sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Nasceu uma nova e sofisticada Capital
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
TAAG: Depois da tempestade...
[Ponto prévio: Não me acusem de ser um agente da TAAG, mas as informações que me chegaram até ao momento são muito positivas e vêm contrariar todas as outras postas a circular até então através de duas famosas cartas-aladas que andam a esvoaçar por todos os emails desta cidade.
Como não me foi possível verificar estas dikas, tomem-nas com o devido cuidado e como sendo apenas uma versão possível do que se está a passar pelas bandas do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro. O resto logo se verá.]
A Inspecção IOSA à TAAG ( Auditoria de Segurança Operacional da IATA)ocorrida nas últimas semanas teve resultados extremamente satisfatórios para a companhia angolana.
“Brilhante”, foi como a nossa fonte considerou o resultado da inspecção que é a terceira e que versou sobre todas as áreas operacionais da empresa angolana, nomeadamente manutenção, operações de voo e operações de terra e segurança operacional.
Os resultados, claramente animadores para a TAAG, são um sinal muito positivo relativamente ao programa de medidas implementados pelos gestores da companhia aérea nacional de bandeira que assim conhecem, pela segunda vez consecutiva , nota alta nestas inspecções.
Foi, recorde-se , na sequencia de uma primeira inspecção IOSA que a TAAG se viu impossibilitada de voar para o espaço aéreo europeu.
Outro bom sinal para a companhia é a excelente colaboração da General Electric ( o fabricante dos motores dos Boeing 777/200 ) com a TAAG, na procura de soluções para os problemas verificados nos motores e que conduziram à decisão da Administração da TAAG de paralisar a operação daquela frota até ao completo esclarecimento da origem das suas causas.
A General Eletric já descartou qualquer responsabilidade do operador ( a TAAG) nos problemas surgidos nos reactores, pelo que está a dar o maior apoio no sentido de se encontrar soluções para se repor a operacionalidade dos aparelhos da TAAG.
Prevê-se que o avião paralisado no Rio de Janeiro possa recomeçar os seus voos dentro de uma semana, enquanto o que está em Lisboa deverá começar a voar em meados de Fevereiro.
O terceiro, que está em Luanda será o ultimo a reentrar em operação.
Os três aviões estão a receber motores de aluguer , motivo pelo qual se esperou algum tempo. Como se sabe, a procura de motores é grande , sendo a disponibilidade no mercado de aluguer de alguma forma escassa. Componentes precisas para a montagem dos reactores estão também a chegar aos aeroportos onde se encontram estacionadas os Boeing 777-200.
A frota de longo curso da TAAG será a meio do ano reforçada com mais duas aeronaves 777-300-ER o que dará um lastro maior à operação da companhia aérea nacional de bandeira angolana.
PS- Por acaso até gostava de ser um agente da TAAG, mas era apenas para vender bilhetes, porque o negócio, segundo me dizem, sempre vai dando algum.
Não sou agente da TAAG, mas sou filho de um dos funcionários mais antigos da companhia (já falecido), quando a mesma ainda se chamava DTA e o aeroporto de Luanda era apenas um campo de aviação localizado ali pelas bandas da Praça da Independência, onde ainda se encontra um dos seus hangares que agora alberga as oficinas de uma conhecida concessionária automóvel.
O meu primeiro contacto físico com os aviões da actual TAAG, com bilhete de facilidade, fez-se com um aparelho que a DTA tinha antes de comprar os friendships. A minha primeira viagem foi de Luanda para Sá da Bandeira (actual cidade do Lubango) no ínicio dos anos 70.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Acabou a (minha) BBC
De facto o serviço português da BBC para África vai esta quarta-feira encerrar as suas emissões na sequência de um plano de cortes orçamentais que atingirá mais 4 departamentos em línguas estrangeiras. terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O período jurássico da regulação
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
A Semana Social da Igreja e o Seminário/ Municipalização do Governo
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Dívida externa: Afinal, não estamos nada bem
Contrariando frontalmente algumas das anteriores avaliações mais optimistas, o Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dr. Carlos Feijó (CF), acaba de se manifestar muito preocupado com a capacidade de endividamento de Angola, numa altura em que a dívida governamental já ultrapassou os trinta mil milhões de dólares.
