quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Arquivos jornalísticos (1)

Descobri recentemente em Lisboa uma publicação que em 1977 conseguiu realizar a expressiva proeza de superar largamente o Jornal de Angola do falecido Ndunduma na “cobertura jornalística” (?!) dos acontecimentos do 27 de Maio. Já tinha ouvido falar da dita cuja, mas estava longe de pensar que a realidade dos factos pudesse ultrapassar de forma tão olímpica a minha imaginação, pois até a data da descoberta, o mês passado, nunca tinha tido qualquer contacto mais visual com o tal jornal. Trata-se do igualmente já falecido semanário lisboeta “página um” que na época se destacou pelo apoio político aberto que prestava ao General Otelo e “sus muchachos” que viriam a ser julgados pelas autoridades portuguesas, acusados de envolvimento em actividades terroristas. Para executar a expressiva proeza, o “página um” contou com as esquentadas penas (no mesmo ferro quente da época) de dois jornalistas portugueses retornados, Artur Queirós e Luciano Rocha, que hoje, passados mais de trinta anos, num novo “retorno”, fazem agora parte do Gabinete Editorial do “nosso Pravda”, entenda-se Jornal de Angola, que é dirigido pelo ainda mais nosso Man Ribas. Como é evidente, não lhe podemos gabar o gosto neste pormenor, que acaba por fazer toda a diferença. As voltas que o "jornalismo" dá! E são caramelos como estes dois, que hoje nos querem ensinar a fazer jornalismo e a quem se pagam rios de dinheiro saídos dos cofres públicos.
Tenham paciência!
Comentários
Calcinhas de Luanda disse... Agora que voltaram para o Pravda é que são efectivamente retornados.O bom filho à casa torna!Há sempre quem se venda por um prato de lentilhas.Enquanto estes cavalheiros estiveram em Portugal foram comprando o seu lugar em Angola com aquele tipo de publicações. Como na altura já se constatava que o EME iria controlar Angola a ferro e fogo, o "pragmatismo" veio ao de cima. É a velha máxima: se não podes combater um inimigo alia-te a ele.
15 de Outubro de 2009 10:15 Gil Gonçalves disse... E quando é que estas duas aves serão depenadas, julgadas, condenadas e atiradas para a prisão de S.Paulo?!
15 de Outubro de 2009 11:08 Calcinhas de Luanda disse... Isso nunca acontecerá na Angola actual!O EME está de pedra e cal no poder, nos próximos tempos haverá muita diversão para o povo tal como a questão dos refugiados da RDC e o CAN, e o que entretanto for necessáro arranjar em termos de pão e circo para contentar as massas. Cá para mim serão umas "décadazitas"! Duas ou três!Também a oposição não tem grande discurso, o que existe no essencial são vozes dispersas. Depois de trés décadas de guerra civil vai ser necessário um compasso de espera para o povo respirar e compreender a verdadeira dimensão da sua tragédia.Entretanto "os cães de serviço do partido" continuarão disponíveis para o trabalho sujo.Será que as coisas são muito diferentes do que no tempo do salazarismo colonialista?Não, a menos da cor da pele dos operacionais no trabalho de campo.Os grupos económicos dominantes são na sua essência os mesmos, com uns pózinhos negros para serem politicamente correctos. 15 de Outubro de 2009 11:32