terça-feira, 31 de março de 2009
Jornal de Angola poderia ter prestado um melhor serviço público
domingo, 29 de março de 2009
Tentar entender o “anti-preservativismo” do “fundamentalista” Bento XVI
sábado, 28 de março de 2009
Promovam e respeitem os direitos humanos fundamentais!

quinta-feira, 26 de março de 2009
Crónica de uma crise anunciada há mais de 200 anos


-Karl Marx, in Das Kapital, 1867
"Acredito que as instituições bancárias são mais perigosas para as nossas liberdades do que o levantamento de exércitos. Se o povo Americano alguma vez permitir que bancos privados controlem a emissão da sua moeda, primeiro pela inflação, e depois pela deflação, os bancos e as empresas que crescerão à roda dos bancos despojarão o povo de toda a propriedade até os seus filhos acordarem sem abrigo no continente que os seus pais conquistaram"
-Tradução de uma "boca" atribuída a Thomas Jefferson que foi o terceiro Presidente dos EUA e o principal autor da Declaração da Independência Americana (1802)
5 comentários:
António Vilarigues disse...
1. A frase de Marx não existe. è uma piada de um jornal satírico dos EUA;
2. Apenas o primeiro período da frase de Thomas Jefferson foi de facto proferida por ele (ver Wikipedia)O que não invalida que ambas sejam verdadeiras. Os autores é que foram outros...
MESU MA JIKUKA disse...
Dois séculos depois, muito actual. Aliás a ciência é assim.
26 de Março de 2009 11:11
Gil Gonçalves disse...
“A competição não é a emulação industrial, é a emulação comercial. Atualmente, a emulação industrial só existe em função do comércio. Há até fases da vida econômica dos povos modernos em que todos são tomados por uma espécie de vertigem para lucrar sem produzir. Esta vertigem especulativa, que retorna periodicamente, desnuda o verdadeiro caráter da competição que busca escapar da necessidade da emulação industrial”. (Karl Marx, 1817 : 110-111)«os refúgios fiscais, as jurisdições secretas e os mil e um canais de evasão fiscal e cambial em todo o mundo para ali refugiar-se; a irresponsabilidade dos grandes bancos e empresas industriais de buscar lucros fáceis e abundantes na especulação financeira; e, envolvendo isto tudo, a compulsão de crescer, de consumir, de crescer mais, de consumir mais, e de inundar a terra com lixos e rejeitos de todo tipo. Esta é, numa palavra, a tônica da fase avançada do capitalismo mundial: lucrar sem produzir. Enquanto 850 milhões de seres humanos padecem e morrem de fome na Terra, outros ganham fortunas sem produzir, apenas especulando. Um sistema econômico que é irracional, ineficiente e imoral, do ponto de vista da maioria dos habitantes e dos ecossistemas do planeta. E que reproduz continuamente uma profunda divisão das sociedades e da espécie em classes sociais, que transcendem os territórios nacionais e se globalizam.»In Marcos Arruda. Ladislau Dowbor
27 de Março de 2009 1:56
Walnandes disse...
Isso é trabalho dos actuais materialístas/imediatístas, que só olham para os seus estómagos e dos seus. E passam a vida a vida a insultar quem idealiza a "vida/sociedade" de forma diferente, de: utopístas, agitadores, dogmáticos, apressados...Bloco de sofístas!
27 de Março de 2009 1:59
Anónimo disse...
Dramático é perceber que para alegria de poucos e tristeza de milhões,vemos o mundo desta forma!O capital a rodar diariamente de bolsas em bolsas, no afã do maior rendimento possivel enquanto a produção quem se importa.Fome.. quem se importa....desemprego...quem se importa.A miséria humana cada vez mais degradante.Capitalistas, podem esperar que a tua hora vai chegar!
28 de Março de 2009 6:20
domingo, 22 de março de 2009
Sem cadernos eleitorais não voto nunca mais!

