quinta-feira, 28 de junho de 2012

Um Almirante em terra firme faz a diferença...

É caso para dizer que o Almirante Miau partiu uma boa parte da louça que se encontrava na cristaleira. Não houve, contudo, grandes novidades na sua conferência de imprensa desta quarta-feira, isto é, Mendes de Carvalho não disse nada que já não fosse do domínio público. A novidade se quisermos tem a ver com a ruptura frontal, com o abraçar de uma nova causa.


Habituados que estamos no nosso "mercado político" a ver apenas pessoas a saírem de uma família/sensibilidade para outra, esta "transferência" do Almirante para além de outras leituras possíveis, transmite-nos alguma confiança no presente e no futuro do processo em curso, que continua a ter na plena democratização do país o seu grande objectivo.
Sabemos que o medo político em Angola é estimulado no silêncio dos corredores/gabinetes e continua a condicionar em muito a intervenção individual e colectiva, com o receio da retaliação e de outras consequências menos simpáticas para as nossas vidas.
São pois de saudar vivamente todos os gestos e iniciativas que ajudem a quebrar e a rasgar a cortina do medo, do silêncio e da auto-censura que ainda paira sobre a nossa sociedade com as cores das fidelidades politico-partidárias e das devoções ao Chefe.
Em democracia o primeiro compromisso das pessoas deve ser com a Constituição quando esta não viola a nossa consciência, por quando isto acontece, já são várias as constituições que consagram a clausula da objecção de consciência.
Estamos a verberar, nomeadamente, do medo do poder absoluto e sobretudo o medo de discordar em público com o discurso dos seus mais altos representantes, como se de entidades divinas se tratassem.
É neste sentido que, independentemente do seu conteúdo, gostaríamos de fazer uma leitura muito positiva do gesto do Almirante Miau, como sendo um grande contributo para a democratização do país, pois confere confiança aos cidadãos, tendo em conta a elevada patente que o cidadão Mendes de Carvalho teve durante a sua carreira militar.
O direito de oposição está consagrado na nossa Constituição para ser exercido a todo o tempo.
Ontem o Almirante Miau deu por finda a sua carreira militar e assumiu claramente um projecto politico-partidário que é oposição ao actual do poder do MPLA.
Oiça parte do que ele disse (porque ele disse muito mais) nesta reportagem transmitida pela Ecclésia.