quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Face Oculta em Angola
Em Angola não há necessidade do processo se chamar "Face Oculta".
Aqui, agora é tudo à descoberto!
Aqui a malta que veio da mata, mas não só, incluindo já o seus descendentes (filhos, enteados, sobrinhos e netos) tem muito mais coragem, é muito mais indómita, muito mais intrépita.
Aqui a malta tem de facto "tomates".
Aqui e depois dos cuidados inciais que já remontam à década de 80, agora a malta mata a cobra, mostra o pau (exibindo em público, nos engarrafamentos e nas estradas esburacadas, os resultados das comichões e dos trambiques) e contra-ataca furiosamente.
Antes das ameaças mais físicas, começam por acusar os "desconfiados" de serem uns despeitados, uns incompetentes e uns grandas invejosos por causa das suas histórias bancárias pessoais de sucesso total, sem pagarem um único chavo ao fisco. Depois recordam aos presentes e ausentes que também já foram pobres mas que não têm saudades nenhumas desse tempo distante da sua vida.
Em Angola, onde o fisco é o grande ausente (enquanto se aguarda pela reforma fiscal), no inicio da sua impressionante e galopante saga, eles, os nossos "ocultos", começaram por celebrar com alguma discrição e muitas "dificuldades" a festa do 1º milhão (de dólares) acumulado, mas agora deram um valente salto à vara e passaram a fazer a festa apenas quando conseguem amealhar os primeiros dez milhões.
Esta festa (que é de arromba) para quem não percebe nada deste assunto (comemorações esotéricas de caracter financeiro), tem a ver com a subida vertiginosa do nível da poupança individual dos corajosos servidores públicos que matam a cobra e mostram o pau, quer dizer os milhões de dólares.
Os dez mil euros que o "pobre" do Mandinho é acusado de ter recebido em Portugal do sucateiro do Bigodinho, aqui, qualquer dia, já nem para gorjeta vão servir.
O pobre do Mandinho aqui seria imediatamente condenado e ostracizado pelos seus pares locais por manifesta e incompreensível falta de ambição e brio profissional.
Aqui tudo é muito mais à sério!
Aqui tudo é em grande!
Por alguma razão Portugal cabe inteirinho 14 vezes em Angola.
É na sequência destas e de outras histórias de "sucesso" que a maior parte dos angolanos todos os dias fica um pouco mais pobre.
Percebe-se porquê.
É nesta sequência que, por exemplo, as novas infra-estruturas têm a "qualidade efémera" que têm.
Pudera!
Mas há mais, muito mais...