De acordo com os meus registos, foi a 25 de Junho de 2008 que publiquei neste endereço o primeiro post, o que perfaz nesta data três anos, desde que o morrodamaianga entrou para a nossa paisagem mediática como "um espaço de abordagem crítica sobre os mais variados temas da actualidade angolana e internacional, com destaque para a comunicaçao social e as relações entre o poder político e os médias, tendo por base os textos publicados semanalmente no Jornal Angolense na coluna Wilson Dada".
De lá para cá o morro foi evoluíndo e mudando de cara, tendo a coluna do WD no Angolense desaparecido do mapa após o signatário ter deixado de ser colaborador do referido semanário.
O morro tornou-se independente e afirmou-se como um projecto editorial autónomo com um forte pendor opinativo, que se mantém até aos dias de hoje.
Nos últimos tempos o morro em termos de divulgação e interactividade passou a contar com um aliado extraordinário que é a página que o seu progenitor abriu no facebook(http://www.facebook.com/#!/profile.php?id=1670467054), onde o debate é diário e acalorado com a participação de um número crescente de interessados em discutir o país de A a Z.
Para assinalar este aniversário nada melhor do que regressar ao passado, para reencontrar o primeiro post aqui publicado numa quarta-feira a 25 de Junho de 2008.
Apesar de toda a evolução positiva verificada, mantém-se no essencial a pertinência da questão que suscitou esta abordagem. Confiram.
"Institucionalizar o diálogo com a imprensa privada
O Ministério da Comunicação Social (MCS) realizou recentemente a sua jornada anual de trabalho e reflexão com os ingredientes habituais que já fazem parte desta movimentação institucional.
O Governo, refira-se, é particularmente atento ao fenómeno mediático por razões relacionadas com a estratégia de poder, que tem a ver com a sua sobrevivência política e a preservação da sua imagem.
Imagem, note-se, não é exactamente aquilo que somos, mas é o que pretendemos que as pessoas acreditem que realmente somos ou que podemos vir a ser.
Uma vez mais, aqui estamos a clamar no deserto, para dizer que um destes ingredientes, que tarda em ser considerado habitual, é o diálogo construtivo com a comunicação social privada e com as associações de jornalistas que deveria de facto e de jure ser institucionalizado no quadro desta consulta anual que o MCS leva a cabo por ocasião do seu aniversário.
É um diálogo absolutamente necessário até por força da actual lei de imprensa que, em termos de deveres e direitos, não estabelece qualquer diferença entre a comunicação social pública e privada.
Elogiámos aqui, no seu arranque, o actual consulado de Manuel Rabelais (MR) por ter sabido, rapidamente, inverter a anterior orientação do MCS, numa altura em que o ministério que tinha herdado, era apenas da comunicação social estatal/governamental. Mais grave do isso, era um ministério que hostilizava abertamente a imprensa privada e estimulava a repressão com o seu silêncio.
A gestão do antecessor de MR decorreu numa apertada conjuntura politico-militar que também não lhe permitiu um outro jogo de cintura mais arejado, embora este condicionamento não lhe retire, de todo, a responsabilidade política dos ombros.
É nosso entendimento que quando não se está de acordo e não se tem possibilidades de alterar a situação, a melhor solução é a demissão. De outra forma, não temos como nos demarcar da conjuntura. Estamos com ela. Afundamo-nos com ela.
Este ano, sentimos particularmente a necessidade do diálogo do MCS com o sector privado, depois de ter sido dado a conhecer que já estava elaborado o projecto de diploma que vai regulamentar os incentivos de apoio à comunicação social.
Fazia pois todo o sentido que o projecto fosse dado a conhecer a todos, embora nos tenham dito que o mesmo foi o resultado de consultas preliminares e abrangentes.
Seja como for e enquanto o MCS se mantiver no nosso ordenamento institucional governamental, iremos continuar a defender uma maior abrangência do seu relacionamento com todos os protagonistas do sector em nome do espírito da concertação social que o Governo já adoptou ao mais alto nível.
Um relacionamento que deve, entretanto, possuir balizas próprias de orientação e pernas sólidas para se movimentar com alguma determinação, para além da resolução de questões pontuais relacionadas com necessidades e carências.
De outra forma, será mais um “show-off”, dos muitos que andam por aí, sem grande utilidade, nem sustentabilidade. Mais um descartável."
(Junho/2008)