Preparado que já estou para todas as surpresas políticas,
sobretudo para as más/mazinhas, não deixei de manifestar para os meus botões,
alguma perplexidade, quando pela primeira vez, há mais três meses, a informação
foi avançada pelo NJ dando-nos conta que Emanuela Vieira Lopes tinha sido “suspensa”
por um despacho do PR.
Ao nomear uma troika liderada pelo então Secretário de
Estado de Energia, João Baptista Borges (que é agora o novo titular), a quem foram
entregues os dossiers principais do sector, o PR pura e simplesmente esvaziou a
função que Emanuela Vieira Lopes ocupava, retirando-lhe completamente o tapete,
como se costuma dizer.
Na prática a Ministra da Energia e Águas foi efectivamente
suspensa pelo seu Chefe, acreditando nós, que a mesma tenha sido a última a
saber, isto é, que não tenha havido qualquer contacto mais pessoal do PR com a
sua subordinada no sentido de a pôr ao corrente da nova situação.
Do ponto de vista político fica um pouco difícil lidar com
uma situação destas, pois o que acontece com os ministros, quando perdem a
confiança do Chefe do Governo/Executivo em qualquer parte do mundo, é,
normalmente, serem demitidos/exonerados por conveniência de serviço ou por uma
outra razão qualquer. E ponto final.
O caso desta suspensão, com ou sem aspas, note-se, também já
não constitui propriamente uma novidade, na forma por vezes, muito pouco
ortodoxa, como JES tem vindo a conduzir a governação deste país ao longo dos
últimos 32 anos.
Só que desta vez, a situação ganhou uma maior visibilidade
devido ao “furo” do NJ que trouxe para o público a realidade de um ministério
altamente estratégico, onde de repente a sua titular foi posta fora da circulação,
mantendo-se tudo numa aparente normalidade institucional.
Os dois programas da TPA (Espaço Público) onde os problemas
da água e da energia foram abordados na ausência de Emanuela Vieira Lopes,
acabaram por confirmar a profunda anormalidade que se vivia no sector.
Para além do mais e do ponto de vista mais pessoal,
acreditamos que tenham sido particularmente penosos e mesmo humilhantes, estes
últimos dois momentos públicos para Emanuela Vieira Lopes.
Seja como for, também é bom dizer-se que quem corre por
gosto não se cansa, embora saibamos todos, que os ministros de JES dificilmente
lhe batem com a porta na cara, com algumas excepções dignas de realce.
Neste caso, Emanuela Vieira Lopes apenas confirmou a regra
que é a ausência da cultura da demissão entre os ministros, mesmo diante de
algumas situações extrema/humilhantes, como foi aquela que ela viveu nos
últimos meses no MEA, depois de ter sido completamente esvaziada das suas
competências.
Haja pachorra!