sexta-feira, 8 de abril de 2011

A taxa de inflação oficial, o salário e a política da avestruz

["Os membros do Conselho Nacional de Concertação Social reconheceram os esforços do Executivo para a redução da inflação e aumento do salário mínimo nacional em 2010, bem como encorajaram a continuar a adoptar políticas e medidas com vista a melhorar progressivamente as condições laborais e de vida dos trabalhadores"- Angop] No final desta reunião ouvimos declarações muito tímidas (quase envergonhadas) do Secretário-Geral da UNTA, Manuel Viaje, sobre a questão do salário mínimo, como se o assunto da miséria/pobreza salarial que se vive em Angola fosse mais um tabú, semelhante ao da sucessão de JES. De facto continuamos muito mal, quando o Executivo não aceita adoptar a proposta fasquia dos 500 dólares para salário mínimo, mantendo-se inalterável os actuais e surrealistas 150. Mais do que isso o Executivo continua a olhar pró lado quando os sindicatos lhe falam da necessidade do salário recuperar o poder de compra perdido com base na taxa oficial de inflação. ATT: Não confundir em circunstância alguma a taxa oficial de inflação que o Governo usa para definir o seu quadro macro-económico, com a taxa real que é aquela que nos faz sorrir quando olhamos para os 12%. Em nosso entender os salários da maior parte dos trabalhadores angolanos não têm qualquer possibilidade de acertar o passo com a realidade, enquanto se insistir em fazer contas à vida com a taxa oficial de inflação. É nesta taxa que está o grande problema, é com ela que o Executivo faz a sua política de avestruz, é com ela que vemos a pobreza a aumentar a cada dia que passa, pois a inflação todos os dias dispara, reduzindo o poder de compra dos salários. Já não estamos no tempo da hiperinflação, mas a tendência da subida do custo de vida mantém-se em alta e não há sinais de inversão da mesma. Pelo contrário. A estabilidade macroeconómica é apenas virtual. Enquanto não se encarar de frente esta realidade, a abordagem da politica salarial conforme está a ser feita não vai produzir outros efeitos, para além do aumento do descontentamento, da frustração, da corrupção na função pública. No sector privado os efeitos são os mesmos. Veja-se os repetidos casos dos assaltos praticados pelos guardas que trabalham para as empresas de segurança. ********************************************************************** comentários: ********************************************************************** Niura disse... É estranho que ninguém comente sobre esta matéria, mas a razão deve estar na manutenção do "status quo" nesta problemática. Já são demais os calotes do Executivo e a complacência dos sindicatos. Numa das conferências de imprensa do Executivo realizada o ano passado o Dr. Carlos Feijó prometeu um reajuste salarial na ordem dos 5.4% e até agora "nem água vai, nem água vem". Os preços continuam a subir, a taxa de inflação chegou aos 15% e, apesar do preço do crude praticado no mercado internacional ser superior ao previsto pelo Executivo, os sindicalistas aceitam de ânimo leve o ragumento segundo o qual não houve aumento salarial por falta de produtividade!?! Raios me partam ou então já não sei onde aferir a produtividade do país, se o petróleo é o nosso principal protudo de exportação e do resultado da sua venda, advir grande parte das receitas fiscais que conformam o OGE! Não se brinca com coisas sérias e em matéria de economia acabamos por opinião porque a pobreza rói-nos o estomâgo. 11 de Abril de 2011 11:07