segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Novo Jornal, um ano depois...

Estivémos a semana passada no Hotel Trópico, onde a malta do Novo Jornal (NJ) assinalou o primeiro aniversário da sua existência com uns secos e molhados, mais umas “bocas” do seu Director a propósito de uma data, que, quanto a nós, tem a ver com a viragem de uma nova página na história do desenvolvimento da nossa imprensa. Sem menosprezarmos intervenções anteriores de menor monta, onde se destaca a Executive do Nuno Fernandes com a sua Economia e Mercados, podemos afirmar aqui, que o surgimento do Novo Jornal há um ano, marca a entrada em força do investimento privado na comunicação social, com o consequente estabelecimento de novas relações de poder no sector e a abertura de outras perspectivas. Há algumas divergências na caracterização dessas perspectivas, sendo possível divisar-se já uma linha de fractura nesta abordagem, com os mais desconfiados receosos de estarmos apenas diante de uma estratégia política bem montada para silenciar, pela via do mercado, os players tradicionais, os ditos “pasquins”, que continuam a ter na liberdade editorial, o seu capital principal nesta fase da concorrência com os novos “golias”. Sem se pretender estabelecer uma relação de causa/efeito, diríamos que o efeito de arrastamento desta aposta do capital privado no NJ já é visível nos novos projectos que foram surgindo ao longo deste último ano. Sempre defendemos (em tese e na prática) que já é possível em Angola aos projectos editoriais coabitarem em pé de igualdade (sem comprometedoras cedências) com qualquer tipo de tutela, desde que por perto haja jornalistas de verdade e as regras estejam perfeitamente definidas, de acordo naturalmente com os princípios fundamentais da própria liberdade de imprensa. Estes princípios por serem estruturantes do próprio Estado Democrático e de Direito, não são discutíveis, sendo sem dúvida o principal, até pela sua própria dignidade constitucional, aquele que proíbe o exercício de qualquer tipo de censura na imprensa, nomeadamente de natureza política, ideológica e artística. Tudo o resto pode ser negociado com a tutela, que, eventualmente, poderá estar mais interessada em ter o projecto por ela financiado, orientado para determinados aspectos ou problemáticas da vida nacional e internacional. A tutela terá sempre razão quando, por exemplo, forem detectadas falhas mais ostensivas ao nível do (falta) rigor e profissionalismo com que se trata a informação, o que, como todos sabemos, é o principal calcanhar de Aquiles dos diferentes projectos editoriais (mais uns do que outros) que compõem a nossa ainda imberbe paisagem mediática. Um ano depois de ter surgido, o Novo Jornal provou que é possível o projecto jornalístico independente coexistir pacificamente com os interesses da tutela, admitindo nós que ao longo desta primeira etapa tenha havido algumas pressões e tensões próprias de qualquer coabitação. Elas terão sido, provavelmente, agravadas pelo contexto angolano onde o poder político continua a ser demasiado tentacular, intolerante e arrogante, embora actualmente já saiba disfarçar melhor em público os seus azedumes, preferindo movimentar-se nos bastidores, quando não é tratado como gostaria. Das “bocas” mandadas esta semana no Trópico pelo Director do Novo Jornal não gostamos, entretanto, muito da referência feita ao facto do surgimento do seu projecto ter sido uma “pedrada no charco”. Pareceu-nos ser uma crítica injusta e pouco solidária, dirigida a todos quantos já cá estavam há muitos anos, sem um centésimo dos recursos que foram postos à sua disposição, antes do NJ se transformar em realidade semanal, como primeiro “jornal do capital” para usarmos uma expressão do próprio. Jornalismo de qualidade sem recursos é uma missão quase impossível, que mesmo assim, com todos os altos e baixos que se conhecem, os players tradicionais têm tentado fazer. É que, da “pedrada no charco” para o discurso do “salvador da pátria”, vai apenas um passo, que não gostaríamos de ver o NJ trilhar em circunstância alguma. Humildade sem excesso de modéstia, é o que se recomenda nesta faina onde nem tudo que aparece na rede é peixe, deixando, de preferência para terceiros, a avaliação dos nossos méritos e sucessos. Também, note-se, já não tínhamos gostado muito da piada lançada há um ano pelo Vítor Silva, quando na cerimónia de apresentação do projecto, no Complexo Hoteleiro da Endiama (CHE), dissera que o NJ não iria entrar na “guerra das manchetes”. Tratou-se de uma verdadeira provocação. Como facilmente se pode constatar, o NJ durante este primeiro ano da sua existência foi bastante activo como participante desta suposta “guerra”.
Anónimo disse... "savibim e holden deixam os filhos na miséria", o mesmo não se poderá dizer de josé eduardo, está bem e deixa melhor ainda os filhos dele, (não são os da nação), parabéns pela denúncia e continuem,rita 23 de Fevereiro de 2009 18:32
Anónimo disse... Mal vai o circo quando é o próprio palhaço a falar mal dele... As opiniões dos jornalistas não interessam a ninguém pois não passam disso mesmo: conceitos, quando não (pré)conceitos. Como a Rita (acima) também comecei a ler este artigo devido à parangona ('manchete' não, porque é uma corruptela da expressão gaulesa 'manchette') e afinal, decepção! É só um pretexto para umas 'alfinetadas' entre jornalistas enciumados. 25 de Fevereiro de 2009 16:45