sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Pela primeira vez imprensa angolana destaca existência do bloguismo nacional

Com a assinatura do jornalista Isaquiel Cori, o Jornal de Angola publicou esta sexta-feira uma reportagem muito bem esgalhada sobre a existência dos "blogueiros angolanos", com direito à chamada de capa.
Uau!
Antes de mais gostaríamos, muito sinceramente, de "parabenizar" o Cori pelo interesse demonstrado por um tema que não faz bem parte das cinzentas e oficiais prioridades da imprensa governamental.
Tal "desvio" vem demonstrar que, mesmo com todos os espartilhos, sempre é possível, aos profissionais que se prezem, pular a cerca de vez em quando para nos apresentarem histórias mais interessantes que têm a ver com o real pulsar da nossa sociedade no seu quotidiano.
O autor deste blogue foi um dos entrevistados pelo reporter do JA, tendo fornecido as seguintes respostas ao questionário que lhe foi endereçado:
- O que o motivou a criar o blogue? Antes de mais, considero-me, com base na informação que possuo, um pioneiro entre nós nesta forma de comunicar directamente utilizando os recursos que a Internet disponibiliza. Muito antes da rede disponibilizar de forma gratuita a ferramenta que hoje conhecemos por blogue, já eu através do site da então www.netangola.com tinha criado o “Flashback Angola” onde mensalmente reproduzia os principais trabalhos que tinha elaborado para os diferentes órgãos com quem colaborava. O actual blogue onde navego (www.morrodamaianga.blogspot.com) criado em Junho do ano passado, resultou de uma necessidade que sempre foi essencial para mim e que tem a ver com o que é fundamental no conceito da liberdade de imprensa. Poder comunicar com terceiros sem intermediários e sem ter que pedir nem prestar contas a ninguém, o que me dá uma grande alegria e satisfação, quer como jornalista, quer apenas como cidadão angolano e do mundo que sente necessidade de partilhar informações e opiniões com os seus semelhantes. - Sente-se realizado na intenção que o levou a criar o blogue? O que o satisfaz mais? Devo confessar que a minha actividade como bloguista é, sem dúvida, aquela que mais me tem realizado como profissional e não só, desde que há mais de trinta anos entrei, pela porta da RNA, na comunicação social. A grande satisfação é poder a qualquer hora do dia ou da noite comunicar, escrever o que me apetece. A Internet é de facto uma grande invenção do ser humano e já é neste momento o principal recurso para fazer circular livremente informação à margem de todas as tentativas locais e globais de dificultar o acesso à mesma. - Qual é o retorno que tem tido por parte dos internautas? Sinto, pelo número dos visitantes que procuram o morrodamaianga, que já não estou a clamar no deserto. Para além de termos toda a liberdade como bloguistas, é bom sabermos que o número dos nossos visitantes é crescente. Um ano depois considero razoável a resposta dos internautas ao projecto. Acho mesmo que a resposta só não tem sido mais satisfatória por limitações da nossa parte na actualização diária do blogue, que é uma das reclamações que mais me tem sido endereçada pelos meus “consumidores”. - Qual é a sua opinião relativamente ao fenómeno “Blogue”, particularizando o contexto angolano? Pelo número de blogues já contabilizado, certamente por defeito, acho que é um fenómeno em franca expansão, o que é muito bom para a democratização da nossa sociedade. O seu impacto só não é maior por causa do acesso à Internet que em Angola ainda é muito pouco expressivo no conjunto da população e do país. - Acredita que os blogues informativos (noticiosos, de análise), de algum modo, em Angola, já fazem concorrência às publicações impressas? Acredito que a tendência é essa. O "confronto" só ainda não atingiu um nível mais elevado devido ao acesso demasiado limitado dos angolanos à Internet, um dos índices que fala bem (mal) do nosso subdesenvolvimento.