia há 10 anos e foi publicado na ocasião no jornal "Angolense".
Com ligeiras alterações ao nível das datas, voltamos a editá-lo aqui por ocasião da mesma jornada que tem a ver com os aniversários natalício e de ascenção ao poder de José Eduardo dos Santos (JES).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A bandeira de Agostinho Neto

Com Agostinho Neto foi introduzido no diccionário político angolano o conceito de "imortalidade", tendo lhe sido atribuído pelos seus companheiros do partido/estado o pesado e eterno cargo de "Guia Imortal da Revolução Angolana".
Nos primeiros tempos da "revolução" ainda pensaram em conservá-lo "vivo/embalsamado", seguindo a tradição da Praça Vermelha/Lénine.
Depois esqueceram-se completamente dele, até que a sua esposa/viúva começou a reclamar que era preciso falar um pouco mais de Neto para além do 17 de Setembro. Foi parcialmente atendida. Agora já tem uma fundação.
O necessário e tímido "eduardismo", apesar de ser "impossível" a substituição, já se tinha, entretanto, instalado, como era prevísivel e com todas as suas armas e bagagens, processo que tem inicio a partir de 1982 depois da fracassada "intentona" da peça e do quadro.
Agostinho Neto legou-nos uma bandeira que precisa urgentemente de substituir a catana e a roda dentada por outros símbolos mais actuais e mais de acordo com o galopante crescimento do PIB, como o livro de cheques/cartão de crédito(gold) e o Tubarão, que traduzem bem a forma desigual, injusta e escandalosa como o rendimento nacional tem vindo a ser distribuído.
PS- O Tubarão é o Range-Rover topo de gama.
As cores de fundo podem manter-se, mas teremos, possívelmente, de encontrar uma outra justificação para as mesmas, sobretudo para o vermelho, para acrescentarmos todo o sangue que foi derramado pelos angolanos já depois da dipanda, com destaque para aquele que copiosamente correu na sequência das brutalidades que se seguiram ao 27 de Maio de 1977, sob o olhar silencioso do "Manguxi", depois de ter soltado todas as feras do regime com o seu famoso e arbitrário "não vamos utilizar o processo habitual, que não seria justo. Nós vamos ditar uma sentença!"
A "sentença" ficou na história como tendo dado origem a um dos maiores massacres políticos já registado em África no seio da mesma família partidária.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A mandar "recados" também nos entendemos...

Bento Bento (BB), pessoa com quem tenho um relacionamento pessoal muito cordial que remonta aos tempos da CUCA, quando ele era delegado do governo naquela cervejeira, enviou-me ontem um "recado" a partir da Cidadela, dizendo-me que eu só mando "recados" para o MPLA/Governo.

