Há qualquer coisa de estranho ou de pouco compreensível nas actuais movimentações de Barack Obama visando a constituição do próximo executivo norte-americano que entrará em funções na última semana de Janeiro de 2009.
Para quem tanto falou em mudança (Change! Change! We Can! We Can!) começa de facto a fazer pouco sentido as suas opções pelo passado, com o regresso à ribalta de algumas figuras dos democratas que já tinham passado pela administração Clinton e que se preparavam para ir para a reforma.
Sem termos nada contra a senhora, a sua escolha de Hillary Clinton para a chefia da diplomacia dos EUA (Departamento de Estado) é igualmente bastante questionável do ponto de vista da tão apregoada mudança.
Com a mulher vem certamente um “quiducho” muito especial, que já foi Presidente dos Estados Unidos e que por pouco não quebrava uma das limitações fundamentais da Constituição escrita por George Washington e seus companheiros há mais de 200 anos.
Esta limitação tem a ver com a impossibilidade de algum cidadão norte-americano, eleito presidente dos States, vir a ocupar a Casa Branca por mais de oito anos.
Ora se Hillary não fosse derrotada por Obama, Bill Clinton teria certamente a possibilidade de voltar a ser inquilino da Casa Branca e a exercer um novo mandato, desta vez através do controlo remoto e das conversas horizontais com a sua “quiducha” na hora do bem bom, onde a “malandragem” é quem mais ordena.
Já estão, certamente, a pensar na Mónica Lewinsky e nos charutos do “nosso” Bill, que, mal ou bem, já foi considerado o “primeiro presidente negro” que chegou ao poder nos EUA.
Não é nada disso, pois o que lá vai, lá vai…
Para além da “tralha” democrata, onde Obama está a ir buscar muitos dos seus colaboradores, o que mais nos surpreendeu (a nós e a muito boa gente) foi, entretanto, a manutenção no cargo do actual Secretário da Defesa, Robert Gates, até a conclusão da retirada das tropas invasoras do Iraque.
Aí é que o “caldo da mudança” entornou completamente, pois por mais que o “nosso” Obama nos explique não vamos entender mesmo nada de nada, a levantar desde logo sérias dúvidas em relação à consistência do seu inovador projecto.
Dúvidas e interrogações que os seus adversários mais à esquerda já transformaram em certezas e em duras críticas de quem está convencido que o poder na América nem sequer vai conseguir escurecer o suficiente para ser diferente do anterior.
Obama está, claramente, a trilhar os caminhos que o levarão a criar um estranho, incoerente e inconsistente “GURN” lá nos States.
Sinceramente, espero estar redondamente enganado nesta avaliação tão pouco simpática sobre a estratégia do nosso "meio conterrâneo".
Depois de já ter conversado com Maccain, resta agora saber se ainda não lhe passou pela cabeça falar igualmente com o “deposto” George W. Bush.
Se por acaso for essa a sua intenção, sugerimos-lhe que convide Bush filho a ocupar uma nova pasta a criar (outra sugestão da nossa lavra) e que seria o Departamento do Perdão.
À frente deste novo pelouro, o trabalho de GB seria andar, durante os próximos quatro anos, por todas as capitais do mundo (sem nunca regressar a Washington) a pedir perdão e desculpas por todas as maldades internacionais que os Estados Unidos cometeram durante a sua administração e do seu pai, mas não só.
Nesta peregrina função, a primeira capital que George Bush deveria visitar seria Bagdad, no Iraque.
Ele sabe muito bem onde é que fica.
Até sabia onde é que o enforcado do Saddam Hussein tinha escondido as tais armas de destruição massiva, que nunca foram encontradas, mas que serviram de pretexto para justificar uma das mais vergonhosas e destruidoras invasões que já fomos testemunhas nos dois séculos em que temos estado a viver.