sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Caiu (finalmente) a ministra que se encontrava suspensa




Preparado que já estou para todas as surpresas políticas, sobretudo para as más/mazinhas, não deixei de manifestar para os meus botões, alguma perplexidade, quando pela primeira vez, há mais três meses, a informação foi avançada pelo NJ dando-nos conta que Emanuela Vieira Lopes tinha sido “suspensa” por um despacho do PR.
Ao nomear uma troika liderada pelo então Secretário de Estado de Energia, João Baptista Borges (que é agora o novo titular), a quem foram entregues os dossiers principais do sector, o PR pura e simplesmente esvaziou a função que Emanuela Vieira Lopes ocupava, retirando-lhe completamente o tapete, como se costuma dizer.
Na prática a Ministra da Energia e Águas foi efectivamente suspensa pelo seu Chefe, acreditando nós, que a mesma tenha sido a última a saber, isto é, que não tenha havido qualquer contacto mais pessoal do PR com a sua subordinada no sentido de a pôr ao corrente da nova situação.
Do ponto de vista político fica um pouco difícil lidar com uma situação destas, pois o que acontece com os ministros, quando perdem a confiança do Chefe do Governo/Executivo em qualquer parte do mundo, é, normalmente, serem demitidos/exonerados por conveniência de serviço ou por uma outra razão qualquer. E ponto final.
O caso desta suspensão, com ou sem aspas, note-se, também já não constitui propriamente uma novidade, na forma por vezes, muito pouco ortodoxa, como JES tem vindo a conduzir a governação deste país ao longo dos últimos 32 anos.
Só que desta vez, a situação ganhou uma maior visibilidade devido ao “furo” do NJ que trouxe para o público a realidade de um ministério altamente estratégico, onde de repente a sua titular foi posta fora da circulação, mantendo-se tudo numa aparente normalidade institucional.
Os dois programas da TPA (Espaço Público) onde os problemas da água e da energia foram abordados na ausência de Emanuela Vieira Lopes, acabaram por confirmar a profunda anormalidade que se vivia no sector.
Para além do mais e do ponto de vista mais pessoal, acreditamos que tenham sido particularmente penosos e mesmo humilhantes, estes últimos dois momentos públicos para Emanuela Vieira Lopes.
Seja como for, também é bom dizer-se que quem corre por gosto não se cansa, embora saibamos todos, que os ministros de JES dificilmente lhe batem com a porta na cara, com algumas excepções dignas de realce.
Neste caso, Emanuela Vieira Lopes apenas confirmou a regra que é a ausência da cultura da demissão entre os ministros, mesmo diante de algumas situações extrema/humilhantes, como foi aquela que ela viveu nos últimos meses no MEA, depois de ter sido completamente esvaziada das suas competências.
Haja pachorra!