BB disse, nomeadamente, que eu deveria ouvir a Rádio Despertar para saber como é que a oposição se comporta.
Efectivamente neste pormenor BB está muito certo, pela simples razão que eu, de facto, não tenho o hábito de ouvir aquela estação emissora, como não tenho igualmente o hábito de escutar a Rádio Mais.
Seguindo o "recado" de BB vou a partir de agora fazer um esforço para ouvir mais a Rádio Despertar. Obrigado pelo "recado".
================
JCRC disse...
Meu caro,
O MPLA está perigosamente a comprar uma briga contra o povo, temo, aliás, tenho um feeling que esta atitude vai ter custos políticos para o MPLA.
1. Essa coisa de locais próprios para manifestação não é "made in China"? Será que já temos consultores chinocas a esse nível?
2. O Sr Bento Bento insiste num discurso bélico enquanto acusa a oposição de ser belicista expondo imaturidade política e falta de espírito democrático.
3. O MPLA poderia ouvir o povo e agir positivamente em vez de ter esta reacção musculada. O MPLA pensa que não existe televisão por satélite em Angola, que os angolanos só se informam no Jornal de Angola de José Ribeiro e a sua busca pela "nobelização" do Presidente JES, que todos jovens são da JOTA, que todos acham que o poeta Agostinho Neto é da mesma liga que, por exemplo, Fernando Pessoa ou Alda Lara, que o "Cda Presidente" é um herói para todos nós, que a corrupção é invenção dos invejosos...
4. Os jovens em Portugal, Itália, Espanha têm razões para protestar contra governação dos seus países e os angolanos não conseguem encontrar razões para tal? Santa prepotência. As pessoas não acreditam nas instituições, olhem para os criminosos do "caso BNA" a passearem a sua banga enquanto que os manifestantes foram julgados sumariamente...
5. É triste ver os líderes do MPLA, otrora "nobres libertadores" hoje "competentes opressores". Parece que nunca leram "Animal Farm" ("O triunfo dos porcos") de George Orwell que foi escrito nos anos 1940 (acho) mas é a biografia do MPLA...
6. Bento Bento diz que 32 anos na oposição é muito mas acha que 32 anos de JES não é... enfim, santa incoerência.
WD, desculpe o comentário longo. Abraço.
JCRC
======================
16 de Setembro de 2011 12:48
Kady Mixinge disse...
Triste!
======================
16 de Setembro de 2011 14:49
Anónimo disse...
NIURA
Caros compatriotas WD e JCRC,
1. O processo de caça às bruxas começou nas vésperas da 1ª manifestação de 7 de Março. Naltura BB resolveu realizar uma "contra" que até foi antes da anunciada por um tal de ARMS (entendem não é) e acusou algumas centrais de Inteligência do ocidente de tentarem trazer pra Angola "a confusão do Norte de África". Pelos vistos houve uma evolução e agora já se trata de uma "conjura" lidera pela UNITA e seguida pelo BD, PP e POC's...
2. Sobre a existência de consultores chinocas do Partido Comunista, corroboro com a tua inquietação JCRC e começo a ver que se trata de um facto. Na China também existe multipartidarismo, mas sem oposição (parece estranho, mas não é). Os demais partidos são satélites do Partido Comunista...
3. Aí reside o perigo da prematura democracia angolana. O M já tem a ND como satélite, tenta acabar com a FNLA à todo custo, reduziu a UNITA à 16 deputados na AN em 2008 (2 partidos históricos), amadurece o namoro com o PRS pra elevá-lo à satélite igualmente...
4. Em suma, pra 2012 está prevista uma redução ainda + acentuada dos assentos da UNITA na AN, BD e PP não atingirão os mínimos exigidos pra existirem no cenário político nacional, pra FNLA já foi aberto + 1 capítulo no prenúncio da sua morte...
5. Solução: a onda de contestação tem de ser banida de qualquer jeito porque põe em risco todo plano orquestrado pelo M e seus consultores brazucas, chinocas e sabe-se lá + quem.
WD, não me vou desculpar pela extensão do comentário à exemplo do JCRC, mas mando um beijão pra voces, desejando um bom final de semana.
=========================
16 de Setembro de 2011 14:51
Anónimo disse...
Bento Bento está raivoso, quer morder os angolanos e Kikoka ya Kanga dizia: não tenho medo dos seus caninos. BB disse e mal, que eles eram milhões e como milhões ninguém combate!
Afinal se referia somos milhões "eles os do MPLA como um todo" ou incluía os plebeus (Povo)? como dizia o Saudoso Presidente Neto, no contexto de mobilização geral para fazer face as agressões externas, já que o mundo estava politica e ideologicamente dividido em dois blocos?
Do que é que o MPLA tem medo? Será que tem medo das manifestações dos destemidos jovens que não se revêem no MPLA? Não, eu pessoalmente não acredito.
O MPLA tem medo de si mesmo, porque entrou num beco sem saída, ao aprovar e defender na última hora e apressadamente sem analisar as consequências, a inclusão na Constituição a cláusula da boleia do JES como cabeça de lista numa eleição legislativa atípica como candidato também atípico ao cargo de Presidente da República, não considerando o factor tempo que para todos os efeitos já não estava a favor do ditador.
Com os 32 sobre a sua cabeça não estava a seu favor naquela altura e muito menos agora que ele é o ditador mor no escalão planetário.
Como ninguém dentro do séquito tem coragem de lhe enfrentar para democratizar o partido, propondo-lhe mudanças, porque vontade não falta à aqueles cobardolas, vêm cá para fora a ganir como lobos contra todo um Povo, que tem como único pecado o desejo de não querer ser mais oprimido, ameaçando-o com prisões, torturas e guerras, já que os angolanos têm medo do espectro da guerra.
Ora vejam lá! Um gajo pançudo, cheio de mordomias à custa de todos aqueles desgraçados míopes levados a força para a Cidadela, a dizer para os angolanos que não iriam tolerar.
Quem não vai tolerar mais abusos é o Povo de Angola que está cansado de tanta patranheira. Vamos vos derrubar a bem ou a mal.
================
16 de Setembro de 2011 15:05
Anónimo disse...
Quem não deve não teme,somos mtos contra a forma como o JESMPLA gere o PAIS, só que nem todos ainda temos a coragem de enfrentar o regime mas o dia esta a chegar e prova disso é ver pessoas do regime contra o mesmo, lutaram todos pela libertação do pais e a luta pela paz mais hoje apenas 5% se beneficia das riquezas do pais.O dia esta a chegar ate o KADAF que dizia que era dono de AFRICA hoje já não existe como lider e seu paradeiro ainda por se descobrir.
=====================
16 de Setembro de 2011 15:17
Anónimo disse...
Acredito que os fobados, os que vivem nas tendas os sem meios de transporte, os sem moradias, os que têm uma refeição por dia,os que não têm emprego são eles que iram a marcha.Porque os do TALATONA, os ministros, os deputadados, estes apenas vão lá para falar e quando acabarem de falar cada um para o seu buraco e não muda nada, e acredito que ali havera uma MARATONA de CERVEJAS para aqueles que basta beber dizem que o pais ta CUIAR.