Tem início dentro de mais alguns dias o período anual de actualização do registo, o que significa falar necessariamente da actualização dos cadernos eleitorais e da sua importância estratégica enquanto pilar fundamental e estruturante do processo eleitoral.
Como se sabe, os tais cadernos, previstos na lei como sendo a principal garantia de rigor, controlo e transparência do processo eleitoral, particularmente orientada para a nevrálgica vertente do apuramento dos resultados, acabaram por ser os grandes ausentes da disputa realizada em Setembro do ano passado.
Foi-se assim por água abaixo a tão propalada e aclamada solução tecnológica do Consórcio que organizou o registo eleitoral, tendo a unicidade do voto ficado dependente apenas de um bocado de tinta indelével, o que é manifestamente insuficiente para se prevenir a ocorrência de situações de duplicidade.
De facto todo o projecto do registo eleitoral que custou uns largos milhões de dólares ao erário público não faz qualquer sentido sem a utilização dos cadernos eleitorais que são parte integrante e indissociável do mesmo, constituindo-se, aliás, na sua peça mais estratégica.
Os cadernos funcionam como uma espécie de apoteose do registo eleitoral, sendo eles, por estarem na parte final do processo, que efectivamente confirmam a eficácia de todo o sistema, o que não aconteceu com as eleições legislativas de Setembro último.
Para além da identificação de todos os cidadãos com capacidade eleitoral activa, diremos que o objectivo fundamental do registo é a produção dos cadernos eleitorais que permitem depois que se passe a fase seguinte que é a votação propriamente dita no dia D.
A lei angolana é demasiado clara sobre a importância incontornável dos cadernos, ao referir que só após se verificar que a identidade do eleitor está em conformidade com o Caderno Eleitoral, o que pressupõe riscar ou colocar um sinal estabelecido no documento, ele estará em condições de receber o boletim de voto para consumar o seu direito democrático.
Este é que o procedimento normal (modo de votação) que deve ser seguido e que não foi em Setembro pelas razões que todos conhecemos (mais ou menos) mas nem todos aceitamos de ânimo leve como o fizeram algumas entidades que têm responsabilidades acrescidas a nível nacional.
Custa-nos por isso aceitar que o Tribunal Constitucional num dos acórdãos produzidos na sequência das reclamações que lhe foram endereçadas tenha passado tão ao largo da gritante e preocupante ausência dos cadernos eleitorais no dia da votação, como se fosse apenas um pormenor e não a base de todo o sistema.
Mais grave do que isso foi o TC entender que “o uso obrigatório da tinta indelével que se verificou em todo o País, identificou os cidadãos que já tinham votado e, tal como se verifica noutros sistemas eleitorais, oferece garantia técnica suficiente, idónea e notória de asseguramento da unicidade do voto”.
A fazer jurisprudência este entendimento derruba pela base os fundamentos do edifício eleitoral angolano, constante da legislação em vigor, onde a tinta indelével surge apenas como uma medida de protecção complementar da unicidade do voto que é executada já depois do cidadão ter consumado o seu direito.
De facto quem melhor que os cadernos eleitorais garante os direitos e os interesses dos cidadãos?
Quem melhor que os cadernos eleitorais assegura “que todos eles (princípio da universalidade) e somente eles (princípio do registo eleitoral) possam votar e votem uma única vez (princípio da unicidade de voto)”?
Como garantir efectivamente que a vontade dos eleitores foi livremente expressa nesta ou naquela direcção se a base de controlo de todo o processo que são os cadernos eleitorais esteve ausente?
Fica-nos por isso difícil entender o preclaro Juiz Conselheiro do TC, Onofre dos Santos, quando afirmou o ano passado que “todas as violações de procedimentos previstos na lei, por muito que devam ser assinaladas e merecer censura, não deverão prevalecer contra os resultados desde que estes correspondam à vontade livremente expressa dos eleitores e não tenham condicionado, afectado ou diminuído a sua capacidade de votar nem as garantias de que apenas os eleitores possam ter exercido o seu direito de voto e que o possam ter feito uma única vez”.