Aqui uma dúvida, pois ficamos sem saber se a cifra citada por Carlos Feijó, tem a ver com a totalidade do stock da dívida ou se será apenas referente ao chamado endividamento externo.
A abordagem de CF vem de encontro às nossas preocupações, pois sempre manifestamos idênticos receios em relação à capacidade de endividamento de Angola numa base sustentável que tem de ter em conta o seu rácio com o PIB.
CF não se referiu concretamente a este rácio, mas foi suficientemente enfático na assumpção do problema, que, pelos vistos, já começou a ensombrar as perspectivas governamentais em termos de médio e longo prazos.
Esperemos pois que, com base nesta “reviravolta”, os gestores políticos/ públicos da nossa economia arrepiem o passo na tendência que se observa em matéria de captação de recursos financeiros, pela via do endividamento, junto do mercado interno e externo.
De facto há uma apetência muito grande em aumentar o endividamento público em condições gravosas, que muitas vezes não corresponde a nenhuma prioridade da intervenção do Executivo. Aqui, mais uma vez, é fácil detectar o “mingócio” através da mão invisível dos interesses particulares mascarados com o famoso interesse público, para justificar operações e compromissos que estão a hipotecar o futuro de todos nós.
A existência de um Comité de Gestão da Dívida Pública, pelos vistos, não tem sido capaz de travar esta “apetência pantagruélica”.
De uma forma geral, foi bastante realista e frontal o tom desta terceira conferencia imprensa de balanço realizada segunda-feira pelo Governo, que tem cada vez mais na pessoa de Carlos Feijó, o seu principal rosto executivo, numa altura em que ele acaba de subir mais um degrau, com a sua eleição para o BP do partido da situação.
CF preferiu desta vez chamar os bois pelo seu nome, evitando fazer promessas, o que conferiu bastante credibilidade à sua abordagem, numa evolução aparentemente fracturante com o anterior discurso oficial, que pode, entretanto, vir a ser sol de pouca duração.
No relacionamento com os EUA na sequência da recusa dos bancos norte-americanos em domiciliarem as contas da nossa embaixada, CF falou da necessidade de se fazer o trabalho de caso no sentido de se averiguar com a necessária profundidade o que se está a passar com esta situação.
Uma mesma alusão, note-se, já tinha sido feita anteriormente pelo novo Ministro das Relações Exteriores, Jorge Chicoty, que a propósito, chegou mesmo a dirigir uma crítica pública à forma como a embaixada angolana nos EUA tem estado a informar Luanda sobre a evolução do dossier. CF reconheceu que Angola só há três meses foi retirada da lista dos países que não cooperam com as directivas internacionais relacionadas com o combate ao branqueamento de capitais/terrorismo e outras matérias que têm a ver com a transparência.
Neste âmbito e depois do ano passado ter sido aprovada a primeira legislação sobre o branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, o Chefe da Casa Civil destacou a necessidade do Executivo se concentrar prioritariamente na sua agenda interna com a maior transparência possível.
O kwasa-kwasa de Gagbo
O video em apreço foi filmado no decorrer da cerimónia da sua recente tomada de posse em Abidjan, onde o único membro do corpo diplomático presente se chamava Gilberto Buta Lutucuta (conhecem?). O filme exibe a faceta de dançarino de Laurent Gagbo. Dizem que ele é um fan incondicional de Koffi Olomidé, mas também já foi de Koné Seydou, mais conhecido por Alpha Blondy. De acordo com um dos nossos correspondentes voluntários, Alpha Blondy que é muçulmano originário do norte da CM, contrariando tudo e todos, revelou que durante as últimas eleições presidenciais, votou a favor de Gbagbo, o candidato sulista e não muçulmano. Segundo a agência independente de notícias Seneweb.com, Alpha Blondy declarou por ocasião do Natal que "o meu candidato perdeu. Outtara ganhou. Ele é o meu Presidente. Peço-lhe por isso, para proteger Laurent Gbagbo que deve aceitar a derrota eleitoral com fairplay". O reggaeman Alpha Blondy é um cantor muito influente no seio da juventude costamarfinense e da região da CEDEAO, pelo que as suas afirmações têm grande peso na sociedade civil da Costa do Marfim.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Recado para o seminário sobre a municipalização
Não tenho muitas dúvidas quanto à necessidade de requalificação/revitalização de muitas áreas da nossa cidade, embora duvide da consistência de algumas dessas intervenções, quer em matéria de prioridades, quer em relação aos seus custos directos e indirectos, quer ainda no tocante à qualidade dos projectos, que muitas vezes acabam por complicar ainda mais a vida das populações.
