sexta-feira, 23 de março de 2012

Manifestações e "contra-manifestações":Ainda a posição do deputado João Melo

Terei sido a primeira pessoa a criticar o texto que Aníbal João Melo escreveu a semana passada no Novo Jornal Semanário, antes de mais por achar que uma pessoa com as suas actuais e elevadas responsabilidades políticas (legislador/fiscalizador/ já lá vão cerca de 20 anos), não deveria nunca pactuar com a ideia da "contra-manifestação", apenas porque em todo o lado há exemplos deste tipo de exercício. 
Pelo que consta, a "contra-manifestação" é, sobretudo, um recurso das ditaduras, seja elas mais moles ou mais duras.  
Angola pode ser diferente sim, se todos estivermos interessados que assim seja, o que está longe de ser uma realidade entre nós, se a aposta for nos melhores padrões éticos. 
No resto, estamos a conseguir ser diferentes e até já somos mesmo considerados "especiais". 
O que cada nacional deve fazer/lutar no seu respectivo país, seja ele qual for, é que ele seja diferente para melhor e nunca o contrário, nivelando-o por baixo, apenas porque nos outros países também acontecem coisas menos boas. 
Se todos assim pensássemos e em conformidade agíssemos como tal, é fácil de concluir onde a generalidade dos países hoje estaria em termos civilizacionais.
Felizmente, o bom senso ainda vai prevalecendo na maior parte dos países que hoje integram a grande família das Nações Unidas, que deste modo se mantém do lado da civilização contra a barbárie. 
O seu actual "contra- texto" publicado esta semana no mesmo local, isto é, no Novo Jornal(http://www.facebook.com/notes/anibal-jo%C3%A3o-melo/esclarecendo-as-coisas/234950663270241), está menos ambíguo mas continua a não estar suficientemente claro, pois João Melo não se demarcou e muito menos condenou a violência homicida registada a 10 de Março, pois é disso mesmo que se tratou, conforme atesta o miserável estado em que ficou o pobre esqueleto do F. Vieira Lopes. 
Não há maior e mais sinistro radicalismo que a violência homicida. 
Fruto da sua dolorosa experiência histórica, os angolanos sabem bem até onde este radicalismo pode chegar, quando ele é organizado, teorizado e estimulado...
Como é evidente, os intelectuais, sejam os mais tradicionais ou os mais "orgânicos", não podem, nem devem ficar indiferentes ao fenómeno da violência política em qualquer parte do país ou do mundo.
Tal como fez JM, também eu não tenho qualquer problema em subscrever a posição que a CEAST acaba de adoptar em relação ao "dossier das manifestações/contra-manifestações".
Na argumentação apresentada durante a conferência de imprensa que foi transmitida em directo pela Emissora Católica de Angola, D. Filomeno Vieira Dias fez questão de salientar que quem exerce o poder "tem mais responsabilidades. Tem mais compromissos. Por isso, as pessoas serem agredidas na presença de agentes da ordem pública é uma coisa errada, como foi dito, mas é sobretudo condenável" (...) "Temos que ter confiança nos órgãos de ordem pública”(...)
“Eu tenho que me sentir seguro perante um agente da ordem pública".