====================
16 de Setembro de 2011 15:25
Henderson disse...
O mpla devia fazer um teste academico pra todos que falam em seu nome,é um conselho amigo .BB ja nao esta em altura dos ventos actuais ,deve ir a faculdade...o Mpla ta se afundar por culpa dos seus lideres.tao muito nervosos...ja nao têm argumentos e vao para o jogo sujo,insulto.....
==================
16 de Setembro de 2011 15:38
Anónimo disse...
Sem dúvidas a situaçao esta a ganhar proporçoes elevadissimas de complicaçao e confunsâo em Angola. Tudo isto porque O MPLA, nao quer aceitar a convivencia pacifica dos angolanos.
1.- Em decidir de forma livre e justa em democracia a questao da alternancia de poder.( Eles nao se imaginam nunca na oposiçao), como nunca aceitaram e conceberam que angola no primordio da independencia fosse governada por outros angolanos que nao fossem de ideologia comunista.
2.-O MPLA quer apoderar-se para si tudo que implica o conceito de angolanidade:( Historia, cultura, governo, economia de angola, recursos naturais, beleza de angola,etc,etc,etc).TUDO.
3.- PENSAM, cegamente que é VERDADE EM ANGOLA, E A VERDADE EM ANGOLA É MARCA MPLA. Eles sabem que isto é asim.AGora: A trafulha em nome de guerras, etc, lhes interessa. TEMOS QUE SER INTELIGENTES MEUS IRMAOS. Proponho o SIGUINTE:" MEMORANDO DE ENTENDIMENTO DA PAZ POLITICA, ECONÓMICA E SOCIAL EM ANGOLA): Sería um instrumento muito útil de concertaçao economica E SOCIAL onde num foro com particiapaçao de toda a sociedade Civil E PARTIDOS POLITICOS se discutem todos os aspectos que estao na base dos descontentamentos de uns e de outros. Sería um Instrumento de Pacificaçao dos espiritos e da unidade nacional.Pensemos, nos angolanos de ontem, nos de hoje e nos de amanhâ) VIVA ANGOLA.
A.Lopes
==============
16 de Setembro de 2011 15:50
Claudio Silva disse...
Com mais esta intervenção infeliz e altamente irresponsável do Bento Bento, a máscara do MPLA come¬ça a caír. Congregar a população na Cidadela e daí proferir graves acusaçãoes, sem apresentar qualquer prova, contra membros conhecidos da sociedade angolana, e incitar a caça as bruxas e à ‘vigilância’, está a anos luz da ‘reconciliação nacional’ e a busca de consenso. E aos poucos revela a real dimensão do medo/temor/falta de controle que o MPLA demonstra quando é realmente confrontado:
1) No mesmo dia em que o Bento Bento anuncia a sua marcha, a ter lugar no mesmo dia que a manifestação anunciada pelos estudantes, e a terminar no mesmo local (!) por estes escolhidos, o GPL anuncia que manifs agora é só no campo do Katinton e parecidos. Em que ficamos? Não houve consulta entre os dois orgãos? Borrada número 1.
2) Ainda nesta da marcha do dia 24, para além de mostrar uma mentalidade do tipo ‘monkey see, monkey do’, o Bento Bento demonstra também uma enorme irresponsabilidade. O que menos se precisa neste momento é que estes dois grupos se encontrem. Sentido de Estado? Aonde? Com 82% do voto, com todo o aparato de um estado que o EME controla, ainda precisa de se submeter a um concurso de popularidade contra 100-200 estudantes? Borrada número 2.
3) A estratégia do MPLA até agora tem sido a diabolização dos manifestantes e a ligação manif=guerra. Mas, o discurso mais belicista até agora tem sido este do Bento Bento. É difícil acusar jovens de tentar incitar à guerra quando estes estão totalmente desarmados (a não ser por pedrinhas...hehehe), quando o partido da situação controla o arsenal de toda uma nação. Borrada número 3.
4) Há dias o Beto Kangama apareceu no Telejornal da TPA para dizer que alguns jovens manifs foram à sua procura pedir dinheiro. Ontém começou a rolar tanto na Rádio Despertar, como na internet a gravação de uma conversa telefónica entre o Beto Kangamba e um dos organizadores/participantes da manifestação, com o primeiro a aparentar oferecer ao jovem uma segunda opção (leia-se tentativa de corrupção). Entre os ‘choice quotes’ do Beto Kangamba está admissão que ele pode falar com o juíz para converter a pena em líquido, que se dependesse dele os jovens nem sequer tinham saído dos seus respectivos bairros até ao Primeiro de Maio, e que tanto ele como o Riquinho pagam jóvens para ‘fazer confusão’. E o jovem, este, dá uma verdadeira aula de democracia ao ‘Empresário da Juventude’. Borrada número 4. E outras virão...
===========
16 de Setembro de 2011 16:02
António José disse...
Ouvi na integra o discurso do Sr. Bento Bento, daquela boca só saiu porcaria, o MPLA merece coisa melhor, o tipo de discurso proferido já não se adapta aos dias de hoje, penso ser necessário alguém dentro do MPLA, quiçá, o Sr. Norberto Garcia, dar umas aulas ao Sr. Bento Bento, de ciências politicas e Direito Constitucional , é que o homem demonstrou não entender patavina nenhuma sobre o conceito Democracia, no seu entender democracia significa apenas votar. Acabei de ouvir a instantes, o áudio no qual o cunhado, epah, é cunhado ou genro do PR, tanto faz, o tal de empresário da juventude, Bento Cangamba, onde este de viva voz assume que têm pago jovens para infiltrarem-se nas nossas manifestações. Este áudio é uma confissão, é prova suficiente para se intentar uma acção judicial contra o Sr. Bento Cangamba, por aliciamento e incitamento a violência, este áudio também vem provar quem são os reais arruaceiros, quem pretende criar o caos bem como destabilizar o país, fica provado que não somos nós os jovens. Aconselho a todos os militantes do MPLA a ouvirem este vídeo, analisem-no friamente e sem paixões, e posteriormente façam uma reflexão interna. Que país queremos?
=====================
16 de Setembro de 2011 18:0
Anónimo disse...
Akssana
Caríssimo WD e demais internautas aqui do morro.
Antes de fazer qualquer consideração, quero felicitá-los pelos vossos contributos aqui neste morro. Indo directamente ao assunto, constactei:
1.- O Cda BB, comportou-se muito mal e de certeza está muito mal na foto. Apresentou insegurança, medo, falta de inteligência e acima de tudo muita imaturidade social e política.
2.- O Cda BB, em vez de atacar as ideias dos manifs e outros, ataca pessoas que pensam diferente e não comungam com os seus ideias nem do seu M.
3. - No meio deste medo todo, parece-me que BB, está ser acossado pelos pr´prios militantes que reclamam o seguinte: Água, luz, melhores condições de vida. O Cda PR, fez uma promessa pública qto as casas do kilamba que custariam USD.60.000 e ninguém diz nada. Alás, o chefe esta sempre certo o povo é que é ignorante.
4. - Por último, o que me choca como mulher esposa e mãe é o silêncio dos bons, aqueles cdas que um dia ousaram em desafiar o colono.
Obs: Bom fim de semana e viva as mulheres.
=================

