Depois do defeituoso "show" do Estado de Direito, com o caso Suzana Inglês, este sábado tivemos a afirmação nas ruas do país de que o Estado Democrático está vivo e pode vir a ser recomendável, caso se ultrapassem completamente as dificuldades/obstáculos que estavam a emperrá-lo.
Não estou nada preocupado com o número de pessoas que a
UNITA conseguiu mobilizar, porque nunca tive dúvidas em relação à sua efectiva
representatividade, com todos os dissabores que o partido fundado por Jonas
Savimbi fundou há 46 anos, tem conhecido, particularmente nestas últimas duas
décadas.
O mais importante para mim é acreditar que o nosso Estado
Democrático que é multipartidário, é possível em Angola, para além dos
discursos, do formalismo das leis e da propaganda.
O Estado Democrático que para aqui convoco é o Estado onde
as pessoas não têm medo de assumir as diferenças, as divergências, as
camisolas, os amores e as decepções.
O Estado Democrático de que falo é o Estado onde o direito
de oposição é respeitado, defendido, protegido e acarinhado, onde a liberdade
de expressão é um bem maior, onde o direito de manifestação/reunião é estruturante,
porque não há outra forma de fazer política, de mobilizar os cidadãos e o
eleitorado para os desafios que se repetem no âmbito de um ciclo que queremos
que seja virtuoso, premiando os que melhor trabalham, mas promovendo, sempre
que necessário, a saudável alternância.
O Estado Democrático é mais forte/sustentável quando a
Oposição é mais capaz, é mais representativa é mais dinâmica.
O Estado Democrático de que precisamos nunca será possível
só com um partido, por mais forte que ele seja, por melhor que ele nos governe,
por mais transparente que seja o desempenho do seu Executivo, por mais
clarividentes que sejam os seus governantes.
No caso de Angola, já o disse noutras ocasiões, continuo convencido que o país só se irá democratizar para além do discurso, com uma situação político-partidária mais equilibrada, mais de acordo com o país real das insatisfações e das críticas que todos os dias ouvimos e gerimos.
No caso de Angola, já o disse noutras ocasiões, continuo convencido que o país só se irá democratizar para além do discurso, com uma situação político-partidária mais equilibrada, mais de acordo com o país real das insatisfações e das críticas que todos os dias ouvimos e gerimos.
Por tudo isto e por muito mais, e depois de saber que a polícia
cumpriu o seu papel e os inevitáveis incidentes terão sido residuais, acho que
quem saiu a ganhar este sábado foi o Estado de Democrático.