Com alguns recursos ainda pendentes, o país
já sabe com quem vai a votos no próximo dia 31 de Agosto, após os acórdãos de
admissão e rejeição divulgados segunda-feira última pelo Tribunal
Constitucional (TC).
Todos os partidos que têm assento parlamentar (MPLA, UNITA,
PRS, FNLA e ND-Coligação Eleitoral) vão continuar a disputar as simpatias
políticas angolanas, o que quer dizer que viram as suas candidaturas aprovadas
pelo Tribunal Constitucional.
Entre os novos que surgem na corrida, o destaque vai,
certamente, para a coligação CASA, liderada pelo dissidente da UNITA, Abel
Chivukuvuku, que é coadjuvado por um Almirante das FAA que passou muito
recentemente à reforma e que atende pelo nome de André Mendes de Carvalho,
também conhecido por Miau e que é filho mais velho de um emblemático militante
da velha guarda do MPLA.
Interessante nesta altura e diante da impossibilidade do
Bloco Democrático (BD) de Justino Pinto de Andrade/Filomeno Vieira Lopes e do
Partido Popular de David Mendes conseguirem passar pelo crivo do TC, depois do
primeiro chumbo, é tentar saber a quem é que eles vão apoiar, caso se confirme
em definitivo o seu afastamento da corrida, como tudo leva a crer.
Neste âmbito podemos incluir a FNLA do “proscrito” Ngola
Kabangu, pois em definitivo ainda não se sabe qual será a sua última palavra,
depois de o termos ouvido proclamar alto e em bom som a sua intenção de em
circunstância desistir da luta como legítimo Presidente da organização fundada
por Holden Roberto.
A CASA-CE perfila-se assim no horizonte,
que é já dentro de um mês, como uma
potencial alternativa, para grande parte daqueles que viram as suas
candidaturas chumbadas pelo Tribunal Constitucional, orientarem o voto dos seus
apoiantes.
É pois com bastante expectativa que aguardamos pela próxima
etapa do processo eleitoral angolano, quando começarem as negociações
pré-eleitorais, caso elas venham a ter lugar conforme é nossa previsão no
âmbito dos inevitáveis realinhamentos.
No que toca ao BD, que é a formação que eu tenho acompanhado
mais de perto e conheço melhor, sinceramente não estou a ver para os seus
líderes uma outra alternativa que não seja a CASA-CE, na hora de reorientarem o
voto dos seus militantes, simpatizantes e amigos.
Apresenta-se assim como sendo bastante auspicioso para as
ambições de Chivukuvuku e dos seus companheiros de coligação, o cenário da
CASA-CE poder vir a aglutinar a maior parte dos apoios que estarão disponíveis,
como resultado dos chumbos aplicados pelo Tribunal Constitucional.
Com esta aliança mais alargada, a CASA ganhará certamente
outras possibilidades, embora se diga que a sua base eleitoral é
fundamentalmente aquela que Chivukukvuku tem estado a “desviar” da UNITA e
pouco mais.
Como a surpresa e a política são companheiras antigas, acho
que ainda é cedo para, em termos de estimativas, se traçar um quadro mais
definitivo em relação ao que será a nossa provável geografia eleitoral.
As próximas duas semanas serão certamente decisivas para este
tipo de exercício futurista que todos já começaram a fazer.
Depois da sua primeira conferência
imprensa, é caso para dizer que o Almirante Miau partiu uma boa parte da louça
que se encontrava na cristaleira rubro-negra.
Não houve, contudo,
grandes novidades, isto é, Mendes de Carvalho não disse nada que já não fosse
do domínio público. A novidade se quisermos tem a ver com a ruptura frontal,
com o abraçar de uma nova causa.
Habituados que estamos no nosso "mercado político"
a ver apenas pessoas a saírem de uma determinada família/sensibilidade para
outra, isto é da UNITA para o MPLA, esta "transferência" do Almirante
para além de outras leituras possíveis, transmite-nos alguma confiança no
presente e no futuro do processo em curso, que continua a ter na plena
democratização do país o seu grande objectivo, que ainda está muito longe de
ser alcançado.
Sabemos que o medo político em Angola é estimulado no silêncio dos corredores/gabinetes e continua a condicionar em muito a intervenção individual e colectiva, com o receio da retaliação e de outras consequências menos simpáticas para as nossas vidas.
São pois de saudar vivamente todos os gestos e iniciativas que ajudem a quebrar e a rasgar a cortina do medo, do silêncio e da autocensura que ainda paira sobre a sociedade angolana.
Sabemos que o medo político em Angola é estimulado no silêncio dos corredores/gabinetes e continua a condicionar em muito a intervenção individual e colectiva, com o receio da retaliação e de outras consequências menos simpáticas para as nossas vidas.
São pois de saudar vivamente todos os gestos e iniciativas que ajudem a quebrar e a rasgar a cortina do medo, do silêncio e da autocensura que ainda paira sobre a sociedade angolana.
Em democracia o primeiro compromisso das
pessoas deve ser com a Constituição quando esta não viola a nossa consciência,
por quando isto acontece, já são várias as constituições que consagram a clausula
da objecção de consciência.
Estamos a verberar, nomeadamente, do medo do poder absoluto e sobretudo o medo de discordar em público com o discurso dos seus mais altos representantes, como se de entidades divinas se tratassem.
É neste sentido que, independentemente do seu conteúdo, gostaríamos de fazer uma leitura muito positiva do gesto do Almirante Miau, como sendo um grande contributo para a democratização do país, pois confere confiança aos cidadãos, tendo em conta a elevada patente que o cidadão Mendes de Carvalho ostentou durante a sua carreira militar.
O direito de oposição está consagrado na nossa Constituição para ser exercido a todo o tempo.
O Almirante Miau deu por finda a sua carreira militar e assumiu claramente um projecto politico-partidário que é oposição ao actual poder do MPLA e do seu Presidente.
Estamos a verberar, nomeadamente, do medo do poder absoluto e sobretudo o medo de discordar em público com o discurso dos seus mais altos representantes, como se de entidades divinas se tratassem.
É neste sentido que, independentemente do seu conteúdo, gostaríamos de fazer uma leitura muito positiva do gesto do Almirante Miau, como sendo um grande contributo para a democratização do país, pois confere confiança aos cidadãos, tendo em conta a elevada patente que o cidadão Mendes de Carvalho ostentou durante a sua carreira militar.
O direito de oposição está consagrado na nossa Constituição para ser exercido a todo o tempo.
O Almirante Miau deu por finda a sua carreira militar e assumiu claramente um projecto politico-partidário que é oposição ao actual poder do MPLA e do seu Presidente.