Tenho ainda menos dúvidas quanto ao facto destas intervenções estarem a provocar o aumento da pobreza, da exclusão social e da criminalidade, colocando tais índices do nosso subdesenvolvimento humano em patamares muito preocupantes para o mínimo de estabilidade/segurança que é necessário para uma cidade poder funcionar.
A questão não é fácil de equacionar, mas tem de ser abordada com toda a frontalidade.
Não há como fugir dela, embora seja esta a solução que foi adoptada provisoriamente.
O fórum governamental sobre a gestão municipal a ter inicio esta terça-feira em Luanda, poderia ser uma boa oportunidade para se fazer este exercício.
Para já o que vejo é a avestruz a enfiar a cabeça na areia e... pouco mais.
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Comentários
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JCRC disse...
Para minha Luanda, gostaria que se discutisse:
1. Forma de eleição/nomeação do governador e líderes municipais. (Que é um problema nacional)É urgente existir alguma previsibilidade na gestão da cidade, é insustentável a contínua nomeação de governadores sem mandato limitado no tempo sem clareza dos seu reais poderes. 2. Definição clara da política de habitação e urbanização
Sou da opinião que o morador do prédio da Cuca não deve ser alojado numa casa igual ao da Favela da Praia do Bispo, mas não concordo com a ideia das "casas evolutivas". Porque, o que se tem visto é a tranferência da camada mais carenciada para as ditas casas incabadas o que provoca o aumento da pobreza como referes e estas famílias jamais consiguirão acabar a casa dentro dos padrões esperados o que, no limite, não representa uma melhoria nas condições de habitabilidade.Mais, a deslocação dos bairros deve ser pensada em conjunto com uma política de deslocação de unidades prdutivas para zonas próximas das famosas "novas centralidades"
18 de Janeiro de 2011 17:42
Niura disse...
O problema de Angola está na excessiva concentração e centralização do poder, política (é só ver pra os poderes do PR que nomeia tudo e todos) e administrativamente (as autarquias só existem no formalismo constitucional e tarda a materializar-se, o que é grave).
A não materialização da descentralização administrativa e territorial (autarquias locais) acaba por ser o grande impulsionador da pobreza (rural e urbana), porquanto impulsiona as deslocações das populações rurais pras cidades (principalmente pra Luanda) à procura de melhores condições de vida; as cidades concebidas pra pouco menos de 1 milhão de habitantes, estão a "rebentar pelas costuras"; aumenta o comércio informal e precário; aumentam os índices de criminalidade; aumentam as construções desordenadas e anárquicas (o que se passa hoje no Rio de Janeiro, poderá acontecer amanhã connosco); aumentam as assimetrias sociais; e pra dar mais raiva "os poucos que têm, ostentam e nos fresgam na cara" porque esta é a forma de marcar a diferença entre nós (tipo apartheid).
Sei que pra o funcionamento das autarquias locais, precisam-se das finanças locais (impostos e taxas pré-definidas), mas pra começar porquê não direccionarmos pra autarquias locais os excedentes da venda do petróleo que agora são canalizados pra um fundo soberano do petróleo que só poucos conhecem, controlam e esbanjam!?!
