Sexta-feira última almocei com o Waldemar Bastos e o Chico Rasgado, tb conhecido na sua bwala benguelense por Chico Babalada, o homem do Jazz e do Chela Press que é neste momento o único semanário independente que vai aparecendo fora do cerco luandense, depois de ter andado algum tempo meio desaparecido mergulhado em dificuldades várias.
O Waldemar e o Chico são duas pessoas cuja amizade prezo imenso, numa trajectória que já leva décadas de persistência e afirmação, em nome de valores que têm sabido sobreviver aos interesses da conjuntura, que ontem e hoje falam mais alto e engolem tudo quanto não tenha o sabor dos cifrões, dos esquemas, dos compadrios e das fidelidades.
Com o Waldemar como era quase inevitável, a conversa derivou para a música angolana que se faz, para os músicos que temos e para o ambiente que vivemos em ano de eleições, onde como se sabe a maior parte das produtoras de shows da nossa praça têm uma orientação política clara.
Eleições para os músicos para além de mais oportunidades de trabalho/facturação, também quer dizer campanha, quer dizer propaganda, quer dizer engajamento partidário, havendo para o efeito muito mais disponibilidade financeira de quem os contrata, como é fácil de concluir.
Mesmo com esta maior generosidade, nem todos os músicos angolanos gostam, entretanto, de fazer campanha, preferindo manter a sua independência e o seu distanciamento da disputa politico-partidária, o que não lhes impede de aceitarem as mais diferentes propostas e convites.
Esta independência e este distanciamento nem sempre são bem vistos pelos produtores, que deste modo votam ao ostracismo todos aqueles que não alinham com determinada opção, não por serem contra ela, mas apenas porque a sua maneira de estar na profissão que abraçaram é outra.