Apesar de nos States, Barack Obama ter, de algum modo, decretado guerra à poderosa industria dos lobbyes, em Angola onde ela ainda não existe como tal, somos adeptos do seu surgimento com os melhores propósitos, enquanto ainda é possível controlar a situação.
Achamos que se houvesse mais lobbyies, determinadas causas tidas como mais nobres, de acordo com alguns valores que nos são mais caros, estariam hoje melhor equacionadas pelos poderes públicos visando a sua resolução definitiva.
É na imprensa angolana onde se sente mais a mão invisível da incipiente industria lobbyista local, na maior parte das vezes com propósitos pouco transparentes e sempre ao serviço de causas individuais relacionadas com a promoção de personalidades sedentas de visibilidade para alcançarem outros patamares na sua ascendente e insaciável trajectória rumo ao enriquecimento total.
Hoje vou-me a associar a esta “indústria”, fazendo lobbye pela Associação Cultural e Recreativa Chá de Caxinde (ACRCC) que está a celebrar nos dias que passam o 20º aniversário da sua fundação.
Com este lobbye, gostaria de ver o Governo atribuir a ACRCC o estatuto de Associação de Utilidade Pública, como sendo o melhor presente de aniversário que se poderia oferecer ao Jacques e a sua malta, que bem o merecem pelo trabalho consequente que têm desenvolvido em prol da cultura nacional.
Pelo que julgo saber, este estatuto, que tem alguns benefícios fiscais e não só, só foi até agora atribuído a organizações muito próximas do poder político, sendo o caso mais polémico, o do Movimento Nacional Espontâneo (MNE), que, como todos sabemos, é tido como sendo uma falange política de apoio directo ao Presidente José Eduardo dos Santos.
Tendo como referência os “galardões” já atribuídos, não se faria nenhum favor a Chá de Caxinde se lhe saísse este ano a “sorte grande” com o referido estatuto.
É evidente que haverá por este país muitas outras organizações da sociedade civil que deveriam igualmente ser apoiadas com este estatuto pelo Governo.
Penso mesmo que o referido estatuto deveria ser “móvel”, isto é, que depois de atribuído poderia ser retirado a qualquer momento, caso se comprovasse que o beneficiário tinha deixado de o merecer, por quebra do seu contrato social.
Estou pois hoje aqui a fazer lobbyie em favor da atribuição deste tão cobiçado estatuto a Chá de Caxinde, da qual não sou membro, nem quero ser, mas em relação à qual tenho a maior consideração e estima.
Parabéns Jacques dos Santos!