terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Homenagem a Armando Chicoka

O jornalista Armando Chicoka está a algumas horas de ser condenado, acusado de ter desrespeitado o Juíz Presidente do Namibe.
Muito dificilmente o colega do juíz que o está a julgar se decidirá pela sua absolvição, uma hipótese que, entretanto, se mantém em aberto. Como derradeira esperança, resta-nos a pena suspensa.
O Chicoka já esteve preso um mês por ter querido exercer livremente a sua actividade profissional, depois de ter sido violentamente agredido pelas autoridades policiais.
A audiência que marcou este julgamento foi descrita por todos quantos lá estiveram, como uma maratona de mais de 12 horas consecutivas em condições tenebrosas, com a sua recta final quase às escuras, à luz do candeeiro.
O banco dos réus cedeu e o Armando por pouco não dava cabo da sua sofrida bacia.
Os jornalistas foram "tramancados" pela guarda pretoriana de serviço no Tribunal.
Só este ambiente, seria em meu entender, mais do que suficiente, para se anular este julgamento e mandar o Chicoka em paz de volta ao seu lar, doce lar.
Mas quem sou eu, para estar aqui a ditar sentenças.
A poucas horas do seu veredicto, Chicoca apenas pediu que o Conselho Superior da Magistratura Judicial faça deslocar alguém até ao Namibe para se inteirar do que se está a passar naquela jurisdição, onde segundo ele as coisas não vão nada bem.
A poucas horas deste embate, que lhe pode vir a custar mais uns meses da sua preciosa liberdade, aqui fica a minha homenagem à coragem física com que o Armando Chicoca tem enfrentado todos os obstáculos que se levantam contra a liberdade de imprensa no Namibe.
Dele e por ocasião da primeira prisão em 2008, depois de ter sido duramente violentado pelas matracas da polícia local, disse que se tratava do único jornalista independente que circulava nos domínios de Boavida Neto, que era o então Governador.
Dele volto a dizer hoje que se trata, independentemente do que possa estar em causa neste processo, de um jornalista que merece a minha profunda admiração.
Estou convencido que a governação deste país estaria bem melhor, se todas as provincias tivessem um Chicoka.
Coragem camarada!