quinta-feira, 17 de maio de 2012

A propósito de uma entrevista...

[Ponto Prévio: Numa entrevista de actualidade seja com quem for, não podemos perguntar tudo, temos que saber perguntar o que é mais importante para o esclarecimento do momento.]

O Manuel Vieira que me perdoe mas não gostei muito da forma como ele conduziu a entrevista que Isaías Samakuva concedeu esta quarta-feira à Ecclésia.
O primeiro reparo tem a ver com a distribuição espacial dos temas, tendo em conta o limite de uma hora, que era o tempo disponível para a entrevista.
Pareceu-me ser um total exagero que os primeiros trinta minutos (ou mais) da entrevista fossem preenchidos com "questões menores" relacionadas com as makas internas da UNITA, (mais a CASA) e com os alegados problemas financeiros de Samakuva.

Foi excessivo e pouco produtivo.
Nesta altura questão mais importante (para mim claro) é a convocação das eleições e a participação da UNITA, tendo em conta, tudo aponta para aí, que JES as venha a convocar no próximo dia 31 de Maio.
Relegado este tema para um lugar absolutamente secundário, ficamos sem saber qual é a estratégia da UNITA/Samakuva para enfrentar os vários cenários que se colocam ao principal partido da oposição.
Até porque, a UNITA continua a boicotar a Comissão Nacional Eleitoral, apesar de já ter dito que vai participar nas eleições, o que por este andar da carruagem ainda não significa muito em termos mais definitivos.
Era quanto a mim muito mais importante para o país saber a resposta a estas e outras questões conexas, (que são mais do que muitas e complexas) do que vermos M.Vieira a esgravatar um terreno que é, óbviamente, incómodo para Samakuva, mas já não produz grandes e esclarecedoras novidades políticas, que é o que todos esperamos de uma entrevista de actualidade com um político da dimensão de IS.
Mais uma vez o MV que me perdoe, mas a entrevista pecou pela ausência de planificação mínima, que permitiria, certamente, outros resultados, que deste modo não foram alcançados.
PS- O meu reparo é exclusivamente profissional. Não tenho com o MV qualquer tipo de atrito mais pessoal, pois até somos colegas que nos damos muito bem a todos os níveis.O que eu faço com este tipo de reparo é o que agora se chama de metajornalismo.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Metajornalismo)
=======================================
As manifestações da UNITA
=======================================

Depois de terça-feira ter feito algumas considerações na Ecclésia sobre o desempenho da UNITA, que este sábado convocou manifestações em todo o país, gostaria aqui de precisar algo que não ficou muito claro na abordagem feita por mim.
Assim sendo, acho que a UNITA tem todo o direito de realizar as referidas manifestações, que quanto a mim se enquadram na sua pré-campanha eleitoral, para além das motivações mais específicas que possam estar na origem desta convocatória.
A UNITA tem estado de facto a registar uma certo atraso nesta preparação para a corrida que se avizinha diante do seu principal adversário que é o MPLA, que não perde uma oportunidade para encher as ruas e praças do país com as suas cores e os seus apoiantes.
O atraso começou a ser recuperado sábado último com a actividade de massas realizada na cidade do Huambo, pelo que este fim-de-semana as coisas vão naturalmente prosseguir o seu rumo, não havendo quanto a mim, nada de anormal que possa merecer a nossa preocupação.
Esperemos pois que tudo corra pelo melhor e que não se registem incidentes violentos o que é sempre uma possibilidade, pois já estamos habituados a este tipo de situações sempre que forças discordantes do Governo/MPLA querem manifestar as suas posições.
Era bom, pois, que as autoridades estivessem atentas para se evitarem as provocações desnecessárias, até porque a UNITA em iniciativas do género já realizadas tem demonstrado ter um controlo adequado dos seus apoiantes.