Em meu entender só mesmo com a utilização dos cadernos eleitorais é possível ter-se este controlo, é possível verificarem-se todas as reclamações, é possível segmentarem-se os resultados, mesa por mesa, município por município e por aí adiante.
Só mesmo com os cadernos eleitorais e à semelhança do que se faz em todo o mundo democrático que já atingiu a maioridade, é possível realizarem-se eleições livres, justas e transparentes.
Em matéria de democracia os cadernos eleitorais estabelecem a fronteira entre a confusão e a civilização. Foi o que nos propusemos fazer o ano passado com toda a legislação aprovada e com todo o sistema que foi montado pelo tal Consórcio.
Lamentavelmente não conseguimos.
Falhámos redondamente na fase mais decisiva do processo, na sua recta final, com toda aquela confusão que teve Luanda como palco principal (mas não único) e cujos autores estão por “descobrir” e responsabilizar, se é que algum dia o serão, para não variar.
Por tudo isto e muito mais tomei a grave decisão, enquanto cidadão-eleitor, de só voltar a participar em eleições no meu país, quando me garantirem que os cadernos eleitorais serão utilizados na sua plenitude e em conformidade com o que a nossa lei dispõe. É tão simples quanto isso.
“Sem cadernos eleitorais não voto nunca mais!”- será o meu slogan eleitoral de agora em diante para pressionar quem de direito a não repetir a barraca de Setembro.
Como sei que esta garantia só poderei obter (confirmar) na hora de entrar na assembleia de voto, vou ter de aguardar pela convocação das próximas eleições, que em princípio deverão ocorrer ainda este ano, no âmbito da normalização da vida politico-constitucional do nosso país, após mais de 15 anos de interrupção da vida de um Estado Democrático de Direito, que tínhamos começado a edificar em 1992.
Na altura, ainda a vivermos a época das vacas gordas e com o PIB a dar saltos de cavalo na propaganda oficial e no jornalismo de ressonância, fui das pessoas que não vi um grande inconveniente na concretização faseada desta normalização, com a realização primeiro das legislativas e um ano depois das presidenciais.
Agora já não posso aceitar que este desiderato que foi objecto de um consenso nacional com as reservas que se conhecem, seja atirado para as calendas gregas, com o argumento de que é necessário fazer aprovar primeiro a nova constituição e só depois convocar as eleições presidenciais.
Curiosamente até estou de acordo que se aprove a constituição neste entretanto, desde que as eleições presidenciais se realizem dentro do prazo previsto, o que já não nos parece possível com a agravante de em 2010 termos o CAN na agenda.
De acordo com o meu amigo Ismael Mateus tal só seria possível se o modelo de legitimação do Presidente da República, a ser incluído na futura constituição, for a opção pela via indirecta, isto é, através do parlamento. Trata-se, como se sabe, e depois das declarações feitas por JES em Lisboa, de uma opção que continua bem em cima da mesa, apesar de KK, o homem que pisca à direita e vira à esquerda, se ter esforçado por nos convencer que a conversa das indirectas não passava de uma invenção do Chivukuvuku e de mais alguns analistas. “Esqueceu-se” do Moco que é do seu partido e que já foi seu superior hierárquico.
Como também se sabe, esta opção viola de forma particularmente ostensiva o próprio consenso nacional que esteve na origem do calendário da normalização que foi aprovado no Conselho da República em 2007 e que agora está a ser posto em causa.
Para além de todos os argumentos jurídicos que já foram esgrimidos, se tivermos o mínimo de honestidade, temos de reconhecer que ninguém na altura pensou que ao elegermos a nova Assembleia Nacional, estávamos igualmente a escolher o novo Presidente da República.
Tudo, em termos de campanha eleitoral, como é evidente, teria sido diferente.
É pois em nome deste mínimo de honestidade que o país deveria continuar a orientar o seu rumo em direcção ao futuro que a todos pertence e que todos desejamos que seja o mais próspero, mas sobretudo que não tenha nada a ver com o passado de guerra e devastação.
