sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Nasceu uma nova e sofisticada Capital
Em termos de paginação, o (novo) jornal do Tandala (que voltou a escrever o editorial) é o mais sofisticado surgido até ao momento na nossa praça.
Definitivamente, o Tandala parece ter sobrevivido ao render da guarda na Capital, depois dos momentos dramáticos que viveu quando o negócio da venda ficou conhecido o ano passado.
De facto o projecto gráfico é bastante inovoador e arejado e vai certamente contribuir bastante para a melhoria da posição do semanário, fundado pelo Ocirema, entre a concorrência.
No lançamento do novo projecto, que aconteceu esta quinta-feira na C70, tivémos (finalmente) a oportunidade de conhecer o rosto do proprietário do semanário que, como se sabe, foi adquirido pela Medivsion, SA.
A manchete desta primeira nova Capital acabou, entretanto, por pecar por uma grande diferença, que anulou, de algum modo, o seu impacto.
É que todos nós, já estamos carecas de saber que as FAA e a Polícia estão infestadas por marginais, da base ao topo, passando pela estrutura intermédia.
A novidade agora é saber quem são eles e aonde se encontram a "marginalizar", sobretudo os que estão entrincheirados no topo da pirâmide das duas instiuições.
Este acaba por ser também um dos grandes desafios do próprio semanário que ganhou bastante prestígio pela sua informação sobre matérias ligadas ao crime na nossa cidade.
O problema é que a Capital, por vezes, "perde" muito tempo com os pilha-galinhas (tostões), deixando os do colarinho-branco (milhões) passearem-se à vontade, como se de bons samaritanos se tratassem.
Estou lembrado de uma entrevista feita pelo jornal a um responsável da Polícia Económica e de uma das questões que lhe foi colocada relativamente ao facto da instituição apenas apresentar, como resultado da sua intervenção, detenções de pilha-galinhas e pouco mais, num país onde a corrupção já está institucionalizada, afectando particularmente a gestão da coisa pública.
Pelos montantes envolvidos (desviados) e pelo seu impacto social desastroso, a corrupção é o maior crime que estamos com ele. Passar ao seu lado não credibiliza um jornal que se quer afirmar como sendo de referência na área do crime.
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A minha contribuição (Angola e a crise ivoiriense) ============================================================
Para este primeiro número da nova Capital fui convidado a escrever sobre a posição de Angola em relação à crise que se instalou na Costa do Marfim.
Só esta semana com a realização da anunciada cimeira extraordinária da União Africana para debater o problema ivoiriense teremos uma ideia mais consolidada de como a posição de JES foi ou está a ser recebida pelos seus pares africanos.
Há sinais contraditórios a este respeito, na sequência da contra-ofensiva desencadeada pela diplomacia angolana, por isso, à cautela, é preferível esperarmos mais um bocado.
Inicialmente a posição africana apontava para a condenação inequívoca de Laurent Gagbo (LG), mas é possível que as coisas tenham evoluído nas últimas semanas a favor da diplomacia em detrimento do uso da força, sem se pôr causa o princípio democrático do respeito pelos resultados das urnas.
Pessoalmente, acho curiosa esta postura dialogante de JES e do Executivo, tendo em conta o nosso próprio passado.
De facto parece-me haver aqui a política dos dois pesos, duas medidas, com alguma perda de memória pelo meio, considerando que o caso angolano tem algumas semelhanças com o ivoiriense, salvaguardando-se as devidas distâncias.
No caso em apreço não há qualquer dúvida que JES, independentemente dos factos em presença e de outros juízos de valor, está a fazer tudo ao seu alcance para apoiar LG, um aliado dos tempos da guerra em Angola, quando a UNITA se “passeava” com algum a vontade pela Costa do Marfim.
Há ainda a acrescentar os interesses económicos que Angola tem na CI de onde nesta altura importa uma parte dos produtos refinados do petróleo que consome e que são produzidos por uma estratégica refinaria existente naquele país africano.
Com esta "intervenção" JES tem diante de si um teste importante à sua capacidade de influenciar o continente, onde Angola já não é bem um país para esquecer, como foi no passado da guerra.
Este teste é mesmo decisivo, pois caso não seja bem ultrapassado pode vir a comprometer algumas aspirações da diplomacia angolana a ter um maior protagonismo junto da UA e da comunidade internacional.
Seja como for e depois da trapalhada que foi a presença do embaixador angolano na cerimónia de tomada de posse de LB em Abidjan, Angola já corrigiu o tiro e agora deverá alinhar pela solução da repetição das eleições.
O problema é que o clima da CI deteriorou-se de tal forma que ninguém acredita que se possam realizar eleições tão cedo.
Assim sendo, também não me parece que a solução do "presidente constitucional" defendida por JES venha a ser aceite pelos seus pares.
O impasse já se instalou.