[Esta semana fui contactado pelo semanário "ACapital" para fazer uma análise sobre o momento actual, no âmbito de uma matéria que estava na pauta. Depois disseram-se que a matéria já não ia ser publicada por falta de mais elementos.
Para que o meu texto não perca a actualidade, pois na próxima semana a conjuntura já dever ser outra, aqui fica a minha visão sobre o momento que estamos a viver.]
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A avaliação que faço da campanha pré-eleitoral não é a mais positiva do ponto de vista do que deve ser uma disputa competitiva, considerando que até então só sentia a presença do MPLA na estrada.
Depois das manifestações organizadas no passado dia 19 de Maio pela UNITA em todo o país, as coisas melhoraram um bocado, embora os restantes partidos ainda não tenham exibido o seu potencial, o que também não é uma boa nota.
Acho que a disputa em torno da indicação de Suzana Inglês para a presidência da CNE consumiu muito tempo útil ao processo e terá desviado preciosas energias da própria oposição, que é a parte que mais precisa delas para enfrentar o partido no poder e o seu poderoso candidato, que tudo leva a crer venha a ser José Eduardo dos Santos, numa altura em que se mantém a incógnita em relação ao número dois da lista do MPLA.
Esta incógnita parece-nos ser um dos aspectos mais interessantes do momento que o país está a viver, tendo em conta o lugar de primeiro plano que o MPLA ocupa na vida do país.
A presença do novel Ministro da Coordenação Económica, Manuel Vicente, em todas as inaugurações que estão a ter lugar nos últimos tempos é um claro indicador político que reforça as informações anteriores que apontavam na direcção da sua colocação no lugar 2 da mais aguarda lista de candidatos.
Há outras informações que ainda alimentam algumas dúvidas quanto a esta escolha.
Com a designação de um novo Presidente da CNE a pouco menos de dois meses para o início da campanha eleitoral, não se pode dizer que o processo esteja bem encaminhado, nem pouco mais ou menos, diante do muito que ainda há por fazer a todos os níveis.
As próximas semanas serão marcadas por uma verdadeira corrida contra o tempo, sendo, como todos sabemos, a pressa uma das maiores adversárias da perfeição.
Como principal desafio, tendo em conta os sinais que já foram emitidos, receio que a violência política possa ultrapassar alguns limites, transformando-se na principal arma de campanha, que é o que este país menos precisaria.
O desempenho da comunicação social pública mantém-se como um dos factores mais sensíveis de perturbação do momento, pois mantém-se a sua recusa estratégica em dar tratamento imparcial aos diferentes partidos, conforme recomenda a lei e as boas práticas do jornalismo de referência.
Se agora já é assim, como será lá mais para diante?