Caso contrário estamos mal, muito mal mesmo.
terça-feira, 17 de março de 2009
A oração de sapiência de Pepetela

(...)
2-"Mantida em relativo silêncio, a ganância no entanto pauta cada vez
mais as nossas vidas. Há pessoas que são tão viciadas nela como outros são
na heroína ou na liamba. Quanto mais riqueza têm mais querem ter,
açambarcando verdadeiros latifúndios agrários ou amamentando grupos
económicos tentaculares, os chamados polvos da nossa economia. As
notícias publicadas sobre o assunto pecam por defeito, mas o que vai
aparecendo é suficiente para se detectarem as ramificações e associações
entre os diferentes centros desses poderosos predadores que um dia saíram
do nada para a fortuna, abocanhando tudo o que seja tragável, isto é, que dê
lucros, de preferência imediatos. Porque a ganância torna o indivíduo
sôfrego e apressado, treinado na arte de somar mentalmente com rapidez,
deixando poucos traços ou pistas evidentes no terreno. Se a ganância se
tornou num traço característico da humanidade, o que receio acontecer,
então não há alternativa e estamos votados à catástrofe, terminando por darcabo do planeta Terra e de toda a vida no seu interior."
(...)
3-"Um marcador que serve para comparar os países em função das diferenças entre as partes do sistema social é o chamado índice de Gini, que em Angola, segundo um estudo, atingiu em 2005 a taxa de 0,62. Este número revela uma das mais fortes diferenciações sociais do mundo. Quer dizer, os ricos são muito ricos e os pobres muitíssimo pobres. É resultado da tal ganância que leva alguns a
enriquecerem a qualquer custo. Para esses, a ética é o mesmo que moldar
estrelas em galáxias distantes, algo de absolutamente estranho e absurdo.
Quer dizer, precisamos de imprimir ética no mercado e nos mercadores. O
estado e todas as instituições criadas para o efeito têm de se preocupar com
a necessidade de os processos sociais seguirem normas, expressas por leis,
de alto rigor. E que os cidadãos, quaisquer que sejam, não só cumpram asleis mas se sintam honrados por as cumprir. Isso é ética."
[Extractos da Oração de Sapiência proferida na Universidade Agostinho Neto por Artur Pestana (Pepetela) na abertura do novo ano académico do ensino superior (13/03/09)]
domingo, 15 de março de 2009
Os engarrafamentos, a saúde pública e o canteiro de obras
Directas versus indirectas ou a falta de sintonia entre os camaradas?


A perspectiva com que JES aflorou o tema desagradou profundamente vários círculos locais, ao mesmo tempo que evidenciou aparentes problemas de falta de sintonia política no seio do MPLA. Problemas deste tipo, note-se, já começam a ser recorrentes, numa altura em que alguns analistas cada vez mais falam da existência de uma "agenda pessoal de JES" que nem sempre está em consonância com a estratégia geral do partido no poder. É um cenário dificil de confirmar, mas há de facto alguns sinais que apontam nessa direcção, sobretudo quando em abordagem está o dossier da sua sucessão, que pelos vistos se mantém um tabú da vida política nacional.
Não houve, entretanto, nenhuma novidade nas declarações feitas em terras portuguesas, já que o linkage estabelecido entre a convocação das próximas eleições presidenciais e a aprovação da nova constituição tem vindo a ser assumido por outras fontes afectas ao regime, depois do próprio JES ter dado o pontapé de saída nessa direcção.
A novidade estará, talvez, no impacto mediático da declaração presidencial já que foi feita num país estrangeiro que nos é muito próximo, com toda a cobertura jornalística que as suas palavras tiveram dentro e fora de Angola.
Importa referir que o mais recente destes pronunciamentos foi produzido pelo principal porta-voz do MPLA, Norberto dos Santos (Kwata-Kanawa), em declarações ao Novo Jornal (NJ), ao afirmar peremptório que as “presidenciais serão realizadas já com a nova constituição”. Depende por isso, acrescentou, “da velocidade com que ela ficar concluída”.
