segunda-feira, 19 de outubro de 2009
É só mais uma aberração... (revisto e actualizado)
Embora a brincadeira tenha hora, o nosso universo jornalístico acaba por ser bastante divertido, uma verdadeira paródia, diante das sucessivas aberrações e equívocos com que nos vamos confrontando no dia-a-dia.
Esta conclusão resulta de um estudo comparado com as normas mais universais na abordagem do fenómeno jornalístico, mas que ainda não fazem morada em países como Cuba dos manos Castro, China de Hu Jin Tao, Coreia do Norte do filho de Kim Il Sung, Venezuela de Chavez, Zimbabwe de Mugabe, Libia de Kahadafi, RDC de Kabila e por aí adiante num "alegre desfile" que conta, certamente, com outros "foliões" que agora não nos vêm à memória.
Lamentavelmente, Angola continua a fazer parte deste desfile musculado contra a independência do jornalismo, com todos os progressos que se verificam, mas que, definitivamente, ainda não estão suficientemente consolidados para retirarmos o nosso país do referido desfile.
E o que ainda é mais divertido em toda esta ausência de valores e referências, em toda esta barafunda, em toda esta promiscuidade, onde as incompatibilidades e os conflitos de interesse foram abolidos, é que há sempre do outro lado da barricada, um "filósofo de serviço" disponível para contrariar a norma com os melhores argumentos retirados dos manuais da sua escolinha.
Sendo Angola o único país do mundo que ainda assinala o 8 de Setembro como o Dia Internacional do Jornalista, a existência de um "Comité de Especialidade de Jornalistas do MPLA", é apenas o prolongamento natural das nossas "originalidades".
Como é evidente, em circunstância alguma poderíamos estar de acordo com uma tal estrutura e muito menos com o conceito de normalidade que ela traz subjacente.
Qualquer dia ainda ouvimos o "filósofo de serviço" tentar convencer-nos que é assim em todo o mundo, que não há problema nenhum, que todos os partidos são livres de criar os seus comités de jornalistas.
Não é nada normal. Não faz qualquer sentido. Contraria o que é elementar. Fere o mínimo. Ataca os fundamentos universais do métier.
É apenas e tão-somente mais uma "evolução" em direcção ao passado.
Em nosso modesto entender e para além de todas as outras motivações que determinaram a sua criação, os Comités de Especialidade do MPLA são uma solução inteligente encontrada pelos "camaradas" para manter as suas estruturas partidárias a funcionar nos locais de trabalho, depois de terem anunciado, com pompa e circunstância, a retirada dos seus anteriores e autoritários comités de acção com o seu consequente desdobramento nas zonas residenciais.
Foi mais uma movimentação no âmbito do "vou, mas fico" ou do "saio, mas permaneço".
É tão simples e tão complicado, quanto isso...