MPLA coloca o país em "estado de sítio"

Estava a espera de uma reacção bastante musculada por parte do MPLA aos acontecimentos do 3 de Setembro, mas esta que acaba de ser dada por Bento Bento ultrapassou todas as minhas expectativas mais negativas, numa altura em que ainda não são visíveis as suas consequências práticas e institucionais.
Tal como a oposição tem feito antecipando cenários desfavoráveis, do tipo fraude eleitoral em preparação, para colocar o Governo numa situação de pressão e para mobilizar a opinião pública a seu favor, desta feita coube ao MPLA utilizar o mesmo recurso.
O problema é que o MPLA é o Estado e um Estado não tem o mesmo espaço de manobra da oposição perante os olhos da opinião pública nacional e internacional, particularmente em relação a esta última, numa altura em que, adivinho, todas as chancelarias estarão hoje a gerir com os seus governos a suposta ameaça que pesa sobre o nosso país, de acordo com a denuncia que acaba de ser feita.
De facto e diante da gravidade das acusações formuladas ontem por BB, o MPLA está agora perante um dilema relacionado com a sua actuação para além do debate político-partidário e da troca de galhardetes com a oposição.
Para além de ser Governo, o MPLA tem no parlamento todas as condições e mais algumas para agir rapidamente em conformidade com as ameaças que diz pesarem sobre a segurança nacional e a integridade do Estado.
Se as informações que lhe foram confidenciadas pela Inteligência fazem sentido e não se enquadram em nenhuma jogada de antecipação política, o MPLA vai agora enfrentar o desafio da coerência e da credibilidade.
Do meu ponto de vista e enquanto não me convencerem do contrário, continuo a pensar que o comício de ontem dirigido por  BB foi apenas mais uma etapa que vem "enriquecer"o confronto/debate entre o MPLA e a Oposição, embora desta vez alimente outros receios relacionados com o estado das liberdades fundamentais dos cidadãos na sequência do clima de delação/caça às bruxas que está a ser instigado por BB e "sus muchachos".
Não me parece ser muito responsável conduzir o país por esta ladeira, apenas porque houve uma manifestação de jovens em Luanda que descambou em incidentes com a polícia.
Tudo o resto é para já matéria que me escapa, não tendo, obviamente, os pronunciamentos feitos ontem por BB no acto encenado na Cidadela, contribuído em nada para o meu esclarecimento enquanto jornalista e cidadão.
Já vi recentemente actos parecidos com este, como foi, nomeadamente, o caso da sindicância instaurada a FGMiala, para depois o mesmo ser condenado por indisciplina militar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O MPLA e a Corrupção