Da parte do Presidente JES o que efectivamente houve desta vez em Lisboa, foi apenas uma reafirmação do que ele já havia dito em Luanda em Novembro do ano passado quando, pela primeira vez, condicionou claramente a realização das eleições presidenciais à aprovação de uma nova constituição.
Dos Santos que falava na abertura de uma reunião do seu partido, introduziu igualmente pela primeira vez na agenda política nacional a possibilidade das eleições presidenciais virem a ser realizadas por via indirecta, fazendo recurso à existência de uma corrente defensora desta via, cuja origem, na ocasião não especificou, deixando o campo totalmente aberto às mais variadas conjecturas e especulações.
Terá sido exactamente este, na avaliação convergente de vários analistas, o propósito do “balão de ensaio sobre as indirectas” engenhosamente lançado por JES diante dos membros do Comité Central do MPLA, fazendo tábua rasa da existência de um conjunto de princípios contidos na actual Lei Constitucional que impedem a sua revisão ou alteração para além dos limites constantes no seu artigo 159.
Diante do crescendo de protestos e de reacções menos positivas que a ideia das indirectas causou junto dos mais diferentes círculos políticos e académicos, o MPLA sentiu-se forçado a esclarecer que não tinha nada a ver com a ideia das indirectas, tendo algumas das suas figuras de proa feito, neste âmbito, pronunciamentos bastante "mal-humorados".
Na referida entrevista ao NJ e à semelhança do que já havia feito o SG do MPLA, Dino Matrosse, Kwata-Kanawa (KK) acusou pessoas “ como Abel Chivukuvuku e vários analistas políticos” de serem os responsáveis pela colagem do seu partido à ideia das indirectas.
Já se fizeram inclusivamente, apontou, “debates na Rádio Ecclésia em que as pessoas falam como se tivessem ouvido o MPLA ou o seu líder dizer que queriam seguir esse caminho”.
O porta-voz do MPLA esqueceu-se, possivelmente, de nomear o seu companheiro de partido, Marcolino Moco (ex-SG do MPLA e ex-PM), que também participou num desses debates, onde manifestou as mesmas preocupações em relação ao estranho relacionamento do partido no poder com as indirectas.
Apesar de se ter esforçado por esclarecer que o MPLA defende a eleição do PR por “voto directo e universal”, sintomaticamente KK foi depois incapaz de confirmar se o ante-projecto constitucional da sua formação vai excluir do texto a opção pelas indirectas.
“Não posso dizer agora se vai ou não. Apenas posso dizer que ainda não o elaborámos”- destacou KK.
Em Lisboa o Presidente José Eduardo dos Santos voltou a falar das indirectas como uma possibilidade que se mantém no mesmo plano que as directas, estando tudo dependente do modelo que a nova constituição vier a adoptar.
É ponto assente, por razões demasiado óbvias, que o modelo será desenhado com o lápis rubro-negro do MPLA de acordo com a sua estratégia política.
Uma vez mais JES deixou em aberto o mesmo “espaço de manobra” que já havia endossado quando, o ano passado, pela primeira vez, introduziu o tema das indirectas no debate político nacional.
De facto para quem diz, como afirmou KK, “que as indirectas não existem na cabeça do MPLA”, acusando todos quantos, alegadamente, estão a imputar ideia ao “Eme” de estarem a “fazer jogadas políticas”, é, no mínimo, difícil de entender que JES não tenha aproveitado esta oportunidade na capital portuguesa para esclarecer de uma vez por todas qual é a posição do partido maioritário.
"Se tudo correr normalmente, estamos em crer que dentro deste ano será aprovada a Constituição. Em função da modalidade escolhida - eleição por sufrágio directo ou indirecto, através do parlamento -, definiremos o calendário eleitoral para as eleições presidenciais", disse o Chefe de Estado angolano.
Para além disso, JES afirmou em Lisboa que a eleição não será feita na base da actual Constituição, mas com base num novo texto que está a ser definido por uma comissão parlamentar, e que será depois submetido a consulta pública, antes da aprovação.
