A pedido deste “especialista” que, aparentemente, também não tem “comité”, embora não esconda as suas simpatias pelo 10 que, segundo ele, já vêm da infância, vou tentar dar o benefício da dúvida que ele nos pede para os seus “colegas jornalistas que são do comité de especialidade de jornalistas do MPLA”.
Mais do que isto, este “especialista” pede-nos para acreditarmos nos membros do tal “comité”.
Sintomática esta solicitação…
“
Porque não acreditar que aqueles profissionais, pelo facto de serem do MPLA, não se tornaram inferiores aos outros ou menos profissionais?”- interrogou-se, num tom desafiador o “especialista” que estamos a citar.
Ok. Tudo bem.
Vamos então dar este benefício, mas sem muitas dúvidas, porque já não acreditamos em milagres.
Antes de mais convém que fiquemos claros e entendidos em relação ao conceito fundamental que é a liberdade de imprensa sem a qual, muito dificilmente, o jornalismo poderá ser exercido na sua plenitude.
De acordo com a nossa própria lei, “a liberdade de imprensa traduz-se no direito de informar, de se informar e ser informado através do livre exercício da actividade de imprensa e de empresa, sem impedimentos nem discriminações”.
A nossa lei estipula igualmente que “a liberdade de imprensa não deve estar sujeita a qualquer censura prévia, nomeadamente de natureza política, ideológica ou artística”.
Posto isto e tendo em conta o “estado calamitoso” em que se encontra a comunicação social pública, nada melhor do que desafiarmos os militantes do referido comité a serem de facto profissionais e a influenciarem de forma decisiva e positiva os órgãos onde trabalham, quer com o seu desempenho pessoal, quer com peso político da estrutura que integram.
Influenciarem no sentido da comunicação social pública ter um outro desempenho, mais abrangente, mais equilibrado e mais de acordo com os padrões do jornalismo de referência, sobretudo no que toca à utilização do princípio do contraditório.
Numa altura em que a grande crítica que se faz aos “MDMs” continua a ter a ver com a sua excessiva governamentalização/partidarização, o desafio que aqui deixamos ao dito “comité” e aos seus defensores, passa pelo arejamento dos seus órgãos.
Se dentro de seis meses, sentirmos que a actual e descarada colagem política deixou de existir ou que, pelo menos, houve uma redução acentuada nas reclamações dos excluídos do sistema, voltaremos, certamente, a conversar sobre o papel esdrúxulo deste “comité”.
Até lá, o que continua a ser fantástico em Angola é termos de facto jornalistas transformados em militantes, mais preocupados em servirem o partido de que são membros (manipulando, desinformado, censurando e auto-censurando-se), do que a sociedade no seu conjunto em defesa do interesse público e da salvaguarda das liberdades fundamentais.
PS-Não estou (nem poderia estar) contra o direito de alguém militar onde bem entender, só não acredito é na bondade de certas estruturas e no "profissionalismo" dos seus membros.
Até prova em contrário.
Comentários
Anónimo disse...
Com os devidos agradecimentos pelos esclarecimentos sobre a nossa Lei de imprensa, publiquei no meu blog (http://dittocarima.blogs.sapo.pt) um texto com o título "Do alto do morro da Maianga" com o propósito de esclarecer ao autor de "O benefício da dúvida" algumas dúvidas que me parecem legítimas e pertinentes.Cordialmente,Alfredo Carima
5 de Novembro de 2009 21:34
Wilson Dadá disse...
Para além de algumas provocações pessoais sem qualquer sentido, nem fundamento, esta confusa rsp é uma verdadeira decepção. Em nome do saudavel debate contraditório de ideias, esperava um pouco mais do "dittocarima".Até a citação que é feita das minhas palavras está errada. Deliberadamente?Da próxima vez que me citar, não se esqueça que em jornalismo os factos são sagrados, os comentários são livres.