quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A honestidade do Bornito...

O Líder parlamentar do MPLA acaba de introduzir no léxico político nacional um novo conceito chamado “engenharia constitucional”. Já tínhamos ouvido falar de muitas engenharias, desde a financeira à ambiental, mas de facto ainda não tínhamos sido confrontados com este sensível “ramo da engenharia” aplicado ao direito constitucional. Em sentido figurado ou por analogia, a ideia de engenharia tem sempre a ver com o recurso à “técnicas” menos ortodoxas ou mais informais para se resolver um determinado problema que de repente nos é apresentado ou somos confrontados com ele. No caso concreto sabe-se que o MPLA terá sido confrontado a meio do percurso pelo seu líder com uma nova e peregrina solução que de facto não estava plasmada no seu projecto inicial que deu entrada na Comissão Constitucional. Tudo o resto parecem-nos ser histórias da carochinha, tretas, soundbites, bulshits… Já se atribui mesmo esta “súbita inversão de marcha” à aparatosa queda do conhecido porta-voz pisca-pisca, Norberto dos Santos (Kwata-Kanawa), que desta vez não soube perceber rapidamente que a viatura em que seguia podia mudar para uma outra direcção, apesar de estar a sinalizar em sentido diferente. Recorde-se que o antigo porta-voz do MPLA ficou ainda mais famoso quando há uns anos atrás disse que o seu partido tinha enganado toda a gente no caso da aliança estratégica com a China, ao piscar à direita para depois virar à esquerda. A engenharia fora do seu contexto original/natural tem sempre a ver com criatividade associada a alguma (qb) dose de “perversidade/manha” política, económica, cultural, etc., etc. Percebe-se por isso as razões que levaram Bornito de Sousa a associar a sua nova engenharia a alguma e assumida falta de vergonha, o que é efectivamente um gesto de honestidade intelectual da parte de alguém, que melhor do que ninguém, sabe bem do que está a falar e de com quantos paus e palitos foram feitos a canoa/chata constitucional com que vamos “navegar” de agora em diante, num mar com vários escolhos, o maior dos quais ainda nem sequer está bem visível. Nas suas analogias experimentalistas, BS foi ainda mais longe na sua honestidade ao admitir que “mesmo um carro novo precisa de apertar parafusos e aplicar peças novas depois de alguns quilómetros”. Só não disse quantos, tanto em relação aos parafusos como aos quilómetros. Estará por exemplo neste, “depois de alguns quilómetros”, implícito um anúncio da maior importância para o país relacionado com o futuro de JES que ainda não é possível fazer nesta altura?