As declarações de JES em Portugal não estão de facto em sintonia com os recentes pronunciamentos de Norberto dos Santos, pois era suposto que depois da “contra-ofensiva” mediática do MPLA não mais se ouvisse falar das indirectas como sendo uma possibilidade real, pelo menos no seio do maioritário.
O MPLA, na opinião de alguns analistas, continua a pautar a sua conduta pela chamada “lógica da infalibilidade”, aceitando muito dificilmente dar a mão à palmatória, quando, por algum motivo, como soe dizer-se, “põe a pata na poça”, como parece ser agora o caso das indirectas e muito particularmente da alteração dos limites materiais da revisão constitucional.
O MPLA, ainda segundo os mesmos analistas, quer sair sempre bem em todas as fotografias que tira, mesmo quando está contra a luz de algumas evidências que procura contornar.
Sendo o primeiro a seguir a máxima segundo a qual em política a ingenuidade
paga-se caro, o “partido dos camaradas” não admite depois que os seus adversários avaliem da mesma forma as suas movimentações/intenções.
sábado, 14 de março de 2009
Dardos para o Morro

Shadydreams disse...
Ola:Decidi atribuir ao seu blog Morro da Maianga o Prémio Dardos, pelo qual se reconhecem os valores que cada blogger, emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os bloggers, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web. Este prémio obedece a algumas regras. Para as cumprir leia o meu último post no Diademadeangola. Obrigada. Um abraço de MJ
13 de Março de 2009 17:00
quinta-feira, 12 de março de 2009
De Padre para Papa: Os recados de Raul Tati

"O problema fundamental que se coloca é que Roma não está disposta a admitir que no interior da Igreja haja experiências diferentes e legitimas sobre a maneira de celebrar o mistério da fé e de viver o evangelho em África".
(...)
"Enquanto os nossos Bispos não tiverem consciência da dimensão e do peso da sua responsabilidade como líderes desta igreja, enquanto não sacudirem as peias do tradicionalismo e do conservadorismo e se fizerem passar por meros “catequistas de Roma” (expressão de um Purpurado de quem me faço tributário!), constrangidos à obediência dócil e à dependência financeira, a África será sempre “terra de missão” e Roma ver-se-á obrigada, através da Propaganda Fide, a sustentar economicamente essa Igreja desprovida de auto-suficiência econômica e completamente dependente das colectas obrigatórias.
(...)
"Angola no contexto das Conferências Episcopais da África subsariana, pontifica como a Conferência Episcopal mais branca (cerca de 43%), apesar de ter um clero autóctone idôneo e bem preparado. Isto não preocupa?
(...)
"Gostava, antes de morrer, de ver algum africano à frente de uma Diocese italiana, francesa, portuguesa, espanhola ou germânica. Há centenas de padres africanos a trabalhar por lá e não são nem menos capazes menos menos santos que os seus colegas europeus".
Salvai-nos, que perecemos! (Mt. 8,25)
"Desde a nomeação do sucessor do primeiro Bispo de Cabinda, os nossos olhos viram e os nossos ouvidos ouviram coisas inéditas na história desta igreja. Vimos a infâmia dos militares armados dentro dos templos a espancar os fiéis que só pretendiam rezar; vimos indivíduos do SINFO infiltrados nas assembléias de culto para gravar homilias dos padres “reaccionários”; vimos o Arcebispo de Luanda e Administrador Apostólico da Diocese a ser vaiado em plena missa crismal;"
(...)
"Hoje a Diocese de Cabinda não passa de uma sombra de si própria. Calaram os profetas, dispersaram as ovelhas, esvaziaram os seminários (já não temos Seminário de filosofia em Cabinda e em Luanda nenhum seminarista teólogo) e enfraqueceram a coesão desta igreja. O ministério dos padres está reduzido à pastoral misseira, o resto do tempo é para os negócios"
(...)
