segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

As lágrimas de crocodilo do Luís Fernando

Na sua mais recente edição, o semanário “O País” publicou um texto de opinião do seu antigo Director, Luís Fernando (LF), sobre a velha maka do bom nome na imprensa a que todos temos direito. A prolixa pena de LF foi accionada desta vez à propósito de um demolidor anúncio particular, dado à estampa por um outro hebdomadário luandense, “A Capital”, onde o cidadão Álvaro Macieira era “crucificado” por alguém (uma senhora identificada) que o acusava de estar, alegadamente, em falta com os seus deveres paternais. A reflexão produzida por LF faz todo o sentido com apenas uma objecção da nossa parte e que lhe retira toda a legitimidade em envergar uma sotaina que ele não está em condições morais de usar tão cedo. Com a sua anterior e muito recente prática à frente dos destinos do Jornal de Angola, o “nosso Pravda”, onde LF esteve durante cerca de uma década como Director-Geral, o articulista destacou-se, pelo menos no seio da classe, como tendo sido o maior promotor/protector de agressões e achincalhamentos contra jornalistas angolanos, a coberto do anonimato de pseudónimos de ocasião fabricados para os devidos e sanguinários efeitos. Como é sabido, LF deu toda a protecção, e mais alguma, aos famigerados “patrulheiros do Hotmail”, que nas colunas do Jornal de Angola despejaram durante algum tempo toda a raiva pessoal e institucional que nutriam por alguns jornalistas da imprensa privada. Nunca como durante aquele período, a ética e a deontologia jornalísticas foram tão gravemente atropeladas e violentadas no nosso país, com a activa participação de LF, que pessoalmente dirigiu todo o “projecto” na sua fase final, com a recepção, edição e publicação dos furibundos e insultuosos textos provenientes de conhecidos laboratórios da nossa intolerante praça política. Mais do que isso, LF, familiarizado com a impunidade que vai por este país, assumiu publicamente a responsabilidade pelos mesmos textos ao abrigo da lei, uma vez que os patrulheiros não poderiam nunca ser processados, pois só o próprio articulista conhecia a sua real identidade. LF não está, pois, em condições de criticar ninguém nesta e noutras matérias conexas, enquanto não se retractar, o que não acreditamos que venha a acontecer, pois ele está convencido que apenas cumpriu (e bem) "ordens superiores" como um bom, disciplinado e corajoso soldado. A única coisa que está errada no entendimento de LF é que os jornalistas que se prezem não podem respeitar nenhum tipo de disciplina militar. É contra a essência da própria liberdade de imprensa que de facto e de jure proibe um tal relacionamento, ao consagrar a independência dos jornalistas e dos médias como um dos seus principios mais estruturantes. A subordinação transforma a imprensa numa mera correia de transmissão que era o sistema que "estávamos(?!) com ele". LF verteu assim no seu "Jornal da Nova Angola" apenas algumas “lágrimas de crocodilo”, embora se saiba (cientificamente) que este réptil não chora nada quando devora as suas presas. Antes pelo contrário.