Mukanda para os repórteres
Depois da conferência de imprensa de terça-feira conduzida pelo segundo homem da policia nacional, o Comissário Paulo de Almeida, que, de facto, com as suas piadas e apartes não esteve muito bem, tendo em conta a seriedade do assunto, o país não parece ter sossegado muito, com a tese da histeria colectiva.
A ter em conta o conteúdo do debate público promovido quarta-feira pela Emissora Católica de Angola, a policia não conseguiu convencer minimamente a opinião pública de que a actual crise dos desmaios nas escolas será apenas uma crise de histeria colectiva, de ordem psicogénica.
Diante desta realidade e a multiplicarem-se os incidentes nas escolas relacionados com os tais desmaios/desfalecimentos, algo mais terá de ser feito em defesa do bem maior que são as crianças afectadas e o ano lectivo.
Não creio que a solução seja "amordaçar" a comunicação social como parece que já está a acontecer, mas também acho que os nossos reporteres têm de ser um pouco mais cuidadosos/criteriosos a tratarem do assunto nos "locais do crime", de modos a identificarem exactamente o que se está a passar com as crianças.
Já não faz sentido noticiar rumores que nos chegam pelo telemóvel, para além das fontes populares que nos garantem a pé juntos que sentiram um cheiro muito complicado em determinada escola, antes de começarem os desmaios/desfalecimentos.
Depois de ter criticado politicamente as autoridades por falta de esclarecimento do caso por um periodo tão prolongado, desde que surgiu o primeiro caso numa das escolas localizadas na Nova Vida, sou da opinião que o diagnóstico apresentado na conferência de imprensa desta terça-feira tem de ser levado em conta, não apenas dando o benefício da dúvida, mas conferindo-lhe toda a sua importância, como referência maior para a orientação da cobertura jornalística, sem descurar toda a outra informação que nos continua a chegar das escolas e das comunidades.
Aqui fica pois este apelo, que não deve ser interpretado como nenhum convite a auto-censura e muito menos como um estímulo à repressão dos jornalistas por parte dos nossos "tonton-macoutes", que já estão na estrada à procura dos habituais suspeitos e com os sempre nada recomendáveis métodos do estado policial.
Prender... para depois investigar.