"Um novo Pentecostes urge para a Igreja em Cabinda e quem sabe a visita do Romano Pontífice não venha a ser um grande refrigério espiritual para milhares de cristãos cabindeses sedentos da verdade, da justiça e de uma reconciliação profunda. Mas enquanto Jesus dorme ainda na barca, vamos gritando: Senhor, salvai-nos que perecemos!"
[Extractos de um artigo de opinião assinado pelo antigo Vigário-Geral da Diocese de Cabinda, Padre Raul Tati, cuja primeira parte o Angolense já publicou na sua última edição com a promessa de concluir a apresentação do texto esta semana.]
quarta-feira, 11 de março de 2009
Uma boa causa: "EM DEFESA DO QUE RESTA DE LUANDA"
segunda-feira, 9 de março de 2009
África, a barbarie guineense e a captura do Presidente sudanês


Deposito, entretanto, muito mais confiança nos resultados do trabalho da Cândida Pinto da SIC do que na intervenção dos polícias locais, se é que ainda existe por lá alguém com este estatuto propriamente dito.
Aos olhos do mundo o continente negro voltou a viver os seus tempos mais sombrios, mais sinistros, mais horripilantes.
Depois de termos visto todo aquele sangue, à memória veio-nos imediatamente a história de Patrice Lumumba.
Preso, amarrado, espancado, selvaticamente torturado e morto, o cadáver do nacionalista congolês foi desfeito num tambor de ácido, para nunca mais se ouvir falar dele. Como se isso fosse possível.
Mobutu que o diga.
Com o brutal assassinato na passada segunda-feira (2/03) de Nino Vieira, na Guiné-Bissau, África regressou ao seu pior estilo, regressou aos trágicos acontecimentos que foram enchendo a crónica continental ao longo dos anos 60 e 70, com sucessivos banhos de sangue mais ou menos colectivos. O estilo em questão é o das catanadas.
Angola, como se sabe também não esteve ausente desta lancinante trajectória, tendo tido, aliás, uma importante e robusta participante estatística no capítulo da eliminação física dos adversários internos e externos com a realização de um dos maiores banhos de sangue de que há memória em África.
Com o banho de sangue com que o corpo de Nino Vieira foi abundantemente “lavado” dentro da sua própria casa e ao lado da sua família e após sofrimentos indescritíveis, África voltou a transmitir ao mundo a pior mensagem que se poderia fazer circular nesta altura.
África voltou a exportar o horror e a violência sem limites que em poucos minutos fizeram desaparecer do mapa tudo quanto era sinal mais ou menos positivo em matéria de estabilidade mínima para se poder pensar em desenvolvimento.
África é novamente a imagem do continente para evitar ou para esquecer.
O que se passou na Guiné-Bissau é de facto muito grave.
Depois de termos ouvido o “eterno” Zamora Induta, na maior das calmas, dizer que não houve nenhum golpe, ainda ficamos mais assustados, mais perturbados.
Meia dúzia de militares esfolam vivo o Presidente da República na sua própria casa e não houve golpe de estado?
Os mesmos militares desaparecem da circulação, ninguém os procura, ninguém sabe deles, poucos saberão quem são eles efectivamente e vem o Zamora Induta dizer que não há problemas por aí além, que está tudo controlado e que a constituição vai ser respeitada.
Não sei mesmo se haverá um golpe de estado maior do que este, que acaba de ter lugar na Guiné-Bissau.
Sinceramente, não consigo ver um golpe mais perfeito e mais sangrento com a agravante de ninguém saber agora quem vai ser o próximo a ser esfolado pelos militares, caso mais algum político se lembre de os incomodar.
De facto quando se retira da circulação o principal simbolo do estado que é o seu Presidente da República a golpes de catana, não pode haver mais dúvidas nenhumas em relação ao facto de ter havido um golpe de estado na Guiné-Bissau.
Que maior ameaça pode pesar sobre um regime democrático do que estar refém da violência e da impunidade dos militares?
Viver na Guiné-Bissau passa a ser a partir desta semana um risco ainda maior, para quem pensar que o país já é um estado democrático e de direito.
Esqueçam esta suposição.