Preço médio previsto pelo Executivo: U$D 68/barril; preço real do mercado U$D 95/barril= a uma diferença de U$D 37/barril.
É muito dinheiro, muito mesmo!
Não podemos pensar Angola a partir dos gabinetes climatizados dos departamentos ministeriais de Luanda.
Acordem meus senhores!
19 de Janeiro de 2011 08:59
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
As recordações do meu baú
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
"Uma mera Constituição semântica"
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Um arejado contributo para o debate de ideias
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Artur Queirós mentiu em relação ao Kudibanguela (actualizado)
Entre patetices, gabarolices e fanfarronices, próprias do seu estado terminal/demencial, Artur Queirós (AQ) também mentiu descaradamente na entrevista concedida esta terça-feira ao programa do Zé Rodrigues na LAC ao assumir a paternidade do Kudibanguela, um programa popular de agitação política favorável ao MPLA que começou a ser transmitido em Dezembro de 1974, ainda sob o tecto da então Emissora Oficial de Angola (EOA).
Um dos quatro sobreviventes do Kudibanguela garantiu-nos esta terça-feira que AQ nunca teve nada a ver com o programa, que foi uma iniciativa da Coordenação da Comissões de Bairro que inicialmente contou com o apoio da direcção do MPLA na pessoa do próprio Agostinho Neto.
Da equipa do Kudibanguela faziam parte: Manuel Neto (MBala), coordenador e na altura DG da RNA; Adelino Santos (Betinho); Costa Benjamim NGalangandja; Emanuel Costa (Manino); Rui Malaquias (Ngila); Colosso; Evaristo Rocha; Ricardina Rocha (Didina).
Técnicamente o programa era assessorado na sonoplastia pelo Fernando Neves, o Artur Arriscado e o Óscar Gourgel, que em momento algum foram tidos como membros da equipa.
É bom recodar aqui que no periodo revolucionário, AQ trabalhou na EOA pouco mais de cinco meses, conforme ele próprio nos deu a conhecer, tendo em conta que o seu regresso a emissora se deu em Setembro de 1974, depois da sua primeira admissão em 1966 como "assistente literário".
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Artur Queirós mentiu igualmente em relação a não existência de um estatuto do jornalista em Angola.
O estatuto (decreto do Conselho de Ministros) existe desde 1996 (salvo erro) e só não foi implementado conforme ele deveria ser, por ausência da Comissão da Carteira Profissional, que tarda em ser criada, por razões que ultrapassam de algum modo a classe.
Com a aprovação da nova Lei de Imprensa em 2006 voltou a falar-se da necessidade de se aprovar um novo estatuto do jornalista.
Até agora estamos todos a aguardar que o "milagre" aconteça.
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O inicio das hostilidades
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AQ é uma das penas/bocas mais sujas que já passou pela nossa imprensa, sobretudo quando cobardemente, a coberto do anonimato com recurso a conhecidos pseudónimos, se fartou de atacar e achincalhar honrados profissionais angolanos da imprensa privada com as mais abjectas considerações.
Entre nós, AQ é o último dos mortais a ter o direito de representar o papel de virgem estuprada, pelo que, no mínimo, foram patéticas as suas lamentações à LAC relacionadas com a existência de uma selva na paisagem mediática local.
Desde que nos primeiros anos da década de 90 regressou a Angola auto-imbuído do papel de salvador do jornalismo angolano, foi ele que deu inicio a todas as hostilidades que agora cinicamente diz lamentar.
São da sua autoria as palavras que se seguem, retiradas de uma famosa/famigerada entrevista que há mais de 15 anos concedeu à Silvia Milonga:
"Em Angola não há jornalismo independente. Existem alguns oportunistas, mal formados e pior educados que são uma espécie de candongueiros da Informação e fazem dos jornais tendas de negócios de ocasião. Só sobrevivem e prosperam porque o Poder está interessado neles, para se ver livre dos adversários por pouco dinheiro. Em Angola, os órgãos de Informação mais sérios e credíveis são do Estado. Pelo menos nesses sabemos donde vem o dinheiro e o patrão foi eleito em eleições declaradas pela ONU livres e justas. Os restantes são leprosarias!"