Na entrevista que esta manha concedeu a RNA, o porta-voz do MPLA, Rui Falcão P.A., teve um problema grave de memória, pois esqueceu-se que o seu partido foi o autor da iniciativa legislativa que resultou na criação em 1996 da Alta Autoridade contra a Corrupção (AACC).

Esta instância nunca entrou, entretanto, em funcionamento porque o próprio MPLA "esqueceu-se" dela na primeira esquina, ao "bloquear" todo o processo subsequente, com a não indicação do seu responsável.
Tal "esquecimento" só pode ter sido o resultado de mais uma iniciativa de charme, daquelas, para inglês ver...
Rui Falcão manifestou este desconhecimento, quando era interrogado sobre as razões que levaram ao "desaparecimento" da referida Alta Autoridade.
Na resposta que deu, o porta-voz do MPLA disse que a mesma não era necessária e que seria mais um encargo para o erário público.
Na altura em que a AACC foi criada ainda não havia Tribunal de Contas e muito menos Tribunal Constitucional. Estavamos muito longe disso...
Em meu entender, esta Autoridade foi a única iniciativa concreta que o MPLA, enquanto partido, teve no combate directo à corrupção.
Uma iniciativa que nem chegou a nascer propriamente... para não variar muito.

Na expectativa de uma reacção...

Bento Bento vai reunir-se hoje na Cidadela com todos os "sus muchachos", na sequência dos últimos incidentes que envolveram a manifestação do dia 3 Setembro.

O MPLA está, obviamente, no direito de reagir da forma que melhor entender, desde que esta reacção não ofenda os pilares da constituição angolana, do ponto de vista dos Direitos, Liberdades e Garantias Fundamentais.
Continuo a pensar que os acontecimentos do 3 de Setembro com todas as suas consequências não podem levar as autoridades angolanas, entre governamentais, politico-partidárias e judiciais, a adoptarem outras posturas menos consentâneas com o Estado Democrático de Direito.
Até agora não tenho conhecimento que alguma força política deste país ao nível dos partidos legitimados pelo pleito de 2008 tenha defendido processos de alternância do poder contrários aos que estão previstos na Constituição.
Para que conste aqui, embora nunca tenha deixado qualquer dúvida a este respeito nos pronunciamentos que tenho feito, estou convencido que só respeitando a Constituição, com a qual até discordo parcialmente, poderemos encarar o presente e o futuro com confiança e estabilidade.
A tentação da repressão arbitrária (com recurso aos meios securitários/toton macoutes) e da caça às bruxas não pode voltar a fazer morada entre nós, embora esta cultura institucional nunca tenha desparecido do nosso país, desde Maio de 1977, altura em que ela foi "eleita" como o principal recurso do poder para controlar, pela via do medo e da intimidação, a sociedade angolana.
Estou pois preocupado com as "orientações" que poderão resultar deste encontro, considerando o potencial de "violência verbal" que já é uma imagem de marca de BB.
Acho por outro lado que todos aqueles que querem "acelerar" o passo das mudanças, não se podem esquecer que os seus direitos ao nível da liberdade de expressão e de manifestação, têm de ser geridos dentro dos marcos da Constituição que ao salvaguardar tais direitos, estabelece os necessários limites ao mesmo tempo que consagra outros direitos, sem os quais a paz social se pode transformar rapidamente numa miragem.
O caos não aproveita ninguém

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Como é Camarada Ministro?