A Guiné-Bissau é um buraco, é uma verdadeira armadilha montada pelos militares, ficando por saber em toda esta trama qual é o papel dos tais traficantes colombianos que andam por lá a pavonear-se e, pelos vistos, a influenciar a vida política do país de forma cada vez mais ostensiva com meia dúzia de tostões e uns tantos hamers.
A recente troca de acusações entre Nino e Tamaio com o tema do tráfico no meio da disputa entre os dois históricos defuntos, fala bem desta influencia e do seu impacto pernicioso na vida dos guineenses.
Depois de Luanda, a Guiné-Bissau já é mais um espaço geográfico do nosso planeta onde se pode aplicar o principio de Murphy segundo o qual nada está tão mau que não possa ficar pior.
O Manecas Costa, o único ídolo que tenho nesta altura na Guiné-Bissau, que me perdoe, mas para a sua Guiné (onde só estive uma vez na minha vida) não viajo nunca mais, nem com tudo pago, colete à prova de bala e demais garantias de segurança.
Só tenho pena é do Amílcar Cabral. Ele não merecia isso.
Felizmente que a sua outra pátria, Cabo-Verde, hoje virou mesmo jardim, como história de sucesso da democracia e da boa-governação em Africa.
Uma realidade que ultrapassou mesmo o sonho marxista de Cabral e do seu partido único, o PAIGC.
2- O Presidente do Sudão, um tal de Al Bachir, que anda para ali a mandar matar os nossos patrícios em Darfur (mas não só) foi, finalmente, “promovido” à categoria de arguido e mandado capturar pelo Tribunal Internacional.
Todos criticavam o califa de Karthoum, que, entretanto, se estava nas tintas para tudo e todos ao mesmo tempo que prosseguia implacável a sua caça ao homem com as suas selváticas milícias.
Com este mandado os seus colegas de poleiro que o criticavam dias antes por estar a patrocinar limpezas étnicas começaram, entretanto, a pensar melhor, talvez a pensar na sua própria situação, tendo chegado à rápida e óbvia conclusão que o pobre do Bachir não pode cair na alçada de um tribunal qualquer, porque os Presidentes em África estão acima da lei nacional e internacional.
Al Bachir é mais um cromo sangrento desta África violenta que nos decepciona profundamente e nos faz envergonhar todos os dias.
O mandado de captura que agora pesa sobre ele traduz bem os extremos a que se chega em África onde a impunidade dos poderosos faz deles verdadeiros deuses da morte nas nossas terras.
Devido ao seu petróleo, dificilmente Al Bachir será algum dia capturado, mas por si só este mandato de captura já é a melhor “condecoração” que lhe poderia ser oferecida depois de ter mandado cometer tantas atrocidades contra os seus nacionais.
E agora não me venham cá com tretas sobre soberanias nacionais.
Quando alguém passa o seu reinado a trucidar os seus conterrâneos, seja por que razão for, alguém tem que o mandar parar.
De outra forma os massacres vão continuar e as organizações internacionais não passarão de alegres clubes onde os diplomatas se vão divertir e gastar o dinheiro dos contribuintes discutindo e aprovando resoluções cheias de nada.
terça-feira, 3 de março de 2009
General Kangamba, o mediático
Esta semana o nóvel General conseguiu a proeza de ter sido notícia, pela positiva, em três semanários luandenses, a saber: Angolense, Capital e Agora.
Se calhar até foi citado por mais outros, que não tivemos a oportunidade de ler.
Agora parece que também é a "kangambar" que a imprensa local se faz entender melhor, num país onde os jornais privados são, por regra, muito pouco "simpáticos" no tratamento dispensado a figuras ligadas ao poder.
Este não é, certamente, o caso de Bento Kagamba que, nesta altura, pela visibilidade mediática que conseguiu atingir já é uma espécie de novo "herói" da opinião pública menos atenta aos bastidores da movediça realidade angolana.
segunda-feira, 2 de março de 2009
A crise é para todos: A Sonangol não pode continuar a agir como se fosse um outro estado

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