segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

O caos prepara-se para ceder lugar ao terror (actualizado aos 25/12)

Sempre disse (e escrevi) que Luanda é daquelas cidades onde se aplica melhor o principio de Murphy, segundo o qual nada está tão mau que não possa piorar ainda mais. Cedendo completamente à pressão dos empreiteiros, o GPL tem-se especializado em retirar da circulação um conjunto de artérias da capital angolana para "facilitar" a vida dos homens do betão, armados em donos da cidade com o seu camartelo que vai arrasando tudo quanto é memória e história desta Luanda. É a construir na vertical espaços para vender ou alugar que se faz o grande negócio que está a dar milhões nesta altura. É o imobiliário que, de facto, está na primeira linha das prioridades do investimento privado a pressionar todos os espaços livres desta cidade, a tal ponto que, um grupo de cidadãos, que ainda se econtra na "clandestinidade", tem nos seus planos lançar nos primeiros dias do próximo ano um movimento de defesa do espaço público contra a incontrolável ofensiva do imobiliário e em nome da preservação da necessária qualidade de vida que um cidade deve ter. Trata-se de um desiderato que só é possível concretizar se o for observado o equilibrio entre o betão e o espaço aberto e verde. Não é o que está a acontecer nesta altura. A confirmar-se a retirada da circulação do Largo do Kinaxixe, tendo em conta a sua importância altamente estratégica na manobra viária da engarrafada cidade, Luanda vai conhecer numa nova fase do seu atormentado quotidiano, que poderá durar alguns anos. O caos dos dias que passam, vai, certamente, "evoluir" para um filme de terror dos dias que se aproximam. Apertem os cintos de segurança e acatem em silêncio a próxima directriz do Doutor Arquitecto, por que se protestarem ainda podem ser conotados com alguma manobra rodoviária da oposição. O Doutor Arquitecto disse ao Novo Jornal que com a construção das novas torres que derrubaram o antigo mercado municipal, a única sobrevivente do Largo do Kinanxixe, tal como ele existe actualmente, será apenas a Rainha Ginga, que, note-se, já tinha apanhado boleia do pedestal da Maria da Fonte e dos seus "muchachos" da Grande Guerra. Saravá!