Depois desta declaração de guerra, a que se seguiram outras tantas do mesmo baixo coturno, ele queria o quê?
Se calhar ainda estava a pensar nos tempos das roças do Uíje e do tratamento que era dispensado pelos colonos portugueses aos contratados...
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A desonestidade intelectual
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AQ fugiu de Angola antes de Maio de 77. Sabe-se lá por quê. A versão da perseguição de que estaria a ser objecto por parte dos "nitistas" não faz muito sentido, até porque na altura em que foi parar ao Jornal de Angola (acho que ninguém se lembra desta passagem) já tinha havido uma considerável alteração da correlação de forças no seio do MPLA a favor dos seus amigos e protectores.
Em Portugal destacou-se por um artigo de opinião que escreveu no semanário Expresso sobre o "socialismo de sanzala", em defesa de um dos seus amigos de peito que em Luanda tinha caído em desgraça, depois de ter andado a aquecer todos os ferros quentes que havia na sua oficina.
Foi, nos anos 80, um dos artigos mais hostis ao MPLA escritos na imprensa ocidental de que tenho memória.
Definitivamente, a desonestidade intelectual de AQ é um dos traços mais característicos da sua personalidade.
Não se sabe por que carga de água, mas este disparatado filho de transmontanos nunca quis dizer onde nasceu, sendo ponto assente que, à semelhança do que aconteceu com muitos portugueses da época, ele terá vindo para Angola com dois ou três anos de idade, antes de se matricular na escola primária do Negaje.
Por que razão ele evita dizer em que terra nasceu?
AQ é de facto "especialista" em retirar da sua auto-biografia as passagens que politicamente não lhe interessam muito no âmbito da sua estratégia pessoal que tem a ver com a afirmação de uma "angolanidade" que ultrapassa a média, numa altura em que o seu salário real já deve rondar os dez mil dólares mensais.
Neste âmbito não há qualquer dúvida que a sua "angolanidade" ultrapassa de longe a média dos jornalistas angolanos.
Para quem já confessou que nunca estudou jornalismo e agora se apresenta aqui como um formador certificado pela União Europeia, convenhamos que o homem descobriu a mina.
Para além disso AQ também "limpa" do seu CV profissional as passagens mais incómodas, como foram, nomeadamente, o periodo em que trabalhou em Lisboa para um panfleto esquerdista chamado "Página Um" e o livro que escreveu sobre Marcolino Moco, quando o político era Primeiro-Ministro.
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Desonestidade intelectual (2)
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Das reacções a que já tive acesso na sequência de conversas que tenho vindo a manter com pessoas que ouviram toda a verborreira destilada por AQ na última terça-feira, dois dos meus interlocutores mostraram-se particularmente chocados com a afirmação gratuita do entrevistado segundo a qual tudo o que ele é se deve ao MPLA.
De facto esta afirmação também prendeu a minha atenção, porque todos os que não temos memória curta, nos lembramos da postura bastante crítica que AQ assumia na altura em relação à linha ideológica do MPLA e à postura política do próprio Agostinho Neto, situando-se muito mais à esquerda do EME, onde de facto ele "militava" ao lado de outras sensibilidades que na altura já se opunham à estratégia dos "camaradas", recém-chegados das matas.
Um dos meus interlocutores está mesmo em condições recordar algumas das críticas que AQ fez a Agostinho Neto na sua presença.
A não ser que ele prove com documentos, AQ nunca teve qualquer ligação mais orgânica com MPLA, como também não há registos de que antes da independência ele tenha tido alguma actividade clandestina ao serviço da luta de libertação nacional.
Aquela história dele ter ido entregar todos os salários que recebeu da EOA ao "camarada Rita", dificilmente poderá ser comprovada, sobretudo, porque o antigo tesoureiro do MPLA já morreu e ele sabe bem disso.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Sem cadernos eleitorais não contem com o meu voto!