Sinceramente estou a ter algumas dificuldades em digerir os últimos pronunciamentos do Ministro do Interior, Sebastião Martins, sobre a maka das manifestações/actuação da polícia e muito particularmente sobre as preocupações adiantadas por ele relativamente à existência de aproveitamentos políticos por parte dos partidos.

Num país à caminho dos dez anos sem guerra e com uma grande estabilidade política ao nível de um poder legitimado com mais de 80% dos votos nas eleições de 2008, os seus pronunciamentos caso tenham alguma substância, deveriam merecer um debate parlamentar.
Quando se receia/questiona a presença de elementos da UNITA numa manifestação que nem sequer foi organizada por esse partido, com insinuações sobre a possibilidade de se voltar a guerra, apenas porque se trata desse partido, fica difícil perceber para aonde é que estamos a caminhar ou para aonde é que nos estão a levar.
Em qualquer parte do mundo onde a actividade política se faz em ambiente de liberdade e democracia, os partidos, inevitavelmente, tomam posições sempre que há uma crise, seja ela qual for.
Inevitavelmente apoiam, criticam ou demarcam-se.
Na maior parte dessas sociedades já é uma rotina os médias ouvirem os políticos a propósito de tudo e de nada e de promoverem acalorados debates sobre os temas dominantes da actualidade, sejam eles quais forem.
A média pública/governamental angolana mantém-se ostensivamente à margem desta tendência que já é uma imagem de marca de qualquer regime democrático que se preze.
Uma postura que se agrava, sobretudo, quando há situações de crise, optando a imprensa estatal por ouvir apenas o Governo e o partido da situação, numa deriva propagandista (quando não é mesmo desinformativa e manipuladora) que já é recorrente e só confirma que a sua natureza intrinsecamente partidária do passado não tem sofrido grandes alterações, apesar de todas as proclamações.
Tudo não passa de cosmética, por isso é que quando se debate a existência ou não de liberdade de imprensa em Angola, a controvérsia instala-se imediatamente e os resultados nunca são consensuais.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O que eu não ouvi no Semana em Actualidade

Mais ou menos a meio do programa deste domingo aconteceu uma pequena/grande "turbulência" que afectou algumas passagens das minhas considerações sobre o tema que estava em debate relacionado com a maka das manifestações.
Fiquei sem saber se a referida "turbulência" registada, se ficou a dever a um problema de transmissão ou da própria edição, mas estou mais inclinado em pensar que o problema está localizado na edição, pois houve um corte abrupto na passagem da palavra do Jaime Azulay para a minha pessoa, sem a presença do moderador, o que evidencia a existência da chamada "tesourada" na gíria jornalística.
 A "turbulência" aconteceu exactamente na passagem em que eu abordava as motivações políticas da manifestação, tendo a propósito salientado que não via problema nenhum que os partidos se associassem a iniciativas do género ou que os próprios jovens manifestantes tivessem propósitos políticos.
Referi que os jovens não esconderam os propósitos políticos da manifestação, que estavam bem patentes nas camisolas amarelas que envergavam e que tinham a ver com a contestação aos 32 anos de poder de JES. Disse ainda que o próprio Bloco Democrático declarou publicamente o seu apoio a manifestação e deu a conhecer que alguns dos manifestantes eram seus membros, tendo para o efeito criado um "comité de crise" para os apoiar no processo judicial que estão a ser alvo no Tribunal de Polícia.
Aliás, destaquei, o MPLA é o partido que organiza mais manifestações de rua neste país e não tem acontecido nada de anormal.
Não consigo perceber o que é isto de aproveitamento político de iniciativas públicas que são claramente políticas, o que em democracia é absolutamente normal e recomendável, pois tudo tem de começar exactamente pelo debate político das grandes questões que afligem a nação.

