Aguinaldo Jaime (AJ) caiu e ao que tudo parece indicar com algum estrondo e bastante surpresa para muito boa gente.
Em abono da verdade, ele nunca chegou a subir, tendo andado todos estes anos apenas como coordenador da Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP).
Para o lugar de PCA da ANIP acaba de ser nomeada Maria Luísa Abrantes (Milucha) que em tempos já mandou na área do investimento estrangeiro, tendo estado nos últimos anos a viver em Washington, onde representou a agência.
A queda de Aguinaldo Jaime pode estar relacionada com o facto de a sua imagem ter saído muito tremida numa investigação conduzida pelo Senado dos EUA sobre a existência de corrupção estrangeira em território norte-americano.
AJ foi (mal) citado nesta investigação em conexão com uma estranha movimentação de 50 milhões de dólares do banco central, numa altura em que o jurista era governador do BNA. Estávamos em 2002 salvo erro.
Depois deste relatório ter sido publicado e apesar de todos os desmentidos e esclarecimentos prestados por AJ, ficou claro que muito dificilmente ele poderia viajar para os EUA sem ser incomodado pelas autoridades norte-americanas.
Para aonde vai agora AJ é a questão que se segue, na sequência da atribulada trajectória que este jurista de formação tem conhecido desde que saiu das cadeias da DISA, para onde foi atirado como um dos milhares de inquilinos forçados, na sequência da sangrenta caça às bruxas que se seguiu ao 27 de Maio de 1977.
AJ é um dos sobreviventes da histórica chacina.
Elogiado pela sua "retórica/oratória", isto é, pela fluência com que fala e se explica em português e inglês, Aguinaldo Jaime não tem tido uma relação estável com JES de quem até é muito próximo do ponto de vista familiar, o que não tem sido fácil de compreender tendo em conta a lógica "proteccionista/nepotista" do consulado de JES.
Fruto desta instabilidade, AJ já percorreu praticamente todos os cargos governamentais no topo da pirâmide, estando agora claramente em queda (que ainda está longe de ser livre), depois de ter sido criado para a sua pessoa o cargo especial de Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro, no tempo em que Fernando da Piedade Dias dos Santos ocupou a primatura.
Quando tudo levava a crer que a sua nomeação para PCA da ANIP seria apenas uma questão de mais mês, menos mês, ocorre mais este "incidente de percurso" na sua carreira que o retira da liderança de uma das mais apetecíveis agências governamentais.
Pelas informações disponíveis a que tivemos acesso, a próxima paragem de AJ poderá ser o Instituto de Supervisão de Seguros, que desde a sua criação tem estado a ser dirigido por M.Aguiar.
Aguinaldo Jaime enquanto jurista é detentor de um sólido mestrado em seguros que fez na Inglaterra, depois de ter trabalhado vários anos durante a década de 80 na monopolista Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA), que foi o seu primeiro emprego depois de ter saído da cadeia.
Foi na ENSA que AJ deu os primeiros passos da sua reabilitação política, ficando por saber se ele já adquiruiu o cartão de militante do partido MPLA, condição que até há uns anos ainda não tinha preenchido.