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
A lei da probidade e a revisão da lei dos crimes contra a segurança
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
A constituição e a estratégia política do MPLA
Por culpa quer do partido no poder quer da oposição, antes de mais penso que o país perdeu uma grande oportunidade de se reencontrar neste grande momento histórico que foi a proclamação da primeira constituição aprovada em Angola com a necessária e recomendável legitimidade democrática que se exige de um tal exercício. O facto da UNITA, o maior partido da oposição, ter abandonado a Assembleia Nacional na hora da votação do texto fala bem (mal) de mais este profundo desentendimento que acabou por manchar mais uma etapa de viragem da nossa história, para não variar. É bom recordar que a anterior constituição, que esteve em vigor entre Setembro de 1992 e Fevereiro de 2010, tinha sido aprovada pela então monopartidária Assembleia do Povo, num dos seus derradeiros actos legislativos. O texto final resultou de uma consulta multipartidária, fundamentalmente, com a UNITA, quando os dois “irmãos desavindos” ensaiavam os primeiros passos trocados de um bailado mal ensaiado em Bicesse destinado a colocar um ponto final no fratricídio.
Na altura o Galo Negro não estava muito preocupado com alguns “pormenores”, pois Jonas Savimbi acreditava que a vitória eleitoral dificilmente lhe escaparia. Mesmo assim, o texto anterior soube incorporar no seu corpo um cadeado democrático chamado artigo 159 que acabou por não resistir aos sucessivos ataques do MPLA, com os resultados que se conhecem. A proclamação da Constituição foi de facto e de jure o momento mais importante que marcou o ano que chega ao fim, com consequências que ainda não são totalmente visíveis, pois sou daqueles que acha que o modelo de governação escolhido, onde se inclui o sistema eleitoral da sua legitimação, só será verdadeiramente testado na ausência do actual Presidente. Só aí, teremos uma ideia definitiva em relação ao seu potencial, embora actualmente já perceba melhor que o atípico modelo foi estrategicamente desenhado a pensar nas duas situações, isto é, com JES e sem ele, com o propósito evidente do MPLA se manter no poder, sem grandes dificuldades em vencer os próximos pleitos eleitorais. Claramente o modelo é um fato feito à medida da estratégia do MPLA com e sem JES. Percebo agora que a colagem da eleição presidencial à eleição legislativa corresponde a este desígnio, pois na ausência do candidato JES, o que mais tarde ou mais cedo irá acontecer, sempre será muito mais fácil ao seu substituto ganhar a eleição colado ao MPLA, do que se concorresse sozinho em eleições separadas para a Presidência da República.
Como é evidente, este “modelo hiperpresidencialista”, para usar a adjectivação de Vital Moreira, do qual me demarco em absoluto, penalizou duramente os angolanos de uma forma geral, quer os eleitores, quer todos aqueles que, em nome da cidadania, se sentem no direito de concorrerem à mais alta magistratura do País.
Acho que a actual Constituição, com base nesta opção, retirou aos angolanos um direito fundamental como cidadãos, o que é de lamentar, embora nada esteja perdido, pois a revisão deste texto é uma possibilidade prevista na própria lei, que pode ocorrer dentro de cinco anos, a contar da data da sua promulgação.
Não vou aqui desenvolver mais esta partilha de responsabilidades por não termos tido um grande momento nacional com a proclamação da Constituição, mas estou convencido que a oposição, por mais que duvidemos da lisura do pleito eleitoral de Setembro de 2008, enganou-se redondamente ao pensar que conseguiria um resultado político favorável a uma discussão mais equilibrada da Constituição, como justificação para ter sabotado a primeira constituinte.
Na altura a oposição, caso não se retirasse da Comissão Constitucional, poderia ter tido um resultado cem vezes melhor do que aquele que obteve depois do desastre eleitoral de 2008.
O texto constitucional seria, sem dúvidas, muito mais equilibrado e o país no seu conjunto e na sua diversidade sairia a ganhar muito mais, pois seriam contempladas opções mais abrangentes e menos exclusivistas, a começar pelos próprios símbolos da nossa nacionalidade.