8 Setembro, Dia Internacional do Jornalista Angolano

Como Angola é o único país do mundo que continua a assinalar esta data como tal, mais de 22 anos depois do Muro de Berlin ter sido derrubado e na impossibilidade de convencer os "teimosos do PT" a mudarem de ideias, sugiro que o 8 de Setembro seja reformulado e passe a ter esta "nova" roupagem, isto é passe a ser considerado como o "Dia Internacional do Jornalista Angolano" ou ainda como alguém me sugeriu no Facebook, o "Dia Internacional do Jornalista Nacional".
Defendi esta "ligeira" alteração no Semana em Actualidade em que participei este domingo, oportunidade para reflectir sobre as novas limitações que se estão a colocar ao direito de informação em Angola, desta feita de natureza mais física, como ficou demonstrado à saciedade com os últimos acontecimentos em Luanda na sequência dos violentos incidentes de rua protagonizados entre os jovens manifestantes e a polícia.
Na reacção a estes acontecimentos, o Sindicato dos Jornalistas Angolanos fez divulgar no passado dia 5 de Setembro o seguinte comunicado assinado pela sua Secretária-Geral, Luísa Rogério:
"O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) tomou conhecimento, com profunda preocupação, da agressão sofrida por alguns jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros que se encontravam a cobrir a manifestação realizada no último sábado, na Praça da Independência. O SJA repudia essa atitude perpetrada por elementos não identificados que resultaram na destruição dos meios de trabalho destes, entre os quais câmaras de filmagem e gravadores. O SJA recorda que os jornalistas encontravam-se em serviço e não eram actores, situação que não justifica a agressão de que foram vítimas. O SJA constata, com muita preocupação, a ausência de segurança para os jornalistas no exercício da sua profissão.  Não obstante ter havido já manifestação de interesse da parte do sindicato para a realização de um encontro com os responsáveis do Ministério do Interior e do Comando Geral da Polícia Nacional, que não se concretizou, o SJA reitera total disponibilidade para com estas entidades voltar a encetar contactos no sentido de se melhorar a protecção dos jornalistas no exercício das suas funções."

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cacimbo angolano aquece debate no morro (1)

Mesmo nas democracias mais consolidadas há repressão das manifestações e dos manifestantes. O problema não é esse.
O governo tem de entender que por si só a repressão não é solução para os problemas que estes jovens estão a levantar. A solução é abrir canais de diálogo fora dos esquemas habituais e começar efectivamente a conversar à margem das agendas do poder. A solução é evitar que estes jovens cheguem a conclusão que já não têm nada a perder.

A solução é convencê-los, é fazê-los acreditar, para além dos milhões que se gastam na televisão com a propaganda/marketing que Angola é um país de futuro para todos...
Eu acredito que ainda é possível...
 
===============================
Anónimo disse...
Estamos num país atipico e a nossa imprensa estatal sem vergonha continua a fazer manchete com a noticia dos MANIFESTANTES. Se temos direito a manifestação pq tanto alarido, não se esqueçam que as revoluções começam assim e o final e sempre a favor dos manifestantes. E depois veremos estes graxas que final terão.
8 de Setembro de 2011 10:22
==================================
António José disse...
António José, Estudante do curso de Direito, na Universidade Metodista, também sou um dos Cacimbados, e o nosso real objectivo é que se efectuem mudanças profundas no estilo de Governação, nota-se que, a clarividência, a divindade que é atribuida ao actual PR, pelos bajuladores, esfumou-se. O homem esta esgotado, o poder tornou-lhe cego aos reais problemas que a população vive. De reparar que, todas as promessas que este senhor até agora fez, nenhuma delas cumpriu. Prometeu que as casas do Kilamba não custariam mais do que $60.000,00, hojé todos sabemos que a casa mais barata custa $ 125.000,00, prometeu um milhão de empregos aos Angolanos, até hoje deste numero avançado por ele, não sabemos as quantas andamos, recentemente ocorreram cheias na província do Cunene, milhares de pessoas ficaram sem os seus haveres, e algumas até perderam a vida, houve a epidimia do Marburg, na província do Uíge, não lembro-me o PR dirigir-se a nação com uma palavra de reconforto, de coragem as vitimas, houve a situação dos desmaios, o comportamento do Soba foi o mesmo, de puro cinismo, como se não vivesse em Angola. São estas atitudes e tantas outras porcarias que este Senhor têm feito que origina a nossa repulsa na qualidade de jovens. Um outro dado importante, Angola é o terceiro maior produtor de petróleo em África e com perespectiva daqui à 5 anos vir a ser o maior de África. Olhem para o nosso IDH, é extremamente baixo. Alguns dirão que estas manifestações não vão resolver absolutamente nada, enganam-se, é verdade que ainda existe o espectro do medo em muita gente, se não começar-mos a dizer agora, basta, esta cena nunca vai mudar, vamos continuar a assistir filhos de papai a comprar aviões de $9.000.000,00, canais de televisão a serem oferecidos a putos mimados e um dia vamos acordar, a Sonangol é propriedade da Isabel dos Santos, se não travar-mos essa cena, isto um dia haverá de acontecer. Por isso ao invês de criticarem-nos, aconselho-os a pararem, e reflictam em torno desta questão. Este país esta realmente a ser governado para a realização dos interesses dos Angoalnos? Agora para terminar, não concordo com ANÓMIMO, em relação a atipicidade, não é o país que é atipico mas sim, a nossa policia, o PR, Os Bentos, O bicho Falcão, este então é atipicissimo.
8 de Setembro de 2011 14:49
=============================
Anónimo disse...
António José, entende-se perfeitamente a sua (nossa) indignacao. Realmente não se entende o cinismo do chefe de Estado e Presidente do MPLA para com muitos assuntos que sufocam os angolanos. Como Chefe de Estado ele deixa sempre tudo nas mãos de terceiros (Feijós e cia) quando o assunto é comunicar-se com os angolanos. Como Presidente do MPLA, meu Partido, ele deixa sempre tudo nas mãos dos seus inferiores hierarquicos (Falcoes e cia) quando o assunto é comunicar com os angolanos. Quando o assunto é lancar a primeira pedra ou inaugurar supostas grandes realizacoes sim não deixa margem de manobra para ninguém e aquele que têm a sorte de fazer parte da festa têm que atribuir-lhe todo mérito se não já eram. Resultado faz promessas sem saber exactamente a qué velocidade andam os seus executores e acaba ele saindo-se como o falso prometedor. A luta contra a corrupcao que tanto propala cai sempre em saco roto, porque os seus executores não estão nem aí. E assim fica muito difícil. Mas meus jovens exercam o vosso direito com muita inteligência. Não deiam pretextos para a não realizacao das próximas eleicoes porque aí reside o verdadeiro barómetro.
9 de Setembro de 2011 09:32
=================================
Anónimo disse...
NIURA
Caro WD e digníssimos compatriotas
1. Ontém a Polícia de Ordem Pública renunciou as orientações superiores pra repremir os cidadãos que acorreram ao tribunal em solidariedade para com os nossos "manif's" em juízo. Disseram que a renúncia foi por fome (não haviam matabichado, nem almoçado);
2. Os mandantes das famigeradas "ordens superiores" recorreram então à PIR (ninjas) que acabaram por deter + jovens cidadãos e alguns jornalistas, só pra dar + raiva;
Resumindo e concluindo, começam a surgir evidências de verosimilhanças com a atitude das forças da ordem na Tunísia, Egipto e Líbia ante às manifestações da Primavera Árabe (se bem se lembram, nestes países inicialmente a Polícia saiu em defesa do regime e posteriormente ou partiram pra inacção ou passaram-se pra o lado dos manifestantes).
PS: Gostei da entrada de António José e por isso mando um beijo especial pra ele. Pra sintetizar a tua apreciação sobre o nosso PR eu digo que JES é elitista e sente-se a uns centímetros acima da superfície do solo, tanto que passou a ser superficial com o risco de se tornar artificial ou virtual, ou tudo isso junto, porque em si já não há nada de real.
9 de Setembro de 2011 09:41

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Da primavera árabe ao cacimbo angolano...

Quem não tem primavera caça com cacimbo...

Desta vez, alguns dos "cacimbados" manifestantes, que começam a acreditar que todos os países têm direito à sua "primavera" (a primeira do género aconteceu em Praga), foram caçados e duramente reprimidos, enquanto aguardam julgamento em processo sumário, nas piores condições humanitárias que se possam imaginar.
Vão ser julgados não por se terem manifestado contra JES, mas por terem agredido não se sabe ainda quem, nem como.
Mesmo em processo sumário, qualquer tribunal que se preze só pode condenar com provas e todas as provas para já indicam o contrário, isto é, que os supostos agressores é que foram os verdadeiros agredidos.
Em abono da verdade, e para que conste na história, o "cacimbo angolano" começou com um show de rap no Cine Atlântico liderado pelo "Brigadeiro Matafrakuz", o primeiro dos "cacimbados" a sentir no corpo amolgado os efeitos brutais da actividade de um "observatório meteorológico" que começa a perder a paciência/calma e já não sabe muito bem que informação há-de passar para a opinião pública nacional e internacional, se quiser manter-se, mesmo que aparentemente, do lado dos ventos da globalização.
Na primeira reacção ao mais recente desenvolvimento do "cacimbo angolano" produzida ainda em Lisboa, disse que a noticia era positiva e ao mesmo tempo negativa.
Positiva em termos democráticos, porque a manifestaçao de sábado havia sido autorizada pelo GPL.
Negativa, por causa da repressão que se abateu contra manifestantes e jornalistas.
O passo em frente, escrevi na altura, tinha sido anulado por quatro a retaguarda.
Agora e depois de tudo quanto se tem estado a passar, acho que pequei por diferença em relação aos passos dados a retaguarda.
A avaliação continua, contudo, a ser muito preliminar e sujeita a permanentes actualizações em função das turbulências da conjuntura...